Baseado numa história verídica, Argo é mais um passo em frente (acertado e bem conseguido) de um cada vez menos imberbe Ben Affleck realizador. Se ainda não foi desta que me fez ter a certeza de que estamos perante um novo e inesperado fenómeno, Argo é sem dúvidas o mais bem conseguido filme do seu historial enquanto realizador e será um marco muito importante na sua carreira. Depois de The Town (onde tivemos demasiado drama e americanização), Argo resulta de um processo de amadurecimento, correcção de erros e aperfeiçoamento de pequenos detalhes.
Mais uma vez como protagonista (numa interpretação francamente interessante), Ben Affleck é Tony Mendez, um solitário e desesperançado agente da CIA, especialista em resgatar americanos dos locais mais inóspitos e perigosos do planeta. Estamos em 1979 e no Irão, uma revolta popular coloca a embaixada americana sobre cerco e instala uma crise mundial. Com a segurança mundial por um fio e dezenas de americanos feitos como reféns, os Estados Unidos enfrentam uma das maiores crises internacionais do pós-guerra. Mas, no meio de todo este dramático acontecimento, seis americanos conseguem escapar do cerco à embaixada e refugiam-se clandestinamente na embaixada canadiana.
Longe dos holofotes do protagonismo, longe do histerismo da comunicação social, os serviços secretos tentam idealizar o resgate possível para os seis americanos. Projectos e ideias absurdas, trazem ao centro da acção Tony Mendez, que se apresenta com um arrojado e inesperado plano: Juntar-se-á aos seis americanos num Irão inflamado pelo ódio aos Estados Unidos e personificará o papel de um produtor que, juntamente com a sua equipa, se encontram no Irão para desenvolver um filme sobre (na época em voga) extra-terrestres.
Num drama em que a intensidade de cada momento prende o espectador ao ecrã, nada parece seguro, nada é garantido. E até ao último segundo do filme existe uma acção, intrínseca a cada personagem, intrínseca a cada cena, que não deixam o espectador relaxar. Ben Affleck e a sua equipa de argumentistas, conseguiram transformar num drama carregado de suspense e emoção, uma história que facilmente pode ser decifrada numa página da Wikipédia. Mas não vale a pena estragar um filme tão bom com um spoiler. Bonito é descobrir na sala de cinema o que aconteceu no Irão há 30 anos. Argo é um dos melhores filmes de 2012.
Nota Final:
A-
Trailer:
Informação Adicional:
Realização: Ben Affleck
Argumento: Chris Terrio
Ano: 2012
Duração: 120 minutos
3 comentários:
Concordo em grande parte com a crítica. Acho especialmente que aquilo que dizes acerca de se ter conseguido fazer um tão bom filme a partir de um bloco de informação, que não daria mais que um parágrafo na Wikipedia, se enquadra perfeitamente nesta aventura do Ben Affleck.
Contudo, pessoalmente não lhe daria tão alta cotação. Apesar de bem construído, não consegui, na última meia hora de filme, sentir medo que a missão não fosse bem sucedida, muito embora cenas como aquela dos storyboards no aeroporto estejam tão bem arquitecturadas para que isso não suceda ao espectador.
De qualquer das maneiras, é um muito bom filme, que vale a pena ser visto, nem que seja só pela história. Portanto, obrigado pela dica, caro Sam ;)
Concordo contigo e com o Gustavo, realmente nada me preparou para o filmão que o Affleck montou de uma história que aparentemente lida não soaria a nada de especial. Mas que ficção de excelência, até ali ao finalzinho a manter a tensão e o suspense da história mesmo eu já sabendo como vai acabar,
É um testemunho ao quanto o moço evoluiu. E que elenco!
Abraço!
Esta crítica mereceu destaque na rubrica «A “Polémica” do Mês» do Keyzer Soze’s Place, disponível aqui: http://sozekeyser.blogspot.pt/2012/12/a-polemica-do-mes-17.html
Cumps cinéfilos.
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