"O Dial P For Popcorn tem o prazer de vos apresentar o nosso mais recente colaborador! Axel Ferreira, nosso colega e amigo, aceitou o convite para a elaboração de uma crónica quinzenal. Com uma visão peculiar e distinta da realidade cinematográfica, A Morte da 7.ª Arte deixa apenas uma promessa: Ninguém a poderá evitar."
Erudição Misógina
Adiam-se as forças, adiam-se as vontades, adia-se a vida. Esta é mais ou menos a maneira contemporânea de viver. Uma atitude que nos leva a não reconhecer erros nos paradigmas que nos são apresentados. Mas começar uma nova temporada de morte assim até sabe mal. Por isso há que dizer para quem quiser ler, sendo o cinema algo de mundialmente aceite, é o mais poderoso perpetuador da misoginia. E eu estou a incluir a própria igreja católica nos meus cálculos conceptuais. Pelo simples facto de esta última ser um meio de vida cada vez menos aceite e a partes largas ignorado pela larga maioria dos próprios católicos. Seria fácil dizer-vos isto e pouco mais, mas escrever apenas um parágrafo é algo de muita preguiça.
É factual que a maioria dos filmes é protagonizada por homens, mas isso é dizer pouco. Passemos apenas àquela maquia protagonizada por mulheres, e já aqui ficamos sem a larga maioria dos melhores filmes de sempre. Só dando o exemplo dos filmes do Stanley Kubrick, estes são quase exclusivamente sobre homens e como eles dominam mal o mundo e quando mete mulheres é só com o pretexto de uma obsessão sexual. Começando pelo clássico, quando antigamente tínhamos uma mulher como actriz principal era sempre uma princesa à espera do príncipe encantado, seja ele figurativo ou não. O paradigma deste tipo de filmes é o clássico da Disney, onde a mulher é retratada como algo indefeso que precisa de ser protegido e salvo com a sua meia-laranja de colans para ficar bem. Isto é o que mostramos às nossas crianças, aquilo que lhe mostramos como filmes perfeitos e saudáveis. As raparigas de tenra idade adoram ver a pequena sereia e a bela adormecida e querem ser princesas como elas, e quem as pode culpar se é o que lhe ensinam a querer ser de pequenas? Há que agradecer ao Walt o grande número de adolescentes à procura de um bom namorado robusto bastante mais velho. Ainda há uma grande tipologia de filmes mais actuais live action que exploram isto de uma maneira um pouco mais moderna, fazendo com que a miúda encontre um rapaz porreiro que faz algo estúpido, dá umas voltas com mais três ou quatro e depois volta ao original, o seu extremamente verdadeiro amor, e faz isto tudo sem perder a sua inocência original (há de facto que admirar a maneira como os argumentistas dão a volta às ideias). Não refiro o nome desses filmes por incapacidade de me lembrar dos nomes mas basta pensarem em meninas que com menos de vinte anos que andaram por aí a fazer filmes e às vezes também fazem música ou são presas por conduzir bêbadas ou são gémeas. Continuando a nossa odisseia, depois dos filmes onde a mulher é admiravelmente frágil e pura temos os filmes onde a mulher é demasiado estúpida para se livrar dos seus próprios problemas e fazer alguma coisa de jeito durante o filme inteiro (e aqui temos o grande Gone With the Wind onde resplandece o mais elaborado esquema do preconceito da mente feminina). Mas reparem que há exemplos extensos disto mesmo, com uma grande participação por parte do Almodovar que ainda não conseguiu perdoar as mulheres por existirem, e até existem por parte do Manoel de Oliveira com o seu Singularidades de uma Rapariga Loira. E já nem falo de filmes para necrotizar o próprio cérebro como é o caso do tal diário da gorda que tinha dois amores. Mas para culminar o excelente percurso temos o mais actual personagem feminino, a cabra homicida. O óbvio motivo seria o de ter uma mulher bastante jeitosa a dar pontapés e disparar contra uns tipos, algo que foi levado a um outro nível com o Kill Bill. E mesmo neste a mulher não é retratada como uma heroína, mas como um ser que apenas vive para a vingança. E é esta a base para o pensamento cinematográfico sobre a mulher, que só é capaz de grandes feitos quando é levada por sentimentos extremos como o rapto ou morte do filho ou coisa parecida (Changeling, Dancer In the Dark, Belleville Rendez-Vous, Flightplan e aquele outro filme que mete alienígenas também com esta tipa que já disse que só faz papéis que satisfaçam o seu standard feminista), nunca como um herói com um sentido de dever. E este pensamento é tão primitivo como o próprio mundo e actualmente aceite, quando assim dito, como completamente errado. Mas não é levado apenas neste sentido, tal como no Ran do grande Kurosawa, ela pode ser apenas um ardil manipulador que estraga todos os planos existentes e imagináveis, mas mais uma vez apenas por vingança.
