Dial P for Popcorn: setembro 2011

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

LE CONCERT (2009)



Aproveitando a óptima colecção de cinema independente que o jornal Público junta, todas as sextas-feiras por mais 1,95€, como o seu jornal, tive oportunidade de ver um filme extremamente tocante e sentimental. Embora já tivesse recebido boas opiniões sobre o filme, confesso-me surpreendido pela qualidade do mesmo. Le Concert é um filme sobre a obsessão pela concretização de um sonho, a obsessão por recuperar uma vida roubada de uma forma cobarde, a obsessão por voltar uma página magoada e ressentida de um passado longínquo.


Andrey Filipov (Aleksey Guskov - com uma interpretação marcante), trabalha como empregado de limpeza de um decrépito Bolshoi, uma orquestra que em tempos coordenou, mas cuja qualidade já viu dias melhores. Trinta anos passaram desde a fatídica noite, em que o governo comunista invadiu o palco onde Andrey orientava uma peça de Tchaikovsky, e destruiu a carreira de um maestro e de uma orquestra considerados brilhantes. Aproveitando a sua condição e a circulação livre e privilegiada pelos corredores do Bolshoi, Andrey descobre um convite para a orquestra actuar no famoso Châtelet Theater em Paris. Assustado com a ideia de uma representação tão ridícula como a da actual orquestra do Bolshoi, Andrey enche-se de coragem e decide reunir a sua antiga orquestra para terminar a peça que para sempre, na sua cabeça, ficou inacabada: O Concerto de Violino em D Maior de Tchaikovsky.


Uma preparação extremamente hilariante, que proporciona ao espectador uma constante animação e imprevisibilidade, cativa uma saudável empatia para com algumas das personagens e expõe-nos alguns dos segredos por detrás das magestosas orquestras e das transcendetes criações de Tchaikovsky. O filme conta ainda com a participação de uma das grandes promessas do cinema francês, Mélanie Laurent, com uma personagem importantíssima em toda a dinâmica da história e que se torna uma mais valia na qualidade do filme. Divertido, emocionante, criativo e arrojado. Pagar 1,95€ por Le Concert foi um dos melhores negócios cinematográficos do meu ano.
Nota Final:
B+/A-



Trailer:





Informação Adicional:

Realização: Radu Mihaileanu
Argumento: Radu Mihaileanu
Ano:
2009
Duração:
118 minutos

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

HORRIBLE BOSSES (2011)





"You can't win a marathon without putting some band-aids on your nipples! "


Hilariante, imprevisível e original. Horrible Bosses é uma comédia tipicamente americana, com um nível superior àquilo a que esse país do "cinema" nos habitua anualmente, mas que vale a pena o dinheiro do bilhete do cinema. A boa disposição é garantida, mesmo para os mais cépticos.


Três chefes terríveis, que atormentam os seus funcionários com chantagens e ameaças, são o ponto de partida. Nick Hendricks (Jason Bateman) é um empenhado e eficiente funcionário num dos muitos escritórios deste mundo. Trabalha com afinco, diariamente, para conseguir a tão ambicionada promoção a vice-presidente da sua empresa. Dale Arbus (Charlie Day - a melhor interpretação do filme) é um homem cujo único sonho era o de ser um bom marido. Atingido esse objectivo, empregou-se como ajudante de uma dentista ninfomaníaca que constantemente o convida para aventuras sexuais. Kurt Buckman (Jason Sudeikis) é um homem feliz no seu emprego, até ao dia em que o seu adorado chefe falece e deixa todo o seu legado a um caprichoso e inconsequente filho.


Amigos de longa data, e após várias horas de reflexão com diversa cerveja à mistura, os três companheiros decidem que não têm outra alternativa: terão que matar os seus chefes para poderem garantir alguma sanidade mental. E a partir daí um filme que não parecia nada convidativo, transforma-se numa sucessão de momentos que têm tanto de surpreendente como de divertido, e que eu arrisco escrever, vão também convencer o leitor. A juntar a estes trio de grande nível, Horrible Bosses conta ainda com Kevin Spacey, Jamie Foxx e Colin Farrell em três interpretações bastante singulares. Uma das melhores comédias de 2011.


Nota Final:
B+



Trailer:




Informação Adicional:

Realização:
Seth Gordon
Argumento: Michael Markowitz
Ano: 2011
Duração
: 98 minutos

domingo, 25 de setembro de 2011

CRAZY, STUPID, LOVE. (2011)


"I'm going to help you rediscover your manhood. Do you have any idea where you could have lost it?"

Um filme que faz jus ao seu título. Cenas completamente estúpidas, momentos loucos e a emoção dos diversos amores do filme constroem mais um filme de domingo à tarde. Não justifica o bilhete de cinema que paguei para o ver, mas também não defrauda por completo. As poucas expectativas que tinha para o filme de Glenn Ficarra e John Requa era a sua nota sobrevalorizada do imdb.com (7,8). De resto, já sabia para o que ia e não fiquei totalmente desiludido. Houve momentos (sim, aqueles entediantes clichés cinematográficos deram-me cabo do juizo) em que me apeteceu levantar e mandar o filme passear. Mas, paradoxalmente, houve também meia dúzia de momentos surpreendentes e irracionalmente divertidos. Ri a bom rir, a ponto de esquecer os piores momentos do filme.


Emily Weaver (Julianne Moore) decide divorciar-se do derrotado e conformado Cal Weaver (Steve Carell), que descuidou o amor e o romance do seu casamento e se vê fora do seu lar com o peso da traição da sua esposa (segundo Emily, mais do que justa) com o seu colega de trabalho David Lindhagen (Kevin Bacon). Derrotado, vencido pela dor, começa a frequentar um bar onde as suas mágoas não passam despercebidas a um bem sucedido e sedutor Ryan Gosling, que, no meu entender, demonstrou algum desconforto num papel e numa personagem pouco habitual no seu currículo. Ryan Gosling é Jacob Palmer, um jovem que conquista uma mulher diferente todas as noites e que decide ajudar Cal a sentir-se um homem novo, a mudar a sua imagem e a ultrapassar a dor da separação. Nesta história, cabe ainda a jovem Hanna (Emma Stone), uma estudante de direito, empenhada e esforçada, que vive na ilusão de um casamento de sonho com o milionário Richard (Josh Groban).


Um elenco de óptima qualidade, que garante sólidas interpretações num filme com momentos demasiado maus. Esta montanha russa de emoções e de qualidade, forçam-me a cotar o filme com um C+, uma nota que não reflete a boa edição do filme. Vale a pena ver Crazy, Stupid, Love? Sim, mas só num domingo à tarde, em casa e sem que tenha de pagar para o ver.


