Dial P for Popcorn: outubro 2012

domingo, 28 de outubro de 2012

Falemos de... Lindsay Lohan



Mil problemas pessoais depois, por onde anda o rumo daquela menina ruiva bonita que encantou os espectadores desde tenra idade e que, a meio caminho de se tornar uma das maiores estrelas em potência de Hollywood, decidiu deitar tudo a perder em troca de drogas, de álcool, de más amizades e de fracas escolhas na sua carreira?

Pois é, falemos de Lindsay Lohan. Vinte e seis anos. Uma pessoa vai-se esquecendo do quão nova Lohan ainda é, tal a gigantesca confusão que é a sua vida pessoal e profissional. Muitos já dizem ser a próxima a juntar-se ao "clube dos 27", que ceifou a sua mais recente vítima o ano passado (Amy Winehouse). Tendo em conta o panorama geral, parece-me adequado fazer essas previsões.


As mais recentes notícias de Lindsay Lohan são sobre tudo um pouco, menos sobre a sua carreira: ela é suspeita de roubo de diamantes (link), deve milhares de dólares a muita gente, inclusive ao Chateau Mormont que alberga a sua generosa quantidade de penduras (link), o seu publicista pediu a demissão (link), o pai quer interná-la numa clínica de reabilitação (link), ela falta ao tribunal (link) onde é julgada por repetidamente conduzir embriagada (link e link), mentir à polícia (link) e bater em vários carros (exemplo: link e link) e é condenada a prisão (link e até nisso ela arranjou confusão - aqui), ela discute com a mãe em plenas ruas de Los Angeles (link) e mete-se em brigas sempre que sai à noite (aqui ou aqui), falta ao trabalho inúmeras vezes (uma vez e outra...), entre outros exemplos.  O pai e a mãe também não são nada flor que se cheire (ver aqui ou aqui exemplos clássicos de gente que não devia estar habilitada a ter filhos, quanto mais celebridades como filhos). Resumindo: um desastre, a vida desta rapariga na última meia década. Os últimos dois, três anos em particular têm deixado mossa.


O que é feito, pergunto eu de novo, daquela actriz competente e até carismática que com doze anos protagonizou "The Parent Trap", que me impressionou na virada do milénio em "Freaky Friday" e "Mean Girls", que prometia muito com "Prairie Home Companion", "Georgia Rule" e "Bobby" e que até provou que o seu nome podia ser sucesso de bilheteira com "Herbie"? Será que essa actriz ainda existe? Será que a ambição dela se mantém intacta? E será que a actriz ainda quer ser actriz, ou já pura e simplesmente desistiu de tentar e agora o melhor que ela chegará a fazer é protagonizar alguns telefilmes na Lifetime? Ou será que um dia vamos testemunhar um renascimento de Lohan, à la Mickey Rourke ou Robert Downey Jr?

Que vos parece?
Eu voto que a actriz devia tentar algumas participações especiais em séries, como ela fez já em 2008 em "Ugly Betty" e voltar a cair nas graças dos espectadores (tal e qual Downey Jr. em "Ally McBeal"), porque um "The Wrestler" não surge todos os dias - nem ninguém tem vontade de se chegar à frente para trabalhar com ela, nem por uma hora que seja. Apesar de tudo, acho que ela não tem remédio. São muitos problemas para uma pessoa só lidar.

Antecipação para 2012-2013 (II)


Peço desculpa se vos desacelerar a abertura da página mas ainda assim, para ser mais fácil, optei por juntar todos estes trailers num só (gigantesco) artigo, partido em três partes, por secções de entusiasmo.

Passando à segunda parte deste gigante artigo (Parte I AQUI):

Secção 
ESPREITAREI CERTAMENTE / SINTO-ME OPTIMISTA:


CLOUD ATLAS

O trailer parece prometer algo que o filme não pode com certeza concretizar, tal a magnitude do projecto e das narrativas em intersecção. Ainda assim, não vos parece divertido ver Tom Hanks a interpretar seis personagens diferentes num só filme? E ver a mestria de Tom Twyker e os irmãos Wachowski a trabalhar em conjunto? Este filme tem potencial para ser um espectáculo abraçado efusivamente ou um desastre épico. Será divisivo, sem dúvida. Cá estarei para ver de que lado me situo.



GEBO E A SOMBRA

Já nos cinemas, mas tenho tido preguiça de ver. Manoel de Oliveira tem-me cansado, sempre a reciclar as mesmas temáticas e preocupações existenciais de filme para filme. Este parece prometer mais do mesmo, mas o retorno à língua estrangeira atiça-me a curiosidade. Hei-de comprar bilhete, disso não duvido.




LINCOLN

O novo Spielberg. E eu digo isto com a melhor das intencionalidades. Por cada "Tintin" que me surpreende, há três ou quatro "War Horse" ou "Munich" que aí vêm. Em qual das categorias cai "Lincoln"? Pela conversa dos festivais, está no meio termo dos dois, uma espécie de "Amistad", que é quando considero que o Spielberg decidiu desistir de ser um cineasta sério, não sem antes coleccionar Óscares pelo medíocre "Saving Private Ryan". Já me convenci que o Steven não volta a fazer algo tão bom como "Schindler's List". Lá verei isto também, mas sem grande expectativa. Pode ser que goste - tem o Daniel Day-Lewis afinal.



END OF WATCH

As críticas desta película protagonizada por Jake Gylenhaal puseram-me em sobressalto, de tão boas que são. Particularmente considerando que tem pairado conversa de Óscares sobre o trabalho dele e de Michael Peña. Sinto-me interessado, contudo pouco mais que isso.



SMASHED

Aaron Paul. Mary Elizabeth Winstead. Um elenco secundário interessante (Octavia Spencer, Megan Mullally, Nick Offerman). Críticas de Sundance impecáveis. Color me curious.



CHILDREN OF SARAJEVO
LORE
OUR CHILDREN
A ROYAL AFFAIR

Contingente de filmes estrangeiros de segunda linha candidatos ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. Nos quatro casos, as críticas prevêem coisas boas. O meu grau de entusiasmo em relação a eles varia, mas quero vê-los a todos. Até porque os últimos três, pelo menos, estão garantidos como melhores do ano em muitas listas - e como prováveis nomeados para os Óscares no próximo mês de Janeiro.






SAFETY NOT GUARANTEED
TAKE THIS WALTZ
KILLER JOE

Estão os três juntos porque vá, confesso, já os vi aos três. Recomendo vivamente todos eles, se bem que com reservas porque não são típicas comédias (no caso do primeiro), dramas (no caso do terceiro) e comédia-drama (no caso do segundo). Exigem um bocadinho de paciência. Todavia, são os três dos melhores filmes que vi nos últimos tempos.





