Dial P for Popcorn: julho 2010

sábado, 31 de julho de 2010

Grandes Divas do Ecrã

"That's what I like about you, Ida. You're so delightfully provincial."


Veda Pierce, Mildred Pierce (Ann Blyth)

Boa sorte para Evan Rachel Wood tentar igualar esta interpretação tão venenosa de Blyth na versão da HBO.

Trailers da Semana

Uma das rubricas de segunda-feira do Dial P for Popcorn, foi eventualmente arrastada esta semana (esperemos que seja só esta semana) para a sexta-feira e para amanhã. E esta semana, por essa razão, vão ter a versão longa. Vou referir o top-25 de trailers (partido em 2 partes, hoje 13 e amanhã mais 12 - se bem que são 13, porque um deles é duplo) que saíram nos últimos tempos e depois peço desculpa se nas semanas que se seguirem eu vá mencionando trailers que já saíram há algum tempo. É só para colocá-los todos no nosso blog, para que quem não tenha visto, veja.

25. Easy A


Parece a típica comédia para adolescentes, mas não. Tem tido boas críticas e até já existe muita gente a comparar Emma Stone com Anna Faris, o que é excelente, porque eu acho claramente que mereceu a honra de ser a sua sucessora.

24. Animal Kingdom


Poderoso indie australiano com um elenco bastante prometedor (quem já viu que eu conheço diz que Jacki Weaver dá a melhor interpretação do ano para uma actriz secundária) com Guy Pearce à cabeça.

23. Secretariat


Seabiscuit versão Disney com actores bastante melhores do que o que o papel requer: John Malkovich e Diane Lane. Será para Óscares? Ou será um desastre?

22. Mother and Child


Annette Bening, Kerry Washington e Naomi Watts no novo filme de Rodrigo García. Prometedor, pelo menos.

21. Morning Glory


Uma comédia feel good ou uma comédia com edge? Rachel McAdams e Diane Keaton parecem bastante bem. Até Harrison Ford conseguiu ter piada no trailer. E no filme?

20. Love Ranch


Joe Pesci e Helen Mirren completamente exagerados no novo filme do marido de Mirren, Taylor Hackford ("Ray"). Enfim. Teremos nova nomeação para Mirren por mais do mesmo?

19. The Chronicles of Narnia 3


O primeiro foi interessante, o segundo foi terrível. Como será para "The Voyage of the Dawn Treader"? Parece-me um mau presságio que Ben Barnes nem no trailer pareça decente. Além de que os únicos dois irmãos que sabiam actuar não participam no filme. Ponto positivo: Swinton!

18. Jack Goes Boating


O primeiro trabalho de Phillip Seymour Hoffman como realizador, que ele também protagoniza, junto com Amy Ryan. Não sei que dizer. Parece-me... interessante?

17. Howl


Acabo de prever que James Franco, entre isto e "127 Hours", "Eat Pray Love" e "Your Highness", vai ter um grande ano. Este "Howl", além de parecer ser uma grande mostra de talento do actor, pode ajudá-lo à nomeação pelo filme de Danny Boyle, com muito maior pedigree.

16. Get Low


Grande buzz em Sundance passado à custa de Robert Duvall, mas também de Bill Murray e Sissy Spacek. Três veteranos de volta ao Kodak Theatre?

15. Somewhere


Sofia Coppola. Lost In Translation vibe. Precisam de mais?

14. Conviction



Não sei que fazer deste trailer. Tresanda a Óscar por todos os poros. As poses, os ângulos, o "Based on a REMARKABLE True Story" e até a voz irritante narradora. No entanto, é girito. Vamos a ver o que sai (a minha aposta: novo "Amelia" para Hilary Swank)

13. The American


A reputação de Anton Corbjin não é bem de longas-metragens. Pode ser que comece a ser? George Clooney parece diferente do habitual. O que é bom.

Emmy 2010: Melhor Actor, Comédia/Drama

A contar os dias para a cerimónia dos Emmy 2010, a decorrer no dia 29 de Agosto, achei que seria talvez interessante (pelo menos, para mim é) dar uma vista de olhos nos nomeados das categorias principais (remeto-vos, se quiserem ver a lista completa das minhas previsões e de como me saí no meu blog antigo, para este link; e também vos deixo cá os links para os meus Prémios em Televisão 2010, Comédia e Drama) e ver quem são os favoritos à vitória.



Começo pelas categorias de Melhor Actor.

Pegando primeiro em Melhor Actor - Drama temos os seguintes nomeados:


Kyle Chandler, Friday Night Lights
Bryan Cranston, Breaking Bad
Matthew Fox, Lost
Michael C. Hall, Dexter
Jon Hamm, Mad Men
Hugh Laurie, House

Se formos analisar as interpretações ao longo da temporada, fico contente por terem sido estes seis os nomeados, apesar de considerar que Timothy Olyphant (Justified), Peter Krause (Parenthood), Charlie Hunman (Sons of Anarchy) e mesmo Mark Valley (Human Target) mereciam mais que Matthew Fox o sexto lugar. De qualquer forma, mesmo com bons episódios submetidos (Fox submeteu 'The End', o último episódio da série, para apreciação e Chandler decidiu ser avaliado pelo episódio 'East of Dillon'), não me parece que estes dois nomeados pela primeira vez consigam vencer. A vitória cairá, provavelmente, em Cranston (que submeteu 'Full Measure', um estonteante final de temporada e é o bicampeão em título desta categoria) ou em Hall (que escolheu para submissão 'The Getaway', que é também muito bom). Jon Hamm, apesar da excelente escolha de episódio ('The Gypsy and The Hobo'), vai ter que esperar por um ano mais fraco da concorrência. A minha dúvida reside em Laurie. É que não há dúvidas que House M.D. já esteve bem mais no topo do que está agora, mas Laurie continua a ser sempre extraordinário. E o episódio que submeteu, o primeiro episódio da temporada, é um episódio duplo e mostra tudo aquilo que ele consegue fazer com a personagem ('Broken'). Baseado só nos episódios submetidos (que era como supostamente devia ser feita a avaliação), ele ganha. Se os votantes da Academia acompanharem a temporada, não vejo como Hall ou Cranston possam perder. O meu voto? Vai para Cranston.