Nota Final:
C+


Trailer:




Informação Adicional:
Realização: Glenn Ficarra, John Requa
Argumento: Dan Fogelman
Ano: 2011
Duração: 118 minutos

sábado, 24 de setembro de 2011

IT'S ALWAYS SUNNY IN PHILADELPHIA - SEASON 7


Depois de uma sexta temporada péssima, It's Always Sunny in Philadelphia, desde há muitos anos uma das minhas séries favoritas dos Estados Unidos, está de regresso para a sétima temporada, que conta já com dois episódios. Aqui fica o anúncio promocional. No final, farei aqui a minha análise.


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

MANHATTAN (1979)



"I think people should mate for life, like pigeons or Catholics."


Manhattan é uma verdadeira obra de arte sobre o mundo cosmopolita. Um dos melhores filmes da carreira de Woody Allen, onde se entrega de corpo e alma na realização, na criação do argumento e na interpretação principal como Isaac, um argumentista de séries televisivas transformado num improvável sedutor, capaz de conquistar as mulheres pela inteligência das suas ideias e pela perspicácia das suas conversas.


Manhattan, "o coração de Nova Iorque", é um verdadeiro rebuliço de nações. Um rebuliço quase artístico, inspirador para muitos dos pensadores da nossa sociedade, um local mágico para os amantes do fervilhar das cidades. Isaac é um quarentão divorciado, a viver um romance de circunstância com a jovem Tracy (Mariel Hemingway), uma inocente rapariga, menor de idade e que se perdeu de amores pela intrigante personagem que é Isaac. Grande amigo e companheiro do casal Yale, um famoso e bem-sucedido professor universitário que vive um inesperado affair com a sofisticada Mary (Diane Keaton), Yale confessa a Isaac a angústia de esconder e viver uma relação proibida.


É quando se desloca até um museu com Tracy, que Isaac conhece pela primeira vez Mary, que o irrita profundamente com a presunção das suas ideias e o desprezo permanente pelas opiniões divergentes da sua. Numa mescla interessante de sentimentos, Isaac acaba por descobrir novamente Mary, por mero acaso, e uma jovial amizade nasce depois de várias horas na companhia um do outro. Companhia essa que acaba por ser partilhada durante grande parte do filme, numa constante troca de ideias e reflexões sobre as relações fugazes da cidade que nunca dorme, o drama da solidão e a dor da rejeição. Manhattan é hoje, como em 1979, um filme actual. A sociedade agradece.


Nota Final:
A-



Trailer:





Informação Adicional:
Realização: Woody Allen
Argumento:
Woody Allen
Ano:
1979
Duração:
96 minutos.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

DAFA 2010: Melhores Cenas e Encerramento




Bem-vindos à primeira edição dos Dial A For Awards, a cerimónia de prémios de cinema do nosso blogue, Dial P For Popcorn. Iremos revelar, categoria a categoria, os nossos seis nomeados e três vencedores entre aqueles que foram, para nós, os melhores filmes de 2010.

(Se pretenderem ver os prémios para trás, cliquem AQUI)

Chegamos, com as categorias de Melhor Cena Inicial e Melhor Cena Final, ao fim da minha premiação dos melhores de 2010. Esperemos que para o ano corra melhor e que seja mais rápido e organizado. Vamos a MELHOR CENA INICIAL.


Melhor Cena Inicial:
ANOTHER YEAR
BLACK SWAN #2
I AM LOVE 
THE KING’S SPEECH
THE SOCIAL NETWORK  #1
THE TOWN #3

É preciso um realizador com muita confiança para principiar um filme, também ele, a transbordar de confiança. A cena inicial de The Social Network, uma troca acesa de ideias quase impossível de acompanhar, tamanha a rapidez, e as consequências que despoleta esta discussão são a porta de entrada perfeita para um grande filme. A abertura de Black Swan, com Nina a sonhar, uma vez mais, com o Lago dos Cisnes que um dia sonha dançar como primeira bailarina da companhia, é também ela uma entrada de sonho para um filme com um foco muito intenso na psique, no sonho, na ilusão da mente. Finalmente e embora "The King's Speech", "Another Year" e "I Am Love" tenham muito boas cenas de abertura, escolhi a de The Town para fechar o pódio, porque consegue ser reminiscente, quase instanteamente, de outra grande cena de abertura de um dos melhores filmes de acção da última década ("The Dark Knight") e, ao mesmo tempo, completamente irreverente e original.


Falemos agora da MELHOR CENA FINAL:


Melhor Cena Final
BLUE VALENTINE  
L’ILLUSIONISTE
RABBIT HOLE #3
THE GHOST WRITER #2
THE KIDS ARE ALL RIGHT 
TOY STORY 3 #1

Resumindo isto de forma muito simples: seis finais perfeitos. Um que me deixa em total estado de desespero ("L'Illusioniste"), com o seu protagonista finalmente a sucumbir e a aceitar que a sua arte, outrora tão querida, não é mais admirada como devia e a partir para outra. Outro ("Toy Story 3") que é tão perfeito e humano e real e faz doer tão profundamente e nos estupefacta - afinal, estamos a chorar por brinquedos? Dois finais previsíveis, expectáveis e até mesmo desejáveis ("Blue Valentine" e "Rabbit Hole") - o primeiro, porque só assim poderia terminar aquela relação, desprovida já de amor, de afecto, de união, só a filha resta como símbolo do amor que já lá vai; o outro, porque depois da calamidade, depois da negação, depois da frustração, vem a aceitação, a paz interior, a esperança em dias melhores. Depois vem o outro, um retrato perfeito da família moderna, uma cena imaculada retirada da nossa vida de todos os dias: os pais deixam o filho na universidade, o casal dá as mãos, a família está bem e unida. Finalmente e talvez o mais enigmático de todos ("The Ghost Writer"): um homem nada extraordinário é, por força das circunstâncias, silenciado. A sua morte, que iria revolucionar todo o secretismo patente no filme inteiro, porque finalmente havia descoberto o segredo,  acaba por deitar por terra a esperança do espectador em ver solucionado o mistério. A passagem do envelope entre as pessoas, o choque patente na cara do político, folhas a esvoaçar quando o carro atropela o escritor fantasma. Poético, assombroso, real. Uma cena brilhante.