Calma, ainda há esperança. Monster, duas lésbicas assassinas. Mary Poppins, como é uma ama tinha mesmo de ser mulher. Mary Reilly, sempre tão indefesa e cheia de pesadelos que até o ignóbil Mr. Hyde tem pena dela e a salva. Sister Act, mulher indefesa a fugir do ex-namorado super idiota (nunca percebi, nem quando era pequeno, era como será possível uma personagem destas ter estado com aquele tipo desde o início). Tomb Rider ou o Salt, uma desculpa para pôr uma gaja a dar pontapés e o último até tinha sido imaginado para o Brad Pitt. The Devil Wears Prada, bem se vais fazer um filme sobre mulheres no poder mais vale que meta roupa e coisas tais que elas saibam fazer. Princess Mononoke, selvagem e homicida que mesmo assim tem que ser salva por um homem. Natural Born Killers, cabra assassina mesmo vil que mesmo assim é salva pelo homem. Ghost In the Shell, até que é heroína mas afinal é um robô. Black Swam, mulher tão envolvida nos seus próprios problemas e tão estúpida que acaba por se matar. The Hours, epidemia da mulher indefesa, cheia de problemas e suicida repartida por três papeis diferentes (facilita bastante a vida de quem vê). Mrs. Doubtfire ou Tootsie, afinal é um homem. Todos os filmes onde a Marylin Monroe entrou, em que reencarna um papel de mulher indefesa que gosta de ir para a cama com muitas pessoas mas que é muito ingénua e inocente. La Vie en Rose, se vamos fazer um filme sobre uma mulher que fez alguma coisa da vida ao menos que seja biográfico, mesmo assim mais vale que esteja embriagada de homens e analgésicos. Até a Sofia Coppola resolveu fazer um filme onde as mulheres são todas suicidas porque estão cheias de problemas e são tão indefesas e agora até prefere fazer filmes sobre homens. Precious, mulher extremamente deformada com mais problemas psicológicos e mais indefesa que qualquer outra. Psycho, afinal morre e nem sequer é a personagem principal, de volta aos homens. Se começarmos com as séries então não acabamos mais, Nikita e V, uma desculpa para pontapés e uma cabra homicida. Até havia um manga japonês depois transformado em anime, chamado Elfen Lied, que exemplifica perfeitamente este problema de as mulheres sexis terem muitos problemas em não matar ninguém. Se alguém se der ao trabalho podem ir ver a primeira cena ao youtube, tenho a certeza que vão ficar maravilhados. Spirited Away e Fargo, bem, nestes acho que não tenho nada a dizer.
O salto ao próximo nível está próximo, a mulher como uma personagem principal é algo que ainda está a ser explorado e que vai surgir cada vez mais mas nunca pelo mainstream. O Trier é um explorador nato deste tipo de papéis e curiosamente é o único perseguido pelos grupos feministas que ainda não perceberam que politicamente incorrecto e misoginia são dois conceitos diferentes. Vendo o Anticristo, mesmo que seja uma sádica homicida é-o na exploração do papel da mulher moderna na sociedade onde ainda é interpretada como o pecado original. Mas não é isto que me interessa dizer-vos, o que eu espero que percebam é que quando alguém tenta fazer algo com qualidade sobre seja o que for, é perseguido mas o que é mainstream nunca é. O porquê não existe a não ser pela cegueira de pensar que, ou não são filmes sérios (primeiro erro, porque todos os filmes são sérios na perpetuação do preconceito), ou porque é aquilo que estamos habituados a ver desde os primeiros passos com a Disney e agora a Dreamworks. O que eu quero dizer é que os grandes culpados por isto continuar a acontecer somos nós que continuamos a ver todos estes filmes e nem sequer nos apercebemos que isto acontece. Não questionamos os paradigmas que nos foram apresentados desde que nascemos, não percebemos que aquilo em que nós acreditamos, algo tão pequeno como igualdade entre sexos, é posto em causa todos os dias e de uma maneira tão sistemática que até nós acabamos por integrar este dogma no nosso pensamento de maneira inconsciente. A maioria das diferenças que achamos que existem entre homens e mulheres foram coisas que vimos no cinema desde que o primeiro atrasado no mundo disse que os homens são de Marte e as mulheres de Vénus. Este acto de não pensar e questionar é anti-humano mas não é, e nunca será, anti-natural.