A ver se acabo o resto da lista nos próximos dias. Agora vocês: quais destes filmes vos chamam à atenção?

Dêem à Amy Poehler todos os prémios


Extraordinária performance de uma personagem que ela ajudou a crescer e a transformar-se, todas as semanas, perante os nossos olhos, no pequeno ecrã. 

sábado, 27 de outubro de 2012

TO ROME WITH LOVE (2012)


Woody Allen continua a gozar como ninguém os seus últimos anos de actividade. Novamente pago a peso de ouro para promover uma cidade europeia, repete sem quaisquer complexos a receita que o imortalizou: pequenas e insignificantes histórias de amor, satirizadas ao som de um ambiente charmoso e elegante. É preciso compreendê-lo. Já ninguém vai para uma sala de cinema à espera de ver um Annie Hall. Woody Allen já escreveu a sua página na história do cinema (e que página!). O que faz agora é pura diversão. Um passatempo para enganar a idade.


As opiniões sobre TO ROME WITH LOVE podem ser contraditórias. Compreendo isso. Cada vez é preciso mais paciência e disposição, em especial quando o espectador já viu uma boa dúzia dos seus filmes, para aceitar os trocadilhos fáceis e as opiniões mordazes do realizador, para se divertir com a ingenuidade das suas personagens, para (e aqui alguns vão-me considerar injusto) se surpreender com clichés repetidos filme após filme. 


Algo que me incomoda, neste filme e no pretensioso Woody Allen dos últimos anos, é a sua inconsequência e uma relativa impunidade (fruto da idade, mas acima de tudo resultado de uma carreira cheia de sucessos) com que constrói as suas histórias. Existe uma carta branca para as suas produções. Não existem limites e tudo o que faz é, no seu mundo e na sua cabeça, arte. Mas no mundo real e na boa-vontade dos espectadores existem limites. E por isso o seu mais recente filme é só mais uma história divertida (a espaços abusiva e pontualmente idiota). E o seu título, juntamente com o historial do realizador, resumem-no.

Nota Final: 
C


Trailer:



Infomações Adicionais:
Realização: Woody Allen
Argumento: Woody Allen
Ano: 2012
Duração: 112 minutos

Sons da Minha Vida (III)


Nesta rubrica, tentamos enfatizar a importância de uma boa banda sonora na composição final de um filme. Para isso, deixamo-nos de muita conversa e damos espaço à música para mostrar o nosso ponto de vista.


O compositor em destaque nesta terceira edição, inspirada pela sua vitória a semana passada nos World Soundtrack Awards para Composição do Ano e Compositor do Ano, é o espanhol Alberto Iglesias, conhecido como um dos mais frutíferos colaboradores de Pedro Almodovar, lado a lado com Penelope Cruz ou o editor José Salcedo.


Iglesias, nascido em 1955 em San Sebastián, começou a compor para películas no princípio dos anos 80, mas só viria a atingir algum estatuto de notoriedade com o início dos anos 90 e as suas colaborações primeiro com Julio Médem - que lhe renderam Goyas em 1992 ("Vacas"), 1993 ("La Ardilla Roja"), 1996 ("Tierra") e 1998 ("Los Amantes del Círculo Polar") - e depois com Pedro Almodovar, com quem começou a trabalhar em 1995 ("La Flor de Mi Secreto") e desde então nunca mais parou, indo até ao seu mais recente título, "La Piel Que Habito" (2011). As suas parcerias com Almodovar providenciaram-lhe 2 European Cinema Awards (em 4 nomeações no total) - 2006, "Volver" e 2009, "Los Abrazos Rotos" e 5 Goyas (1999, "Todo sobre mí Madre"; "2002, "Hable con Ella"; 2006, "Volver"; 2009, "Los Abrazos Rotos"; 2011, "La Piel Que Habito").

A juntar às composições fantásticas que criou em Espanha, Alberto Iglesias tem sido reconhecido nos últimos anos em terras internacionais, com 3 nomeações aos BAFTA, 6 nomeações aos World Sountrack Awards, com 4 vitórias (as 2 deste ano, por "Tinker Taylor Soldier Spy" e mais 2 em 2005 por "The Constant Gardener") e sobretudo com 3 nomeações aos Óscares, por "The Constant Gardener", "The Kite Runner" e "Tinker Taylor Soldier Spy" (pela qual eu pessoalmente considerava que merecia ter ganho).

Um compositor versátil e audaz, sem medo de tentar coisas novas e que dificilmente se repete, que mistura vários estilos e varia delicadamente entre composições mais dramáticas e poderosas e peças mais suaves, mais melódicas e subtis dentro da mesma banda sonora com muita facilidade, Iglesias só agora começa a subir em fama por Hollywood. Não me admiraria nada que, tal como Desplat, rapidamente chegue ao Óscar. E ele merece. 

Cá vos deixo com alguns exemplos dos que penso serem os melhores trabalhos de Iglesias:

"Una patada en los huevos" - LA PIEL QUE HABITO



"Bau - Raquel" - HABLE CON ELLA


"George Smiley" - TINKER TAYLOR SOLDIER SPY



"Tema de Amor Ciego" - LOS ABRAZOS ROTOS



"Justin's Death" - THE CONSTANT GARDENER



"Opening Titles" - THE KITE RUNNER





Simplesmente Tom Hanks



Tom Hanks é um senhor. Então a fazer troça de si mesmo, ainda mais.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

TCN Blog Awards 2012 trazem mais 2 nomeações para o DPFP




Esta semana voltamos a ter prova do quão querido o DPFP é nesta blogosfera, com mais duas nomeações aos TCN Blog Awards para juntar ao nosso honroso pecúlio. 

Depois de algumas mudanças efectuadas nesta fase de nomeações para os prémios de 2012 (que passou a ter um júri pré-designado pelo criador da iniciativa, o Miguel Reis do Cinema Notebook, a avaliar artigos, críticas e blogues e a votar nas nomeações), era pouca a nossa esperança que alguém ainda reparasse em nós, com o ano horribilis de quasi-abandono que o blogue sofreu à custa da vida académica. No entanto, fomos orgulhosamente contemplados com duas nomeações (depois da vitória em 2010 para Melhor Novo Blogue e das 3 nomeações em 2011): Melhor Artigo de Cinema, pelo texto "Ninho de Cucos (IV)", da autoria do nosso colaborador Gustavo Santos (na mesma categoria foi também nomeado o nosso ex-colaborador Axel Ferreira, a quem também endereçamos parabéns!) e Melhor Crítica de Cinema, pelo nosso escrito sobre "The Artist".