Aqui termino, então, as festividades de 2010. Agradeço por me terem acompanhado ao longo de quase um ano. "The Social Network" foi o filme mais galardoado, com cinco vitórias, seguido de "Black Swan" com três. Cá ficam as contas finais:

Filme: THE SOCIAL NETWORK
Filme Português: JOSÉ E PILAR
Filme Estrangeiro: LOLA
Animado: HOW TO TRAIN YOUR DRAGON
Documentário: EXIT THROUGH THE GIFT SHOP

Elenco: THE KIDS ARE ALL RIGHT
Actor: BLUE VALENTINE (Ryan Gosling)
Actriz: RABBIT HOLE (Nicole Kidman)
Actriz Secundária: ANOTHER YEAR (Lesley Manville)
Actor Secundário: THE FIGHTER (Christian Bale)

Realizador: BLACK SWAN (Darren Aronofsky)
Argumento Original: THE KIDS ARE ALL RIGHT
Argumento Adaptado: THE SOCIAL NETWORK

Fotografia: I AM LOVE
Direcção Artística: THE GHOST WRITER
Guarda-Roupa: I AM LOVE
Maquilhagem: THE RUNAWAYS
Efeitos Visuais: INCEPTION
Efeitos Sonoros: INCEPTION
Edição: THE SOCIAL NETWORK

Peça Musical: BLACK SWAN (Perfection)
Banda Sonora: THE SOCIAL NETWORK
Banda Sonora Não-Original: TRUE GRIT
Canção Original: HOW TO TRAIN YOUR DRAGON

Poster: BLACK SWAN
Trailer: THE SOCIAL NETWORK

DAFA 2010: Melhor Realizador, Filme Estrangeiro, Filme Português e Filme




Bem-vindos à primeira edição dos Dial A For Awards, a cerimónia de prémios de cinema do nosso blogue, Dial P For Popcorn. Iremos revelar, categoria a categoria, os nossos seis nomeados e três vencedores entre aqueles que foram, para nós, os melhores filmes de 2010.

Mais três categorias, sobre as quais não me vou alongar muito. Vamos primeiro a MELHOR FILME ESTRANGEIRO. Esta foi uma categoria relativamente pobre este ano, devido aos poucos bons filmes estrangeiros que nos chegaram a Portugal. Ainda assim, consegui compilar uma lista de 6 nomeados e 4 finalistas. Apetecia-me nomear os dez, mas na verdade decidi que tinha de ser coerente e reduzi para seis apenas. De fora ficaram "Biutiful", "In A Better World", "Incendies" e "The Edge", todos merecedores de uma nomeação, mas que infelizmente tive que abandonar em detrimento das minhas seis escolhas. Os meus nomeados são:



DOGTOOTH
EVERYONE ELSE #3
I AM LOVE
L'ILLUSIONISTE
LOLA #1
WHITE MATERIAL #2


Quem viu a minha lista dos melhores filmes de 2010 teria que suspeitar que para aqui passariam os filmes estrangeiros lá mencionados e portanto não é surpresa nenhuma ver cá "Lola", "L'Illusioniste" e "White Material". De "L'Illusioniste" disse: "Os últimos momentos do filme, em que seguimos um desapegado mágico sem nada que o prenda à sua vida antiga deixar tudo e todos e partir com fim incerto, abandonando assim subitamente a arte que tanto promoveu por tantos anos, são de trespassar o coração com uma faca. O resto do filme não é igualmente fácil de engolir - uma incrível metáfora de como tudo na vida, inclusive os gostos e as pessoas, mudam". Sobre "Lola": "Uma história de luta, de sobrevivência, "Lola" é mais uma peça inolvidável que Brillante Mendoza nos traz.". De "White Material": "Paisagens apaixonantes, mensagem apolítica, enigmática e bizarra película. Mesmo pairando a sensação de perigo eminente e revolução, Isabelle Huppert aí continua, firme, serena e impávida, como se nada a deitasse abaixo. Um filme extraordinário. Uma interpretação prestigiosa.". Os outros três filmes foram paulatinamente aparecendo como nomeados em outras categorias. "I Am Love" é de uma qualidade técnica prodigiosa, uma estreia de sonho do realizador Guadagnino e com uma enorme interpretação de Tilda Swinton no seu centro. "Dogtooth" pode ser estranho, misterioso, difícil de compreender, mas é também uma peça formidável de cinema e um dos retratos mais impressionantes e irónicos que já vi do que é a paternidade e do efeito que os pais têm nos seus filhos. "Everyone Else" foi uma adição tardia à lista dos melhores do ano. Se eu o tivesse visto antes, teria aparecido nos meus melhores do ano. Ainda assim, veio a tempo de figurar em várias categorias. Mesmo não abordando nada de novo, "Everyone Else" conta a história do fim-de-semana deste jovem casal como se narrasse toda a sua vida conjunta, alternando tristeza, raiva, delicadeza, paixão, sensibilidade, fragilidade, humor, conflito, angústia com aparente leveza e facilidade, explicando-nos que a base de qualquer relação são, acima de tudo, os pequenos detalhes, que tão facilmente juntam duas pessoas como as separam.


Um certame ainda mais pequeno serviu de base aos meus nomeados para MELHOR FILME ESTRANGEIRO. Admito que não vi muito cinema português em 2010 e gostava de ter visto mais. Ainda assim vi cinema português suficiente para perceber que 2010 foi um ano algo atípico e, por isso, ímpar na história do nosso cinema. Cá estão os nomeados, os três galardoados internacionalmente e todos com aclamação crítica (optei por três nomeados apenas porque penso que não tinha base para votar em seis):


JOSÉ E PILAR #1
MISTÉRIOS DE LISBOA #2
O ESTRANHO CASO DE ANGÉLICA #3

Um dos meus nomeados é a obra épica - e última - de Raul Ruiz, "Mistérios de Lisboa", que condensa a prosa de lento passo e novelesca de Camilo Castelo Branco num monstro cinematográfico que nos consume, que nos incandesce e que nos persegue, do primeiro ao último minuto. Nenhum segundo é desperdiçado nas mais de quatro horas de filme. O outro nomeado é o nosso candidato aos Óscares de 2011, "José e Pilar", uma história de amor invulgar em formato de documentário, que narra a escrita do último livro de José Saramago, "A Viagem do Elefante" mas, mais do que isso, aborda de frente as fortes convicções e o temperamento difícil do Nobel português e, em simultâneo, nos faz perceber como foi fácil a Saramago apaixonar-se por Pilar. Finalmente, o meu terceiro nomeado é o mais recente filme do nosso velho mestre do cinema português, Manoel de Oliveira. "O Estranho Caso de Angélica" é enigmático mas encantador, simples mas puro e espiritual. Maravilhoso. Nunca a visão do sopro da morte foi filmada de forma tão bela.

Faltam duas categorias, possivelmente as mais importantes. Penso que, como até partilham bastantes semelhanças, vou anunciar as duas categorias juntas.




