Dial P for Popcorn

terça-feira, 17 de maio de 2011

JANE EYRE (2011)


"You're a full human being."

Numa altura em que tanto se fala pelos lados de Cannes em candidatos precoces à cerimónia dos Óscares de 2012, passou de mansinho cá por Portugal o primeiro legítimo candidato a essa mesma época. Depois de "Sin Nombre", um dos melhores filmes de 2009, Cary Fukunaga ficou na retina de todos os cinéfilos como um dos realizadores a seguir no futuro e portanto, foi com muita expectativa - mas também apreensão - que o vimos pegar em algo completamente diferente para o seu segundo filme, um verdadeiro desafio às suas qualidades enquanto realizador: o aclamado clássico JANE EYRE, a obra-prima romântica - e semi-autobiográfica - de Charlotte Brönté, a irmã de Emily Brönté ("Wuthering Heights"). Depois das diversas vezes que foi alvo de adaptação, nas quais se incluem duas longas-metragens e três mini-séries, é-me de todo surpreendente que Fukunaga tenha encontrado uma voz distinta nesta sua JANE EYRE, que tenha arranjado tanto de novo e significativo para dizer, que tenha conseguido pintar um retrato completamente resplandecente, absorvente e apaixonante desta heroína dos tempos de heróis byronianos e que tenha criado uma obra tão singular quanto admirável e, sobretudo, com a mesma qualidade do seu primeiro filme. De qualquer forma, já não me devia de surpreender com estas coisas - é assim mesmo com os grandes realizadores...

 
JANE EYRE (Mia Wasikowska), como se sabe, é uma jovem rapariga que, embora nascida nobre, fora enviada para um orfanato pela sua tia, Mrs. Reed (Sally Hawkins num pequeno mas delicioso papel) onde aí cresceu sendo ensinada para se tornar numa perceptora - uma espécie de tutora dos dias de hoje. Aos seus 18 anos, foi contratada para tomar conta de Miss Ravens (Romy Moore), uma menina aos cuidados do mestre da mansão de Thornfield Hall, Mr. Rochester (Michael Fassbender). Rochester é bruto, rude, vil e frio - como qualquer herói byroniano, é um homem valente e cheio de espírito mas fragilizado e com defeitos. Ainda assim, o seu súbito interesse na jovem Jane Eyre permitem-nos ver que existe mais para além dessa faceta dura que ele monta para as restantes pessoas, levando a que esta se apaixone por ele. Parece, de facto, a história de um amor impossível, porque o é - como muito bem a avisa Mrs. Fairfax (Judi Dench), a governanta da casa - Rochester guarda um peso inestimável nas suas costas, um segredo que consome a sua alma. Será que Jane e Rochester vão conseguir ultrapassar todos os obstáculos no seu caminho? É o que o filme nos leva a saber.


O que me surpreende nesta adaptação de Fukunaga é ter percebido o quanto ele e Moira Buffini, a argumentista, conseguiram retirar das páginas do livro, reduzindo em muito o volume de texto mas conservando o poder, o enigma, a reviravolta e o suspense que este mantém. Fukunaga e Buffini perceberam o que está por detrás do virtuosismo e idealismo de Jane Eyre, o que leva Rochester a escolher tão estranha e pobre criatura para seu igual, que a atracção entre ambos não se baseia no medo que a primeira sente pelo segundo mas sim na pena - Rochester precisa do idealismo de Jane para sobreviver, Jane necessita do apoio de Rochester para se libertar. O realizador e argumentista trabalharam bem na forma como pegaram nas noções muito próprias dos romances góticos deste tipo e aplicaram bem a intensidade emocional e a ressonância para os dias de hoje que também reside no livro e escolheram na perfeição os dois actores para interpretar os dois papéis: Mia Wasikowska carrega o filme às costas com uma leveza e subtileza própria das grandes actrizes, numa interpretação tão corajosa quanto impressionante. Michael Fassbender é o perfeito Rochester. Ele percebe bem a dualidade de personalidade que tem que exibir, percebe bem qual a interacção a ter com cada membro do elenco que interage com ele na película, consegue ser forte e bravo e ao mesmo tempo tão frágil que nos leva a ter pena de uma forma tão profunda que quase nos vêm lágrimas aos olhos. Não tenho qualquer dúvida em afirmar que é o melhor actor da actualidade e, se lhe forem dados papéis à sua altura, não tardará muito a que o mundo todo se apaixone por ele da mesma forma que Jane - e o público que assistiu a JANE EYRE - já está. Mesmo Jamie Bell, Sally Hawkins e Judi Dench (a sua Mrs. Fairfax conta tanto sobre a vida em Thornfield e sobre o seu patrão em meras poucas palavras e, às vezes, só por expressões e pelo tom de voz), em papéis secundários, brilham nas suas respectivas cenas.


