Dial P for Popcorn: [Couch]: Broadchurch

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

[Couch]: Broadchurch

Regresso, após um interregno demasiado longo, forçado pelo trabalho e pela falta de tempo, a um local onde encontrei o enorme prazer de escrever sobre o que me entusiasma tanto dentro como fora do grande ecrã.

Afastei-me dos cinemas. Acima de tudo afastei-me das estreias, do barulho irritante das palhinhas a sugar o que resta nos gigantescos potes de açúcar liquido que vão alimentando e sustentando os cinemas comerciais. O preço do bilhete de cinema é abusivo, indigno e ridículo. E ouvindo há uns meses atrás o João Botelho, numa das entrevistas promocionais ao seu mais recente filme, Os Maias, quando este se queixava da degradação da sala de cinema (como espaço onde se produz e difunde arte), disse qualquer coisa como "hoje em dia, os grandes escritores americanos perceberam que os adultos que gostam de cinema, abandonaram as salas. Não se identificam com aquilo que se produz e o modo como o produto é exibido. E então começaram a produzir para televisão,  a produzir séries que são cinema puro". E a verdade, a dura e triste realidade, não andará longe disto. Hoje em dia todos os grandes actores de Hollywood procuram o seu espaço na televisão. A sua série. O seu Don Draper, o seu Tony Soprano, o seu Lorne Malvo, a sua Carrie Mathison. Procuram deixar a sua marca também no pequeno ecrã. E a qualidade sobe a cada ano, a oferta televisiva é cada vez maior e melhor.

Por isso inicio aqui, hoje, um conjunto de breves crónicas rotuladas de [COUCH], onde vos apresento algumas das séries que descobri ao longo do último ano e meio. E que me convenceram, me prenderam ao televisor e me deliciaram. Séries que fariam mais pela educação do nosso povo do que a televisão portuguesa fez nos últimos 30 anos. Séries que não merecem passar ao vosso lado.



Começo por vos apresentar Broadchurch, um drama duro, magnetizante e sufocante. Uma série que viu começar há poucos dias a sua segunda temporada, e que surpreendeu a televisão britânica com uma primeira temporada humilde e despretensiosa, dividida em oito episódios, passados na cidade costeira de Dorset, o local onde dois detectives, Alec Hardy (David Tennant, ex-Doctor Who) e Ellie Miller (Olivia Colman) vão procurar o homicida de Danny Latimer, uma criança de 11 anos que aparece morta na praia da pequena vila inglesa. Acontecimentos sucedem-se e a narrativa, construída de modo inteligente, vai-nos descascando lentamente novos factos, misturando teorias e ludibriando as personagens e os espectadores. Com uma maravilhosa banda-sonora da autoria de Olafur Arnalds, um piano com uma batida eletrizante vai alimentando a série, vai-lhe dando alma e prepara-nos a cada episódio para o derradeiro final.


2 comentários:

Nuno disse...

Bem-vindo então a este teu espaço.
É verdade isso da degradação do espaço e do público.

Ainda ontem, 2 minutos antes da sessão começar estava sozinho na sala. No minuto em que começaria, entram as primeiras pessoas. Depois dá um anúncio a dizer que é melhor saírem para irem buscar as bebidas que acompanham as pipocas...
Vinte minutos depois há filme. Ver cinema hoje em dia não é fácil nem agradável.

João Fonseca Neves disse...

Olá Nuno! Obrigado pela tua opinião! Tens toda a razão. Aquela dose interminável de anúncios é desconcertante! Ao menos antigamente demorava 10 minutos a começar, mas eram 10 minutos com trailers. Ver os mesmos anúncios vezes sem conta é chato e maçador. Lá está, chuta para fora do cinema quem lá foi unicamente pelo cinema. Um Abraço!