E vamos terminar a análise desta semana com os nomeados para Melhor Actor - Comédia:



Alec Baldwin, 30 Rock
Steve Carell, The Office
Larry David, Curb Your Enthusiasm
Matthew Morrison, Glee
Jim Parsons, The Big Bang Theory
Tony Shalhoub, Monk


Aborrece-me solenemente a Academia votar sempre nas mesmas pessoas, muitas vezes sem merecerem, como Shalhoub ou Carell (agradecemos de qualquer forma que ninguém se tenha lembrado de - ou melhor, que se tenham lembrado do mal que fez - Charlie Sheen) e depois também indo sempre na onda populista (Morrison), quando existem outras escolhas bem melhores que são excluídas, como McHale (Community), Duchovny (Californication), Jane (Hung) e Levi (Chuck) - nem vamos pegar em Jay Harrington (Better Off Ted), que limpava a categoria com facilidade (já sei que o Samuel vai ficar chateado comigo por não mencionar aqui nem Entourage nem It's Always Sunny in Philadelphia, que são duas favoritas dele).
 
Mas avançando... Analisando os episódios submetidos, Jim Parsons é quem tem o episódio mais forte ('The Pants Alternative' é dos melhores episódios do ano em comédia e dos melhores episódios de sempre da série), seguido de Alec Baldwin ('Don Geiss, America and Hope' é um dos poucos episódios de 30 Rock que alia perfeitamente o ridículo com o hilariante e dá a Alec Baldwin várias one-liners de génio). A escolha de episódio pode ajudar sobretudo Larry David ('Seinfeld'), pois irá trazer obviamente uma boa dose de saudosismo. Steve Carell escolheu 'The Cover-Up', onde ele cumpre mas não é nada de extraordinário (se bem que eu devia ser proibido de julgar episódios de The Office, uma vez que não considero de todo que tenha piada, excepto a 2ª temporada - coincidência ou não, venceu o Emmy de Melhor Comédia nesse ano) - como Baldwin e 30 Rock não tiveram muito bom ano, pode ser, no entanto, a sua altura de ganhar. Morrison optou por 'Mash-Up', onde eu não me lembro de ver uma cena em que eu pudesse avaliar a sua prestação como cómico. Tony Shalhoub foi bastante sagaz ao submeter para consideração o final da sua série, 'Mr. Monk and The End' e a nostalgia pode claramente resultar em seu favor. Se tivesse que apostar, diria que esta é das corridas mais apertadas dos últimos anos, mas o meu dinheiro está em Alec Baldwin para repetir o triunfo de 2008 e 2009 (o que, tendo em conta que Tina Fey só ganhou um como Melhor Actriz... Irrita um pouco). Esperemos que com o fim de Monk, o enterro definitivo de Sheen e a ineligibilidade de Curb Your Enthusiasm esta categoria abra portas a gente nova para o ano.

Pessoas da Década: Alexandre Desplat

Bem-vindos a uma das rubricas semanais do Dial P for Popcorn, que habitualmente terá lugar às terças-feiras mas por eu andar com o horário trocado, só é publicada hoje. Nesta rubrica vamos discutir as pessoas que se tornaram grandes nomes na década de 2000, sejam actores, realizadores, compositores, fotógrafos, entre outros.

E para inaugurar esta rubrica... Eu escolhi alguém que eu penso ser quem mais merece, a todos os níveis, ser a face desta década que passou. Não consigo ninguém tão brilhante, tão audaz, tão produtivo, tão diferente, como este senhor. Um camaleão entre géneros e entre registos. Não fez duas obras iguais e entretanto posso dizer que mais de 90% do seu trabalho esta década foi superior ao dos seus pares. E claro, na boa tradição da Academia, foi dos menos reconhecidos, apesar de ter feito trabalho de qualidade inegável em todos os anos que compuseram os anos 2000. Essa pessoa é, então...


Alexandre Desplat

O francês de ascendência grega Alexandre Desplat é já dos mais profílicos e reconhecidos compositores da história do cinema, tendo apenas 39 anos, o que é bastante jovem para um compositor. E foi crescendo na sua reputação ao longo destes passados 10 anos, tendo conseguido três nomeações para Óscar na segunda parte da década, por The Queen (2006), por The Curious Case of Benjamin Button (2008) e por Fantastic Mr. Fox (2009). Fez composições para mais de 70 filmes em menos de 20 anos de carreira, sentindo-se plenamente à vontade tanto nos dramas como nas comédias, tanto em filmes de prestígio e históricos como em filmes mais leves e modernos.



O que é interessante de ver é que duas das suas três nomeações foram por filmes típicos de Óscar, o que conhecendo a Academia não é de estranhar. Estranho é sim terem-no nomeado pela sua melodiosa e harmoniosa e tão diferente do habitual banda sonora original para o filme animado de Wes Anderson, tão atípico para ser premiado por uma Academia dignamente conservadora, que tinha só em 2009 (!) para escolher, do trabalho de Desplat, três bandas sonoras mais ao seu gosto: Coco Avant Chanel, Julie & Julia e Chéri (além da de Un Prophète e de New Moon). Ainda bem que assim foi.



Percorrendo só para terminar o caminho dele esta década, para que vocês consigam perceber o porquê da minha escolha para abrir esta rubrica... Ele foi o compositor destas bandas sonoras: The Luzchin Defense (2000), Girl with a Pearl Earring (2003), Birth (2004), Hostage (2005), The Upside of Anger (2005), Syriana (2005), The Queen (2006), The Painted Veil (2006), Lust Caution (2007), The Golden Compass (2007), The Curious Case of Benjamin Button (2008), Coco Avant Chanel (2009), Chéri (2009), Un Prophète (2009), Fantastic Mr. Fox (2009), Julie & Julia (2009) e New Moon (2009) -  e estas são somente as que eu destaco. Existem muitas outras.

