Dial P for Popcorn: Retrospectiva Óscares: 2009

terça-feira, 27 de julho de 2010

Retrospectiva Óscares: 2009

Peço desculpa por só agora estar a pegar nesta rubrica que é originalmente de Domingo mas outros assuntos pendentes (Inception) obrigaram a que tivesse de deixar todo o meu blogging para hoje. Mas cá vamos então. Como sabem, a retrospectiva dos Óscares vai servir para fazer um pequeno balanço das cerimónias, desde o ano mais recente (2009) para trás, avaliando os seus pontos bons e as coisas mais fracas. E é precisamente por 2009 que começamos.


A Surpresa: várias, na grande maioria desagradáveis, mas a maior terá sido, sem dúvida, o feito de "Up!" - ser o primeiro filme animado a ser nomeado para Melhor Filme desde "Beauty and the Beast" (1991) e ser o segundo do género em toda a história da Academia não é para todos. E é bastante merecido.

A Inclusão Mais Notória: poderíamos fazer aqui relevância ao elevado número de filmes de pequena dimensão a fazer parte dos 10 nomeados, como Precious, A Serious Man e District 9, mas se formos a ver a maior inclusão foi mesmo a de Jeremy Renner como Melhor Actor. É que apesar de muitos acharem meritória e até mesmo possível, poucos queriam apostar em seu favor. O que é certo é que o eventual grande vencedor da noite acabou por conseguir dar um empurrãozinho ao seu actor na lista.

A Exclusão Mais Significativa: mas alguém estava à espera de tanto mau-trato ao "Nine" e ao "Invictus"? É que nunca imaginei. E então os dois grandes candidatos fora da principal categoria? Já para não falar do shut-out feito a "The Lovely Bones" também? O ano não estava a favor.


O Mais Merecido: Jeff Bridges, também conhecido por "The Dude" dada a imortalidade que essa sua interpretação adquiriu, venceu Melhor Actor por "Crazy Heart", um papel bem abaixo da qualidade do intérprete mas mesmo assim suficiente para gerar uma campanha bastante favorável à sua vitória. A noite dar-nos-ia ainda mais dois excelentes vencedores na forma de Mo'Nique e Christoph Waltz. Os três mereceram mesmo os prémios todos que ganharam.

O Mais Imerecido: há algumas vitórias que me irritaram, mas essas são mencionadas apropriadamente mais à frente. O vencedor mais imerecido (mas que não deixa de ser minimamente bom) foi "El Secreto de Sus Ojos", que criminalmente venceu uma categoria onde existiam três filmes como "Un Prophète", "The White Ribbon" e "La Teta Asustada".

O Desnecessário: já sabemos o quão slut a Academia consegue ser com algumas das suas estrelas e por muito mau que um filme seja, elas, só pelo poder do seu nome e o estilo do papel, aterram na lista à mesma. É claro que me estou a referir a Helen Mirren e a Morgan Freeman principalmente, mas também a Stanley Tucci, Matt Damon e Maggie Gylenhaal, que apesar de conseguirem a sua primeira nomeação (Damon venceu um Óscar mas como argumentista; como actor foi pela primeira vez nomeado) tiveram interpretações bastante más nos seus respectivos filmes.

O Incompreensível: se houve decisão mais idiota por parte da Academia... por muito excelente que tenha sido Cruz em "Nine"... Será que ninguém reparou numa das melhores interpretações do ANO, via Marion Cotillard? Enfim.


A Desgraça: já se passaram 27 anos desde que Meryl Streep venceu um Óscar (em 1982, por "Sophie's Choice"). Ainda assim, não se vê ninguém nos mídia que durante estes 27 anos tenha decidido fazer campanha para Streep vencer o seu terceiro. Contudo, estão sempre prontos a fazer campanha por qualquer actriz rasca que por aí ande que os espante. Mais um ano, mais uma nomeação para Streep, por uma brilhante interpretação como Julia Child em "Julie & Julia". Ela já não deve saber o que há-de fazer para ganhar outro, uma vez que viu o seu troféu fugir para Sandra Bullock, uma actriz abaixo do medíocre que conseguiu um papel mediano em "The Blind Side". E como se já não bastasse, ainda conseguiu sacar uma nomeação para Melhor Filme. Haverá justiça no mundo?


