Dial P for Popcorn: julho 2013

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Ninho de Cucos (XI)


Depois de um interregno de quase três meses, o Gustavo está de volta com mais uma edição do "Ninho de Cucos". Disfrutem.


“Recordar é viver.” Excepto que não é. Viver é muito melhor do que recordar. Relembrar acontecimentos é uma actividade que o ser humano se dispõe a fazer simplesmente porque esses acontecimentos não podem ser repetidos. E mesmo quando ainda podem ser repetidos, justifica-se que apenas sejam recordados sob a punição de arruinar uma bela memória com uma traumática e mal sucedida repetição.


Mas divago. Recordar, a capacidade de relembrar situações passadas e desenvolver uma emoção consequente, é uma habilidade fantástica que separa o Homo Sapiens do resto dos reinos da taxonomia lineana. Nela podemos encontrar a razão que motiva a criação de sonetos, sinfonias, gravuras... em suma, de toda a arte! A saudade é a origem da criação artística.

O cinema, como o veículo sofisticado de expressão artística que é, não podia ser isento a este paradigma. Desde o diligente artista doméstico que cumpre a obrigação de documentar em formato analógico as festividades e desventuras da família, até ao dotado cineasta que transforma momentos históricos em magníficas obras de arte, toda a sétima arte é de alguma forma regida pelo dever emocional de esculpir sentimentos associados a acontecimentos antigos. De tal forma é isto verdadeiro, que os grandes eventos históricos não têm dificuldade em ver-se retratados nas salas de cinema. Experimentemos por exemplo a 2ª Guerra Mundial. À cabeça, salta logo o "Saving Private Ryan", um dos melhores esforços ocidentais sobre o tema, mas facilmente surgem outros bastiões como "Casablanca", "Judgement at Nurenberg" e "Schindler's List"; a oriente "Mai Wei", uma película coreana, dá uma perspectiva diferente do conflito, sob o pano de fundo de uma história épica; da Bielorrússia, "Idri i smotri", um hipererrealista e nauseabundo retrato da cruel vivência na Europa Oriental devastada pelo avanço nazi; ainda a minissérie americana "Band of Brothers", que relata os destinos de um pelotão desde o seu treino até ao fim da Guerra. Outros períodos de grande relevância, como o apogeu do Império Romano (com "Gladiator", "Ben-Hur", ...), a Guerra Civil Americana (com o recente "Lincoln"), entre outros, representam perfeitamente a preponderância que o filme histórico tem no mundo do cinema.


No entanto, apesar de a recordação ser o motivo primordial da necessidade artística, não é absolutamente correcto defini-la como o motor único de onde deriva toda a criação artística. Na verdade, o ser humano não é suficientemente desenvolvido para conseguir recordar eventos passados sem lhes acrescentar ou ocluir determinados pormenores. Daí que nenhuma recordação seja absolutamente pura - nenhuma memória é desprovida do julgamento subjectivo que o subconsciente individual de cada um faz sobre qualquer acontecimento vivenciado.


Conclui-se que, no fundo, a capacidade de fantasiar ocorrências transactas é inerente ao processo criativo, quer seja obtida de modo propositado ou involuntário. Mas, embora esta aptidão de inventar surja como que de um défice da espécie humana em conceptualizar o que a rodeia, impressiona pensar que esta deficiente e inadaptada estirpe de primatas bípedes consegue contornar esse obstáculo funcional e inclusivamente torná-lo numa vantagem imprescindível até à evolução da própria espécie. É esta habilidade de controlar o modo como fantasiamos que nos permite ter luz durante a noite ou ter calor quando está frio. E assim se justifica que, da mesma forma que temos propensão a reviver o passado, também tenhamos tendência para inventar futuros hipotéticos e fantasiosos, como nas produções de ficção científica como "Star Wars", "2001, A Space Odyssey" e "A Trip to the Moon"; como o cómico surrealismo dos Monty Python em "The Meaning of Life"; como o recorrente filme sobre viagens no tempo de "Back To The Future", "12 Monkeys" ou "The Butterfly Effect"; como a enigmática alegoria do fantástico "Holy Motors"; ou ainda a fusão do filme histórico com o filme de fantasia em "The Gold Rush", "Life of Brian" ou "El Labirinto del Fauno".