Em 2010 já produziu mais uma banda sonora espectacular, para The Ghost Writer de Polanski e até ao fim do ano ainda vamos poder ouvir o seu trabalho no que se espera extraordinário Harry Potter and the Deathly Hallows, Parte I, em Tamara Drewe de Stephen Frears (Dangerous Liaisons, Chéri) e ainda, aquela que eu mais antecipo, para o novo filme de Terrence Malick (que, se for o poderio visual a que normalmente ele já nos habituou, terá sido uma inspiração tremenda para a música de Desplat), The Tree of Life.


Das dez bandas sonoras de que eu mais gosto, quatro são dele. Para mim, de todas, a de Birth é inigualável. Mas também, só um ou dois compositores por década é que conseguem atingir tal nível de qualidade. Deixo-vos abaixo algumas das músicas que ele criou para diversos filmes. Tirem as vossas conclusões. O homem é mágico.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Série - Os Sopranos


Terminei ontem a Primeira Temporada desta Série. Depois de muito adiar, no fim da semana passada inciei esta verdadeira epopeia de 6 temporadas.
Embora os episódios sejam, quase todos eles, a rondar os 50 minutos, a intensidade da série consegue cativar-nos e fazer-nos esquecer que o tempo passa. O seu teaser inicial é fantástico (sinceramente, um dos melhores que já vi) e onde se depreende bem a intencionalidade e o objectivo desta série.
Os Sopranos não são só uma série sobre a Máfia de New Jersey. São, mais do que isso, uma série sobre as relações, os problemas, as alegrias e as tristezas, os sucessos e os fracassos que se sucedem na vida de um Chefe da Máfia. É uma série que explora muito bem o lado humano, tanto o bom como mau, daqueles que, embora sendo capazes de acabar com a vida de um homem sem pensar duas vezes, têm também os seus momentos de fraqueza.




Ainda agora estou no inicio e já James Gandolfini (Tony Soprano) me convenceu do quão bem escolhido foi para o papel de Boss da Máfia. Numa personagem complexa, em que um dos seus segredos passa por encobrir as suas fraquezas através da sua forte personalidade e de uma capacidade de decisão digna do seu posto, toda a série roda e é construída à sua volta. É um lider respeitado por quem o rodeia, adorado pelos seus e temido pelos inimigos. Nesta 1a Temporada, nada nem ninguem o conseguiu parar! É um génio e mexe as peças do seu Xadrez com uma mestria que lhe garantem, quase sempre, o sucesso.

Num crescendo de intensidade e qualidade, de episódio para episódio, a Primeira Temporada termina com 2 episódios fenomenais que nos fazem pegar de imediato nos dvds da Segunda temporada!

Hoje comecei a 2.ª temporada e espero, muito em breve, poder-vos falar dela!

Soundtrack - The Boat That Rocked



São poucos os filmes que me fizeram ouvir a sua banda sonora depois de os ter visto.
Esta semana, inicio a primeira de uma série de posts, nos quais vos falarei sobre algumas das bandas sonoras que mais me marcaram e que, ainda hoje, ouço com regularidade.

A primeira que me veio à memória foi "The Boat That Rocked", uma brilhante comédia (possivelmente a melhor do ano passado) e onde se pode ouvir, ao longo do filme grandes nomes como Hendrix, The Who ou The Kinks (entre muitos, muitos outros).
Um grande filme de Richard Curtis com participações de Philip Seymour Hoffman (um dos meus actores favoritos) Jack Davenport, Tom Wisdom (uma das personagens mais bem conseguidas), Lucy Fleming e Tom Surridge.

Toda a atmosfera da vida do barco, acompanhada da banda-sonora que nos embala durante todo o tempo do filme, fazem deste um dos filmes mais bem conseguidos que vi em 2009 e que, com pena, não vi reconhecido nos Oscars de 2009.

Deixo-vos aqui uma das grandes músicas de "The Boat That Rocked", Sunny Afternoon dos lendários The Kinks




quinta-feira, 29 de julho de 2010

Estreia da Semana / Antevisão: Toy Story 3



Quinze anos depois do início de uma história feliz, eis que o ciclo dos brinquedos mais famosos do mundo chega ao fim com este terceiro filme da saga. A história da Pixar não se pode contar sem mencionar Toy Story, tal é a ligação que ambos os nomes têm um com o outro. Muito do sucesso e da evolução que a Pixar demonstrou na década passada resultou muito do que foi a recepção da crítica e do público ao seu primeiro filme, uma história modesta sobre brinquedos, uma história diferente contudo de todas as outras que a sua casa-mãe Disney fazia, pois esta era, mais que um filme animado, um estudo comportamental. Os filmes da Pixar são bastante distintos dos da Walt Disney Pictures e dos da rival Dreamworks precisamente neste aspecto: lidam com personagens adultas, completamente formadas, baseados em situações reais do dia-a-dia, falam de emoções e de problemas e questões importantes, sem nunca esquecer que o seu dever principal é entreter a audiência.

Se houve alguém com papel fundamental no desenvolvimento da marca Pixar, esse alguém é John Lasseter. Foi um dos fundadores da empresa e foi o seu principal impulsionador, mesmo dentro da Disney, de tal forma que ele é hoje em dia o criador-executivo das duas casas, da Pixar Animation Studios e da Walt Disney Animation Studios. E foi ele quem em 1995 envisionou, com o seu grupo restrito de colaboradores (mais tarde todos realizadores e argumentistas da Pixar, Andrew Stanton, Pete Docter, Brad Bird e  Lee Unkrich, o realizador de Toy Story 3, bem como Joss Whedon e Joel Cohen), a primeira longa-metragem da Pixar, Toy Story, que pegava um pouco nos elementos vencedores da sua curta-metragem vencedora do Óscar, Tin Toy.