Com um estilo visual muito próprio - uma fotografia de incomparável beleza, repleta de voluptuosos cenários e cenas de extraordinária sensibilidade poética, uma banda sonora de Dario Marianelli tão arrepiante quanto enternecedora, um arrojado guarda-roupa e imaginativa direcção artística -, um realizador e uma argumentista em grande forma e um elenco formidável, JANE EYRE é, finalmente, a adaptação pela qual muitos fãs do romance de Brönte (entre os quais me conto) ansiavam.  De tirar o fôlego, de assombrar-nos por uns dias, é um filme que por duas horas, pelo menos, nos espanta todos os males e preocupações enquanto nos envolvemos, nos questionamos, nos preocupamos, nos afligimos e choramos e finalmente nos encantamos e apaixonamos com a história do amor proibido de Jane e Rochester. Depois de o vermos, nunca mais ficamos os mesmos. Eu, sem dúvida, não vou ficar.



Nota:
A-

Informação Adicional:
Realização: Cary Fukunaga
Argumento: Moira Buffini
Elenco: Mia Wasikowska, Michael Fassbender, Judi Dench, Jamie Bell, Sally Hawkins
Música: Dario Marianelli
Fotografia: Adriano Goldman


domingo, 15 de maio de 2011

UNKNOWN (2011)



Martin Harris (Liam Neeson) é um prestigiado cientista, que viaja propositadamente até Berlim para participar numa importantíssima conferência, que junta alguns dos melhores investigadores da actualidade. À chegada ao hotel, acompanhado da sua mulher Elizabeth (January Jones), Martin percebe que não tem consigo a mala com os seus documentos pessoais. Regressa ao aeroporto sozinho, num taxi guiado a alta velocidade por Gina (Diane Kruger) que para se desviar de um frigorífico desgovernado em direcção ao seu carro, se despista e cai no Rio Spree.


Salvo por Gina, Martin recupera a consciência após quatro dias em profundo coma. O despertar, doloroso, traz consigo uma desesperante realidade: Martin é um homem sem documentos, sem memórias, sem identidade. Aos poucos, Martin vai recuperando o seu passado e rapidamente recorda o motivo da sua estadia em Berlim: A conferência, altamente noticiada, leva Martin de volta ao Hotel onde deixou a sua mulher alguns dias antes.


Para choque de Martin, Elizabeth não o reconhece. Como se não bastasse, Martin é confrontado com a existência de outro Martin (Aidan Quinn), que se indigna com a presença de um estranho homem que reclama ser ele próprio. Levado pela Polícia, o verdadeiro Martin Harris procura encontrar provas que suportem as suas afirmações. Ainda sem os seus documentos, e confrontado com a inesperada presença da fotografia do outro Martin no site da sua Faculdade, Martin recorre a um detective privado, Ernst Jürgen (Bruno Ganz), que o ajuda na resolução deste misterioso enigma e o aconselha a encontrar Gina, a última pessoa com quem este esteve antes do acidente.


Juntos, começam uma busca louca pela sua identidade. Um longo caminho que o levará à descoberta de uma dura e chocante realidade. Quem é afinal Martin Harris? Porque motivo se deslocava a Berlim? Porque motivo alguém reclamaria a sua vida?

Unknown
é um bom thriller, com emoção e acção suficientes para satisfazerem o espectador num final de noite. Uma agradável surpresa, que vale o seu bilhete de cinema.