PS: Existe um tipo de filme em que as mulheres são quase invariavelmente as personagens principais (salvaguardando excepções óbvias). A parte menos espectacular é que são os filmes pornográficos.
PS: Existe um tipo de filme em que as mulheres são quase invariavelmente as personagens principais (salvaguardando excepções óbvias). A parte menos espectacular é que são os filmes pornográficos.
Axel Ferreira
19 comentários:
E é um facto que, para além de cinema misógino, também existe o "espectador misógino"...
E o comentador misógino...
Ora nem mais! Nem queiram saber o que eu penso acerca de O IMPÉRIO DOS SENTIDOS...
Bem escrito, bem argumentado, com um pé na ficção e outro na realidade e com um olho no burro e outro no cigano. A ironia é bem o atributo dos sábios. Fácil é depreender que o cinema está entregue aos canibais da inteligência. Digo-te isto com toda a sinceridade, uma tua crónica cinamatográfica vale bem mais do que a maioria dos filmes que por aí se produzem e realizam. Um forte abraço.
João Madureira
Foda-se! O Almodóvar e o Manuel (sic) de Oliveira são uns grandes misóginos (só falta para aí o Cukor nesta lista); a Sofia Coppola, pelos vistos, às vezes assina como Jeffrey Eugenides; o von Trier é que é está certo, porque é "politicamente incorrecto" (o guarda-chuva de todas as barbaridades) e "anti-mainstream" (portanto, um santo). Estou com o Sam, muito pior do que o cinema misógino é o espectador misógino (e um tanto cego).
O João L. não é misógino, é verborreico. O Sam não é, parece. Fora isso, percebem tanto de cinema como o Paulo Coelho de escrita.
Aos espalhafatosos recomendo o "Silêncio" de Bergman. E que lhes faça bom proveito.
JM
João Madureira, obrigado pelos elogios e conselho. Nunca tinha ouvido falar desse tal Bergman. Também é misógino? O que é que o Axel Ferreira pensará do artista? Esperarei ansiosamente pelo respectivo texto, que valerá, estou certo, mais do que todos os filmes, incluindo esse que me aconselha. Entretanto, vou lendo Paulo Coelho, para elevar o espírito.
O meu amigo deve de ir ao cinema, pois ler cansa muito. Divirta-se, gargalhe,pragueje e insulte. Isso sim, é que é a alma de um verdadeiro espetador. O resto é paleio.
Um abraço.
Não se afogue em pipocas e coca-cola. Modere-se.
Ironias à parte, gostava de saber de onde é que o caro João Madureira me conhece para fazer tão seguras considerações acerca dos meus gostos cinematográficos e literários.
Retribuo o seu conselho com outro: quem escreve num blog deveria estar consciente acerca das probabilidades de receber comentários pouco concordantes com o exposto num post, sobretudo um tão fracturante quanto este. É uma questão de princípio, nada de pessoal.
Já agora, acho estranho o autor do post não aparecer por aqui em sua "defesa". Em vez disso, temos a "protecção" de um comentador indeciso na forma e inseguro na identidade (João Madureira, J.mad, JM... em que ficamos?).
Não se pode "largar a bomba" sem esperar receber algum "estilhaço"...
Eu valho-me a mim próprio, quanto aos resto... vou ali e já venho. Eu não teria comentado sequer uma linha do seu desinteressante comentário se o João não o tivesse começado com uma expressão que diz muito de quem a escreve, assim sem mais. As palavras definem uma atitude, uma postura e o nível cultural de quem as escreve, ou a falta dele, obviamente. A mim não me chocam as asneiras tout court, choca-me a alacridade dos argumentos. E os seus são sonoros espirros de vacuidade. Aprenda a respeitar para ser respeitado. Neste país continua a existir todo a espécie de comentarista, mas poucos são os que escrevem artigos com ideias e uma estrutura de pensamento. O meu amigo limitou-se a ser indelicado, arrogante, evidenciando uma cultura cinematográfica muito limitada. Comentários como o seu devem ser enviados directamente para o caixote do lixo. Mas parece que resolveram publicá-lo. Gabo-lhes a tolerância. Quanto ao meu amigo, as palavras ficam com quem as profere. Pois que lhe façam bom proveito. Cuidado, não se engasgue.
João Madureira
JM,
Onde estão aqui as "ideias e uma estrutura de pensamento"? Realmente acredita que este texto é para ser lido e engolido em silêncio? É tão "genial" que só merece reverência e nenhum debate? Lamento, mas a blogosfera não funciona dessa maneira...
Há muito tempo que não encontrava um post assim tão "indelicado, arrogante, evidenciando uma cultura cinematográfica muito limitada" e, honestamente, escrito por alguém que não só deseja a "morte da Sétima Arte", como a das restantes oito.