Seja qual for a origem da criação cinematográfica, cabe ao espectador tirar o melhor de cada faceta da sétima arte, quer seja um trabalho de índole histórica ou uma obra fantasiosa tal como esta, que me vê atirar esforçadas palavras para o ecrã. Compreender que um filme não se reduz a uma sequência de imagens animadas, mas ao produto de uma extensa actividade planificativa de encadeamento de ideias aglutinadas por um nexo causal, faz parte da obrigação de um espectador educado.


Gustavo Santos

Festejo comedido




As férias fizeram com que a data passasse ao lado, mas vá, mais vale com uma semana de atraso do que nada de todo. Aqui o estaminé perfez três anos de existência no passado dia 24 de Julho e eu nem uma mensagem reles lhe dediquei. Que vergonha. 

Depois de ter aparecido com a força toda no primeiro ano (à velocidade do Aníbal Santiago, com vários artigos por dia), o fulgor foi-se esvaindo com os anos de curso a complicar as coisas. O ano que vem adivinha-se mais complicado, ainda para mais sem a companhia do João (acho que já está na altura de eu o obrigar a terminar com a reforma, não vos parece?) e - talvez - com a disponibilidade do Gustavo, igualmente companheiro de curso, também a reduzir-se (para não falar da minha). Será um belo desafio.

Eu gosto de desafios. Manter a qualidade do blogue comprometendo (o possível) na quantidade. Tem sido assim já há mais de um ano. Gosto de saber que ainda temos quem nos lê, quem nos preste atenção e quem aprecie a nossa companhia, mesmo quando passamos muito tempo sem escrever. Nos últimos três anos vi a blogosfera crescer a olhos vistos, a oferta vai-se multiplicando e hoje em dia já quase tudo faz apostas aos Óscares, já quase tudo fala de televisão e cinema, os blogues de grande magnitude têm passado a sítios (o Ante-Cinema e o Portal Cinema já estão, o Antestreia é o próximo - estamos à espera Nuno! - e daqui a mais toca ao compincha Tiago Ramos a honra, já estou a ver), vi bloggers enormes quase sumirem por completo (o amigo Roberto Simões do belíssimo Cineroad é um óbvio exemplo) e vi bloggers timidamente a assumir o estatuto que a sua cultura cinéfila merece (Jorge Teixeira, Girl on Film, estou a falar convosco - entre muitos outros exemplos) - e conheci finalmente gente que gosta tanto da Meryl como eu (hello Catarina!).

Resumindo: a blogosfera cinéfila é um meio de cultura, por assim dizer, muito nutritivo e volátil. Torna-se difícil ser sempre novidade - e para mim dá-me um enorme agrado ver que ainda há muito amigo - na blogosfera e não só - que se dedica a visitar, que deixa um comentário, que elogia o que se faz.

E é isso que nos faz andar e querer sempre melhorar. (E, diga-se, é o que me faz não ir ainda pedinchar para a porta do ZB do TVDependente um cargozito qualquer, nem que seja massajador de pés do Manuel Reis durante os podcasts do TVD!) 

Para aqueles que nos seguem, o nosso enorme obrigado! 
Feliz aniversário, DPFP. Venham muitos mais.

Prometem que vão ver?



Parece que finalmente foi feito uma comédia à portuguesa a pensar no grande público. Já que ao "Tabu" não aflorou muito pessoal, ao menos vão a este? DPFP'ianos, é o vosso trabalho de casa da semana. Vão ver o "La Cage Dorée".

Olhem que a Rita Blanco fica amuada.


"American Hustle" de David O. Russell já tem trailer...