MELHOR REALIZADOR:

Darren Aronofsky, BLACK SWAN #1
Derek Cianfrance, BLUE VALENTINE
Ethan e Joel Coen, TRUE GRIT
David Fincher, THE SOCIAL NETWORK #2
Christopher Nolan, INCEPTION
David O’Russell, THE FIGHTER #3

Este ano, os Óscares acertaram em cheio nos nomeados. O único que eles nomearam e que eu não menciono aqui - aquele que, coincidência ou não, venceu - foi Tom Hooper ("The King's Speech"). De resto, estão cá todos: Darren Aronofsky, Ethan e Joel Coen, David Fincher e David O'Russell. Acrescentei a estes dois mestres máximos de controlo da atmosfera, do tom, da história, da direcção de actores e da realização: Derek Cianfrance e Christopher Nolan.

Se tivesse que falar de uma característica que trouxe cada realizador especialmente cá: diria que O'Russell está aqui pelo ritmo que imprimiu ao seu filme, Nolan pela mestria com que realiza o seu trabalho, Fincher pela confiança que transborda e que imprime no seu filme, os irmãos Coen pela qualidade inegável com que cozinham os seus filmes, Cianfrance pela naturalidade com que as cenas (e as interpretações) no seu filme surgem e se entrecruzam e finalmente Aronofsky pela sua extravagância e talento, bem exibidos em "Black Swan", do qual é sem dúvida para mim a parte mais forte. E é por este contributo tão valioso para o seu filme que é o meu vencedor ("Black Swan" não sairia assim nas mãos de mais ninguém).

E finalmente... MELHOR FILME. Não vou tecer grandes comentários, até porque já os fiz AQUI. Deixo-vos com os meus seis melhores filmes do ano e os meus três preferidos (se me seguem há algum tempo, saberão certamente quais são).



MELHOR FILME:

BLACK SWAN
HOW TO TRAIN YOUR DRAGON
BLUE VALENTINE
#2
THE FIGHTER
THE KIDS ARE ALL RIGHT #3
THE SOCIAL NETWORK #1
 
 

L'ILLUSIONNISTE (2010)



A história de um mágico francês, profundamente deprimido e solitário, que viaja pelo Reino Unido à procura de apresentações pouco convincentes dos seus dotes de magia, é o ponto de partida para uma belíssima e inesperada história de amor, que nos é dada a conhecer pela "mão" de um dos mais irreverentes e adorados realizadores/argumentistas europeus: Sylvain Chomet. Depois de ter surpreendido a sétima arte com Belleville Rendez-Vous, Chomet consolida o seu lugar com mais uma história fantástica, desenhada com um charme e uma classe apaixonantes, que o transformam, com toda a legitimidade, num dos realizadores de culto deste início de século. Não há ninguém com Sylvain Chomet no cinema e o que ele faz, mais ninguém consegue fazer.


Mais uma vez, tal como no seu primeiro filme, L'illusionniste é marcado por poucos diálogos. As emoções estão todas "no papel". Cada um dos desenhos, com os seus gestos, atitudes e emoções das personagens, conduzem a história de uma forma tão sentimental quanto melodiosa, transformando os seus breves oitenta minutos em pouco mais de cinco deliciosos minutos de cinema. L'illusionniste cativou-me. É uma história de um amor trágico (e infelizmente, já revelei mais do que pretendia) onde um decrépito mágico, abandonado pela sociedade e pela magia da vida, se arrasta pelo mundo sem objectivos ou desejos. Quando conhece a jovem Alice, que o segue depois de um espectáculo, aceita-a como amiga e acolhe-a como sua companheira de viagem. Alimenta-a e veste-a com bonitos e requintados mimos.


Toda a relação entre estas personagens é uma complexa incógnita. Por mais que se veja o filme, nunca ficarei totalmente esclarecido sobre os verdadeiros sentimentos que nutrem um pelo outro e o significado da dramática e inesperada cena final. Se o leitor gostou de Belleville Rendez-Vous, também vais gostar de L'illusionniste. Não o acho tão brilhante quanto o primeiro, mas é igualmente um óptimo pedaço de arte.


Nota Final:
A-



Trailer:





Informação Adicional:

Realização: Sylvain Chomet
Argumento: Jacques Tati
Ano: 2010
Duração: 80 minutos

terça-feira, 20 de setembro de 2011

ÚLTIMA HORA: Trailer de "J. EDGAR" de Clint Eastwood



Um dos filmes mais antecipados do ano - e tido como um dos principais candidatos às estatuetas douradas dos Óscares - recebeu há momentos o seu primeiro trailer. "J. Edgar", o novo filme de Clint Eastwood ("Mystic River", "Unforgiven", "Million Dollar Baby"), protagonizado por Leonardo DiCaprio, que interpreta J. Edgar Hoover, o director mais famoso da FBI, numa trama que narra os acontecimentos mais importantes da sua liderança do bureau. O filme conta ainda com outros grandes nomes no elenco, como Judi Dench, Naomi Watts, Armie Hammer, Josh Lucas, Ed Westwick, Stephen Root e Jeffrey Donovan e o seu argumento foi assinado por Dustin Lance Black (vencedor do Óscar de Melhor Argumento Original em 2008, por "Milk").

Apesar do filme não dar muitas pistas através do seu trailer, confesso que me deixou intrigado. Positivamente intrigado, algo que, tendo em conta a minha reacção em tempos recentes aos filmes de Clint Eastwood, é de fazer franzir o sobrolho. Parece desde logo que a forma como Eastwood vai explorar a relação de amor secreta entre Hoover (DiCaprio) e Tolson (Hammer) será de vital importância e realmente nota-se que DiCaprio poderá ter aqui o papel de uma vida; o mesmo digo de Armie Hammer, do qual pouco se vê nestes poucos minutos mas que aguça o apetite. Judi Dench - e não Naomi Watts, como adivinhávamos - é que dará, possivelmente, a interpretação secundária feminina de relevo, no papel da mãe de Hoover, Anna Marie. Finalmente, parece um filme feito para arrancar nomeações em várias categorias técnicas, das quais destaco obviamente a maquilhagem e a fotografia (de Tom Stern, nomeado para o Óscar em 2008 por "Changeling", do mesmo realizador).

Se pretenderem ver o trailer na melhor qualidade possível deixo-vos aqui o sítio oficial na Apple; para os mais preguiçosos a clicar em hiperligações, deixo-vos abaixo o trailer via Rope of Silicon:



"J. Edgar" estreia nos cinemas norte-americanos a 9 de Novembro. A sua distribuição está garantida em Portugal, com estreia a 26 de Janeiro de 2012.