Uma nota especial para uma nomeação importante, a do Círculo de Críticos Online Portugueses (CCOP) - do qual os dois criadores do DPFP fazem parte - um dos candidatos a Melhor Iniciativa.

De resto, saúda-se a franca presença feminina entre os nomeados este ano e a maior variedade de blogues que apareceram este ano em várias categorias (alguns que aqui o DPFP desconhecia), prova que há vitalidade na nossa blogosfera cinéfila e que o que se faz é de bastante qualidade. Tomara o público prestar-lhe o devido reconhecimento, com mais comentários, mais feedback e mais entusiasmo pela dedicação destes fervorosos bloggers que com muito amor e sem qualquer ambição de grandeza ou reconhecimento lá vão fazendo pela vida para tornar os seus blogues em produtos apetecíveis, frequentados e diversificados. De qualquer forma: parabéns a todos os nomeados (que podem consultar aqui) e esperamos vê-los a todos em Lisboa!

Agora, um pedido habitual nestas andanças: a quem gosta do que fazemos e aprecia a nossa contribuição, pedimos que VOTE. Para votar basta irem ao sítio do Cinema Notebook (AQUI) e na barra lateral à direita votar "Ninho de Cucos (IV)" em Melhor Artigo Cinema e "The Artist" em Melhor Crítica Cinema. Ficaremos eternamente agradecidos.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Ninho de Cucos (VI)


Não sei como funciona com as outras pessoas quando têm de escrever sobre cinema, mas comigo a coisa às vezes é feia. A questão recai sobre o facto de, como qualquer outra pessoa, eu escolher os filmes que vejo com base nas expectativas que tenho deles, optando por aqueles que me parecem mais adequados ao meu gosto e assim ficar limitado a ver apenas alguns que me não irão agradar. E isto torna tudo mais difícil, porque num filme de que se não gosta é muito mais fácil objectivar as características que tornam a experiência desagradável, enquanto que num filme que nos deixa boa impressão não raras vezes torna-se difícil de articular em palavras aquele plasma de pensamentos que é responsável por essa positiva impressão. Prova disto é a facilidade com que uma pessoa atinge a típica expressão do "estou sem palavras" quando a força da circunstância exige um agradecimento ou elogio, mas quando o acaso requer uma crítica ou um insulto a torrente de vocábulos originada inunda a consciência de tal forma que a razão geralmente se afoga.


Assim decidi evitar aqui uma lamentação madalénica e aproveitar esta oportunidade para espalhar alguns elogios sobre algo que realmente aprecio. Portanto tendo em consideração o facto de as séries terem recomeçado, achei por bem tecer uns poucos de louvores à melhor série animada de que há memória: South Park! Sim os Simpsons também são porreiros sim senhor, mas não há nada melhor do que chegar a casa depois de um dia cheio de trabalho, depois de ter de aturar três ou quatro suplementos da dose diária recomendada de idiotas e ter um episódio novo de South Park à espera no computador. Não estou a exagerar. Para quem quer que tenha a mania que sabe mais que os outros, como eu, South Park é um refúgio divino, um idioma secreto que nenhum estranho pode compreender. 

Munidos de uma capacidade incrível de satirizar qualquer tema que lhes apareça pela frente, Trey Parker e Matt Stone, os criadores, argumentistas e responsáveis por quase todas as vozes do programa, redefiniram esta forma de paródia social, atingindo temas universais, sob a camuflagem de um grupo de miúdos do 4º ano representados através das formas mais primitivas que os meios de animação actuais têm para oferecer; o que por si só acaba por ser uma sátira ao fascínio pelo o belo e o perfeito que tantos cineastas idealizam como nirvana pessoal.


Tudo começou em 1995 com um orçamento de 2000 dólares para fazer um pequeno clip que servisse como cartão natalício, para enviar aos amigos e familiares. O que ninguém estava à espera é que a incapacidade de Parker e Stone obliterarem o seu génio criativo tivesse tamanha magnitude num short film com tão pouca exposição mediática. O que sucedeu foi que essa pequena animação (feita à moda da escola primária com uma câmara de filme 8mm, cartolina e cola UHU) originou um pequeno milagre através da redistribuição do filme de amigo para amigo, até ir parar aos executivos da Comedy Central que oportunamente resolveram assinar contrato com ambos para a realização daquela que é uma das mais bem sucedidas e duradouras séries animadas da televisão. Isto numa altura em que os computadores eram mais gordos que o John Goodman, e em que um download de 5mb demorava mais do que as temporadas todas do Serviço de Urgência. A verdade é que valia a pena ficar à espera para sacar o vídeo. Apesar de visualmente infantil e parco em qualidade cenográfica, "The Spirit of Christmas" exibe toda a capacidade artística dos seus criadores, num conto onde as 4 personagens principais de South Park (Stan, Kyle, Cartman e Kenny) se deparam com o dilema de "quem apoiar?" quando uma batalha entre Cristo e o Pai Natal, pela supremacia no respectivo feriado, toma lugar. Tudo isto polvilhado com miúdos esborrachados e trocas de insultos infantis entre Cartman e os seus colegas, formam uma história surpreendentemente cativante para o propósito a que estava destinada. E não deixam de acabar com uma lição final de conciliação (que aliás é uma constante na série televisiva), onde um dos rapazes, geralmente Stan ou Kyle, começa com a expressão "I've learned something today..." em que surge sempre um corolário daquilo que os rapazes aprenderam com os eventos do episódio, se bem que em "The Spirit of Christmas" não seja bem esse o caso...


Mas o que separa South Park de qualquer outra série animada não infantil é o facto de se tratar de um trabalho humorístico de opinião. Fazer comédia sem fins argumentativos é infinitamente mais fácil do que fazê-lo com capacidade crítica, e neste departamento ninguém o faz tão bem como estes senhores. Contudo, a forma como lançam as suas contundentes opiniões ou quais os temas que escolhem para alvejar, são completamente alheios às consequências que delas possam surgir. Recordo-me por exemplo do episódio em que Stan e amigos vão ver o filme do "Indiana Jones e a Caveira de Cristal" e ficam tão incomodados que resolvem dirigir-se a um advogado para apresentar queixa contra o Spielberg e o George Lucas por terem violado o Indiana. E não satisfeito com esta dura crítica, o episódio concretiza-a com desagradáveis imagens dos dois cineastas a sodomizarem positivamente o pobre arqueólogo. E como este há imensos outros exemplos da ferocidade dos criadores de South Park, especialmente nos vários episódios dedicados a criticar o fanatismo religioso e as suas ramificações. Decerto que haverá muita gente capaz de censurar este tipo de trabalho, mas com certeza também haveria quem considerasse os Monty Python um bando de palhaços espalhafatosos, e que da mesma maneira que eles se tornaram numa referência mundial, também South Park obterá o seu reconhecimento, mesmo vivendo sob a sombra do poderoso fenómeno "The Simpsons". É minha opinião, porém, que um trabalho humorístico que consegue levar à gargalhada de forma tão fácil e que é ainda capaz de imprimir um traço crítico tão forte e carismático, é digno de um estatuto tão ou mais elevado que os seus rivais da Fox.


