Dial P for Popcorn

segunda-feira, 5 de março de 2012

TYRANNOSAUR (2011)


Um dos meus filmes favoritos do ano de 2011, conta-nos uma história dura e violenta. Um filme totalmente british, para os adeptos dos Dramas sem mágoas e sem complexos. Um filme pequeno (como eu gosto), que nos faz sorver cada minuto de duas personagens trágicas, que se juntam por um aparente (e infeliz) acaso, construindo uma cumplicidade e uma entre-ajuda que cimenta uma amizade que se alimenta da tragédia, da dor e do sofrimento.



Joseph (Peter Mullan) é um cinquentão viúvo, tempestuoso, agressivo e impulsivo. Começa o filme numa cena de ira efervescente, que culmina com a morte do seu cão, em quem descarrega a adrenalina de um negócio falhado e cuja ausência se fará sentir durante todo o filme. Solitário, depressivo, arrasta-se pelos bares da sua localidade. Após mais uma zaragata, refugia-se na loja de Hannah (Olivia Colman), uma mulher madura que vive os seus dias envolvida na religião e na sua fé inabalável. Esconde, no entanto, um difícil e chocante segredo. Casada, sem filhos, é uma mulher angustiada, convivendo e aceitando as taras e a violência animal de um marido completamente primata, que a obriga a participar em sessões violentas e perigosas de sadomasoquismo.


Duas almas que partilham a dor e o silêncio da solidão, duas personagens moldadas pelo sofrimento, que se juntam numa loja de conveniência para não mais se conseguirem separar. Não é uma mera história de amor. Não é uma simples historieta condenada a terminar num romance eterno e feliz. Tyrannosaur conta com a única interpretação feminina que, este ano, consegue ombrear com a brilhante Meryl Streep (Olivia Colman é FANTÁSTICA!). Tyrannosaur conta com uma fotografia intensa e trabalhada, que nos transporta para uma ambiente frio, cinzento, tenebroso. E ainda se arrisca numa inesperada banda-sonora, que acrescenta alguma cor e alguma harmonia a uma história que em tudo é deprimente. Para mim, Tyrannosaur foi um momento delicioso.


Nota Final:
A-


Trailer:




Informação Adicional:
Realização: Paddy Considine
Argumento: Paddy Considine
Ano: 2011
Duração: 92 minutos

quinta-feira, 1 de março de 2012

TEMPORADA 2011/2012 - MARÇO






Penúltima edição da Temporada 2011/2012. A ressaca dos Oscars já se faz sentir neste mês, mas ainda assim optei por reservar espaço para o mês em que, tradicionalmente, os cinemas se enchem de espectadores que querem conhecer os recentes vencedores da noite da Academia. Começamos Março em grande, com um dos mais aguardados filmes deste ano. SHAME, o filme que nos fá-la das emoções de um playboy que conquista as mulheres da cidade de Nova Iorque. Fassbender faz um das melhores interpretações da sua carreira, num papel para o qual (penso eu) nasceu, e com uma categoria que o transformam num dos mais desejados actores da Hollywood.






Para a segunda semana, com estreia marcada para dia 8 de Março, aconselho-vos o filme francês DE VRAIS MENSONGES, com a sempre encantadora Audrey Tautou, que interpretará uma contagiante cabeleireira, que nos encanta desde o primeiro minuto. Demorou a estrear, mas felizmente estará disponível nos cinemas portugueses, e será sempre uma óptima escolha caso se decida a dar-lhe uma oportunidade. Se for adepto de filmes mais intensos, mais duros, poderá optar por KILL LIST, um típico filme sobre um serial-killer (de Ben Wheatley) ou então MARGIN CALL, um thriller com um óptimo elenco, com uma recepção muito satisfatória nos Estados Unidos, que relata a enorme turbulência e agitação de uma agência de investimento em tempos de crise.






Dia 15 de Março, TAKE SHELTER. Não vi, ainda, mas facilmente se percebe, depois de passar com grande destaque pelos principais festivais de cinema do ano passado, que se trata de um filme de grande qualidade. E será um sucesso garantido. Se preferir acção e gostar da forma como Liam Neeson se tem transformado num actor de filmes de acção, THE GREY é, também, uma boa escolha. Trata-se da história de um homem que, depois da queda do avião em que viajava, se vê obrigado a sobreviver num local inóspito e assustador do Alaska, onde será obrigado a colocar de parte alguma das suas convicções, de forma a trocar a morte (certa) pela sobrevivência.