Abaixo vos deixo algumas fotos via Entertainment Weekly e Just Jared:




segunda-feira, 19 de setembro de 2011

[ACTUALIZADO] EMMY 2011: Previsões e Vencedores


 


Depois de sabermos os vencedores dos TCA (Television Critics Association) (aqui) e dos Critics' Choice Awards (aqui), dentro de meia hora vamos conhecer os vencedores dos Emmy Awards 2011 (isto uma semana depois dos vencedores dos Creative Arts' Emmys terem sido anunciados), numa cerimónia transmitida na FOX (em Portugal na Sony Entertainment) e apresentada por Jane Lynch.

Entre os vários apresentadores das categorias temos nomes como Julianna Margulies, Gwyneth Paltrow, Amy Poehler, Rob Lowe, Will Arnett, Drew Barrymore, Maria Bello, Hugh Laurie, William H. Macy, Zooey Deschanel, Bryan Cranston, entre outros (podem consultar a ordem de apresentação e a lista de apresentadores completa aqui; só um dos nomes não foi anunciado, sendo mantido como surpresa - corre o rumor que será Charlie Sheen).

Nos artigos anteriores falei das categorias principais; aqui deixo as minhas previsões para os prémios de hoje (ordenadas pela ordem de apresentação dos prémios). Ao longo da cerimónia vou assinalando o que acertei e o que errei.

Actor Secundário - Comédia:
Ty Burrell, "Modern Family"

Actriz Secundária - Comédia:
Jane Lynch, "Glee"
Julie Bowen, "Modern Family"

Realização - Comédia:
Steven Levitan, "Modern Family" - "See You Next Fall"
Michael A. Spiller, "Modern Family" - "Hallowe'en"

Escrita - Comédia:
 Steven Levitan e Jeff Richman, "Modern Family" - "Caught in the Act"

Actor - Comédia:
Steve Carell, "The Office"
(Jim Parsons, "The Big Bang Theory")

Actriz - Comédia:
Laura Linney, "The Big C"
Melissa McCarthy, "Mike & Molly"

Competição - Reality-TV:
"The Amazing Race"

Escrita - Variedades:
"The Colbert Report"
("The Daily Show with Jon Stewart")

Realização - Variedades:
"Saturday Night Live"

Série - Variedades:
"The Daily Show with Jon Stewart"

Escrita - Drama:
"Mad Men" - "The Suitcase"
"Friday Night Lights" - "Always"

Actriz Secundária - Drama:
Margo Martindale, "Justified"

Realização - Drama:
"Boardwalk Empire" - "Pilot"

Actor Secundário - Drama:
Peter Dinklage, "Game of Thrones"

Actor - Drama:
Jon Hamm, "Mad Men"
Kyle Chandler, "Friday Night Lights"

Actriz - Drama:
Julianna Margulies, "The Good Wife"

Escrita - Mini-Série:
"Mildred Pierce"
("Downton Abbey")

Actriz Secundária - Mini-Série:
Maggie Smith, "Downton Abbey"

Actor - Mini-Série:
Edgar Ramirez, "Carlos"
Barry Pepper, "The Kennedys"

Realização - Mini-Série:
"Mildred Pierce"
("Downton Abbey")

Actor Secundário - Mini-Série:
Guy Pearce, "Mildred Pierce"

Actriz - Mini-Série:
Kate Winslet, "Mildred Pierce"

Mini-Série:
"Mildred Pierce"
("Downton Abbey")

Série - Drama:
"Mad Men"

Série - Comédia:
"Modern Family"

Este ano não faço nenhum liveblog portanto se alguém quiser seguir as minhas opiniões na cerimónia podem seguir-me no Twitter aqui.



   

EMMY 2011: Actor e Actriz - Comédia


 

Melhor Actriz - Comédia


Edie Falco, "Nurse Jackie"
Tina Fey, "30 Rock"
Laura Linney, "The Big C"
Melissa McCarthy, "Mike & Molly"
Martha Plimpton, "Raising Hope"
Amy Poehler, "Parks & Recreation"

Quem ficou de fora: Embora não seja uma comédia, o trabalho de Toni Collette esta temporada foi superior ao de todas estas actrizes - se bem que devia ser premiado na categoria de drama, não aqui. Como o ano passado, as duas roubadas são Patricia Heaton ("The Middle") e Courteney Cox ("Cougar Town"). Se a primeira não me chateia, até porque tem três Emmys já, a segunda é de me trespassar o coração. Vinte anos a trabalhar na indústria, duas séries de sucesso (uma de imenso sucesso) e continua a ser das poucas grandes actrizes da televisão sem uma nomeação no seu currículo.

Quem devia ganhar:Amy Poehler,  que é absolutamente brilhante e inesquecível como Leslie Knope sem nunca chegar a ser insuportável, algo que o seu tipo de personagem tende a ser.

Quem vai ganhar: Não há sequer outra possibilidade (a haver seria um dos mais gigantescos upsets da história da Academia) além de Laura Linney que com o piloto da sua série apresenta a personagem, deixa-nos entrar nas suas emoções e na sua dor e permite-nos avaliar, em primeira mão, o seu enorme talento enquanto actriz. Se formos pelo episódio em si, seria Martha Plimpton ("Say Cheese") ou Amy Poehler ("Flu Season") a vencer. A nomeação de Edie Falco (escolheu "Rat Falls") e Tina Fey (optou por "Double Edged-Sword"), tendo em conta o seu pedigree na indústria, não surpreende ninguém, pois são comodidades tidas em muita consideração e finalmente um prémio curioso para Melissa McCarthy (escolheu "First Date"), esta nomeação, pelo high-profile que a actriz teve todo o Verão à custa da sua série, do seu papel em "Bridesmaids" e do facto de anunciar as nomeações deste ano. Tudo isto culminou na sua nomeação e eu, que me recordava com alegria dela em "Gilmore Girls", fico feliz.

Melhor Actor - Comédia:


Alec Baldwin, "30 Rock"
Louis C.K., "Louie"
Steve Carell, "The Office"
Johnny Galecki, "The Big Bang Theory"
Matt LeBlanc, "Episodes"
Jim Parsons, "The Big Bang Theory"

Quem ficou de fora: Não sei que mais tem Matthew Perry ("Mr. Sunshine") de fazer para voltar a se estabelecer na televisão. Similarmente, qual é o problema da Academia com Jeff McHale? E só mais uma coisa: Matt LeBlanc? A sério? E Stephen Mangan, o verdadeiro protagonista da série, mil vezes melhor? Não? Já nem falo de Zachary Levi ("Chuck")...

Quem devia ganhar: Jim Parsons ou Louis C.K., os únicos verdadeiros comediantes da categoria. Se formos pelo episódio e mesmo até pela temporada, eu diria que Steve Carell merece ganhar.