E comprova-se, David O. Russell vendeu-se à caça de Óscares. Pelo menos o de guarda-roupa e maquilhagem e cabelo estão garantidos. Não sei qual das caracterizações é a mais linda.

Uma pena, que longe vão os dias de "I Heart Huckabees", David... Depois do "The Fighter" apanhaste-lhe o jeito... Será desta que ao menos fazes justiça e dás à Amy Adams o Óscar que a moça, tão catita, já merece? Algo que me aguça a curiosidade foi uma entrevista que Russell deu em que afirma que a maioria do seu elenco aparece no filme em papéis muito diferentes do que estamos habituados a vê-los (dá para perceber por Adams e Cooper, pelo menos). Veremos.

"American Hustle" conta com um elenco recheado de estrelas, entre elas Christian Bale, Amy Adams, Bradley Cooper, Robert deNiro, Jennifer Lawrence, Jeremy Renner, Louis CK, Michael Peña, Alessandro Nivola, Jack Huston, entre outros, e é baseado (inspirado?) no escândalo da ABSCAM dos anos 70, daí os gloriosos penteados e vestuário. Deverá ser parte integral da próxima corrida aos Óscares.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Dos Emmys não esperava menos!


Como todos os anos, as nomeações aos Emmy Awards são um misto de bom e mau, com a tendência a pender para este último, com várias decisões em diversas categorias a roçar o medíocre. É esta a Academia televisiva que temos e, tal como a AMPAS, que atribui os Óscares, é com esta que temos que contar. Irá sempre dar primazia às estrelas cinematográficas, oferece nomeações à toa a séries que já passaram do seu prazo de validade porque está habituada desde sempre a nomeá-las, namoros de longa data que nunca acabam (Hargitay, Cryer, Falco, Sedgwick são exemplos recentes) e quando chegam à altura de abraçar um novo nomeado como o mais popular, fazem-no de braços abertos, dando azo a algumas decisões a roçar o ridículo (como aquelas vitórias de "Modern Family" em realização ou as quatro nomeações habituais de "Mad Men" e "30 Rock" nas categorias de argumento). Resumindo: é uma confusão. A lista completa de nomeados pode ser vista AQUI.

Falemos então dos pontos principais que preciso de focar:

