Nesta rubrica, tentamos enfatizar a importância de uma boa banda sonora na composição final de um filme. Para isso, deixamo-nos de muita conversa e damos espaço à música para mostrar o nosso ponto de vista.
O compositor em destaque nesta terceira edição, inspirada pela sua vitória a semana passada nos World Soundtrack Awards para Composição do Ano e Compositor do Ano, é o espanhol Alberto Iglesias, conhecido como um dos mais frutíferos colaboradores de Pedro Almodovar, lado a lado com Penelope Cruz ou o editor José Salcedo.
Iglesias, nascido em 1955 em San Sebastián, começou a compor para películas no princípio dos anos 80, mas só viria a atingir algum estatuto de notoriedade com o início dos anos 90 e as suas colaborações primeiro com Julio Médem - que lhe renderam Goyas em 1992 ("Vacas"), 1993 ("La Ardilla Roja"), 1996 ("Tierra") e 1998 ("Los Amantes del Círculo Polar") - e depois com Pedro Almodovar, com quem começou a trabalhar em 1995 ("La Flor de Mi Secreto") e desde então nunca mais parou, indo até ao seu mais recente título, "La Piel Que Habito" (2011). As suas parcerias com Almodovar providenciaram-lhe 2 European Cinema Awards (em 4 nomeações no total) - 2006, "Volver" e 2009, "Los Abrazos Rotos" e 5 Goyas (1999, "Todo sobre mí Madre"; "2002, "Hable con Ella"; 2006, "Volver"; 2009, "Los Abrazos Rotos"; 2011, "La Piel Que Habito").
A juntar às composições fantásticas que criou em Espanha, Alberto Iglesias tem sido reconhecido nos últimos anos em terras internacionais, com 3 nomeações aos BAFTA, 6 nomeações aos World Sountrack Awards, com 4 vitórias (as 2 deste ano, por "Tinker Taylor Soldier Spy" e mais 2 em 2005 por "The Constant Gardener") e sobretudo com 3 nomeações aos Óscares, por "The Constant Gardener", "The Kite Runner" e "Tinker Taylor Soldier Spy" (pela qual eu pessoalmente considerava que merecia ter ganho).
Um compositor versátil e audaz, sem medo de tentar coisas novas e que dificilmente se repete, que mistura vários estilos e varia delicadamente entre composições mais dramáticas e poderosas e peças mais suaves, mais melódicas e subtis dentro da mesma banda sonora com muita facilidade, Iglesias só agora começa a subir em fama por Hollywood. Não me admiraria nada que, tal como Desplat, rapidamente chegue ao Óscar. E ele merece.
Cá vos deixo com alguns exemplos dos que penso serem os melhores trabalhos de Iglesias:
"Una patada en los huevos" - LA PIEL QUE HABITO
"Bau - Raquel" - HABLE CON ELLA
"George Smiley" - TINKER TAYLOR SOLDIER SPY
"Tema de Amor Ciego" - LOS ABRAZOS ROTOS
"Justin's Death" - THE CONSTANT GARDENER
"Opening Titles" - THE KITE RUNNER
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