E, por fim, tem toda a razão num aspecto: o último adjectivo que se pode empregar nos seus comentários é "respeito", logo merecem ser retribuídos no mesmo tom de discurso.
Cumps cinéfilos.
Caro Sam, dou por terminada a disputa. Um abraço.
JM
Idem.
Cumps cinéfilos.
João Madureira, caso não saiba (julgo que saiba e esteja apenas a aproveitar-se para um pouco da boa e velha vitimização), o "Foda-se!" não é um insulto, é tão-só uma interjeição. Não estranho o puritanismo, que só se revelou ao meu segundo comentário, que não contém qualquer "palavrão" (ai, q'horror!), nem a confusão que faz entre os comentários do Sam e os meus, nem as débeis tentativas de nos categorizar como filisteus (a sério, não arranjava nada melhor que essa das pipocas e da Coca-Cola?). Quem não gosta da opinião diferente, normalmente recorre a este tipo de tácticas. Já estou habituado.
Divirta-se meu amigo, está nos apanhados. Há sempre uma primeira vez.
JM
Agradeço sempre os comentários, são como uma fonte quase infindável de inspiração. Aos comentários que demandam resposta, não tenho nada a responder porque sem argumentos não há contra-argumentação possível. E se um me chama misógino e outro dá um uso tão exímio à ironia declaro-me obviamente rendido. E esta é a única coisa que tenho a dizer aos comentários. A não ser ao que dizia que desejo a morte às artes todas, desejar a morte nem ao diabo, mas se for por isso, desejo grandes males a quem faz lixo e apelida de arte.
Quando fiz o texto tinha esperança de uma espécie de contra-argumentação. Mas não havendo reflicto eu por todos. Em perspectiva, as únicas duas maneiras de desconstruir o texto seriam dizendo que, ou a perspectiva dada sobre as mulheres no cinema é correcta, ou que então é totalmente admitido como algo correcto a fazer pois os homens também sofrem de papeis igualmente preconceituosos. Esta última poderia apenas ser debatida e contrariada se tivermos em consideração que os papeis complexos, ou, se assim lhe quiserem chamar, as personagem que formam o elemento estranho e original nos filmes são mais que esmagadoramente protagonizadas por homens. Tendo isto em conta, o Trier, que não é um santo mas mais anti-cristo com tiques manhosos que muito chamam a atenção, é aquele que mais tem explorado a mulher como o tal elementos estranho dentro do filme, se não for o realizador que mais o fez. Agracio mais uma vez a vossa dedicação à leitura das minhas crónicas. E a certeza que esta não foi nem de perto nem de longe a minha mais polémica crónica, percebe-la como tal é sempre um bom indicador.
PS: Para o aperfeiçoamento da ironia aconselho um pouco de literatura britânica ou americana (mestres exímios nessa arte), para tirar um pouco de férias de tanto cinema. Talvez um pouco de Joseph Heller, já adaptaram um livro dele para o cinema, é meio caminho andado para o conhecerem.
Um pouco espantada com o facto de que entre 16 comentários, aparentemente, nenhum é de uma mulher, decidi expor a minha opinião.
Primeiro, acho deveras irónico que a primeira pessoa a desrespeitar alguém ou alguma opinião aqui tenha sido a mesma a apelar ao respeito.. citanto: "Aprenda a respeitar para ser respeitado." Sendo eu mulher, e tendo lido a crónica por inteiro, não me senti minimamente ofendida ou desrespeitada, e tão pouco achei o comentário do Sam e do João Lameira minimamenrte insultuosos para com o autor. Desta forma, acho lamentável, que um comentador venha para aqui criar sozinho conflitos quando nem sequer parece defender a crónica em si e o que ela representa, apenas o autor da mesma.
Mas passando ao que interessa, devo admitir que tenho uma opinião discordante em muito do que foi dito. Mas sinceramente, não acho que a discussão desses pontos divergentes vai tornar este tête-à-tête entre cinéfilos (e alguém que parecer ser protector de um deles) mais interessante. Felicito, no entanto, o autor por uma escrita sublime e uma selecção de filmes impecável que torna a sua opinião mais credível. Mas é esse o problema que eu tenho com a crónica. Qual é a opinião do autor? Para mim tal aspecto não ficou bem claro.