A Alicia não está contente. A Julianna também não deve estar.
  • Na categoria de melhor actriz em drama, decidiu-se ver-se livre de Julianna Margulies ("The Good Wife") num dos maiores choques do dia, o que até consigo perceber dada a competição feroz da categoria. A entrada de Kerry Washington ("Scandal") faz sentido - pena que não haja mais reconhecimento à série noutras categorias, mas acredito que mesmo esta nomeação só vem do peso e celebridade que Washington tem - e pela mesma razão também percebo a introdução de Vera Farmiga ("Bates Motel") e Robin Wright ("House of Cards") (já Connie Britton só se percebe por ser penitência da Academia por não ter premiado a actriz por "Friday Night Lights"), mas quando a Academia não reconhece valor na melhor interpretação feminina do ano - Tatiana Maslany ("Orphan Black") ou quando repetidamente ignora trabalho excepcional de Emmy Rossum ("Shameless"), Katey Sagal ("Sons of Anarchy") ou Keri Russell ("The Americans") é caso para ficar chocado. Bem, ao menos festeje-se por não continuarem a nomear Mariska Hargitay.
  • Já que falamos de "Shameless": já que vêem a série, se formos a ver pela nomeação de Joan Cusack (actriz convidada em drama), não encontram lá mais nenhuma interpretação de valor? O mesmo se diz de "Sons of Anarchy", "Southland" (a Regina King e o Michael Cudlitz devem existir num buraco negro algures; a TNT passava "The Closer" que vocês viam, pelas inúmeras nomeações da Kyra Sedgwick, não conhecem mais nenhuma série de lá?), "Justified", "Parenthood" (já sabia que a Monica Potter não ia ser nomeada - quando se ignora aquele trabalhão de Katherine Heigl na sua última temporada completa em "Grey's Anatomy" há alguns anos atrás...), "The Americans" (ao menos vá lá que já conhecemos a Margo Martindale) e outras. "Top of the Lake" foi um sucesso no Sundance Channel; mas nesse canal também estreou a excelente "Rectify" que nem apareceu no mapa. Viva a variedade!
De que vale fazer melhor que quase todos os actores na categoria se depois não é nomeado?
  • Na categoria de actor em drama, o poderio dos candidatos habituais determinou que Michael C. Hall ("Dexter") se mantivesse de fora, mas ninguém me irá conseguir dar uma explicação plausível para a repetida nomeação de Hugh Bonneville ("Downton Abbey"), que só ali está a ocupar espaço. Não havia lugar para  Aden Young ("Rectify"), Kelsey Grammer (aposto que se esqueceram que "Boss" teve segunda temporada...), Matthew Rhys ("The Americans") e, apesar de eu não acompanhar mais a série, será que Steve Buscemi esteve assim tão mal em "Boardwalk  Empire" este ano? Até me fez ter pena de rogar pragas à série por limpar todos os anos em nomeações... Palmas para a nomeação de Jeff Daniels ("The Newsroom"), a melhor parte da sua série, um excelente actor - infelizmente esta nomeação deve-se 90% ao nome do actor. O mesmo digo de Kevin Spacey ("House of Cards").
  • Nas categorias secundárias em drama, as desgraças são tantas que até custa enumerar. Corey Stoll não tem a popularidade dos seus restantes colegas de "House of Cards" e por isso acabou fora (o mesmo aconteceu a Kate Mara, felizmente). De Cudlitz ("Southland"), em tantos anos de excelente trabalho, nem uma nomeação, já nem se fala. É bom que se nomeie Dinklage ("Game of Thrones"), mas ninguém viu que a melhor personagem da série este ano esteve nas mãos de Nikolaj Coster-Waldau? John Slattery cometeu algum pecado cardinal para ser arrumado dos nomeados - e já agora, que mal vos fez Vincent Kartheiser, mesmo nos anos em que "Mad Men" tinha um pecúlio invejável de nomeações? Dito isto, é uma excelente lista de nomeados. Sim, mesmo Jim Carter ("Downton Abbey") e Jonathan Banks ("Breaking Bad", bem merecido). 
Revirar os olhos e falar uma, duas vezes por episódio: já se ganharam Emmys por tão pouco?