O Pesadelo: mas essa não foi a pior vitória da cerimónia. A pior foi mesmo a derrota de "Up in the Air" na categoria de Melhor Argumento Adaptado. Um argumento inteligente, adequado à situação que vivemos, com caracterizações das personagens estupendas e cheias de complexidade, perde para uma miséria de argumento que foi de longe (ao lado da edição - ironicamente, também aí "Up in the Air" não nomeado mas "Precious" sim) a parte mais fraca do filme "Precious". Geoffrey Fletcher subiu ao pódio no que devia ter sido o momento de Reitman (as confusões que ele o seu parceiro Sheldon Turner originaram devem ter custado caro).

A Melhor Vitória: Sem dúvida, "Logorama" para melhor curta-metragem animada. É brilhante.



O Duelo da Noite: "The Hurt Locker" vs. "Avatar" foi um duelo (fictício, quase) criado pela imprensa e criado pelos Globos de Ouro (que estupidamente decidiram vomitar prémios ao filme do sr. James Cameron, só porque fez 2 milhões de dólares...) com dois filmes medíocres a chegar à cerimónia como os favoritos. Já disse e repito, não premiar filmes que viram clássicos (casos mais recentes: There Will Be Blood em 2007, Rachel Getting Married em 2008, Up in the Air em 2009) é um erro do qual se arrependem mais tarde (todo o mundo fica chocado quando descobrem que filmes como Citizen Kane, Brokeback Mountain ou The Thin Red Line não ganhou o Óscar, por exemplo). Enfim, vamos ao duelo da noite - se é que houve duelo: como já era de prever, "The Hurt Locker" passeou-se pelo Kodak Theatre e levou 6 prémios, só perdendo coisas que obviamente não tinha capacidade de ganhar: Renner (Actor), a banda sonora e - o que mais estupidamente me chocou - a fotografia (onde é que "Avatar" tem fotografia se é tudo gerado por CGI?! De qualquer forma, esse prémio, se não fosse para Avatar, iria sempre para "Inglorious Basterds").


E pronto meus caros, é isto. Domingo temos a retrospectiva de 2008. Só deixar umas notas finais:


Qualidade da cerimónia - B
Qualidade dos nomeados - B
Qualidade dos apresentadores (Steve Martin e Alec Baldwin) - B-
Qualidade da transmissão (TVI) - F



1 comentário:

DiogoF. disse...

A Surpresa: achei o UP! muito overrated.

A Inclusão Mais Notória: Sim, concordo, mas não acho que tenha sido por aí além. Mas pronto, só teria sido escandaloso se tivesse vencido.

A Exclusão Mais Significativa: Não achei Invictus nada de especial, mesmo. Já de Nine gostei bastante, mas aquilo gritava "CHICAGO!" por todos os lados. Anyway, tinha a "minha" Penélope, serei sempre suspeito. The Lovely Bones, penso que chegaste a ler a minha crítica, foi a minha desilusão do ano, logo, está tudo dito.

O Mais Merecido: Concordo.

O Mais Imerecido: Também concordo - gostei mais de White Ribbon e de Un Prophete. De qualquer forma, fiquei desolado por o Inglorious Basterds não ter vencido melhor argumento, mais desolado do que nesta situação.

O Desnecessário: Não achei má a prestação do Freeman, antes, muito insuficiente para um Oscar. O mesmo para o Damon. Tiveram pouco tempo de ecrã.

A Desgraça: Este era para a Mulligan e n~~ao quero saber que seja muito nova, ahah.

O Pesadelo: tirando a Mo'nique, tudo o que tenha a ver com Precious foi de vomitar.

N~~ao gostei, no geral.