Há muitos filmes fracos protagonizados por mulheres? Isso não é uma opinião, é um facto. Mas também há filmes francos protagonizados por homens, e não em número inferior... A maior parte dos "melhores filmes de sempre" são protagonizados por homens? Bem, isso é completa e totalmente subjectivo, e leva-me a citar o Sam: "para além de cinema misógino, também existe o espectador misógino"... Mas assuminto que tal é verdade, pergunto-lhe, caro Axel, porque é que acha que isso acontece? Porque é que, na sua opinião, os melhores filmes de sempre são em grande maioria protagonizados por homens? A mulher é, na generalidade, pior actriz que o homem? Ou terá a ver com o público alvo? Ou será (!), que o cinema é um "poderoso perpetuador da misoginia" por ter um público alvo misógino por si só? Mas a esta conclusão você já chegou na sua crónica. Qual é, então, a principal mensagem que quer transmitir? Eu não percebi. Quer nos fazer ver que o cinema é misógino ou que a culpa é nossa? Talvez a culpa seja de nós, mulheres, porque o permitimos?!
Veja bem, eu acho a sua exposição sublime, mas não me trouxe nada de novo, tão pouco acho a sua opinião polémica. O cinema é misógino? Compreendo que alguns concordem. A culp é em parte da nossa sociedade que é altamente preconceituosa? Verdade. So what?
Agradeço mais uma vez o comentário. Quanto a insultos também não é que tinha visto algo que se assemelhe à palavra, mas, o que vi foi algo um pouco pior, o vazio do argumento e o uso de meias-palavras (e eu já expliquei que sendo palavras dirigidas ao autor e não ao que está dito no texto é no mínimo um excesso de confiança tomada, que nunca foi dada, em relação ao autor) e é sempre algo que demonstra falta de respeito para o trabalho de alguém que faz por explanar uma opinião de uma maneira lógica. Alguém que o faz não está a pedir mais que esse tipo de resposta, não pode obviamente vitimar ou ser vitimada uma única vírgula. Aqui cada um defende o que quer mas ninguém sai inocente. E não é que eu não ache risível uma pessoa que censura tão fortemente um texto se ponha em pose de vítima e diga que a sua liberdade de expressão foi atacada, mas já fiz o que disse que não ia fazer que era falar mais desses comentários.
Agradeço a reflexão, mas quanto a conclusões cada um que tire as suas. E a mim parece-me que tu és bem capaz de as tirar todas muito bem. Se bem que depois haja um pouco de extensão malabarista com o que foi escrito para além do que realmente foi escrito. A única tese é de que no mundo cinemático actual as mulheres só existem para fazer papeis predefinidos e preconceituosos e que nós nem nos importamos com isso. O que tu escreves-te é espelho disso mesmo. O teu argumento sobre os homens também os fazerem já foi explanado no meu comentário anterior. Mesmo estando consciente deste papel não te importas assim muito e vais ver esses mesmos filmes, não é a sociedade que é preconceituosa, somos nós que a deixamos ser. Se a ti não te importa é sintomático e resume bastante bem o que está escrito. Se queres uma conclusão acima dessa não olhes para o fim do texto, pois só vais encontrar a acima referido, olha para o título. Às vezes é preciso coragem para perceber que os sistemas que nos são apresentados e com que vivemos vão contra os nossos princípios, mas claro que a nossa coragem não passa além do nosso próprio nome.
PS: Quanto à selecção de filmes, o pior é que nem sequer é uma selecção, foram os primeiros que me vieram à cabeça, mas podes fazer o mesmo exercício com todos os que conheces.
PS2: Quanto à parte dos melhores filmes de sempre ser subjectiva, não é assim tanto, ou melhor, não o é de todo. Tenta ir a qualquer lista e a qualquer critério de selecção e o resultado sai sempre o mesmo. Pode fazer o mesmo com os teus filmes favoritos.
Caros leitores,
Agradecemos do fundo do coração a vossa opinião apaixonada. Espero que todos entendam também que isto sendo uma crónica é suposto ser uma opinião e nada mais, ninguém aqui é mais correcto que o outro e vice-versa.
De resto, eu e o João só temos que dizer obrigado por todos estes comentários e agradecer ao Axel por ter tirado tempo para escrever sobre a sua perspectiva do cinema que, penso eu, é bastante diferente da maioria das pessoas, o que a torna interessante.
O que não vamos permitir mais é que isto se torne numa troca de galhardetes que não tem qualquer motivo nem fim, apenas serve para criar discórdia em algo que não merece tal.
De resto, se algum leitor pretender disponibilizar a sua opinião ou uma resposta a este texto, pode enviar-nos para o nosso e-mail de serviço e trataremos de avaliar se merece publicação. O que mais falta na blogosfera é gente apaixonada e que vive o cinema intensamente.
Cumprimentos a todos e obrigado pelos comentários,
Jorge Rodrigues
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