Além do espectacular argumento, os actores que deram as vozes ao filme também tiveram o seu papel no sucesso. Tom Hanks e Tim Allen couberam que nem uma luva nas suas personagens e tornaram o Woody e o Buzz não só imortais nos nossos corações mas também na história do cinema. Como o importante do filme eram, sobretudo, as personagens, era vital que os actores que lhes emprestavam as vozes conseguissem transmitir a emoção e expressividade necessária. E nisso os actores e os animadores estão de parabéns. Nunca um filme animado tinha tido caracterizações tão completas e tão complexas, tão intrinsecamente exploradas como em Toy Story. A humanidade de personagens como Woody, Buzz, Rex, Mr. Potato Head e Slinky Dog é tão real que até assusta. Finalmente, a música é o terceiro MVP do filme. Randy Newman, de quem nunca fui muito fã, consegue aqui um bom equilíbrio musical e cria uma música intemporal, para todo o sempre, "You've Got a Friend in Me" (aliás, os filmes da Pixar sempre tiveram óptimos compositores).

Depois, o resto é história. O filme seria, como se sabe, o primeiro filme animado em CGI da história, seria o primeiro filme animado a ser nomeado para Melhor Argumento Original, seria um dos filmes mais bem sucedidos de sempre da Disney-Pixar, com 361 milhões de dólares de receita de bilheteira em todo o mundo. Lasseter viria a fazer a seguir A Bug's Life, também bem sucedido e a primeira sequela, Toy Story 2, que renderia mais ainda que o seu predecessor e voltaria em 2006 para o indubitavelmente menos sucedido dos filmes da Pixar, Cars (que vai ter honra de sequela em 2011). Aos poucos na década passada, foram entrando em cena os seus discípulos: Andrew Stanton realizou os que são para mim os dois melhores filmes da Pixar de sempre, Finding Nemo em 2003 e Wall-E, em 2008; Brad Bird, que havia realizado The Iron Giant em 1999, entrou na Pixar para realizar The Incredibles em 2004 e Ratatouille em 2007; e Pete Docter viria a realizar Monsters, Inc. em 2001 (egregiamente roubado do Óscar de Melhor Filme Animado, que foi para Shrek; também vai ganhar uma sequela em 2012) e agora em 2009 Up!, o segundo filme animado de sempre a ser nomeado para Melhor Filme.



Assim eis que chegamos a 2010 e a este Toy Story 3. Os antigos personagens estão todos de volta, Andy vai a caminho da universidade e novos sarilhos avizinham-se para os "nossos" companheiros brinquedos, que se vêm perdidos num infantário, onde conhecem novos personagens, incluindo um muito ilustre Ken (Michael Keaton é quem lhe dá a voz na versão original). Estou ansioso por vê-lo. E vocês?

Deixo-vos aqui ficar com um tributo à Pixar e com alguns links para outros sites com artigos de antevisão:



Antevisão ao Toy Story 3 - Ante-Cinema
Antevisão do Toy Story 3 - Cinema Blend
Uma breve história da Pixar - Ante-Cinema
Estreia recomendada da semana - O Cinema
Estreia da semana - Split-Screen
Crítica de Nathaniel Rogers (The Film Experience) - Towleroad (NSFW)
Crítica do filme - Stale Popcorn
Crítica do filme - Cinema Blend
Conseguirá 'Toy Story 3' um lugar nos dez nomeados para Melhor Filme? - Cinema Blend
Curta de Toy Story a surgir em 2011 - Cinema Blend
Nos bastidores de Toy Story 3 - Cinema Blend
Pixar animators = Renaissance masters - In Contention
Acerca do consenso da crítica - In Contention



TOY STORY 3 - Trailer PT
Via: Ante-Cinema

quarta-feira, 28 de julho de 2010

THE GHOST WRITER (2010)


Como resumir este filme? É um Polanski!


É um filme que vai sacear os fans do realizador Francês. Não tão bom quanto o Pianista, mas ao nível do agradável Oliver Twist.

A história, em poucas palavras, baseia-se no interesse de uma editora em escrever as memórias de Adam Lang (Pierce Brosman), um controverso ex-primeiro ministro Inglês.
O aparente suicídio do seu amigo/colega/secretário de longa-data e até então responsável pelo livro das memórias, leva ao aparecimento de Ewan McGregor , escritor bem sucedido e habituado a este tipo de trabalhos. Ewan é transportado para a ilha onde se encontra Adam, e cedo percebe que, aquele que parecia ser apenas mais um trabalho, tem agarrado novos e secretos mistérios que o transformarão de escritor em detective.

Um filme muito agradável, ao qual eu dou B+ (8/10) com uma boa participação de Olivia Williams (Ruth Lang) e de Ewan McGregor ambos com nota B. O que mais gostei neste filme, sem dúvida o seu argumento (A-)

Informação Adicional:
Realizador: Roman Polanski
Produção: Roman Polanski e Alain Sarde
Duração: 128 minutos
Ano: 2010

Frase: "I feel like the wife of Napoleon on St. Helena." (Ruth Lang)

terça-feira, 27 de julho de 2010

Frases Inesquecíveis do Cinema



“Louis, I think this is the beginning of a beautiful friendship”

Rick Blaine (Humphrey Bogart), Casablanca (1942)

INCEPTION (2010)



Peço desculpa pelo LONGO comprimento do artigo mas acabei por juntar a Antevisão e a Crítica e deu nisto. Não volta a suceder.


Foi há dez anos (em Outubro de 2000) que um até então desconhecido realizador chamado Christopher Nolan estreou o seu segundo filme, chamado "Memento". Nunca adivinharia ele que esse viria a ser o filme que lhe daria a hipótese de voos mais altos, mas foi. O filme ganhou a admiração dos críticos e do público, conseguiu-lhe a nomeação para Melhor Argumento Original nos Óscares e terá estado muito próximo de ser nomeado para Melhor Filme e Melhor Realizador. Um filme de pequena dimensão, com algumas mas poucas ambições, sobre um homem com perda de memória a curto-prazo, protagonizado por um Guy Pearce em claro declínio de carreira. Foi, ainda, por volta dessa altura que começou a escrever o argumento para este seu novo filme, "Inception".