Ainda assim, apesar de não beneficiar do mesmo reconhecimento e visibilidade de que os bonecos amarelos usufruem, South Park já teve também direito à sua saga cinematográfica, curiosamente lançada numa fase bem matinal da sua existência, mais concretamente em 1999, com boa aceitação por parte da crítica. A fita faz juz ao seu epíteto "Bigger, Longer and Uncut" pois na verdade parece muito mais tratar-se de um episódio maior e mais comprido, com um esquema narrativo em tudo idêntico ao da série, do que de uma nova vertente do franchising. Mas ao contrário do filme dos Simpsons que não retrata bem a qualidade da série, o filme de South Park traz consigo toda a irreverência e profanidade que caracteriza o estilo humorístico dos seus mentores. A história baseia-se num filme canadiano com linguagem abusiva, ao qual os 4 rapazes assistem, e cuja linguagem adoptam no seu dia-a-dia, até que os seus pais ficam chocados quando reparam. Entretanto conseguem convencer o governo a entrar em guerra com o Canadá, e quando dão por ela aparece Satanás com o seu amigo Saddam Hussein para se juntarem ao reboliço. No fim tudo termina de forma fantástica, mas o que fica do filme é a sátira à censura da liberdade de expressão e à intolerância das autoridades que categorizam os filmes, toda ela impregnada numa comédia animalescamente rude. Um filme que vale a pena ver, especialmente para quem não conhece o universo South Park.


E pronto, aqui fica a minha dose de bajulanço a Trey Parker e Matt Stone, dois tipos que fizeram a carreira apenas com os conhecimentos que obtiveram da congénere americana da nossa disciplina de EVT, e fizeram o favor de dar ao resto do planeta a satisfação de poder contar com a rude genialidade que caracteriza esta parelha. Dois colossos do género. Ao pé deles, Groening e Macfarlane são dois gaiatos...

Gustavo Santos

domingo, 21 de outubro de 2012

Grandes Melodias do Ecrã (III)




"Come What May" - MOULIN ROUGE! (2001) - Ewan McGregor, Nicole Kidman

Como resistir à balada mais romântica desta década, de um dos filmes que mais inspira ao romance de sempre? Batalha perdida, ferida sarada, amor eterno. De repente, o mundo parece um lugar tão perfeito...

A Arte dos Créditos (III)


Uma brilhante peça de abertura de uma das melhores séries (na minha opinião, a melhor) da televisão de sempre.


Quando a Academia acerta (II)


Uma rubrica destinada a provar que apesar de algumas decisões questionáveis da Academia, o Óscar é, por mérito próprio, o prémio mais cobiçado pelo mundo do cinema. E quando a Academia acerta... Merece palmas também.



Juliette Binoche | Melhor Actriz Secundária 1997 | "The English Patient"

Uma vitória que poucos previam, porque quase toda a gente estava convencida que apesar de Binoche ter a melhor interpretação, seria Lauren Baccall ("The Mirror Has Two Faces") a receber o troféu, que funcionaria como celebração da sua fantástica carreira e contribuição magnífica para a sétima arte.

Na maior surpresa da noite, Binoche triunfou e a própria no discurso fez referência ao facto de também ela achar que Baccall iria vencer. De qualquer forma, a Academia tomou a melhor decisão e premiou uma actriz estrangeira de qualidade e talento inigualáveis, quando a sua carreira estava a crescer, por uma das suas melhores interpretações de sempre. Baccall continua sem um Óscar competitivo, infelizmente, mas ela merecia uma vitória melhor que essa estatueta pelo medíocre "The Mirror Has Two Faces".

Cinema como Inspiração (II)



"Postcards from the Edge" foi um romance semi-autobiográfico escrito pela actriz Carrie Fisher (que interpretou a famosa Princess Leia na trilogia original Star Wars), que chegou ao cinema adaptado pela própria Carrie Fisher e realizado pelo mestre Mike Nichols, que obviamente quis Meryl Streep para interpretar Suzanne Vale (a personagem baseada em Fisher) - para mim a melhor interpretação de Meryl Streep ao lado de "Silkwood" e "Kramer vs. Kramer". 


Tudo isto para dizer: feliz 56º aniversário, Carrie Fisher! I'm checking out!

HOW TO MARRY A MILLIONAIRE (1953)


Pérola dos anos 50 que reúne três das maiores estrelas de então - Lauren Baccall, Betty Grable e a única e insubstituível Marilyn Monroe, "HOW TO MARRY A MILLIONAIRE" é uma comédia romântica de pouca história e pouco interesse para além das cenas partilhadas entre as três protagonistas, uma delícia de ver interagir, contracenar e conviver. Pegando num conto simpático mas pouco ambicioso, embora divertido e perspicaz q.b., o realizador Jean Nagulesco tem pelo menos a sensatez de se afastar, não tentar nada especial e, pelo contrário, deixar as meninas tomar conta e fazer o que sabem melhor. O filme não chega para deixar uma impressão que perdure, todavia também não era para ver o filme que as pessoas se deslocavam ao cinema: era para ver as três actrizes.


Das três, Lauren Baccall é quem tem a personagem mais trabalhada, mais rica, mais inspirada, enquanto que Marilyn Monroe tem de longe o papel mais ingrato, compensando largamente em momentos de comédia mas fraquíssimo no serviço à narrativa. Pouco interessa a sua história e é por isso que acaba relegada como linha narrativa terciária, em detrimento da de Baccall e de Grable. Acaba por não se notar na película porque Monroe enche o ecrã sempre que a vemos e entusiasma a sua facilidade em transformar qualquer acto físico em comédia, auxiliada brilhantemente pela sua aparência ridiculamente pateta e personalidade naïve e delicada (sempre que ela saca dos foleiros óculos com que finge ser inteligente, é uma cena que promete). Betty Grable é a mais pacata das três e, por isso mesmo, perde-se no poder da interpretação das outras duas. Dos três companheiros masculinos vale pouco a pena falar, tão parco é o que contribuem para a história. São o equivalente das personagens femininas na maioria dos filmes de acção de hoje, para pouco existem: servem neste filme para embelezar a história e levar-nos a torcer para estas meninas se aperceberem de que os seus amores estão mais perto do que elas imaginam e pouco mais que isso.