Nota Final:
B



Trailer:


Informação Adicional:
Realização: Jaume Collet-Serra Argumento: Oliver Butcher e Stephen Cornwell Ano: 2011 Duração: 113 minutos

sábado, 14 de maio de 2011

BIN-JIP (2004)


"It is hard to tell that the world we live in is either reality or a dream."

Bin-Jip é uma comovente história sobre um amor proibido entre uma submissa e oprimida esposa e um carteiro solitário, cuja especialidade é entrar em casas temporariamente vazias dos seus proprietários, e aproveitar o conforto de um lar que não é seu. Poucas são as palavras em Bin-Jip, pois o verdadeiro amor é aquele que se transmite com uma troca de olhares, com um gesto sincero e carinhoso e que precisa de poucas palavras para se fortalecer. Bin-Jip merece ser visto. Porque ninguém consegue dizer "não" a uma excelente história de amor.

Nota Final:
A-

Trailer:




Informação Adicional:
Realização: Ki-duk Kim
Argumento: Ki-duk Kim
Ano: 2004
Duração: 88 minutos

terça-feira, 3 de maio de 2011

A Morte da 7ª Arte (Variação Groucho)

"O Dial P For Popcorn tem o prazer de vos apresentar o nosso mais recente colaborador! Axel Ferreira, nosso colega e amigo, aceitou o convite para a elaboração de uma crónica quinzenal. Com uma visão peculiar e distinta da realidade cinematográfica, A Morte da 7.ª Arte deixa apenas uma promessa: Ninguém a poderá evitar."


O Clarinete de Woody Allen


Seguindo características maliciosas de gente que pensa que pensa e não pensa, analisando uma a uma as sequências de ideias que não se enquadram dentro do que acho provável e possível, não existe para além da desorientação imensa uma linha definidora, um esboço que separe arte do que não o é. A afinidade intrínseca em utilizar um saco qualificador, a insistência em usar escalas, comparar e, mais do que nada, normalizar. Uma atitude cultural pouco saudável que não admite a existência de cultura. A falsa confiança transmitida por algum tipo de linguagem longínqua e comum, a participação deste ou daquele, o magnífico, sensacional, bizarro, genial da obra primorosamente prima. Óbvio que a ideia da idiossincrasia em círculo, os elogios dados a si próprios quando felicitam alguém por ter exactamente a mesma opinião ou similar, não passa de algo pobre e não gerador de nada novo. A ilusão da vida é uma ideia, uma ideia simples, a ideia de que se têm ideias novas e não já infinitamente repetidas. Ter uma ideia fora desta ideia já é um crime, existe o rótulo, a nova arma, és original mas não original como nós. Pois maior crime que este se levante.