Entretanto, teve que se entregar a novos projectos, mantendo-se contudo sempre dentro do mesmo género, o thriller. Optou por se dedicar ao remake do filme nórdico de 1997 "Insomnia", conseguindo ultrapassar alguns dos pontos fracos que o seu antecessor possuía e alcançando boas prestações por parte de Al Pacino e Robin Williams. Seguiu-se a recuperação, milagrosa diriam alguns, da franchise de super-heróis mais querida de sempre, com "Batman Begins" em 2005, um filme extraordinário e que veio, em certa medida, complementar a virada no estilo de filmes de super-herói que já tinha começado com Sam Raimi e o seu Spider-Man, novamente pegando num actor mal usado, Christian Bale e conseguindo uma interpretação fenomenal e provando que, com o material e a direcção adequados, os blockbusters podem ter qualidade e agradarem ao público. Entre o primeiro e o segundo Batman ele escolheu "The Prestige" para realizar, um filme sobre a rivalidade entre dois mágicos em que Nolan usa em seu detrimento a ilusão sem nunca nos menosprezar enquanto audiência. Depois eis que chega "The Dark Knight", a sequela ao seu "Batman Begins". Desde a escolha perfeita para vilão (uma que muitos questionaram veementemente - Heath Ledger como The Joker, uma das melhores interpretações de sempre), passando por um argumento impenetrável do seu irmão Jonathan e de David S. Goyer, pela impressionante fotografia de Wally Pfister (que devia ter ganho um Óscar com todo o mérito), pelo belo elenco que ele conseguiu juntar (a troca, mesmo que forçada, de Katie Holmes por Maggie Gylenhaal fez uma diferença colossal e a adição de Aaron Eckhart e Heath Ledger a um elenco que já continha os nomes de Bale, Caine, Oldman e Freeman só trouxe ainda mais qualidade) e chegando até à genial banda sonora de Zimmer e Newton Howard, excluída pela Academia (no que raio estavam a pensar?) mas agraciada com um Grammy, o filme foi um sucesso enorme, com largos elogios tanto da crítica como do público. Conseguiu 8 nomeações para Óscar (venceu 2), mas não conseguiu as que mais merecia (Melhor Argumento Adaptado, Melhor Banda Sonora, Melhor Filme e Melhor Realizador). A terceira parte da saga já está marcada para continuar em 2012.

Eis que chegamos pois a 2010 e a este seu novo filme... "INCEPTION".



Um argumento que levou dez anos a escrever, um filme que inicialmente se pensava ser uma espécie de filme de reserva, para ocupar tempo antes de se voltar a entregar ao "seu" Batman, uma história que foi mantida em sigilo absoluto até ao dia da estreia e mesmo assim um filme que mesmo que se fôssemos contar a alguém o final da história, eles continuariam a não perceber nada. É assim este "Inception". São duas horas e meia do mais alucinante que há, com um enredo multifacetado e repleto de camadas de complexidade, ao qual devemos dedicar a nossa máxima atenção e concentração com pena de perdermos o fio à meada.



Não se pense, contudo, que é um corte com o que ele tinha vindo a fazer. Não. Chris Nolan mantém-se no seu género predilecto, o thriller, só que decide criar um subgénero dentro do seu próprio género - segundo a sua definição, este filme relata, muito simplesmente, um crime, um assalto, que decorre na arquitectura da mente, do sonho. Não podia ter caracterizado melhor. Não é bem ficção científica mas é quase. É talvez o filme dele que mais penetra nesse género. E é também talvez o filme dele mais incompreendido de todos.



Em "Inception", conseguimos vislumbrar partes dos seus filmes anteriores, desde a grandiosidade dedicada às cenas de acção de "The Dark Knight" até o fascínio com a mente e a ilusão de "Memento" e "The Prestige". Além do mais, "Inception" mantém-se dentro das duas premissas principais dos seus antecessores: Nolan adora fazer filmes sobre anti-heróis, homens desesperados, derrotados pela vida e sobre os momentos que os levam ao extremo (aqui, mais uma vez, não é excepção, pois é a morte de Mal, a mulher de Cobb, que o corrói por dentro), sobre o renascimento dos indivíduos (Bruce Wayne vira Batman, Harvey Dent vira Two-Face, Leonard de Memento renasce a cada alguns minutos, os dois protagonistas de Prestige, Alfred e Robert, também se debruçam sobre o renascimento contínuo e o renascimento é o tema principal de "Inception", pois na mente é tudo possível, como uma personagem do filme bem colocou, "It's just... pure creation") e sobre a dualidade dos homens, isto é, as personagens nos seus filmes são sempre reflexos umas das outras (como o Batman e os seus rivais - Two-Face e Rhas Al Ghoul são antíteses de Batman no sentido em que representam o que Bruce Wayne seria se decidisse optar pelo mal em vez do bem; The Joker é também um oposto a Batman na essência em que enquanto o primeiro é maléfico mas não tem qualquer plano ou agenda ou regra, o segundo defende a prevalência do bem mas é pautado por regras e planificações) - aqui em "Inception", o Cobb é atormentado pela sua própria projecção da sua mulher Mal, que funciona como a sua antítese, o seu oposto, o seu rival, digamos.


O enredo do filme envolve assim, uma equipa de ladrões de sonhos, contratados por grandes empresas, que penetram nas mentes das pessoas e roubam as suas ideias. Uma equipa tão invulgar quanto esta necessita de vários membros talentosos e especialistas no que fazem: temos então Cobb (DiCaprio), que é "The Extractor", quem rouba a ideia; Arthur (Gordon-Levitt), bastante bem descrito por Eames como sem imaginação, oco, que é o "The Point Man", responsável pela logística e braço-direito de Cobb; Ariadne (Page), que é "The Architect", o criador do mundo do sonho (será coincidência esta personagem ter o nome de Ariadne, que é a mulher na mitologia grega que ajudou Teseus a fugir do labirinto do Minotauro?); Eames (Hardy), "The Forger", capaz de se transformar no sonho por razões puramente estratégicas; e finalmente Yussuf (Rao), "The Chemist", que é quem produz o sedativo para os pôr a dormir. Além destes nomes, o elenco inclui ainda o Michael Caine, num papel pequeno, de mero conselheiro; Cillian Murphy é Robert Fischer, o alvo ("The Mark") da equipa, numa interpretação bastante interessante; Marion Cotillard, que é Mal, a falecida mulher de Cobb ("The Shade") e que vai surgindo durante a missão como projecção da mente de Cobb, de longe a personagem que mais me chamou a atenção no filme; e Ken Watanabe, que é Saito, o cliente ("The Tourist"). Esta equipa parte para um último trabalho, o trabalho que iria redimir o foragido Cobb e permitir-lhe juntar-se à sua família. Este último trabalho, no entanto, é diferente de todos os outros, pois o que lhes é pedido é a implantação (daí "inception" - mais um título horrivelmente traduzido para português) de uma ideia e não a extracção, que é a sua especialidade.