Quem vai ganhar: Desde o momento que Steve Carell anunciou o seu fim em "The Office" e submeteu para avaliação "Goodbye, Michael" que o Emmy é dele.

EMMY 2011: Melhor Série - Comédia

 

MELHOR SÉRIE - COMÉDIA

THE BIG BANG THEORY
GLEE
MODERN FAMILY
THE OFFICE
PARKS & RECREATION
30 ROCK

Uma categoria sem grande história esta, com os regressos (todos esperados) de "30 Rock", que continua uma das séries favoritas da indústria, com 13 nomeações para a sua quinta temporada, "Modern Family" que é a nova coqueluche, premiada o ano passado com o Emmy de Melhor Comédia e este ano aumentou o seu total de nomeações para 17, o que só pode significar maior aprovação para a comédia que este ano levou com algumas críticas mas que continuou quase tão engraçada como na primeira temporada, "The Office", que está aqui, muito provavelmente, pela ainda grande fidelidade que a Academia tem a Greg Daniels e a Steve Carell, que está a despedir-se da televisão, para já e finalmente "Glee", que se tem tornado tão falada que até quase já mete impressão. A segunda temporada não foi assim tão boa, com altos e baixos, mas continua a não haver nada como a série em televisão e só por isso merece ser nomeada. A estas juntou-se finalmente (!) "Parks & Recreation", a melhor comédia em televisão hoje em dia e "The Big Bang Theory", que anda a ser prevista nesta categoria há três anos e só agora, à quinta tentativa, conseguiu ser nomeada. É, das seis, a série com mais seguidores, mais fãs e mais audiências.


Quem ficou de fora:
Acho que só "The Big C" se pode queixar de ter sido ignorado, porque esperava-se que conseguisse ser nomeado. "Nurse Jackie", nomeado o ano passado, também pode ter fãs queixosos. Já outros - fãs de "Community", "Cougar Town", "Chuck", "Raising Hope" ou "Bored to Death" - devem sentir-se felizes por conhecerem séries tão boas ou melhores até que a maioria dos nomeados e que a Academia teima em nomear. Os Emmys não são, no fim de contas, assim tão importantes.
Quem devia ganhar:
"Parks & Recreation", a melhor comédia na televisão.

Quem vai ganhar: 
Este ano é ainda mais certo que em 2010: "Modern Family" vai coleccionar mais uns troféus este ano.


Lista de episódios submetidos:

THE BIG BANG THEORY
"The Herb Garden Germination" e "The 21-Second Excitation"
"The Justice League Recombination" e "The Engagement Reaction "
"The Love Car Displacement" e "The Agreement Dissection"

GLEE
"Audition" e "Silly Love Songs"
"Original Song" e "The Substitute"
"Duets" e "Never Been Kissed"

MODERN FAMILY
"Old Wagon" e "Someone to Watch Over Lily"
"Mother's Day" e "Caught in the Act"
"Manny, Get Your Gun" e "The Kiss"

THE OFFICE
"Andy's Play" e "China"
"PDA" e "Threat Level Midnight"
"Garage Sale" e "Good-Bye Michael" 

PARKS AND RECREATION
"Flu Season" e "Ron and Tammy: Part Two
"Fancy Party" e "Harvest Festival"
"The Fight" e "Li'l Sebastian"

30 ROCK
"When It Rains, It Pours" e "Live Show (West Coast)"
"Reaganing" e "Double-Edged Sword"
"Operation Righteous Cowboy Lightning" e "TGS Hates Women"

domingo, 18 de setembro de 2011

EMMY 2011: Actor e Actriz - Drama


 

Melhor Actor - Drama:


Steve Buscemi, "Boardwalk Empire"
Kyle Chandler, "Friday Night Lights"
Michael C. Hall, "Dexter"
Jon Hamm, "Mad Men"
Hugh Laurie, "House, M.D."
Timothy Olyphant, "Justified"

Quem ficou de fora: Admitindo que realmente poderão haver fãs de Charlie Hunnam ("Sons of Anarchy"), Holt McCallany ("Lights Out"), Sean Bean ("Game of Thrones"), Peter Krause ("Parenthood") e Donal Logue ("Terriers"), penso que o único que se pode queixar verdadeiramente de ser excluído é Wendell Pierce ("Treme") - mas também, quem é que achava que ele ia mesmo ser nomeado? Ninguém que conheça a Academia, certamente.

Quem devia ganhar: Tendo em consideração que qualquer um destes que ganhar é merecido - e é a primeira vez, uma vez que Bryan Cranston, que este ano não está na corrida, venceu nos últimos três anos -, penso que Jon Hamm é o que tem o melhor episódio, a melhor interpretação e a melhor temporada.

Quem vai ganhar: Esta é uma corrida muito simples, porque desde sempre só teve dois vencedores possíveis: Jon Hamm ou Steve Buscemi. A segunda nomeação é prenda suficiente para Kyle Chandler (que escolheu "Always" para seu episódio), uma vez que embora ele seja impressionante no seu episódio, a Academia não o vai premiar sobre um dos dois favoritos mencionados acima. O mesmo se passa com Timothy Olyphant (escolheu "Reckoning"), que também é brilhante no seu episódio, mas que terá de se contentar com a nomeação, para já. Hugh Laurie e Michael C. Hall tinham ambos excelentes hipóteses de vencer, pois tinham os melhores episódios. Perderam de novo e este ano voltam à corrida pela sexta e quinta vez (Laurie com "After Hours" e Hall com "Teenage Wasteland") mas sem grandes possibilidades de vencer. Steve Buscemi tem como vantagem o facto de ser o estreante absoluto (Olyphant também conseguiu a primeira nomeação mas a sua série já existia o ano passado), de estar numa série da HBO, que conseguiu 17 nomeações além da sua e de ter vencido o SAG e o Globo de Ouro. Isto, como se sabe, vale de pouco nos Emmy - perguntem a Julianna Margulies, por exemplo - pois aqui os episódios é que contam. Buscemi é muito bom em "Return to Normalcy", é verdade, mas Jon Hamm bate todos em "The Suitcase", que devia ser exibido em toda e qualquer aula de representação. Ele e Moss são absolutamente perfeitos. E com isto... eu acho que vai ser Jon Hamm a vencer.