Algo que fascina ainda é o esboço da qualidade no bom cinema. E diluindo a ideia em analogia, não passa de uma arte um pouco necrófaga, recolher o que já foi feito e tentar juntar tudo em apenas um movimento e um sentido. A tarefa será então juntar as características que o fazem transparecer como algo digno do nome de cinema. Começando pelo essencial, que será ter algo para fazer. No inicio será a história (ou o verbo), de uma maneira canónica dará a definição a tudo o que será o filme, não sendo este facto obrigatório ou sequer necessário à existência do mesmo. A sua origem (literária, factual ou escrita pelas mãos de um esquizofrénico que sempre recusou tratamento) passará sempre pela irrelevância histórica de existir. Não deixa de ser verdade que os irmão Marx nunca precisaram de mais que uma história. Sabendo até que não tem de existir no início, como pode existir apenas no fim, quando cada hino à estética se juntar em sequência formando “Fa Yeung Nin Wa”. Partindo daqui, e dizendo que a conclusão será ainda nenhuma, será a altura de concretizar a visão. Então serão precisos os adornos de sala, vêm por aí os actores, será das primeiras condicionantes. Não terei uma perspectiva muito favorável, a maioria dos melhores filmes que vi tem gente desta de que nunca ouvi falar ou que não toma esta como a sua profissão. Considerar classicamente um filme será sempre uma história em imagem, conceito que muito tentam deitar abaixo com pouco acerto. Aproximando a estrutura moderna a esta ideia acabamos na imagem, e com as muitas maneiras de a obtemos. Desde o conceito de teatro filmado de Manuel de Oliveira, ao conceito da filmagem em movimento de Kusturika e a câmara tremida de Trier no “Dancer In the Dark”, tudo é mais ou menos permitido e tudo é mais ou menos abusado. Não pensar na maneira mas na forma, não se espantar com a medida dos enormes recursos que hoje em dia existem mas conjecturar algo que se aproxime e se afaste de tudo o que já se demonstrou possível. Mesmo existindo a ideia de o cinema depender sempre de como é filmado, também pode existir o filme com fraca ideação fotográfica, ou com uma cena completamente monocromática e tornar-se em algo que se sobrepõe a este mesmo conceito. Em “Jour de FêteTati usou duas câmaras, uma a preto e branco (por precaução) e uma a cores. A verdade é que filmou os mesmos planos com as duas, mas depois de pensar o filme a cores e depois de saber que o estúdio não tinha dinheiro para editar o filme a cores lançou a versão a preto e branco. Não foi por estes subterfúgios, pela forma não atingir a qualidade do conteúdo que o filme passou por irrelevante. Na realidade ele nunca ficou contente com esta versão, filmou novas cenas e coloriu ele mesmo certas partes do filme à mão (versão que é hoje a mais conhecida). Entramos então na música que acompanha a imagem, sendo que muito raramente será feita pelos próprios realizadores (o Woody Allen fê-lo em “Sweet and Lowdown”), mesmo que sejam músicos. Até Kusturika em pose Rockerman da música popular jugoslava prefere utilizar as músicas de Goran Bregovic, e ainda bem. Indagar no mundo imenso da música e escolher o melhor para determinado momento, imagem, sentimento, será uma das coisas que muitas vezes fica um pouco à quem do esperado. Mais uma vez devido à materialização da imaginação humana ser sempre uma replica relativa a quem a fez e não aos outros ou, ainda, à própria ignorância. Se bem que a realidade permita que o filme não imita um som e continue a ser a obra que é, sendo que até prefiro alguns filmes mudos sem um único som. E esperando que ainda não haja cheiros nem texturas, serão, em versões distintas e muito latas, estas as formas usadas por todos e com que tanto se tenta inventar.


Saber, sei que a mesma obra pode ser executada de novo, distinguindo-se da primeira com superioridade exacerbante, quem já tocou o céu com a “Hallelujah” de Jeff Buckley sabe disso. A execução excepcional também constrói um novo conceito, que ainda não tinha sido alcançado, o mesmo acontece com um excelente realizador e um fraco argumento. Não percebo é este novo conceito de ter directores de fotografia, de som, de efeitos sonoros, de maquilhagem e vestuário, de ter compositores e editores de imagem, editores de som, argumentistas e produtores. O realizador já se marginalizou a si mesmo para ser o banana que diz alguma coisa de vez em quando, abençoada forma de esconder a própria mediocridade, abençoada maneira de termos excelentemente executado sempre o mesmo filme. O que o irá distinguir será a visão e o conceito novo que sem a obsessão de controlar cada detalhe não poderá existir (regra que como todas as outras terá as suas excepções, não fosse a única coisa que interessa o resultado final). Conclusão não se chega a nenhuma, um filme não se distingue por ser bom em cada uma das suas formas, mas pelas ideias que o compõe, se existem de novo ou já foram e as conjuram de nova maneira. Por isso tenho a minha dificuldade em separar filmes em escolas e movimentos e todos os subterfúgios classificatórios, não passam de algo detractor de algo que é único individual, e com alguma esperança original. O problema é que as ideias são pessoais, não são colectivas, isso simplesmente não existe.


Axel Ferreira

domingo, 1 de maio de 2011

3 IDIOTS (2009)



"Pursue excellence, and success will follow."


Falo-vos hoje de uma agradável surpresa vinda de Bollywood. 3 Idiots junta a comédia e o drama de um jeito divertido, simples e cativante para o espectador. Uma boa escolha para um final de tarde, especialmente para os mais novos.


Farhan e Raju são caloiros da prestigiada "Delhi's Imperial College of Engineering", fazendo parte de um restrito grupo de 200 alunos, seleccionados entre vários milhares, que conseguiram aprovação para frequentarem um dos mais difíceis cursos do planeta. Aí conhecem Rancho e juntos iniciam uma amizade que se prolonga durante todo o curso. Rancho, a grande personagem e o grande segredo do sucesso de todo o filme, é um rapaz despegado do sucesso, crítico do oportunismo estudantil, da pressão pelos resultados, do combate desleal pelas notas mais altas e da sabedoria a todo o custo.