Infelizmente, como disse, o filme não se aguenta nada bem para os dias de hoje, com algumas piadas verdadeiramente antiquadas e um argumento simpático mas nada de especial. Agora, se me perguntarem se voltava a ver este filme, dir-vos-ia logo que sim: Monroe e Baccall valem sempre a pena. Que actrizes enormes.

Nota Final:
C+

SNOW WHITE AND THE SEVEN DWARVES (1937)


SNOW WHITE AND THE SEVEN DWARVES ou
Uma Ode a uma das Vilãs mais fascinantes de sempre

Passaram mais de dez anos desde a última vez que eu vi "Snow White and the Seven Dwarves". Lembrava-me de me encantar quando era criança, sim, mas mesmo nessa altura o filme nunca deixou de me parecer muito feminino, muito virado para aquelas raparigas tontas e sonhadoras que tinham infinitos pensamentos do que fariam quando o seu príncipe encantado viesse para as levar. Penso que esta foi uma escolha propositada de Walt Disney para a sua primeira longa-metragem, um filme delicado e sensível, diferente dos filmes que se faziam na altura, mais sérios e preocupados com outros assuntos, um filme leve e empático que encantasse não só a sua geração mas as que a seguiram. Foi assim que em 1937 a Disney produziu "Snow White and the Seven Dwarves" e criou o protótipo de conto de fadas que iria perdurar nas maiores produções cinematográficas do estúdio e que chega até aos dias de hoje, se bem que de forma diferente, na última longa-metragem do estúdio, "Tangled". Em muitas maneiras, "Snow White" é o primordial filme animado, o clássico que define o legado que a Disney e Walt Disney em particular nos deixa.

Voltando à minha visualização do filme. Nunca pensei que fosse gostar mais do filme agora do que quando era mais novo, mas foi o que aconteceu. Não me recordava que fosse tão divertido e charmoso, não me lembrava do quão astuto, perspicaz e sarcástico o Zangado era, ou do quão formidável e melodramaticamente cómica a Rainha Má era. É camp (que traduzido para português dá teatral) no mais puro sentido do termo, mas é uma teatralidade que se aprecia num filme animado que surgiu em 1939. O que infelizmente não divergia das minhas memórias era o quão unidimensional e parolos os personagens Branca de Neve e Príncipe Encantado eram. Que aborrecidos.


O que vale é que o nosso investimento na narrativa principal do filme é extremamente recompensado pela vitalidade que a Rainha Má imprime na história (um excelente desempenho da actriz que lhe empresta a voz e dos desenhadores da Disney que, mesmo em plenos anos 30, já tinham bem noção dos estereótipos vilanescos a evitar e aqueles que deviam enfatizar; já com Maleficient, anos depois, também essa noção me passa como essencial para o sucesso da personagem.). A história de Branca de Neve todo o mundo já conhece, daí que não haja necessidade que eu entre em grandes detalhes.

Branca de Neve (Snow White) é uma bela princesa cujo pai e mãe perecem e ela fica aos cuidados da sua madrasta, a narcisista e egocêntrica Rainha Má (Evil Queen), cuja única preocupação é manter o seu estatuto como mais bela do reino - e a sua beleza é verdadeiramente impressionante. O que muitos não sabem é que a Rainha é também uma brilhante bruxa capaz dos feitiços mais vis e, quando o seu espelho mágico lhe indica que Branca de Neve - entretanto despromovida a mera criada pela malévola madrasta - irá roubar-lhe o título de mais bela, manda o seu Caçador (The Huntsman) assassiná-la e colectar para ela o seu coração como prova do serviço bem prestado. O Caçador, como narra a história, não o consegue fazer e permite que Branca de Neve fuja. Como todo o mundo sabe, a Rainha não desiste e toma medidas pelas suas próprias mãos. Conseguirá alguém salvar Branca de Neve? (olhem para mim a criar suspense) "Someday my prince will come", penso que é isto que precisam de saber. É um conto da fadas da Disney, não é? As coisas não podem acabar mal.

Apesar da história ser tão simples e vá, algo chata, Walt Disney e o seu fantástico grupo de animadores faz maravilhas para melhorar a experiência dos espectadores. Escolhas curiosas como dar nomes de características da personalidade de cada um dos anões, criar comédia física com animais e fazê-lo parecer naturalista e fácil e, acima de tudo, criando um mundo realista parecido com o nosso mas com um aspecto mais etéreo e principesco, onde tudo parece matéria de sonhos, muito bonito e reluzente e mimoso. Um gigante feito para 1937, uma vez mais.

Contudo, Walt Disney não parou aí. Não. Ele originou, dentro deste filme, duas das personagens mais coloridas, deliciosamente teatrais e exageradamente histriónicas que existem no universo Disney. Estou a falar, claro, da Rainha Má e do Zangado, como já tinha referido acima. Duas grandes divas, dois grandes egos, com um genial e crítico sentido de humor.

Like a boss.

A Rainha Má em particular é uma personagem fascinante. Uma entrega de falas e timing de respeito. Um rosto magnificente mas apropriadamente maléfico. Uma voz gélida, de cortar a respiração, poderosa e imperiosa. Adoro que a Disney se tenha permitido a criar uma personagem tão estereotipada e ao mesmo tempo tão indelevelmente real que podia existir no dia-a-dia de cada um de nós e a tenha colocado num filme para crianças. Meninos, vão conhecer gente na vossa vida assim, irremediavelmente má. E a Rainha Má é de facto má. E cruel. E ríspida. E um deleite de ver. Como uma profissional, ela garante um trabalho bem feito. Ela é cool e ela sabe-o.




As melhores caretas alguma vez postas em filme.

Momento de génio:
A poção. "An old hag's cackle. A scream of fright". A thunderbolt. To... mix it well".



Hilariante. O filme? Meh. Mas a Rainha Má? Sim, a sua magia está intocável.


Nota Final:
B+


sábado, 20 de outubro de 2012

Actividades do CCOP (II)


A última vez que cá tínhamos falado do CCOP no blogue foi para abordar as três listas especiais dedicadas a Woody Allen, Martin Scorsese e Ridley Scott (estamos a assumir que têm seguido com atenção os tops mensais!).