Melhor Actriz - Drama:


Kathy Bates, "Harry's Law"
Connie Britton, "Friday Night Lights"
Mireille Enos, "The Killing"
Mariska Hargitay, "Law & Order: Special Victims' Unit"
Julianna Margulies, "The Good Wife"
Elizabeth Moss, "Mad Men"


Quem ficou de fora: Como sempre, Mariska Hargitay é de novo premiada pela sua mediocridade; felizmente, Kyra Sedgwick, depois de vencer, já não o foi mais (como eu havia previsto num artigo há dois anos, por esta mesma altura, em que disse que para ela deixar de ser sempre nomeada bastava ganhar uma vez). Com Hargitay vai passar-se o mesmo quando ela vencer para o ano quando abandonar de ver "L&O: SVU" (ela já tem uma vitória). Para o lugar de Glenn Close entrou outra estrela de Hollywood: Kathy Bates. Ao contrário de Close, Bates tem um programa péssimo. Mas tem David E. Kelley do seu lado. Enfim. De fora ninguém importante ficou - ou melhor, ninguém que eu esperasse que pudesse ser nomeado sem ser Sedgwick. Jennifer Beals ("The Chicago Code"), Melissa Leo ("Treme"), Emmy Rossum ("Shameless") e Anna Torv ("Fringe") mereciam todas a nomeação acima destas senhoras mas, como era óbvio, tal não sucedeu.
Quem devia ganhar: Julianna Margulies é de longe a actriz mais multifacetada e dotada deste grupo que, por azar, tem uma personagem que reage muito pouco. Quase tão pouco como Mireille Enos. Contudo, a haver um vencedor pelos episódios submetidos, esse seria Elizabeth Moss.

Quem vai ganhar: Uma corrida a três também aqui. Connie Britton ("Always") e Mariska Hargitay ("Rescue") são boas nos seus respectivos episódios mas não têm suporte da indústria para vencer. Mireille Enos foi inteligente ao escolher "Missing" como seu episódio, pois é o único da temporada inteira em que ela se abre mais, demonstrando profundidade emocional e intensidade dramática, que falta à sua personagem nos restantes episódios. É o 'cavalo negro' da categoria. Depois temos a incógnita Kathy Bates. O prestígio, o passado de vencedora de Óscar, o facto de estar numa série de David E. Kelley são pontos a favor. Contra ela está a baixíssima qualidade da série e a sua interpretação (em "Innocent Man"), por muito boa que seja, não aguenta a falta de qualidade do enredo. O ano passado Margulies perdeu o Emmy à custa da sua horrorosa escolha de episódio. Este ano pode acontecer o mesmo, uma vez que embora "In Sickness" seja melhor escolha que a de 2010 e neste episódio ela realmente demonstre tudo aquilo que compõe a sua personagem e tem algumas cenas de choro e de confronto épicas com o marido, Elizabeth Moss rebenta a escala com "The Suitcase", no qual ela e Jon Hamm não têm falhas. Se fosse pelo episódio, Moss vencia (há que notar, no entanto, que mesmo com um excelente episódio, Moss não tem garantia de vitória, pois o ano passado perdeu para Panjabi sendo a favorita e a que tinha melhor episódio). Se a Academia olhar de facto para as temporadas e para o buzz... O Emmy não irá fugir de novo a Julianna Margulies. Que é quem eu prevejo que vença.


P.S. - Coincidentemente, este artigo marca a nossa 500ª publicação cá no blogue. Que venham mais 500, é o que se quer.

EMMY 2011: Melhor Série - Drama

 

MELHOR SÉRIE - DRAMA
BOARDWALK EMPIRE
DEXTER
FRIDAY NIGHT LIGHTS
GAME OF THRONES
THE GOOD WIFE
MAD MEN


Bem sei que esta é a categoria que menos queixas devia suscitar, até porque não houve nenhuma exclusão de relevo, por muito que alguns se possam queixar da falta de "Sons of Anarchy", de "Treme" ou de "Justified". Felizmente, "The Killing" não conseguiu ser nomeado e "Game of Thrones" sim. Infelizmente, "Shameless" não conseguiu ser nomeado mas "Dexter" sim. Esta seria a minha única grande queixa quanto a este elenco. Elenco esse que é composto por "The Good Wife", que voltou a conseguir ser nomeado no meio de tanta série por cabo, tendo-se juntado a ela este ano "Friday Night Lights", que recebe esta nomeação como um belo prémio de despedida. "Mad Men" retorna para tentar o quarto triunfo consecutivo o que, a acontecer, fará da série recordista de troféus consecutivos e, além disso, igualará outras três séries com quatro triunfos, o recorde actual detido por "Hill Street Blues", "The West Wing" e "LA Law". Sem surpresa, "Boardwalk Empire" carimba também presença nesta categoria, sendo uma forte ameaça - talvez a mais forte - à vitória de "Mad Men". Mais surpreendentemente, "Game of Thrones" também consegue ser nomeado para Melhor Série - Drama, algo que deve ter deixado os seus fãs extasiados. Por acaso, eu temia que tal não fosse suceder, devido a algum preconceito das Academias (tanto para cinema como para televisão) quanto a géneros alternativos (ficção científica, terror, fantasia). Finalmente, a completar a categoria está "Dexter" que, mesmo com uma quinta temporada bem mais fraca que as anteriores, consegue a quarta nomeação consecutiva.


Quem ficou de fora: 
"Treme", "Shameless" e "Justified" mereciam uma oportunidade, mas quem iria ser arrumado?

Quem deve ganhar:
"Mad Men" é a óbvia escolha, com a sua quarta temporada a ser tão ou mais forte do que a anterior. Uma palavra aqui para "The Good Wife": se "Mad Men" triunfar este ano de novo, batendo "Boardwalk Empire", como se espera e se "The Good Wife" continuar em crescendo de qualidade, caberá à série da CBS - e não à da HBO - o privilégio de potencialmente ser quem vai quebrar a hegemonia de "Mad Men", num ano bem próximo. Ou então "Breaking Bad", de volta à corrida em 2012.
Quem vai ganhar:
"Boardwalk Empire" era o favorito em Dezembro e de facto limpou os Globos de Ouro e os SAG à custa desse buzz. Contudo, nesta altura, a série já está esquecida e o buzz já é quase inexistente, sendo que tudo dependerá da resposta aos episódios e aos nomes envolvidos na produção. É, ainda, um nome fortíssimo a ter em conta, mas parece-me que esta corrida vai cair para o lado da AMC outra vez, com "Mad Men" a triunfar pela quarta vez. Cuidado, ainda assim, com "The Good Wife".