  • Nas meninas, a minha irritação vai na contínua vassalagem que se presta a Maggie Smith ("Downton Abbey") na categoria. Que aborrecido. Ela não vai aparecer. Ela não liga ao prémio. Ela basicamente só aparece na série para mandar a sua tirada. Já roubou um troféu a Christina Hendricks e outro a Anna Gunn. Pelos vistos vai continuar. Era previsível que "The Good Wife" encurtasse em nomeados e esta era uma categoria óbvia: previa que uma ou até ambas fossem removidas. Acabou por ser cortada a mais provável, Archie Panjabi, que teve pouco que fazer este ano. A nomeação de Emilia Clarke ("Game of Thrones") é outra que pouco se entende. Não viram "The Rains of Castamere", votantes? Michelle Fairley? Conhecem o nome?
  • O choque que foi para mim ver "Mad Men" fora dos nomeados para melhor escrita em drama. A sério. Não há desculpa. Nem um episódio? Ao menos "Breaking Bad" tem duas nomeações. E "The Rains of Castamere" acabou nomeado. E os dois episódios de "Homeland" são muito bons - os únicos episódios positivos da segunda temporada, mas sim são bons. Mas não haver lugar para "Mad Men" e haver para dois episódios de "Homeland" e um de "Downton Abbey"? Escandaloso, ainda por cima porque aposto que era o piloto de "House of Cards" que estava na sétima posição dos nomeados. Escandaloso indeed.
  • Quanto às séries, seria sempre um massacre. Prevaleceram as mais populares e portanto não há muito a fazer. "The Good Wife" e "Boardwalk Empire" estiveram provavelmente próximas mas este grupo de seis era imbatível. Não é como se houvesse um "The Wire" para me pôr à vontade para me queixar. Essa sim foi uma omissão ridícula. Por anos e anos. Se não nomeassem "The Sopranos" até compreendia, não viam HBO...
A New Girl já não é nova. Por isso: de fora.
  • No campo da comédia, as coisas mudam de figura. Das séries nomeadas, há duas nomeações que aplaudo ("Veep" e "Louie", consistentemente melhores com o tempo), duas que percebo ("Girls" dado o fanatismo, "Modern Family" dado o contínuo romance da Academia com a série - tem de acabar eventualmente, gente!) e uma que é merecida (estava com medo que cortassem "30 Rock" no seu último ano - fizeram-no a "The Office" afinal, outro dos seus antigos favoritos - mas agradeço que dêem à série a chance de competir, pois será um forte favorito a vencer). "The Big Bang Theory" é a aberração da categoria e só se explica por ser a comédia (a série, aliás) mais vista nos Estados Unidos. A exclusão de "Arrested Development" das principais categorias é nota de destaque (não tem os valores de produção de "House of Cards" nem o pedigree de actores...), mas o 'esquecimento' de "Parks and Recreation" (em parte explicado pela sua menos boa temporada) continua a ser um crime. "Nurse Jackie" também saltou fora da corrida, naquela que foi a sua temporada mais cómica (a melhor foi, realmente, a temporada passada), caso para perguntar o que a Academia quer desta dramédia da Showtime. Infortunadamente, "New Girl", melhor nesta segunda temporada, acabou ignorado a todos os níveis. 
  • Nos actores em comédia, dar graças pela exclusão de Jon Cryer ("Two and a  Half Men") e, dado o estado precário da categoria, não há muito a dizer. São os nomeados possíveis - contudo não teriam Jake Johnson ("New Girl") e Garrett Dillahunt ("Raising Hope") lugar nos nomeados se se chamassem, por exemplo, Don Cheadle ("House of Lies") ou Jason Bateman ("Arrested Development")? Bem me parece. A omissão de Adam Scott ("Parks and Recreation") ultrapassa o risível.
A Amy Jellicoe estaria orgulhosa.
  • Nas actrizes em comédia temos o grupo de nomeadas mais sólido dos últimos anos (arriscaria dizer dos últimos cinco, dez anos). Incrivelmente feliz a nomeação de Laura Dern ("Enlightened" - pena não haver lugar para Mike White como actor e argumentista, para qualquer um dos realizadores e para a série), agridoce a nomeação a Edie Falco ("Nurse Jackie") que apesar de gostar preferia que tivesse ido para Zooey Deschanel ("New Girl") ou Martha Plimpton ("Raising Hope").