Dia 22 de Março, outro dos filmes mais aguardados do ano! THE HUNGER GAMES. Baseado na trilogia de sucesso que dá nome ao filme, é um thriller emocionante. Retrata a história de um mundo futuro, governado por um intransigente Capitólio, onde um torneio anual sacrifica um rapaz e uma rapariga de cada um de doze distritos criados sobre a orientação do governo. Se corresponder ao nível dos livros, será um filme intenso e surpreendente. E garantidamente, um dos grande sucessos de bilheteira deste ano. Nesta semana, gostaria ainda de destacar o filme A TORINÓI LÓ, que infelizmente não terá estreia em todos os cinemas nacionais (deverá ficar-se pelas duas maiores cidades), mas que é um filme de grande qualidade e que merece a atenção do leitor.





Para a última semana de Março, o meu destaque vai todo para o filme francês INTOUCHABLES, sobre a história de um homem rico, em fase terminal, com deficiências que o incapacitam, mas que se decide a viver a aproveitar cada um dos momentos graças à ajuda do seu mais recente empregado. Um filme certamente divertido e garantidamente emocionante, que criará uma grande empatia entre o espectador e os protagonistas e que será uma das melhores estreias deste mês de Março.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Personagens do Cinema - Annie Hall


Dei por mim a pensar que raramente escolho mulheres para fazerem parte desta rubrica. E que a grande parte das escolhidas até este mês (senão todas) foram da exclusiva autoria do Jorge. Por isso, este mês escolho uma mulher. E confesso-vos que a escolha foi difícil. Basta olhar para os melhores filmes do site IMDB.COM (que muitos "críticos" gostam de desprestigiar) e facilmente se percebe a enorme representatividade do sexo masculino no protagonismo desses filmes. É um facto. Por isso demorei-me na escolha. Fácil, seria pegar numa interpretação da Meryl Streep. Mas como já foi bastante dissecada na Maratona Meryl Streep que o Jorge fez no blogue há uns meses, optei por elogiar Woody Allen através daquela que foi a maior musa de toda a sua carreira, num dos mais aclamados e adorados romances da história.


Diane Keaton, em início de carreira, personificou a mulher que fez perder o juízo de um Woody Allen que se confundiu com o comediante Alvy Singer (personagem que encarna neste filme), um homem maduro, divorciado, com uma personalidade complexa (neurótico, obsessivo, impaciente, impulsivo). Todo o filme é marcado pela evolução de uma relação difícil, que se torna difícil pelas constante turbulências que os dois criam, que consomem o coração de Woody Allen. Annie é jovem, livre e com uma personalidade forte. É a típica jovem que, nos anos 70, caminha na dúbia fronteira entre o tradicionalismo e a irreverência. Sabe o que quer e sabe quem procura. E é delicioso todo o texto que se constrói, todas as ideias que se partilham e a forma como Woody Allen transforma uma mulher num marco, e a imortaliza pela sua escrita e pela forma única como nos fala de amor.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Oscars 2012 - Um breve comentário.



Ao contrário do ano passado, desta vez não estive com paciência para acompanhar a cerimónia. Estou farto do exibicionismo e da histeria do povo americano. No entanto, gosto sempre de dizer algo sobre aquilo que realmente interessa: os vencedores.


Nas minhas categorias favoritas (Melhor Documentário e Melhor Filme Estrangeiro), ainda não consegui ver nenhum dos nomeados deste ano. São duas categorias mais secundárias e por isso menos sujeitas às pressões externas. É onde a Academia mais vezes acerta. Quanto ao Melhor Filme estou contente. Se tivesse que escolher outro vencedor, entregaria de barato a vitória aos Descendentes, filme que me encantou este ano. No Melhor Actor, justo. Melhor Actriz, sem espinhas. Meryl Streep foi a melhor interpretação que vi, até agora, do Ano 2011.


