Dial P for Popcorn: maio 2013

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Pausa.

Caros leitores,

Decidi que chegou a altura de fazer uma pausa enquanto colaborador do Dial P for Popcorn. O trabalho na Faculdade tem aumentado consideravelmente, ano após ano, e isso retira-me não só tempo para ir a uma sala de cinema com a regularidade que tanto gosto (e que um blogue de cinema exige) mas também e acima de tudo, o trabalho infindável retirou-me alguma da paciência e força de vontade de que tanto preciso para aqui escrever. Reflecti sobre a decisão durante algumas semanas e percebi que não fazia sentido prolongar uma actividade da qual já não retiro a mesma alegria e a mesma diversão dos primeiros anos. O blogue continuará muitíssimo bem entregue ao Jorge Rodrigues e à sua vastíssima e interminável cultura cinematográfica, a grande mais valia deste blogue. Continua, por isso, em boas mãos. Retiro-me também do Círculo de Críticos Online Portugueses, um projecto da autoria do nosso amigo Tiago Ramos, que integrei desde o início com muito orgulho e que sei, continuará a crescer e a ganhar a merecida notoriedade.

Antes de terminar, gostaria apenas de vos transmitir a desilusão que sinto ao ler notícias como esta ("Cinema perdeu quase um milhão de espectadores"). O Cinema é, hoje em dia, um produto de luxo. Pedir 6€ por um bilhete de Cinema é insultuoso e só serve de repelente para uma população que, infelizmente, tem sido educada nos últimos anos à base de tele-novelas e filmes de "domingo à tarde". Se o bilhete de cinema custasse 2€, as Salas de Cinema estariam, provavelmente, bastante mais preenchidas. Ganhavam as distribuidoras (que deixavam de ter ruinosas sessões com salas de cinemas às moscas) e ganhava o povo português, que assim tinha a oportunidade de conhecer novas realidades, colorindo visões tacanhas e formatadas.

Quando se defende a Cultura em Portugal, nunca se fala do preço exorbitante do bilhete de Cinema. Secalhar é altura de começar a pensar nisso.


Até Breve,

João Samuel Neves

sábado, 25 de maio de 2013

Weinstein, Harvey


As compras da The Weinstein Company para 2013:


As jóias da coroa (pura caça ao Óscar), por assim dizer, serão "August: Osage County", grande candidato aos Óscares, com Meryl Streep e Julia Roberts; "Grace of Monaco", biografia dos últimos anos de Grace Kelly, com Nicole Kidman; "The Butler", o novo filme de Lee Daniels ("Precious"), com Oprah e Forrest Whitaker a liderar um elenco de estrelas e a compra recente de "Philomena" de Stephen Frears, protagonizado por Judi Dench.


Dos festivais comprou "Fruitvale Station", vencedor do Grande Prémio do Júri de Sundance, com Octavia Spencer e Michael B. Jordan. e também em Sundance - e de visita a Cannes agora, tal como o anterior - adquiriu "Ain't Them Bodies Saints", de David Lowery, com Rooney Mara e Casey Affleck. 


Também a Cannes foi "Only God Forgives", o novo de Nicholas Winding Refn e Ryan Gosling ("Drive"), bem como o novo filme de James Gray, "The Immigrant", com Marion Cotillard, Jeremy Renner e Joaquim Phoenix e "The Grandmaster", filme sobre o advento das artes marciais, com Tony Leung e Ziyi Zhang, de Wong Kar Wai.

Engraçado vai ser ver quais destes vão valer a pena, quais vão ser postos de parte, quais vão chegar aos festivais e acabar enterrados e quais chegam aos Óscares. O meu dinheiro está em "Philomena" e "August: Osage County". O mais rápido a descartado, parece-me, é "Only God Forgives", dada a má recepção em terras francesas. E que pensam vocês?

O novo número 1 de 2013


A caminho de metade de 2013, chega a nº 1 o meu filme favorito de 2013. "No", de Pablo Larraín, consegue dos jurados do Círculo de Críticos Online Portugueses (CCOP) a pontuação de 8,43 (com duas notas 10, uma delas a minha) e assim, além de triunfar no mês de Abril, assume a liderança da tabela dos melhores filmes do ano. Escusado será dizer - merecido. O pódio mensal é partilhado com "Los Amantes Pasajeros" de Almodovar e "Faust" de Sukurov. Boa companhia para se estar.

Podem consultar no blogue oficial do CCOP as listas deste e de outros meses.


O filme mais bonito do ano, pelo menos.