  • Falando das categorias secundárias em comédia: ainda se está por perceber que mal fizeram os actores secundários de "Parks and Recreation", especialmente Nick Offerman. Will Arnett ("Arrested Development"), que conhecem tão bem de "30 Rock" (múltiplas nomeações), é outro a pagar pelo esquecimento da série. Detesto sobretudo a soberania de "Modern Family" nesta categoria, sobretudo porque eu teria dado o prémio a Vergara no primeiro ano, Bowen o ano passado e este ano as duas já teriam saído da lista por completo. Dos homens, só encontro mérito em Stonestreet (duplo vencedor, 2010 e 2012) e Burrell (vencedor em 2011, três nomeações consecutivas). Mas a Academia insiste em ter os homens todos nomeados - ou quase todos, que cortou este ano Stonestreet, de forma algo ridícula, dos seus nomeados (como no primeiro ano cortou O'Neill, nomeando todos os outros). Esta série precisava de uma sangria à séria nos Emmys... Bem, esperemos pelo próximo ano. Parabéns a Tony Hale ("Veep") e Adam Driver ("Girls"), dois papéis complicados executados de forma exemplar pelos dois. Uma pena pela omissão de Max Greenfield ("New Girl", nomeado o ano passado) e do Simon Helberg e da Kaley Cuoco (a melhor parte da sua série, "The Big Bang Theory", há pelo menos dois anos). Já nem falo do elenco de "Happy Endings", "Cougar Town", e "Community" (continuamente ignorados), que esses nunca tiveram uma hipótese. Mas Jane Lynch ("Glee")? Onde foram inventar (ressuscitar) essa, Academia? Não tinham mais alternativas? E tiveram mesmo que alargar a categoria para sete nomeadas? Enfim. Ao menos deixaram a enorme e brilhante Jane Krakowski ("30 Rock") ficar. Bom trabalho. É para a vitória (como se fosse possível; quando Vanessa Williams perde... não há diva que resista). O mesmo digo de Merritt Wever ("Nurse Jackie"). Vá lá que finalmente a descobriram... quatro anos tarde demais.
Jenna Maroney finalmente sobe ao palco?
  • Nas minisséries, os números de "The Bible" converteram-se numa nomeação para melhor minissérie, "American Horror Story: Asylum", série virada minissérie para ganhar nomeações e prémios (bela embrulhada em que te meteste, Academia) é o titã com mais nomeações, sendo acompanhada na categoria por "Political Animals" que conseguiu mais quatro nomeações, duas delas para duas estrelas de Hollywood, Sigourney Weaver e Ellen Burstyn (que quase não faz nada). Já Carla Gugino, infinitamente melhor, fica de fora. Não digam que é por acaso...
  • Ou veja-se que a paixão por estrelas de cinema está bem patente noutras nomeações, de Jane Fonda ("The Newsroom") a Melissa Leo ("Louie" - merecida, mas quando Parker Posey acaba ignorada pela mesma série... Tem que haver explicação), a Michael J. Fox, a Nathan Lane, a Joan Cusack e a outros mencionados acima, como Cheadle, Bateman, Smith... E também o seu incurável amor pelos pesos pesados da televisão continua, com nomeações atiradas não só à supramencionada Edie Falco mas também a Bob Newhart, Bobby Cannavale em duas categorias, Robert Morse (dormir nas reuniões em dois, três episódios dá nomeação instantânea? Não sabia e a Academia, como já vimos, não vê mais séries além das seis nomeadas para melhor drama, aparentemente; vá lá que ainda se lembra que "The Good Wife" tem bons actores convidados; só "Justified" enchia a categoria com melhores nomeados), Diana Rigg, entre outros. Por esclarecer: ignorar Holly Hunter ("Top of the Lake"). Não posso.
  • Nos programas de reality TV, o habitual manteve-se. As nomeações de Jimmy Kimmel e Jimmy Fallon depois de apresentarem a cerimónia em anos transactos mantiveram-se, bem como os pereniais The Daily Show, The Colbert Report, Saturday Night Live e Real Time with Bill Maher. American Idol continua a sua trajectória descendente com mais uma omissão nas nomeações, depois do ano passado (Seacrest continua a aguentar-se), com o outro programa da Fox, So You Think You Can Dance (e respectiva apresentadora) a manter-se nomeado. Project Runway volta à corrida em grande, com Klum novamente nomeada depois de afastados dois anos seguidos, juntando-se aos já comuns Top Chef, The Amazing Race e Dancing with the Stars (inexplicável popularidade) e The Voice (que ocupa o lugar de Idol desde o ano passado). De notar a exclusão de Phil Keoghan dos nomeados a apresentador, pela primeira vez.