Este mês decidi voltar a falar sobre os CCOP não por causa de um top especial, mas porque entretanto em Agosto adicionámos novos membros - o David Lourenço (O Narrador Subjectivo), o Miguel Reis (Cinema Notebook) e o Rui Madureira (Portal Cinema) (excelentes adições, diga-se) - e procedemos a uma repescagem dos títulos até então visualizados. Essa repescagem trouxe mudanças no top-10 geral do ano, que é o que basicamente me traz aqui (até porque os votos de Setembro - aqui - não alteraram em nada o top-10 do ano).



1.  Tabu, de Miguel Gomes | 8,63
2.  Moonrise Kingdom, de Wes Anderson | 8,56
3.  Temos de Falar Sobre Kevin, de Lynne Ramsay | 8,55
4.  A Invenção de Hugo, de Martin Scorsese | 8,38
5.  Vergonha, de Steve McQueen | 8,31
6.  Oslo, 31 de Agosto; de Joachim Trier | 8,14
7.  Os Marretas, de James Bobin | 8,10
8.  Procurem Abrigo, de Jeff Nichols | 8,08
9.  Monte dos Vendavais, de Andrea Arnold | 8,00
10. Amigos Improváveis, de Eric Toledano e Olivier Nakache | 7,90

Tirando "The Muppets" e "The Intouchables" (vá e eu tirava também "Hugo" se pudesse), penso que é uma lista de dez melhores bastante respeitável. Uma pena que as novas adições (especialmente uma) me tenham baixado a nota do "Take Shelter", que continua a ser a par de "Beginners" e "Jane Eyre" o meu favorito de 2011.

Que vos parece isto tudo?

Para um calendário de TV mais salutar (I)



Pessoal, pelo meio de tanto artigo de cinema, decidi falar um pouco de televisão. Esta era uma espécie de rubrica em três partes que já queria há muito fazer, porque acredito haver por aí muita gente como eu, que além de bastante cinema consome imensas séries de televisão e mesmo que não vejam muitas séries, padecem seguramente deste sentimento familiar que por vezes me assome chamado: quando abdicar de uma série. 

É um problema sério, este, ainda para mais para quem vê muitas séries como eu. É que se nunca desistirmos de uma série mesmo que ela perca toda a qualidade que lhe reconhecia ("Weeds"), mesmo que ela seja uma sombra do que outrora foi ("Dexter") ou mesmo que a esquizofrenia seja tanta que já não há forma de voltar aos eixos ("Grey's Anatomy", "How I Met Your Mother"), o nosso calendário semanal, com a adição de séries em estreia esta temporada e com séries que descobrimos só agora mas que já andam por aí há alguns anos, fica uma situação um pouco complicada de gerir. Para isso cá estou, meus caros, para vos dar a minha opinião e para vos mostrar as decisões difíceis que fiz este ano em prol de limpar o meu próprio calendário, por assim dizer.

Comecemos então pelo início (como convém): quais das novas estreias devemos aproveitar?

Um bom ponto de partida é este magnífico quadro montado pelos especialistas em televisão do TVDependente (confiem que é uma grande ajuda para quem não quer espreitar os 30-40 pilotos que aparecem a cada temporada, para separar o trigo do joio e dar-nos margem suficiente de escolha), que ainda por cima é actualizado praticamente todas as semanas.

Para ordenar as coisas de forma mais simples, colocaria as novas estreias debaixo destes quatro tópicos:

GARANTIA DE QUALIDADE
"Last Resort"
"Nashville"
"Go On"


As únicas três pelas quais eu ponho as mãos no fogo. "Nashville" e "Last Resort" já deu logo para ver pelo piloto que são excelentes, têm continuado com qualidade e têm assegurado o apoio da ABC com a encomenda de mais episódios para ambas. "Go On" está a ter as melhores audiências da NBC para uma comédia em não sei quanto tempo e não é por causa de Matthew Perry (que já afundou duas séries, lembrem-se, uma inclusive na ABC na meia-hora pós-"Modern Family"), parece um tema já muito visto por aí e que até serve de base a outras séries (nota-se uma vibe de "Community", por exemplo) mas penso que é bom termos uma série de comédia que lide com temas mais sérios, mais profundos. A ver se a audiência continua para além deste ano.

SEM RESERVAS
"The Mindy Project"
"Elementary"


O meu problema com "The Mindy Project" é que adoro a Mindy Kalling mas nota-se que se está a tentar esforçar a mais para ser uma coisa que não é. Dos episódios já lançados, nota-se que sucede mais nuns que outros. Ainda assim e pese uma queda abrupta nas audiências, pelo menos esta temporada há-de ter. "Elementary" está de parabéns, é mais um procedural de qualidade da CBS com uns toques extra de boa escrita e boa representação (não chega ao patamar de excelência de "The Good Wife" mas é um bom exemplo do que a CBS sabe fazer com qualidade) e claro, optou por logo de início fugir a toda e qualquer comparação com a britânica "Sherlock" de Steven Moffat. Pontos bónus por isso. Aliás, pontos bónus extra por me fazer finalmente gostar do Johnny Lee Miller nalguma coisa!

GUARDO ALGUMAS PRECAUÇÕES
"Partners"
"The New Normal"
"Arrow"


Na verdade, só guardo precauções acerca de "Arrow" porque é da CW, mais nada. Parece entretenimento de qualidade e isso muitas vezes basta (e é muito melhor do que as ofertas habituais que vêm daquele canal). "Partners" está a tentar tanto mas tanto esticar o humor de "Will & Grace" de novo, mas meninos embora Michael Urie não perca nada para Sean Hayes, David Krumholtz não é Eric McCormack e não há uma Megan Mullally que vos safe (nem quero pegar na comparação Sophia Bush/Debra Messing senão choro!). Kohan e Mutchnick têm-se portado melhor depois do piloto (também era difícil, aquele piloto é horrendo, ao nível do piloto de "30 Rock" ou "The Big Bang Theory" em falta de piada) mas têm que subir o nível. Finalmente, onde começar com "The New Normal"? Ryan Murphy parece ter aperfeiçoado o estereótipo Sue Sylvester: a avô/Ellen Barkin é de longe a melhor parte da série. O casal gay mais a miúda tiram-me do sério. E claro, a escrita de Murphy e companhia fazem-me subir paredes. A série é divertida graças aos actores, mas as personagens são todas do além, seguramente, não existem neste mundo e as lições morais que tenta passar todo o santo episódio... Ryan, queres dar sermões, vira padre.