Belíssimas críticas em Sundance e Cannes. Está na minha lista dos mais antecipados do ano. A ver se é desta que Bradford Young consegue a nomeação aos Óscares. It's about time.

domingo, 12 de maio de 2013

A Take está de volta! Cannes! CCOP! Leitura imperdível.



De volta um dos projectos queridos da blogosfera, a revista Take Cinema Magazine. Nesta edição - a 30ª - é dado o devido destaque ao Festival de Cannes, com colaboração do CCOP, do qual somos membros.

Parabéns à equipa Take pelo belo trabalho, que pode ser visto online AQUI
E agora já sabem, pessoal, toca a ler.

sábado, 11 de maio de 2013

"Fruitvale Station", sensação de Sundance, já tem trailer


Depois de aqui já termos falado do potencial de "Fruitvale" - agora "Fruitvale Station", título oficial - aquando da vitória em Sundance, eis que a película de Ryan Coogler recebe o seu primeiro trailer:


Entre isto, "The Butler" de Lee Daniels, "The Immigrant" de James Gray e "August: Osage County" (mais "Grace of Monaco", "Snowpiercer", "Mandela", "Grandmasters", "The Sapphires"), parece que os Weinstein vão ter mais uma bela época de prémios.


Meryl. Obrigatório, claro.




"August: Osage County" seria sempre um íman de prémios, uma vez que é a adaptação de uma das peças mais criticamente aclamadas dos últimos anos (e premiada com um Pulitzer em 2008). O que torna a coisa mais interessante é que a adaptação foi feita pelo próprio autor, Tracy Letts e terá realização a cargo de John Wells que não provou nada no mundo no cinema ainda ("The Company Men", o seu mais recente filme, foi um aborrecimento) mas em televisão é um senhor (de "E.R." a "Shameless").

Com o elenco que reuniu - Meryl Streep, Julia Roberts, Ewan McGregor, Juliette Lewis, Margo Martindale, Abigail Breslin, Sam Shepard, Chris Cooper, Dermot Mulroney, Benedict Cumberbatch e Julianne Nicholson - difícil é falhar. 

E gente, não se preocupem - o tom da peça é muito deprimente e de certeza o filme assim será; mas convém "vender" bilhetes não é?

Da minha parte, um mandatório sim, até porque a Meryl eu vejo em tudo. E este papel (tal como o da Julia) é qualquer coisa de espectacular.


quarta-feira, 8 de maio de 2013

Ninho de Cucos (X)

Por vezes, a motivação para ver cinema é distorcida pela contextualização que as últimas memórias são capazes de suscitar, nomeadamente quando são traumáticas o suficiente para condicionar um reflexo de repulsa por novas experiências que queiramos planear. Foi essa a impressão com que fiquei nos últimos tempos, depois de penitenciar os meus olhos com o desastre "2010, the Year we make contact", a infame sequela do clássico de Kubrick "2001, A Space Odyssey". Náusea está longe de ser uma sensação traumática, mas quando uma pessoa se dá ao luxo de habituar o espírito a ser mimado por grandes obras, é natural que uma mariquice destas seja conceptualizada como um rude golpe.

Contudo, o problema que surge quando um espectador se depara com um caso destes não necessita de todo de chegar a este ponto. Felizmente para a nossa espécie, o todo-poderoso dotou-nos da capacidade de abandonar uma sessão ao nosso critério e quando bem nos apetecer. E muitas vezes o que complica é perceber quando é que nos apetece. Perceber que um filme não nos agrada não é tarefa difícil, como é óbvio, mas decidir se estamos dispostos a prescindir do resto dele com base no que vimos até então é, sim, uma questão que pode parecer irresolúvel! 


Mas também pode não o ser. Obviamente que depende sempre da pessoa e do filme em questão, mas a regra de ouro é: numa situação em que um filme necessite de uma atenção forçada para o continuarmos a visionar, a probabilidade é que, independentemente da qualidade do desenrolar do mesmo, o desenlace dos acontecimentos não venha a compensar esse esforço que a paciência se vê obrigada a exercer, trazendo toda uma conotação negativa à conceptualização da experiência cinematográfica.

Por outro lado, há ainda uma outra dimensão que é fulcral na decisão: o tempo. É fácil compreender que quanto mais longo for o filme, mais hipóteses terá de ver abandonado o seu visionamento por um espectador insatisfeito, enquanto que, por contraposição, um filme com menos de 2 horas terá, teoricamente, muito menor dificuldade em manter um espectador cativado, evitando toda esta problemática. Como é lógico, não há um limite máximo de duração para uma longa-metragem; o problema é que a débil mente humana tem um "attention span" que não lhe permite manter a atenção por horas a fio. No entanto, a capacidade de síntese, embora muito estimulada no nosso sistema de ensino, não parece ser uma virtude muito distribuída nos meios cinematográficos, onde dá impressão de nem sequer ser considerada uma virtude.