Lista de episódios submetidos:

BOARDWALK EMPIRE
“Boardwalk Empire” e “Anastasia”
“Nights in Ballygran” e “Family Limitation”
"Paris Green” e “Return to Normalcy”

DEXTER
"Circle Us" e "Take It!"
"Teenage Wasteland" e "In the Beginning"
"Hop a Freighter" e "The Big One"

FRIDAY NIGHT LIGHTS
"Fracture" e "Gut Check"
"Don't Go" e "The March"
"Texas Whatever" e "Always"

GAME OF THRONES
“Winter is Coming” e “The Kingsroad”
“A Golden Crown” e “You Win or You Die”
“Baelor” e “Fire and Blood”

THE GOOD WIFE
"Double Jeopardy" e "VIP Treatment"
"Nine Hours" e"Real Deal"
"Great Firewall"e "In Sickness"

MAD MEN
"Public Relations" e "The Chrysanthemum and the Sword"
"Waldorf Stories" e "The Suitcase"
"The Beautiful Girls" e "Blowing Smoke"

EMMY 2011: Actriz Secundária - Comédia e Drama



Melhor Actriz Secundária - Drama:




Christine Baranski, "The Good Wife"
Michelle Forbes, "The Killing"
Christina Hendricks, "Mad Men"
Kelly MacDonald, "Boardwalk Empire"
Margo Martindale, "Justified"
Archie Panjabi, "The Good Wife"




Quem ficou de fora: Só por não se terem esquecido de Margo Martindale nem merecem que eu me queixe. Penso também que não houve nenhuma exclusão gritante, se bem que adeptos de "Treme" poderão queixar-se por Khandi Alexander, adeptos de "Southland" por Regina King, adeptos de "Parenthood" por Mae Whitman e Monica Potter e os fãs de "Game of Thrones" por Emilia Clarke e Maisie Williams. Sinceramente, a omissão que mais me incomoda é a de Kiernan Shipka ("Mad Men") porque apesar de eu amar Christina Hendricks de coração foi Shipka que mais adicionou à série esta temporada. Que prodígio esta actriz infantil.

Quem devia ganhar: Não há grande discussão a haver aqui, pois Margo Martindale e Archie Panjabi estão bem acima das restantes nomeadas. E mesmo entre as duas, a interpretação de Martindale é colossal demais para estar em competição com alguém. Foi a melhor performance do ano em qualquer categoria, masculina ou feminina.

Quem vai ganhar: Para mim, é uma clara luta a três. Penso que Hendricks (escolheu "The Summer Man"), mesmo tendo vencido o Critics' Choice este ano, vai ter que esperar mais algum tempo para triunfar nesta categoria. O mesmo terá que ser dito de Baranski (optou por "Silver Bullet") que a juntar ao pouco tempo de ecrã não tem muito a fazer quando a câmara se foca nela. Depois temos Forbes, finalmente nomeada ao fim de tantos anos de trabalho de qualidade em televisão, que escolheu o piloto de "The Killing". Numa categoria mais fraca - sem Martindale, portanto - seria uma ameaça a temer. Assim sendo... O rótulo de novidade vai inteirinho para Margo Martindale (seleccionou "Brother's Keeper") que consegue, com a sua interpretação da sinistra e mafiosa Mags Bennett, ser temerosa e temerária, vulnerável e implacável, tudo em simultâneo. Brilhante. Se Martindale não vencer, será Panjabi, em princípio, que coleccionará novo Emmy. Ninguém apostava nela o ano passado e ela venceu. Este ano, o caso é bem diferente, pois é ela a favorita e a sua escolha de episódio ("Getting Off") comprova-o. E depois temos o curioso caso de Kelly MacDonald que quando a sua série terminou em Novembro era a favorita a vencer. Até chegar Martindale. Ainda pode ganhar, até porque o seu episódio é excelente e beneficia-a imenso ("Family Limitation") e ela até é anterior vencedora mas eu diria que Martindale roubou o buzz que tinha.

Assim, Margo Martindale é a minha previsão, com Archie Panjabi bem perto como outsider para vencer.


Melhor Actriz Secundária - Comédia:


Julie Bowen, "Modern Family"
Jane Krakowski, "30 Rock"
Jane Lynch, "Glee"
Sofia Vergara, "Modern Family"
Betty White, "Hot in Cleveland"
Kristen Wiig, "Saturday Night Live"

Quem ficou de fora: Bem sei que era impossível excluir Betty White da lista e consigo encontrar razões para Krakowski (que eu adoro) e Wiig lá estarem também, mas alguém sinceramente acha que elas são das melhores actrizes secundárias de comédia em televisão? Ninguém vê "Cougar Town", "Parks & Recreation" e "Community"? E "The Big Bang Theory"? Tem mais de doze milhões de espectadores por episódio! Já nem falo de "Hung" ou até "Happy Endings" ou "Raising Hope". Ou até mesmo "Glee". Há gente de valor em "Glee", mais até que Chris Colfer! Enfim. Tão simples que era: Busy Philips, Aubrey Plaza, Alison Brie. E tudo mudava para melhor.

Quem devia ganhar: Uma coisa complicada de definir. Se me perguntam quem tem mais qualidade, eu diria Wiig ou Krakowski. Se me perguntam em termos de temporada, Sofia Vergara. Mas se formos pelo episódio, Julie Bowen. Que também teve uma óptima temporada. E por isso devia ganhar.

Quem vai ganhar: Tragicamente, teremos a interpretação menos cómica da categoria a levar o troféu. De novo. Por um episódio bem fraco. Falo, claro, de Jane Lynch. Se em "Funeral" lhe é permitido mostrar a sua qualidade como actriz dramática, Kristen Wiig decidiu dar uma ajuda e, ao submeter o episódio de "SNL" apresentado por Lynch, apresenta uma perspectiva totalmente diferente da actriz de "Glee", verdadeiramente divertida e enérgica. Além do mais, ela apresenta os Emmys este ano. Fácil de fazer cálculos, não é? Se ela não ganhar, Betty White - que era, até ao dia de hoje, a minha prevista vencedora - é quem vai coleccionar mais um troféu. White - de longe a melhor coisa que saiu de "Hot in Cleveland" - submeteu "Free Elka", onde ela envergonha a também anterior vencedora - e célebre actriz - Mary Tyler Moore. O 'cavalo negro' da categoria é Julie Bowen. Seria Sofia Vergara - se esta soubesse escolher episódios (voltou a optar, tal como fez em 2010, por um episódio em que a sua personagem não só é insuportável, mas também pouco cómica). Este ano, teve ainda a particularidade de com  o seu episódio ("Slow Down Your Neighbours") ajudar a colega Bowen a fazer boa figura, ela que já tinha impecavelmente escolhido "Strangers on a Treadmill" para avaliação pela Academia. De resto, não me parece que os quase cinco minutos de tempo de ecrã de Jane Krakowski em "Queen of Jordan" e a qualidade habitual de Wiig - que, indiscutivelmente, tem demasiado talento para esse medíocre programa - sejam ameaça à favorita, Jane Lynch.