Mas a minha grande alegria da noite vai para a estatueta que foi entregue a Christopher Plummer. Felizmente que se fez justiça. Uma interpretação enorme, num filme completamente apaixonante (muito provavelmente, o meu favorito de 2011). Nota ainda para o prémio de Melhor Realizador, que gostaria que tivesse sido entregue a Alexander Payne (a forma como provou que o melodrama nos pode surpreender foi mesmo cativante) e para O Melhor Argumento Original, que não esqueceu o brilhantismo de Woody Allen.


P.S. - Tanta euforia à volta do que fez Sasha Baron Cohen é a prova de que o formato dos Oscars deve continuar assim por muitos anos. Ser palhaço dá os seus frutos. E não é só em Portugal.

Tudo o que tenho a dizer da cerimónia dos Óscares 2012...


É só e apenas isto. Mesmo eu preferindo que ganhasse Viola Davis, não posso deixar de ficar extasiado com a vitória da mulher mais admirada do mundo. 

[Fonte: IMDb]


Meryl, és única. És grande. Finalmente aí tens o terceiro. E, tal como em 1983, estavas de dourado e de braço dado com o Don. Já estava destinado.


Amanhã volto com uma apreciação mais a fundo da cerimónia, de Billy Crystal e dos vencedores e vencidos. A ver se encerramos a temporada de 2011-2012 em grande. É que os filmes do novo ano já estão aí à porta.

Óscares 2012 - Vencedores (e Previsões)




Estamos a poucas horas do início de mais uma cerimónia dos Óscares. Este ano não há liveblog aqui no Dial P For Popcorn, podendo acompanhar a nossa opinião na nossa conta do Twitter. Para já, deixo-vos com as minhas previsões dos vencedores (aviso já que não sou fonte consistente para aqueles que gostam de fazer apostas, porque tanto tenho um ano de muito acerto como erro muito; sou um verdadeiro guru iô-iô). Se estiverem interessados na ordem pela qual os prémios são distribuídos, podem consultá-lo AQUI.

Vou acabar por ter uma noite bastante satisfatória, porque pela primeira vez em muito tempo não estou de costas voltadas com o vencedor de Melhor Filme (não acho que “The Artist” seja o melhor dos nomeados, mas, no fim de contas, o meu favorito – “Moneyball” – nunca foi realisticamente previsto como vencedor, daí que aprecio a vitória da bela película a preto e branco), qualquer uma que vença Melhor Actriz me vai deixar contente (seja ela Meryl Streep, Viola Davis ou Michelle Williams) e vou adorar o discurso de Melhor Actor, seja ele proferido por Dujardin, Clooney ou Pitt.

Decidi arriscar um pouco nalgumas categorias, porque afinal, qual é a piada de prever os Óscares se não apostarmos nalgumas decisões polémicas? Na de Argumento Original, porque acho que o estatuto de favorito de “The Artist” permite, tal como a “The King’s Speech” ou “The Hurt Locker” em anos passados, bater a escolha consensual dos prémios dos críticos, Globos e afins. Ainda assim, não consigo perceber como é que os votantes conseguem resistir a votar em Woody Allen pelo seu melhor filme em anos.

Em Guarda-Roupa, a corrida a cinco está a tornar difícil perceber qual o vencedor. “The Artist” poderá facilmente sair vencedor aqui, sendo o favorito a ganhar Melhor Filme, mas “Jane Eyre” é a escolha sensata da categoria. Cuidado ainda com Sandy Powell (“Hugo”) que pode muito bem também triunfar, ou “Anonymous”, porque não há coisa que esta categoria ame mais que realeza.

Em Edição apostei em “The Artist” também porque é o favorito para Melhor Filme e nesta categoria, mais do que todas as outras, o vencedor leva quase sempre os dois prémios. Contudo, não esquecer que defronta Thelma Schoonmaker (“Hugo”), uma das pessoas mais queridas pela indústria cinematográfica.

Filme Estrangeiro é outra categoria difícil de prever. "A Separation" é sem dúvida um enorme filme, mas nesta categoria muitas vezes a qualidade - e mesmo a quantidade de prémios vencida - pouco significa. E depois nos nomeados temos um filme polaco sobre o Holocausto, que tresanda a Óscar. Não sei. Aposto no seguro ("A Separation") mas temo que o pior possa acontecer.