A RESPONSABILIDADE É VOSSA
"666 Park Avenue"
"Revolution"
"Vegas"
"Chicago Fire"
"Neighbours"


Nesta categoria estão as séries em que não passei do piloto. Com boa razão, garanto-vos. "Vegas" prometia tanto e desiludiu-me imenso. Como não sou homem de desistir à primeira, vou-lhe dar nova hipótese... Desde que a CBS não a cancele. O que, neste momento, me parece muito provável. Estoirar quase 10 milhões de audiência vindos do combinado "NCIS/NCIS: L.A." está ao alcance de poucos naquela estação. Até "CSI" e "The Mentalist" fizeram melhor. "The Mentalist"! "Revolution" tem tido das melhores audiências do ano (de novo, tal como com "Go On", estamos a falar da NBC portanto é quase milagroso este acontecimento) mas de história aquilo tem zero. Não me convenceu e não estou disposto a voltar atrás. O mesmo digo de "Chicago Fire", achei que Dick Wolf tinha evoluído alguma coisa desde os saudosos tempos de "Law and Order". Infelizmente, isso não aconteceu. Para ver drama de bombeiros, pego em episódios antigos de "Rescue Me", thank you very much. E por fim: "666 Park Avenue". O melhor elogio que lhe posso fazer é ela não ser tão in your face como "American Horror Story". Quem me conhece sabe do meu ódio por essa série (mini-série, desculpem) da FX. Para infortúnio de "666", ainda odeio mais esta nova série da ABC. Que desperdício do talento de Terry O'Quinn e Vanessa Williams. A Rachael Taylor e o Dave Annable, contudo, merecem. Credo, nunca vi tanta falta de jeito para representar. Já me tinha esquecido dos ataques psicóticos que o Justin Walker me dava no "Brothers and Sisters". Ah, saudades. Ou não.

A CAMINHO DO CANCELAMENTO
"Ben and Kate"
"Emily Owens, M.D."
"The Mob Doctor"
"Guys with Kids"
"Beauty and the Beast"


Lamento profusamente incluir aqui "Ben and Kate" mas uma série em horário nobre de luxo que me saca 0.9 de rating na demográfica-alvo e 3 milhões de audiências no geral na FOX, depois de "Raising Hope" e antes de "New Girl", não vai ter bom fim. E tenho pena, porque gosto bastante da série. Contudo, se a única forma de "Ben and Kate" se salvar é a FOX cancelar a outra série com números miseráveis que tem no canal, portanto a escolha sendo entre esta e "Raising Hope", peço desculpa, mas que fique a família Chance. O mais certo é as duas desaparecerem no próximo Outono. O resto não tenho pena nenhuma se for cancelado. Ainda me há a Mamie Gummer de explicar que raio a filha de uma senhora chamada Meryl Streep está a fazer a protagonizar uma "Grey's Anatomy" light na CW. "Guys with Kids" é horrendo, a NBC estava drogada quando aprovou a série. "Beauty and the Beast"... Bem, é mesmo série da CW, não há hipótese. "The Mob Doctor"... A próxima a juntar-se aos projectos com enorme sucesso da FOX como "Alcatraz", "Terra Nova" ou "The Chicago Code".

ENTRETANTO JÁ CANCELADAS
"Made in Jersey"
"Animal Practice"


Palmas a quem na NBC aprovou "Animal Practice". Deviam ter andado a espreitar demasiados episódios de "Episodes" (quem segue a série, percebe a piada). "Made in Jersey" não tinha maus números, mas quem segue o trabalho da CBS e de Nina Tassler sabe a exemplaridade na hora de assegurar o melhor funcionamento do calendário do canal. Não estava a funcionar, a resposta era medíocre, toca a cancelar que temos outras opções. Simples e fácil. Fox, ABC, aprendam. NBC... Um dia. Um dia.


Pronto. Isto tudo dito... Fiquei então no meu calendário para esta temporada com "Nashville", "Last Resort", "The Mindy Project", "Go On" e "Elementary". Vou espreitar "Ben and Kate" à espera de notícias de cancelamento e possivelmente, se tiver tempo, vou seguir "Partners" e, porque sou masoquista, talvez "The New Normal".

Amanhã trago-vos a parte 2, em que falo das séries de que não prescindo do meu calendário.

E vocês, que escolhas fizeram no vosso calendário quanto a novas séries?

Há público para nova edição?


Cá no DPFP estamos sempre interessados em repetir iniciativas cujo resultado final nos agrada. Apesar da falta de receptividade, gostávamos de ter mais gente connosco a prever os Óscares, porque só com companhia é que isto se torna divertido. Dito isto...


Lembram-se do 10 FOR THE OSCARS - OSCARS FOR 10?



Pois é, queríamos trazer essa iniciativa de volta, com algumas (bastantes) mudanças e um novo formato... Há interessados?

Podem ver o que se fez na temporada anterior (por assim dizer) AQUI.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Previsões Óscares - Outono: Actores e Actrizes



Já era hora, digam lá, já ganhava vergonha, ainda para mais um blogue que gosta de se armar em guru de cerimónias*! Eis que volto a fazer previsões aos Óscares, quando faltam pouco mais de quatro meses para a cerimónia do próximo ano (a ter lugar dia 24 de Fevereiro). Nesta altura, depois dos festivais de Toronto, Veneza, Telluride e Nova Iorque terem originado alguns candidatos e destruído outros e depois da poeira assentar, é mais fácil organizar na nossa cabeça os verdadeiros candidatos às nomeações e começar a anotar algumas apostas. A corrida começa finalmente a ganhar interesse. Começo pelas quatro categorias de representação e pelas duas principais em particular. 


MELHOR ACTRIZ

PROVÁVEIS 
(por ordem decrescente de probabilidade):

Jennifer Lawrence, "Silver Linings Playbook"
Marion Cotillard, "Rust and Bone"
Helen Mirren, "Hitchcock"
Naomi Watts, "The Impossible"
Meryl Streep, "Hope Springs"

OUTRAS POSSIBILIDADES:
Emmanuelle Riva, "Amour"
Quvenzhané Wallis, "Beasts of the Southern Wild"
Keira Knightley, "Anna Karenina"
Maggie Smith, "Quartet"
Amy Adams, "Trouble with the Curve"


Uma categoria que está muito difícil de ler, para além de Jennifer Lawrence que neste momento parece ter não só assegurada a nomeação, mas também a vitória. Teremos em princípio Marion Cotillard e Emmanuelle Riva a lutar pela vaga estrangeira, sendo que se é verdade que Emmanuelle Riva é tida como espectacular em "Amour", Cotillard recebeu críticas não menos elogiosas por "Rust and Bone", o que significa que ou ambas ficarão de fora, ou (o mais provável) é só uma ter lugar e o meu dinheiro está do lado da actriz Oscarizada que tem uma carreira crescente em Hollywood. Os Óscares gostam mais de voltar a premiar os seus. 