Rancho
é um apaixonado pelo conhecimento, e a descontracção com que encara as dificuldades e as adversidades do curso, levam-no a influenciar decisivamente as vidas de Farhan e Raju que, no segundo espaço temporal deste filme, percorrem a Índia numa busca incansável por Rancho, desaparecido das suas vidas desde o último dia de aulas na faculdade.


Um filme que dispensava as três ou quatro músicas (verdadeiramente patéticas) que se intrometem no meio da história, com uma edição e montagem bem conseguidas, com personagens muito bem caracterizadas, que transforma os 160 minutos do filme num ápice. Depois de ver 3 Idiots o espectador sente-se bem. E, acima de tudo, dá por bem empregue o tempo despendido. Vale a pena dar uma vista de olhos.


Nota Final:
B



Trailer:
(Não existe trailer em inglês. Encontrei estas imagens, que permitem ter uma ideia do que poderá ser o filme)




Informação Adicional:
Realização: Rajkumar Hirani
Argumento: Rajkumar Hirani e Vidhu Vinod Chopra
Ano: 2009
Duração: 160 minutos

sábado, 30 de abril de 2011

ÚLTIMA HORA: Trailer de 'ONE DAY'


Sem dúvida, aquele que é um dos meus filmes mais antecipados deste ano que aí vem, o novo projecto de Lone Scherfig (a realizadora do extraordinário e sensível "An Education"), baseado no romance best-seller de David Nicholls e que conta com Anne Hathaway e Jim Sturgess (e também Patricia Clarkson) nos principais papéis, ONE DAY, recebeu hoje o seu primeiro trailer. ONE DAY conta a história de dois amigos, Dexter e Emma, recém-formados, que se encontram uma vez por ano, durante vinte anos, no aniversário do primeiro dia em que se conheceram. Pelo meio, é-nos relatado como a sua amizade evolui e regride ao longo dos anos e como as mudanças na sua vida vão fazer mudar também a forma como se vêem um ao outro.


Quanto ao trailer... Corresponde a tudo aquilo que eu esperava do filme - talvez revelando um pouco demasiada informação - mas o essencial está lá: química entre os protagonistas, bem executada mudança de visual para a progressão da idade e, se não der para mais (leia-se: Óscares), pelo menos tem ar de ser uma excelente dramédia romântica. Mal posso esperar.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Personagens do Cinema - Henry Spencer


Há já alguns dias que penso falar-vos de Henry Spencer (Jack Nance), o protagonista da primeira grande obra de David Lynch. Eraserhead é seguramente um dos filmes mais surrealistas que algumas vez vi. Se Lynch é capaz de produzir cinema peculiar, Eraserhead será certamente um clássico dentro deste género. São muitas e distintas as opiniões sobre o que Lynch é capaz de fazer. Há quem o tome como um génio do cinema (e eu assino por baixo). Há quem o considere presunçoso e incompetente. Há quem o deteste. Há quem o admire.



Para mim, Lynch é único. E quando ouço dizerem-me que "O Black Swan é de uma complexidade admirável" é como se visse uma faca a apunhalar Lynch pelas costas.

Ninguém como ele consegue criar suspense. Não são precisos momentos de carnificina, de suspense previsível, de fantasmas computorizados. Lynch mexe com o espectador. Coloca a câmara num plano que limita a visão do público, junta-lhes a luminosidade e a música de fundo e por fim, o terrível e desesperante suspense do silêncio (algo tão raro no cinema dos dias de hoje). E tudo isto transforma filmes como Eraserhead, Mulholland Drive ou Lost Highway em obras eternas, que não deixam indiferente nenhum amante do cinema.