O filme é incrivelmente complexo a início de perceber (a primeira meia-hora é de alguma confusão) mas felizmente com um pouco de concentração e com a entrada de Ariadne em cena (e com a reunião da equipa) tudo fica mais facilitado, pois Nolan usa-a para nos introduzir ao mundo dele - ela funciona como a voz do público, sendo através do seu treino por Cobb e Arthur e pelo seu diálogo com os restantes membros da equipa que ficamos a perceber como funciona a actividade deles e como é que eles conseguem operar dentro do sonho. Além do mais, o filme é exuberante o suficiente para nos manter fascinados com o que se está a passar, portanto concentração não deverá ser um problema.

É-nos (e a Ariadne) então depois explicado que os sonhos têm vários níveis, com sonhos dentro de sonhos e por aí em diante, cada vez mais complexos (introduzindo aqui uma interessante perspectiva da flexibilidade do tempo, com 5 minutos a durar 1 hora de sonho no nível um, 1 dia de sonho no nível dois e 1 semana no nível três - as cenas com os três níveis de sonho em intersecção são bestiais) e que dentro do mundo dos sonhos existem projecções do subconsciente que funcionam como os anticorpos no sistema imunitário, atacando os invasores se detectados.



O principal ponto forte de "Inception" é fugir ao que poderia ser uma armadilha fácil, focar-se mais na acção do que nas personagens, mas a verdade é que Nolan, qual mestre que é, prefere dar atenção às caracterizações (pouco detalhadas, é verdade) das suas personagens (há que dizer aqui, contudo, que há algumas personagens bem menos trabalhadas que outras) e prefere trazer-nos para o mundo dentro do cérebro delas do que no sonho do alvo da equipa. Assim, percebemos como cada um reage às situações e entendemos porquê. Simpatizamos com o sofrimento de DiCaprio e as constantes perturbações que o assomam. Entre outras coisas. A acção serve meramente para dar lugar às interacções entre as pessoas, que é afinal o propósito deste filme, funcionando como labirinto onde cada uma das personagens se perde nos seus demónios e nas suas qualidades. 


As três interpretações mais fortes do filme, além da de DiCaprio (se bem que já chega de personagens traumatizados pelas mulheres psicologicamente perturbadas, sim?), são a de Marion Cotillard (que eu amo indefinidamente a partir de agora) como Mal, a esposa, capaz de provocar tanta intriga e comoção a partir de duas-três cenas (e mesmo enquanto ela não está no ecrã, é quase omnipresente, sempre como a sombra, como o demónio, como a cruz que Cobb tem de suportar), a de Joseph Gordon-Levitt, que teve a sorte (ou não) de participar na melhor cena de acção do filme, a gravidade zero, e a de Tom Hardy, que vai dando um ar humorístico e irónico no que seria pelo contrário um filme extremamente pesado. Finalmente, há que dizer coisas boas também de Ellen Page, muito diferente do habitual aqui mas com a mesma graça de sempre, e de Cilian Murphy, que consegue ser bastante expressivo em poucos momentos e com pouquíssimo diálogo.


All in all, o filme consegue manter-nos on the edge of our seat durante as duas horas e meia, é de uma beleza e riqueza visual (e auditiva) como poucos há, aguentando sempre o ritmo e a dinâmica da acção muito elevado, contribuindo muito para isso a fortíssima banda sonora de Hans Zimmer (do melhor que ele já fez - será que me cheira a Óscar #2?) e a soberba fotografia de Wally Pfister (Óscar, anyone?) - a sequência final do filme é de uma tremenda qualidade, mexendo imenso comigo a nível emocional, enquanto a acção decorria a um ritmo alucinante.



Gosto particularmente deste pormenor para o qual me chamaram à atenção na banda sonora. De génio, realmente.


Fazer um filme que altere a linearidade do tempo e do espaço e que consiga explorar tão bem a dicotomia fina entre a percepção e a realidade, entre o que é o sonho e o que é verdadeiro, expondo as nossas concepções e noções de realidade e imaginação a paradoxos, brincando com a ilusão da mente humana e a natureza insidiosa das ideias (como muito bem disse Pete Hammond na sua crítica na Variety), não é para todos. Fazer da mente, do sonho, um puzzle metafísico, metafórico, não é para todos. Nolan conseguiu-o. Terminando quase como comecei... "It's just... pure creation". A ideia mais original de sempre? Talvez.


Nota: A-



Grandes Posters


"Hard Candy" (2005)

Uma das melhores ideias que já vi para promover toda uma ideia e estrutura de um filme.

O Cinema Numa Cena

Bem-vindos a mais uma rubrica semanal aqui no Dial P for Popcorn - "O Cinema Numa Cena" tenta mostrar as nuances de uma interpretação fora-de-série numa cena pivotal do seu filme. Esta semana temos o grande Javier Bardem em "No Country for Old Men" (2007).

Quem não se lembra da fantástica cena da moeda?






Retrospectiva Óscares: 2009

Peço desculpa por só agora estar a pegar nesta rubrica que é originalmente de Domingo mas outros assuntos pendentes (Inception) obrigaram a que tivesse de deixar todo o meu blogging para hoje. Mas cá vamos então. Como sabem, a retrospectiva dos Óscares vai servir para fazer um pequeno balanço das cerimónias, desde o ano mais recente (2009) para trás, avaliando os seus pontos bons e as coisas mais fracas. E é precisamente por 2009 que começamos.


A Surpresa: várias, na grande maioria desagradáveis, mas a maior terá sido, sem dúvida, o feito de "Up!" - ser o primeiro filme animado a ser nomeado para Melhor Filme desde "Beauty and the Beast" (1991) e ser o segundo do género em toda a história da Academia não é para todos. E é bastante merecido.