As categorias de Som, finalmente, parecem ter sempre tendência para não irem ambas para o mesmo filme. Prevejo uma divisão entre "Hugo" e "War Horse", mas não sei quem fica com qual. Se "Hugo" for verdadeiramente adorado, ganha as duas. Não sei que decidir aqui. Vou com o meu instinto.


Acerto nas previsões: 15 | 24 (63%) sem alternativas, 23 | 24 (96%) com alternativas

Melhor Filme
“The Artist”

Melhor Realizador
Michel Hazanavicius, “The Artist”

Melhor Actor
Jean Dujardin, “The Artist”

Melhor Actriz
Viola Davis, “The Help”
Meryl Streep, “The Iron Lady”

Melhor Actor Secundário
Christopher Plummer, “Beginners”

Melhor Actriz Secundária
Octavia Spencer, “The Help”

Melhor Argumento Original
“The Artist”
“Midnight in Paris”

Melhor Argumento Adaptado
“The Descendants”

Melhor Fotografia
Robert Richardson, “Hugo”

Melhor Direcção Artística
“Hugo”

Melhor Maquilhagem
“The Iron Lady”

Melhor Guarda-Roupa
“Jane Eyre”
“The Artist”

Melhor Edição
“The Artist”
(“Hugo”)
"The Girl with the Dragon Tattoo"

Melhor Banda Sonora Original
“The Artist”

Melhor Canção Original
“Man or Muppet” – “The Muppets”

Melhor Edição de Som
“Hugo”

Melhor Mistura de Som
“War Horse”
“Hugo”

Melhores Efeitos Visuais
“Rise of the Planet of the Apes”
“Hugo”

Melhor Filme Animado
“Rango”

Melhor Documentário
“Hell and Back Again”
“Undefeated”

Melhor Filme Estrangeiro
“A Separation”

Melhor Curta-Metragem, Documental
“Saving Face”

Melhor Curta-Metragem, Animação
“A Morning Stroll”
“The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore”

Melhor Curta-Metragem
“Tuba Atlantic”
“The Shore”


sábado, 25 de fevereiro de 2012

HUGO (2011)



Provavelmente não estava com a melhor das disposições quando vi este filme. Hugo não é um mau filme. Mas também não me empolgou. É uma história bonita, óptima para mostrar às crianças, mas acho que, para mim, fica por aí. Não está no melhor que vi este ano e fiquei um pouco desiludido. No combate directo com o Artista, para os prémios finais da Academia, fica claramente atrás. E é também facilmente ultrapassado pelo óptimo The Descendants.


Hugo (Asa Butterfield) é uma criança orfã que vive sozinho numa estação da Paris da década de 30, dividindo o seu dia-a-dia entre os vários relógios que mantém a funcionar irrepreensivelmente e a procura de materiais para concertar uma misteriosa máquina (com uma peculiar forma humana) que lhe foi oferecida pelo seu pai, pouco tempo antes da sua morte. Hugo trabalha pela paixão que tem pelas máquinas, característica que herdou do seu pai, e com o objectivo de descobrir qual a mensagem que a mesma esconde. Um dos locais que frequenta com regularidade na "sua estação", é a loja relógios e raridades de Georges Méliès (Ben Kingsley), onde sorrateiramente vai roubando algumas peças importantes para a reconstrução da sua máquina. Até que um dia é apanhado em flagrante por Georges que se vinga confiscando-lhe o precioso caderno mágico onde Hugo apontara todas as alterações necessárias para o funcionamento das suas máquinas.


Decidido em recuperar o seu caderno, Hugo segue Georges até casa e acaba por conhecer Isabelle (Chloë Grace Moretz), uma jovem curiosa e perspicaz que vive sob a tutela de Georges e que rapidamente se transforma na sua grande companheira de aventuras. Juntos exploram todos os recantos da estação e a sua curiosidade leva-os a descobrir um fantástico segredo, que para sempre irá mudar as suas vidas e a daqueles que os rodeiam.


Nota Final:
B-


Trailer:




Informação Adicional:
Realização: Martin Scorsese
Argumento: John Logan (screenplay), Brian Selznick (book)
Ano: 2011
Duração: 126 minutos.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Círculo de Críticos Online Portugueses em funcionamento




Entrou em funções no passado dia 15 de Fevereiro o Círculo de Críticos Online Portugueses, uma ideia implementada em Portugal pelo criador do blogue Split Screen, Tiago Ramos, com base no original brasileiro (a Liga dos Blogues Cinematográficos, no qual ele também participa). 