Eraserhead, e em especial Henry Spencer, é o primeiro heterónimo de um génio chamado David Lynch. Um impressor em período de férias, descobre que a sua namorada está grávida de uma aberração. Um bébé disforme, que destrói todos planos projectados num futuro feliz e próspero. A ausência da sua namorada, que o deixa sozinho com o seu "filho" levam Henry à loucura e ao delírio. Em diversos sonhos, Henry imagina situações bizarras, que transportam a atmosfera do filme para um clímax negro, trágico, dramático. O caminho de um homem pela estrada da loucura é penoso. E Eraserhead retrata-o de uma forma emblemática.

Frases Inesquecíveis do Cinema

"New York Herald Tribune!"




Patricia Franchini | "À Bout de Souffle" | 1960

sábado, 23 de abril de 2011

DAFA 2010: Melhor Peça Musical




Bem-vindos à primeira edição dos Dial A For Awards, a cerimónia de prémios de cinema do nosso blogue, Dial P For Popcorn. Iremos revelar, categoria a categoria, os nossos seis nomeados e três vencedores entre aqueles que foram, para nós, os melhores filmes de 2010.


Hoje vamos a mais duas (bem, quatro!) categorias dos prémios, a ver se terminamos antes de Abril terminar. A primeira dessas categorias serve de encerramento da minha avaliação à música no cinema em 2010. Como não consegui limitar-me a seis nomeados, nesta categoria (excepcionalmente) vamos ter dez nomeados. Aqui vos apresento os meus nomeados para Melhor Peça Musical em Banda-Sonora:



"Dream is Collapsing"
INCEPTION

O mundo desaba. O sonho acaba. Revolução total.



"Flow Like Water"
THE LAST AIRBENDER - #3

Um potente tónico à mais fantástica cena de acção do filme.



"Forbidden Friendship"
HOW TO TRAIN YOUR DRAGON - #2

Enternecedora e fantasiosa, aventureira e enérgica.



"Intriguing Possibilites"
THE SOCIAL NETWORK

Tão rápida e deliciosamente recheada de pequenos pormenores quanto o diálogo que acompanha.



"Illusionist Theme"
L'ILLUSIONISTE

De fazer chorar.



"Monsters Theme"
MONSTERS

A melhor apresentação de sempre de monstros num filme de ficção científica.



"Obliviate"
HARRY POTTER AND THE DEATHLY HALLOWS, PART 1

Queriam música mais perfeita a servir de introdução a esta última parte? Não havia.



"Perfection"
BLACK SWAN - #1

Imersão total na escuridão sombria da partitura de Tchaikovsky alterada por Mansell. Sublime.



"Ride to Death"
TRUE GRIT

Tudo aquilo que se poderia esperar de um hino protestante adaptado a rito funerário por Carter Burwell.



"The Ghost Writer"
THE GHOST WRITER

O Fantasma espia no silêncio da noite. A música sugere desde logo que algo vai correr inesperadamente mal.




MISTÉRIOS DE LISBOA a 1 de Maio na RTP1

Depois de ter encantado muitos espectadores nas salas de cinema nacionais e internacionais, o épico "Mistérios de Lisboa", do realizador Raul Ruiz, cuja acção se passa entre França e Portugal, chega agora à televisão portuguesa, em formato de mini-série de seis episódios de aproximadamente 50-60 minutos cada (a duração total da mini-série ultrapassa a do filme, uma vez que incluirá cenas adicionais que não constam do filme). Contando com um elenco nacional e internacional recheado de estrelas, desde Maria João Bastos, Ricardo Pereira, São José Correia e Adriano Luz a Catarina Wallenstein, José Afonso Pimentel e Margarida Villa-Nova, "Mistérios de Lisboa" baseia-se na obra de Camilo Castelo Branco.


A estreia far-se-á na RTP1 dia 1 de Maio (domingo) com duplo episódio ("O Menino Sem Nome" e "O Conde de Santa Bárbara") por volta das 22 horas. Como saberão, "Mistérios de Lisboa" venceu vários prémios em diversos festivais, como o prémio da Concha de Prata para Melhor Realizador do Festival de San Sebastián e o prestigiadíssimo Prémio Delluc e foi, inclusivamente, votado o filme #1 da lista da Indiewire de filmes estrangeiros ainda sem distribuição norte-americana (que entretanto assegurou a sua distribuição pela Music Box, para o segundo semestre deste ano).
(Fonte: Split Screen)