Começa logo bem, a mencionar os dois últimos grandes êxitos da casa, "Tangled" e "Wreck-it Ralph". O problema vem depois. Isto da Disney agora se lembrar de fazer do público-alvo dos seus filmes os rapazes tem que se lhe diga. Não aprendem nada com as receitas de bilheteira de "Brave" e "Tangled"... Se um filme for bom, os rapazes vão ver, seja ele com meninas protagonistas, com idosos ("Up!") ou com robôs ("Wall-E"). Não percebem que é a qualidade que determina no fundo o sucesso do filme?
Já conseguiram fazer do trailer do "Tangled" uma coisa completamente diferente do que o filme na realidade é (relembre-se o tenebroso trailer) e agora repetem a faceta com "Frozen", a sua nova animação, baseada no conto de fadas de Hans Christian Andersen, "A Rainha do Gelo", com Idina Menzel, Kristen Bell, Josh Gad e Jonathan Groff nas principais vozes e realizado por Chris Buck (realizou "Surf's Up!" e "Tarzan") e Jennifer Lee (escreveu "Wreck-it Ralph").
Parece um parente próximo de "Ice Age" ou de qualquer um dos filmes da Dreamworks e parece ter copiado a fórmula de "Tangled": a protagonista em busca de um destino maior, um parente querido com problemas (agora é a irmã, também interpretada por uma diva da Broadway como a anterior), dois sidekicks, antes o cavalo e o camaleão, agora, em terras frias, um boneco de neve e uma rena. E não falta ainda romance, com dois pretendentes pela mão da princesa Anna. Um ponto positivo: a música é de Christophe Beck, que nos presenteou com esta maravilha o ano passado.
Admito, tenho muitas expectativas. Para já não vi nada que me assuste mesmo, mas este material promocional dá cabo de mim. Espero, tal como aconteceu com "Tangled", que este trailer seja um indício traiçoeiro do que estará para vir.
12 comentários:
Tive exactamente a mesma reacção ao ver o trailer... Aliás, a cena entre a rena e o boneco de neve é igual às incessantes buscas do esquilo pela bolota em Ice Age. Espero que isto seja só eles a divertirem-se um pouco com a temática do inverno e que o filme seja realmente bom...
Ricardo -- Obrigado pelo comentário. Acima de tudo aborrece-me que a Disney não tenha noção do seu panteão, da sua história, do seu legado. Qual é o mal de fazer contos de fadas se forem bem feitos? Há alguma necessidade de copiar o modelo da Dreamworks (coisa que tardaram em aperceber-se que não fazem bem, como se constata pelos inúmeros fracassos de 2000 a 2010).
Abraço!
Percebo perfeitamente, fizeram exactamente isso com o Brave o ano passado e custou-me ver tanto potencial numa personagem ser completamente deitado à rua com um argumento medíocre em que enfiaram para lá no meio o Kenai e Koda às três pancadas e finalizaram com o final mais cliché que podiam arranjar... Por vezes é frustrante ver os filmes mais recentes da Disney...
E não tem nada que agradecer, sempre um prazer comentar aqui no Dial (:
Caro Ricardo -- é verdade, eu gostei bastante do Brave mas havia potencial para muito mais do que acabou a ser... Mas ainda assim ao pé de Cars e Cars 2, é quase uma obra-prima!
E o prazer é nosso, volta sempre :)
É, concordo. Curioso que o "Brave" seja muito mais um filme Disney do que Pixar, e que o "Wreck-it-Ralph" seja muito mais um filme Pixar do que Disney. Apesar da junção e do Lasseter ao leme, ainda se têm mantido diferenças estéticas e narrativas evidentes (embora se tendam a esbater, e o novo "Planes", da Disney, vai tornar isso ainda mais claro). Na verdade, é capaz de passar muito por aí: dificuldade em atravessar uma crise identidade, de braço dado com uma Pixar tão forte (vamos ver agora como corre "Monsters University").
DiogoF -- Ora bem vindo de volta! :)
Tens razão, o ano passado parece que os dois estúdios da casa trocaram de projectos, se bem que se nota a larga escala "à Pixar" em que o Brave queria trabalhar e as baixas pretensões (em termos de mensagem subliminar) de "Wreck-it Ralph", bem à Disney, mais preocupada em entreter crianças do que adultos.
O Lasseter pode ter sido responsável pelo novo 'restart' da casa mãe - mas eu ainda não esqueço que tem sido ele que optou pela nova estratégia de sequela e mais sequela da Pixar. E ainda aí vem Finding Nemo 2. E fartam-se de cancelar projectos interessantíssimos, como Newt há uns anos atrás.
Pelas críticas, MONSTERS UNIVERSITY pertence ao 'top tier' da Pixar. Ainda bem. Sou grande fã do original e penso que tem sido marginalizado à grande pelos 'completistas' da Pixar. Não sei porquê, enfim.
Abraço e obrigado pelo comentário!