Dos membros fundadores deste grupo fazem parte nomes incontornáveis da nossa blogosfera, contando com - além do já mencionado Tiago Ramos - o Pedro Ponte e o Gonçalo Trindade (Ante-Cinema), o Nuno Reis (Antestreia), o Samuel Andrade (Keyzer Soze's Place), a Catarina D'Oliveira (Close-Up), a Inês Moreira Santos (Espalha Factos), o João Pinto (Portal Cinema), o Miguel Ferreira (A Última Sessão) e os vossos dois co-criadores aqui do Dial P For Popcorn.

O objectivo do projecto, nas palavras do seu fundador-mor: "O Círculo de Críticos Online Portugueses (CCOP) é um grupo seleccionado de críticos online de cinema portugueses, cuja acção se centra essencialmente na classificação dos filmes estreados mensalmente nas salas de cinema portuguesas, de forma a produzir um conjunto de tops mensais, com oportunos dados estatísticos. O CCOP poderá dedicar-se ainda à elaboração de tops de temáticas especiais (décadas, realizadores, géneros) e um prémio anual (cujo nome será posteriormente definido) dedicado aos melhores filmes do ano. Este projecto nasceu em colaboração com o projecto, de origem brasileira, Liga dos Blogues Cinematográficos."

Para já, podem consultar o primeiro top mensal, que diz respeito ao passado mês de Janeiro, AQUI.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

REALIZADORES: METROPOLIS (1927)



Regressa este mês a minha recente aposta de crónicas mensais. Esteve ausente nos últimos dois meses, por diversos motivos que atrasaram também a actualização do blogue, mas a partir de agora espero conseguir realizar a crónica com a pontualidade com que actualizo as restantes crónicas mensais. Pensei em repetir o realizador da crónica anterior, mas preferi variar o leque de estrelas que por aqui vão passar ao longo dos próximos meses. Depois de me apaixonar pelo M, resolvi que Fritz Lang deveria estar entre nós o mais rapidamente possível. Escolhi então um dos seus mais conceituados filmes, Metropolis. A obra de um visionário, de um homem que viveu à frente do seu tempo e que percebeu, com uma astúcia fabulosa, aqueles que seriam um verdadeiros problemas da sociedade moderna, da civilização do Século XXI.


Metropolis é uma cidade futurista. Aquilo que Fritz Lang e Thea von Harbou idealizaram como o futuro. E neste futuro, o povo trabalha, escravizado, para sustentar o ócio e os caprichos de uma minoria escolhida por sangue e linhagem. Sem direito a verem a luz do dia, trabalhando arduamente nas profundezas da terra, o povo cumpre ordens e vive uma existência triste, cinzenta e desgraçada. Tudo muda quando Freder (Gustav Fröhlich), filho de Joh Fredersen, o abastado dono da Metropolis, conhece a realidade que durante toda a sua vida lhe foi escondida e ludibriada pelo pai: os homens, mulheres e crianças, as vidas que, no submundo, trabalham até à exaustão, para que o mundo soberano possa estar feliz, possa gozar os bons prazeres da vida e aproveitar as regalias do seu estatuto.


Decidido a mudar o curso da história, a quebrar as barreiras que separam os privilegiados dos condenados, Metropolis faz-nos uma viagem à essência do ser humano. Aos limites da ganância e da luta pelo poder. E faz-nos reflectir, tal como M fez, nas enormes potencialidades de Fritz Lang. Faz-nos recordar que em 1927, quando ainda não existia som no cinema, quando o mundo vivia a ressaca de uma Grande Guerra, um homem conseguiu não só pensar como projectar e criar um mundo futurista, que serviu de base para inúmeros filmes que o sucederam. Um realizador capaz de pensar no Homem como um ser imutável, que sempre será tentado pelo pecado e pela ganância, que faz sofrer sem piedade e que cobra sem perdão. Ver Metropolis não é ver a década de 20. É ver a história do Homem e da Humanidade.


Nota Final:
A



Trailer:





Informação Adicional:
Realização: Fritz Lang
Argumento: Thea von Harbou
Ano: 1927
Duração: 153 minutos