Ainda assim, sendo o cinema uma máquina de milhões, há sempre alguém que tenha olho para o negócio. Um desses casos é o universo dos filmes Disney. "O Rei Leão", "Hercules", "Aladdin" são todos grandes exemplos que marcam gerações, todos sob a alçada da fórmula vencedora do filme de 90min. Evidentemente, não é a curta duração que torna estes filmes tão apetecíveis e intemporais, mas olhando para o público-alvo destes filmes como versões com maior capacidade de distração do que um adulto facilmente se percebe que este elemento é necessário. E, acrescentando ainda filmes mais recentes da era 3D como Toy Story, Nemo, Up, etc., não é difícil de concordar que esta fórmula do filme moralista, curto e de narrativa simples resulta tão bem no adulto como nos mais novos.


Mas, mesmo fora da animação, há bons exemplos. Juntar um grupo de grandes actores e fazê-los contracenar em meia dúzia de cenas é outra combinação de grande sucesso, como atestam "Reservoir Dogs" ou "12 Angry Men", cujo carácter marcante é atingido pelo poder do diálogo e do choque da circunstância criminal, empregues de forma sublime numa narrativa tão intensa e proeminente, que não necessitam de mais de 100min para completar a sua rodagem.

O documentário, que geralmente não precisa de tantos minutos como o resto dos filmes, é mais um dos que entram neste lote. Boas fitas dos últimos anos, como o multigalardoado documentário sobre a vida do campeão brasileiro de Fórmula 1 "Senna" ou o vencedor do Óscar de melhor documentário de 2011 "Inside Job", representam magnificamente a ideia de que temas mais complexos do que inicialmente parecem podem perfeitamente ser retratados de forma exímia, num período de visionamento que não exija ao espectador perder metade de uma tarde ou deitar-se às quinhentas.



Outros filmes menos convencionais, como "Waking Life" (um sumarento trabalho sobre o sonho), "Palombella Rossa" (onde o comunismo se funde com o Polo Aquático sob a hilariante alçada de Nanni Moretti) ou "The Big Lebowski" (onde o lunático Steve Buscemi é a única personagem normal do filme), podem servir ao meu exemplo e muitos outros ainda caberiam, lembrasse-me eu deles. Mas o argumento está feito: dado que a duração é uma importante variável para a decisão do espectador que não sabe se quer ver o filme até ao fim, seria agradavelmente útil que as longas-metragens deixassem de ser tão longas, ou pelo menos que o filme de 1h30-2h deixasse de ter tão pouca utilização. É óbvio que filmes como "The Godfather" ou "Django Unchained", grandes no sentido literal e simbólico, não poderão ser postos nesta discussão. A riqueza das histórias e, acima de tudo, o produto final com todas os seus pormenores e envolvência artística devem sobrepor-se a qualquer limite temporal, sem desprimor, contudo, da arte própria em que consiste o condensar de uma história.

Gustavo Santos

sexta-feira, 3 de maio de 2013

OS FILMES QUE NÃO VAI QUERER PERDER! - MAIO/JUNHO

Terminadas as estreias em atraso dos melhores filmes de 2012 e com os principais festivais europeus prestes a começar (Cannes arranca já dia 15 de Maio!), nos próximos meses vamos ter muito cinema mau, muito filme que não vai justificar o dinheiro do bilhete que vai pagar, muito filme que o vai fazer sentir-se roubado, defraudado e descaradamente enganado. 

Por isso mesmo, decidi juntar aqui alguns dos filmes que, durante os próximos meses, vão passar pelos cinemas portugueses e que, garantidamente, não vai querer perder. Para não confundir o leitor, e também porque algumas das estreias de Julho, Agosto e Setembro ainda estão por confirmar, começo com uma pequena lista com aquilo que poderá contar nos próximos dois meses. Uma aposta pessoal:




THE GREAT GATSBY 
Estreia dia 16 de Maio







BEYOND THE HILLS
Estreia dia 30 de Maio








BEFORE MIDNIGHT
Estreia dia 6 de Junho







STAR TREK - INTO DARKNESS
Estreia dia 6 de Junho







NOW YOU SEE ME
Estreia dia 13 de Junho







THE PLACE BEYOND THE PINES
Estreia dia 27 de Junho







MAN OF STEEL
Estreia dia 27 de Junho