A Inclusão Mais Notória: poderíamos fazer aqui relevância ao elevado número de filmes de pequena dimensão a fazer parte dos 10 nomeados, como Precious, A Serious Man e District 9, mas se formos a ver a maior inclusão foi mesmo a de Jeremy Renner como Melhor Actor. É que apesar de muitos acharem meritória e até mesmo possível, poucos queriam apostar em seu favor. O que é certo é que o eventual grande vencedor da noite acabou por conseguir dar um empurrãozinho ao seu actor na lista.

A Exclusão Mais Significativa: mas alguém estava à espera de tanto mau-trato ao "Nine" e ao "Invictus"? É que nunca imaginei. E então os dois grandes candidatos fora da principal categoria? Já para não falar do shut-out feito a "The Lovely Bones" também? O ano não estava a favor.


O Mais Merecido: Jeff Bridges, também conhecido por "The Dude" dada a imortalidade que essa sua interpretação adquiriu, venceu Melhor Actor por "Crazy Heart", um papel bem abaixo da qualidade do intérprete mas mesmo assim suficiente para gerar uma campanha bastante favorável à sua vitória. A noite dar-nos-ia ainda mais dois excelentes vencedores na forma de Mo'Nique e Christoph Waltz. Os três mereceram mesmo os prémios todos que ganharam.

O Mais Imerecido: há algumas vitórias que me irritaram, mas essas são mencionadas apropriadamente mais à frente. O vencedor mais imerecido (mas que não deixa de ser minimamente bom) foi "El Secreto de Sus Ojos", que criminalmente venceu uma categoria onde existiam três filmes como "Un Prophète", "The White Ribbon" e "La Teta Asustada".

O Desnecessário: já sabemos o quão slut a Academia consegue ser com algumas das suas estrelas e por muito mau que um filme seja, elas, só pelo poder do seu nome e o estilo do papel, aterram na lista à mesma. É claro que me estou a referir a Helen Mirren e a Morgan Freeman principalmente, mas também a Stanley Tucci, Matt Damon e Maggie Gylenhaal, que apesar de conseguirem a sua primeira nomeação (Damon venceu um Óscar mas como argumentista; como actor foi pela primeira vez nomeado) tiveram interpretações bastante más nos seus respectivos filmes.

O Incompreensível: se houve decisão mais idiota por parte da Academia... por muito excelente que tenha sido Cruz em "Nine"... Será que ninguém reparou numa das melhores interpretações do ANO, via Marion Cotillard? Enfim.


A Desgraça: já se passaram 27 anos desde que Meryl Streep venceu um Óscar (em 1982, por "Sophie's Choice"). Ainda assim, não se vê ninguém nos mídia que durante estes 27 anos tenha decidido fazer campanha para Streep vencer o seu terceiro. Contudo, estão sempre prontos a fazer campanha por qualquer actriz rasca que por aí ande que os espante. Mais um ano, mais uma nomeação para Streep, por uma brilhante interpretação como Julia Child em "Julie & Julia". Ela já não deve saber o que há-de fazer para ganhar outro, uma vez que viu o seu troféu fugir para Sandra Bullock, uma actriz abaixo do medíocre que conseguiu um papel mediano em "The Blind Side". E como se já não bastasse, ainda conseguiu sacar uma nomeação para Melhor Filme. Haverá justiça no mundo?


O Pesadelo: mas essa não foi a pior vitória da cerimónia. A pior foi mesmo a derrota de "Up in the Air" na categoria de Melhor Argumento Adaptado. Um argumento inteligente, adequado à situação que vivemos, com caracterizações das personagens estupendas e cheias de complexidade, perde para uma miséria de argumento que foi de longe (ao lado da edição - ironicamente, também aí "Up in the Air" não nomeado mas "Precious" sim) a parte mais fraca do filme "Precious". Geoffrey Fletcher subiu ao pódio no que devia ter sido o momento de Reitman (as confusões que ele o seu parceiro Sheldon Turner originaram devem ter custado caro).

A Melhor Vitória: Sem dúvida, "Logorama" para melhor curta-metragem animada. É brilhante.



O Duelo da Noite: "The Hurt Locker" vs. "Avatar" foi um duelo (fictício, quase) criado pela imprensa e criado pelos Globos de Ouro (que estupidamente decidiram vomitar prémios ao filme do sr. James Cameron, só porque fez 2 milhões de dólares...) com dois filmes medíocres a chegar à cerimónia como os favoritos. Já disse e repito, não premiar filmes que viram clássicos (casos mais recentes: There Will Be Blood em 2007, Rachel Getting Married em 2008, Up in the Air em 2009) é um erro do qual se arrependem mais tarde (todo o mundo fica chocado quando descobrem que filmes como Citizen Kane, Brokeback Mountain ou The Thin Red Line não ganhou o Óscar, por exemplo). Enfim, vamos ao duelo da noite - se é que houve duelo: como já era de prever, "The Hurt Locker" passeou-se pelo Kodak Theatre e levou 6 prémios, só perdendo coisas que obviamente não tinha capacidade de ganhar: Renner (Actor), a banda sonora e - o que mais estupidamente me chocou - a fotografia (onde é que "Avatar" tem fotografia se é tudo gerado por CGI?! De qualquer forma, esse prémio, se não fosse para Avatar, iria sempre para "Inglorious Basterds").


E pronto meus caros, é isto. Domingo temos a retrospectiva de 2008. Só deixar umas notas finais:


Qualidade da cerimónia - B
Qualidade dos nomeados - B
Qualidade dos apresentadores (Steve Martin e Alec Baldwin) - B-
Qualidade da transmissão (TVI) - F



domingo, 25 de julho de 2010

Top Filme - Christopher Nolan


Estreou esta semana Inception, o novo filme de Christopher Nolan.