Vou sempre lendo ;)
Também é curioso que o Lasseter se tenha tornado o responsável numa altura de profunda crise criativa da Disney, poucos anos depois do flop do Treasure Planet, de pequenices como Lilo&Stich e de uma fornalha ridícula de sequelas e trilogias straight-to-DVD de tudo e mais alguma coisa (Aladdin, Tarzan, Pocahontas, etc). Mas a Pixar sabe lidar com isso de forma diferente. O "Toy Story" é, para mim, a maior prova disso mesmo (não me consigo sequer lembrar de outra trilogia não planeada que tenha corrido tão bem; que inclusive fique na dúvida sobre preferir o primeiro ou o último). Quanto a "Cars", que também considero o seu projecto "menos bom", até gosto mais do segundo. O facto de, como dizes, "Monsters University" estar a ser bem recebido, é óptimo sinal e vem corroborar isto (também adoro o primeiro, não percebo porque é que nunca é falado; mesmo a nível técnico, o salto que foi criar aquele tipo de texturas em CGI, impressionante). O "Finding Nemo" já deu, para mim, uma prova de que nos pode surpreender ao ser re-intitulado de "Finding Dory" (o que faz todo o sentido, conhecendo a personagem). Mas há outras coisas em carteira, que parecem, à antiga, estupidamente originais (há um, que está a ser escrito pelo Arndt, que se passa todo dentro do cérebro de uma rapariga). Abraço!
DiogoF -- O INSIDE OUT. Tenho muita curiosidade para ver no que vai dar esse projecto. Esse e o filme baseado no Dia de los Muertos do Lee Unkrich (TS3).
O FINDING DORY assusta-me porque 1) gosto imenso do original e 2) o Andrew Stanton não teve o maior dos sucessos com o último filme dele. Terá perdido qualidades?
Sim, o meu problema com as sequelas é mais a falta de originalidade da história do que propriamente o facto delas existirem. A trilogia Toy Story, agora a 3, faz-me sentido, mas admito que não sou um grande fã do segundo filme, por exemplo...
Não acho que o Stanton tenha perdido qualidades. Acho que é preciso termos calma a pensar a filmografia dos realizadores. Por exemplo, acho que é possível falar sobre isso em relação ao Scorsese, com uma carreira tão larga e distinta. E, mesmo assim, não acho que se possa falar em perda de qualidades. Pode falar-se em cansaço, por exemplo (no caso do Scorsese ou de um Coppola). Pode falar-se em egocentrismo a atingir picos ("Django Unchained", que adorei). O Stanton, o último filme de animação que realizou foi o Wall-E, que é o meu Pixar favorito. Para trás, tem o que sabemos; depois disso, ainda esteve na escrita do "Up!" e do "TS3". Um storyteller destes não "perde" skill assim. São decisões que se tomam, são contextos em que as coisas acontecem, são equipas que se fazem e desfazem. É muito complexo. Isso apanha-se em praticamente toda a gente - até o Kaufman escreve um "Adaptation" ou um "Eternal Sunshine" e, no meio, o "Confessions of a Dangerous Mind". Correu-lhe mal no live-action, no "John Carter". O Brad Bird, por exemplo, até acho que se deu bem no "MI 15234223".
Diogo -- Também partilho da admiração pelo WALL-E e pelo FINDING NEMO, dois dos meus Pixar favoritos. Incomoda-me o facilitismo de partirmos para uma sequela sem saber se teríamos necessidade de a ter. Espero que não me desiluda.
O único Pixar que eu acho que merecia sem discussão uma sequela é aquele que não a vai ter, provavelmente nunca: THE INCREDIBLES, que apesar de ser da Pixar é propriedade intelectual de Brad Bird e tem de lhe ser pago uma batelada de dinheiro pela Pixar para poder usar os direitos num filme.
Dito isto, vamos a ver no que dá então este Monsters University e o Finding Dory.
Abraço!
Jorge, sabes tão bem quanto eu que não existe nenhum cérebro colectivo mais dinâmico, coeso, competente e preocupado do que a Pixar a trabalhar em cinema, hoje em dia (fora do cinema sim, podemos ir às equipas da HBO). Tenho grandes duvidas de que tenha havido esse "facilitismo" de que falas. O que é que torna a decisão de partir para estas sequelas um caminho fácil - quando os projectos não duram menos de três anos, quando prometem manter-se a única major de Hollywood a saber dominar o paradigma narrativo americano - ao contrário de escolher "The Incredibles"? Abraço!
Diogo -- Concordo contigo. O meu problema é que a 'team Pixar' parece estar voltada mais para fazer dinheiro nos tempos que correm (circunstâncias de exploração da marca?). E não há mal nenhum com isso, desde que alternem projectos 'prestige' (Brave) com projectos para fazer receita (Cars 2). Eu temo é que fruto do sucesso de Toy Story 3, Monsters University e Cars 2 a Pixar depreenda que este é que é o seu futuro, quando foi sempre por causa da originalidade que contamos com a Pixar.
A minha menção de 'The Incredibles' prende-se mais com o género de filme do que propriamente com a qualidade potencial da sequela. Simplesmente - e como se percebe pela grande qualidade dos filmes de superheróis que se têm feito nos últimos anos - penso que das potenciais sequelas que a Pixar poderia fazer, a que teria mais facilidade em encontrar o duo qualidade + receita de bilheteira seria essa.
Abraço!
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