E quais foram para vocês as grandes surpresas das nomeações?

Obviamente número 1



E poderia ser outro que não este o resultado deste mês das votações do Círculo de Críticos Online Portugueses (CCOP)? Se bem que para mim longe do virtuosismo de "No" (que subiu ao primeiro lugar há dois meses, para o perder para "Arrugas" logo no mês seguinte, que agora por sua vez também deixa o topo da tabela), é fácil de compreender a nota e por consequência o primeiro lugar de "Before Midnight", que consegue um belo 8,82, das melhores classificações de sempre do CCOP e sobretudo bem próxima do primeiro lugar de 2012, o português "Tabu" (8,89). 

Um pequeno lamento que o belíssimo "Lore", co-produção alemã e australiana, não tenha pontuado melhor (a ver vamos na repescagem). Por outro lado, reflecte-se na lista que o grupo de críticos não foi muito à baila com as ofertas blockbuster do mês, desde "Man of Steel" (por coincidência o filme mais visto do mês) com um mísero 5,60 a "World War Z" (6,40).


quarta-feira, 17 de julho de 2013

"The Fifth Estate" ganha trailer e sobe-me as expectativas...


Com um elenco de luxo - Benedict Cumberbatch, Daniel Brühl, Stanley Tucci, Laura Linney, Alicia Vikander, David Thewlis, Anthony Mackie, Carice van Houten e Dan Stevens - e um bom realizador (Bill Condon, conhecido pelo fantástico "Gods and Monsters") e especialmente uma boa história para contar, "The Fifth Estate" prometia introduzir-se na corrida aos Óscares deste ano. 


O trailer, acabado de lançar, não defrauda as previsões. Aliás, posso dizer que até me aumentou as expectativas. A narrativa, que segue a ascensão de Julian Assange e de WikiLeaks, vai certamente pôr muita gente a falar. Esperemos para ver se vai atrair também a Academia a um tema que não é propriamente o seu cup of tea (mas "The Social Network" já provou que não são totalmente resistentes). E vamos ver se finalmente Benedict Cumberbatch se adapta confortavelmente à maior relevância internacional que o seu talento e estatuto, nos últimos anos, têm adivinhado (com "Star Trek: Into Darkness" já estreado internacionalmente e com isto, "August: Osage County", "12 Years a Slave" e a segunda parte de "The Hobbit" aí a chegar).

terça-feira, 16 de julho de 2013

"12 Years A Slave" de Steve McQueen candidata-se a filme do ano


Steve McQueen é um dos mais brilhantes realizadores da nova geração, com os seus dois primeiros filmes, "Hunger" e "Shame", a transformá-lo num dos mais excitantes artistas a seguir no cinema moderno e a converter a sua musa, o alemão Michael Fassbender, num dos actores mais importantes dos últimos anos em Hollywood. Tem sido até agora ignorado pelas principais cerimónias de prémios, o que se percebe em parte pelo conteúdo difícil de digerir das suas duas películas (que também penalizou as fantásticas interpretações do seu protagonista). 

A maré de azar parece estar a mudar, pelo que o trailer do seu novo filme, "12 Years A Slave", indicia. Reunindo-se com a sua estrela (Fassbender), reabilitando (possivelmente) a carreira de um dos maiores actores afroamericanos deste século (Chiwetel Elijofor) e completando um elenco muito sólido com consumados profissionais (Brad Pitt, Paul Dano, Paul Giamatti, Scott McNairy, Garrett Dillahunt, Michael Kenneth Williams, Alfre Woodward e Sarah Paulson, entre outros), McQueen decide pegar no tema da escravatura no final do século XIX, o qual "Django Unchained",  o multi-nomeado aos Óscares o ano passado, também abordou.


Cá fica o primeiro grande trailer do ano. Muita promessa, muita expectativa, a confirmar em Veneza ou nos festivais de Outono (Telluride e Toronto).

quarta-feira, 3 de julho de 2013

No que toca a animação, estou convencido...


"Coraline". "ParaNorman". E este novo trailer de "The Boxtrolls". A Laika está cá para as curvas. Finalmente um filme de animação que me aguça a curiosidade.


E já que falamos de animação, cá fica também o teaser do novo filme de Hayao Miyazaki ("Spirited Away", "Ponyo", "My Neighbour Totoro"), "The Wind Rises". 2014 promete.