Antes da review deste filme, coloco aqui o meu Top sobre os filmes que já vi deste realizador:

1.º - Memento
2.º - The Prestige
3.º - The Dark Knight
4.º - Batman Begins
5.º - Insomnia


Memento será muito provavelmente o seu melhor filme de sempre, independentemente dos filmes que venha a fazer (e neste ponto, espero sinceramente estar errado, porque seria muito bom sinal!). Durante a próxima semana tentarei ver Inception e assim que poder, faço aqui a minha review. Sintam-se à vontade para discordar do Top ;)

História do Cinema - North by Northwest


James Stewart - North by Northwest (1959)

sábado, 24 de julho de 2010

DOGVILLE (2003) - Crítica Dupla



por Jorge Rodrigues



Depois de ONDAS DE PAIXÃO (1996) e DANCER IN THE DARK (2000), eis que o génio de Lars von Trier surge em alta mais uma vez em DOGVILLE. Ancorado por mais uma magnífica interpretação de Nicole Kidman na sua fase mais áurea — tendo mesmo viajado para a Dinamarca no dia seguinte a receber o Óscar — DOGVILLE rouba inspiração a Brecht e a Wilder para criar uma fábula contra a americanização e, mais que isso, uma alegoria interessante sobre a crueldade e egoísmo da condição humana.

Von Trier reinvigora as suas temáticas habituais de opressão e realismo com uma radical abordagem à história, inventando um cenário despido, com as paredes das casas da pequena aldeia onde a narrativa decorre simplesmente desenhadas a giz. Este efeito de alienação, foi amplamente discutido e aplicado por Brecht no seu teatro por obrigar o espectador a focar-se nos temas e ideias em discussão ao invés dos cenários ou do ambiente. A crítica está lá, como sempre, acutilante, agressiva e ousada, bem ao estilo do provocateur dinamarquês. John Hurt, que narra o conto, apresenta-nos Grace (Kidman) que ao fugir das autoridades dá de caras com a pequena aldeia de Dogville, nas Rocky Mountains, nos anos 30. Quando os cidadãos da isolada e retrógada pequena comunidade não a recebem da forma mais calorosa, Tom (Bettany), filósofo e filho do médico da aldeia, vê-se obrigado a interceder por ela, pedindo que lhe seja dado abrigo e uma oportunidade. Grace, buscando ardentemente a aprovação dos seus pares, sujeita-se ao seu escárnio, discriminação e escravidão, ganhando esforçadamente o afecto e admiração de todos ao longo do tempo perdendo a sua identidade e personalidade até se tornar definitivamente um deles. Mal sabia ela que quando dados do seu passado se revelassem a tortura e opressão aumentaria e aquela pequena e dócil comunidade revelaria a sua real personalidade. Desde o mais mesquinho ao idealista Tom, cada um assume as suas cores verdadeiras e todos, da sua forma, condescendem e maltratam Grace.

DOGVILLE nem sempre consegue executar as ideias e ambições a que von Trier se propõe. Nem sempre o seu conceito resulta na prática e partes do filme parecem esforçar-se para encaixar e muito depende da capacidade que o espectador tenha para analisar criticamente e absorver o que está a ser exposto em ecrã. Não deixa nunca de ser uma obra viva, elegante, experimental e incrivelmente original. A exposição do dinamarquês sobre a injustiça que reina na sociedade contemporânea, violenta, desumana, fechada e antipática, em que muitas vezes julgamos os outros pela sua aparência e não damos oportunidade a quem é diferente de nós, é pertinente, actual e justificada. O seu voraz apetite para introduzir missivas contra os americanos, apesar de desnecessário, não retira valor ao resultado final do filme. Desafiador e profundo, DOGVILLE deve ser comemorado, porque além de uma obra-prima singular, de cunho indelével do cineasta dinamarquês, procura algo mais: fazer o espectador pensar criticamente, para variar.




por João Samuel Neves


"This is the sad tale of the township of Dogville. Dogville was in the Rocky Mountains in the US of A, up here where the road came to its definitive end, near the entrance to the old abandoned silver mine. The residents of Dogville were good honest folks, and they liked their township. And while a sentimental soul from the East Coast had once dubbed their main street Elm Street, though no elm had ever cast its shadow in Dogville, they saw no reason to change anything. Most of the buildings were pretty wretched, more like shacks, frankly. The house in which Tom lived was the best, though, and in good times, might almost have passed for presentable. That afternoon, the radio was playing softly, for in his dotage, Thomas Edison senior had developed a weakness for music of the lighter kind."


Assim começa Dogville, ao som da voz de um Narrador que nos acompanha por todo o filme, servimdo de elo de ligação entre os vários momentos e as várias fases que este filme atravessa.

Após um Prólogo de introdução e apresentação da pequena aldeia de Dogville, a acção (leia-se, a chegada de uma estranha e misterosa mulher, Grace) inicia o primeiro de nove capítulos, nos quais a história se vai desenvolver.




Marcado pelo seu característico cenário (digno do seu realizador, Lars von Trier), o filme é todo ele criado à volta das relações inter-pessoais que se estabelecem entre Grace e os restantes membros da aldeia. De entre estes sobressai Tom, filho de um médico na reforma, aspirante (falhado) a escritor e rapaz que se julga dotado de um dom superior que lhe alimenta ideias infelizes e projectos falhados. Entre estes, está a integração de Grace na comunidade. Fico-me por aqui em relação a Dogville, esperando ter criado algum interesse neste fantástico filme sobre aquilo que é o ser humano e sobre as consequências que a falta de valores, a inveja ou a gula, acabam por ter, não só em quem pratica como também em quem os rodeia.

Na minha opinião, 10/10 (A). Um óptimo argumento e realização levados a cabo por Lars Von Trier (A) e uma óptima interpretação não só de Nicole Kidman (A) como também de Paul Bettany (B) e de Stellan Skarsgård (B).


Frase
: "There's a family with kids. Do the kids and make the mother watch. Tell her you'll stop if she can hold back her tears. I *owe* her that."


Trailer:


Informações Adicionais:
Direcção: Lars Von Trier
Argumento: Lars Von Trier
Produção: Vibeke Windelov
Fotografia: Anthony Dod Mantle
Desenho de Produção: Peter Grant
Tempo de Duração: 177 minutos
Ano de Lançamento (França): 2003