Jennifer Lawrence e Bradley Cooper, "Silver Linings Playbook"

"Hitchcock" é uma incógnita a este ponto mas assumindo que sendo a interpretação de Helen Mirren minimamente boa (como em "The Last Station"), eles a nomeiam, então é seguro dizer que as hipóteses dela por "Hitchcock", em que interpreta Alma Reville, a mulher do realizador mais famoso do planeta, são bastante boas. Da época de festivais começaram a vir ecos da interpretação de Naomi Watts em "The Impossible", a confirmar dentro de algumas semanas. Muitos asseguram que o filme - e Watts - são dignos de muitas nomeações. À falta de maiores certezas, deixo-a cá ficar. Vai ter que ser muito boa para ultrapassar a noção de um filme catástrofe ser nomeado para uma categoria major nos Óscares. Finalmente, apostei em Streep por duas razões: 1) o filme é bastante bom e ela e o Tommy Lee Jones são impecáveis e 2) não há grandes candidatos nesta categoria, o voto vai-se repartir e não será plausível que ela vá ser um dos nomes mais consensuais, até porque acabou de vencer o seu terceiro Óscar à 17ª nomeação? 


Meryl Streep e Tommy Lee Jones, "Hope Springs"

Das minhas outras possibilidades, era em Amy Adams que eu apostava mais mas apesar das boas indicações e críticas, o buzz não está lá. Pode ser que reapareça com os primeiros prémios de críticos. Maggie Smith e Keira Knightley precisam que os seus filmes ganhem mais buzz e que sejam abraçados pelos críticos para terem hipóteses. A outra grande questão da categoria é se Quvenzhané Wallis consegue ser nomeada ou não com a tenra idade de oito anos (ainda para mais depois de ter sido desqualificada pelos SAG). Em teoria penso que sim, razão pela qual que penso que facilmente Watts e Streep podem dar lugar a Riva e Wallis. Na prática... É difícil. É um filme pequeno, com buzz moderado e que dificilmente entrará em grandes nomeações. E depois vai haver gente do contra que há-de vir dizer que ela não representa, que tudo aquilo lhe vem naturalmente. Não sei. Para já, fico assim.


MELHOR ACTOR

PROVÁVEIS:

Daniel Day-Lewis, "Lincoln"
Joaquin Phoenix, "The Master"
John Hawkes, "The Sessions"
Denzel Washington, "Flight"
Hugh Jackman, "Les Misérables"

OUTRAS POSSIBILIDADES:
Anthony Hopkins, "Hitchcock"
Jean Louis Trintignant, "Amour"
Bradley Cooper, "Silver Linings Playbook"
Tom Hanks, "Cloud Atlas"
Tommy Lee Jones, "Hope Springs"

Aqui há menos dúvidas. Day-Lewis, Phoenix (mesmo com a campanha anti-Óscares deste) e Hawkes estão praticamente garantidos entre os nomeados, Denzel Washington vai a caminho e agora a luta é entre os lançamentos a caminho, "Hitchcock" e "Les Misérables". Se algum falhar, há candidatos para ocupar os seus lugares. Vamos por partes. Day-Lewis está seguríssimo, depois das críticas de Nova Iorque virem dar razão aos apostadores. Não será suficiente para uma terceira vitória, talvez, mas é uma nomeação que está garantida. De Phoenix pode-se dizer o mesmo. Aliás, pode-se dizer até que a vitória seria dele se fizesse  campanha. Como não o fez, irá à mesma ser nomeado, graças à sua fenomenal - diz-se - interpretação, mas ganhar... é mais difícil. Hawkes vem numa onda positiva de buzz desde Sundance, tem vindo a perder estofo mas com os primeiros prémios de críticos e as nomeações para Globos, Critics' Choice  e SAG este antigo nomeado ("Winter's Bone", 2010) devem ajudar a que a nomeação não fuja. 


Helen Mirren e Anthony Hopkins, "Hitchcock"

Denzel Washington só não está carimbado também porque a nomeação virá se o filme tiver sucesso na bilheteira (este tipo de dramas, para ganhar nomeações major, precisa de receita de bilheteira significativa, como "The Blind Side" conseguiu para Sandra Bullock) - tem para já a crítica do seu lado (e bem sabemos que a Academia gosta dele). A minha última vaga vai para um de três entre Trintignant (se Riva for nomeada, há boa probabilidade que "Amour" ganhe mais nomeações noutras categorias; uma delas é esta, porque Trintignant é tão bom como Riva e o filme vive do dueto dos dois), Hopkins (no trailer não impressionou; irá a interpretação no seu todo ser bastante melhor? E outra coisa: há quantos anos este Oscarizado actor não se mete num papel a sério?) e Jackman, que foi quem escolhi. "Les Misérables" tem grande potencial para ser o candidato de topo aos Óscares. Jackman é querido pela indústria (e pela Academia, a julgar pelo sucesso a apresentar em 2008), tem provas dadas no cinema e no teatro (ganhou um Tony em 2005) e tem uma excelente voz. Será desta? Relembremos que Tom Hooper conseguiu 3 nomeações para actores pelo seu último filme e que se este filme resultar, mais uma chuva de nomeações irá vir.


Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant, "Amour"

Outras opções bastante populares são Tom Hanks por "Cloud Atlas" (não consigo perceber qual vai ser a reacção geral do público e da Academia a este filme), Bradley Cooper ("Silver Linings Playbook" vai ser um dos grandes candidatos, quantas nomeações por arrasto vai conseguir? Cooper será um dos que à cabeça poderá usufruir e ele é, diz-se, muito bom) e Tommy Lee Jones (possibilidade remota, ainda para mais quando ele tem uma nomeação certa por "Lincoln" para Melhor Actriz Secundário à espreita). Ben Affleck ("Argo") pode também ser possível, se o filme arrastar consigo várias outras nomeações, bem como Jack Black ("Bernie") ou Matt Damon ("Promised Land"), que podem ser empurrados pelos críticos à la Demian Bichir o ano passado (ainda me custa que Michael Shannon tenha perdido essa corrida). E mais uma possibilidade que me lembrei agora: e se "The Master" gerasse dois protagonistas nomeados em vez de um, ao contrário do que a campanha sugere? O filme é supostamente um tête-à-tête entre Phoenix e Philip Seymour Hoffman, logo... Pode acontecer.



Philip Seymour Hoffman e Joaquin Phoenix, "The Master"