Dial P for Popcorn: KILLING THEM SOFTLY (2012)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

KILLING THEM SOFTLY (2012)



"America is not a country, it's a business."

Estreou na semana passada nas salas de cinema portuguesas e é o Filme da Semana no Dial P for Popcorn. Killing Them Softly é a adaptação ao grande ecrã, por parte de Andrew Dominik (Chooper; The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford), do livro do escritor George V. Higgins, Cogan's Trade. Toda a acção se desenrola num curto espaço temporal, com momentos de acção intercalados por momentos de reflexão onde se nota um papel importante e influente do realizador e do principal actor (Brad Pitt), numa bonita e bem conseguida caricatura da sociedade americana. Não é um filme fácil de absorver e, admito, talvez seja necessária uma boa dose de paciência e vontade para alguns (poucos) momentos que têm tanto de monótonos como de supérfulos para toda a história.


Em linhas gerais, tudo começa com um assalto onde dois jovens desengonçados colocam em risco a sua vida por meia dúzia de dólares. Baseado num esquema visionário,  Johnny Amato (Vincent Curatola) contrata Frankie (Scoot McNairy) e Russell (Ben Mendelsohn) - duas surpreendentes interpretações! -  para um assalto ao salão de jogos de Markie Trattman (Ray Liotta), um charlatão que poucos meses antes havia cometido o erro de simular um falso assalto aos seus próprios clientes. Salvaguardados pela ideia de que, a repetir-se a situação, seria sempre em cima de Trattman que acabariam por cair as consequências dos seus actos, JohnnyFrankie e Russell relaxam e aproveitam o pouco dinheiro do assalto para o seu próprio gozo.


Os problemas (e a grande acção de todo o filme) aparecem quando o grupo de homens poderosos e sem escrúpulos, sentindo-se novamente gozados e ultrajados com o caricato assalto, decide contratar Jackie (Brad Pitt), um homem experiente e capaz de resolver os problemas com o à vontade de meia dúzia de balas. Mais uma excelente interpretação de um actor que, infelizmente, parece ainda acusar o fardo da imagem atraente e disponível que cultivou nos primeiros anos da sua carreira, tardando em receber o reconhecimento generalizado das suas versáteis capacidades enquanto actor. 


A caça ao homem é o grande trunfo deste filme, que vai juntando de forma sagaz e pertinente, algumas das frases mais emblemáticas (e comprometedoras) frases de George W. Bush e de Barack Obama. Com uma cena final que resume todo o intuito de um filme que se apresenta em sintonia com a sociedade americana dos dias de hoje, Killing Them Softly é uma surpresa que se torna agradável se o espectador assim o desejar. Volto a repetir. É preciso alguma dose de paciência e de vontade para se perceber e se desfrutar dos objectivos de Andrew Dominik. A partir daí, tem à sua disposição uma história rude, que se desenrola (quase sempre) numa cadência muito rápida e com momentos de grande cinema, interpretações de grande nível e um cunho muito forte de um realizador que vai, aos poucos, criando uma sólida e sustentada carreira no cinema.


Nota Final: 
B


Trailer:



Informação Adicional:
Realização: Andrew Dominik
Argumento: Adaptação de Andrew Dominik do livro de George V. Higgins
Ano: 2012
Duração: 97 minutos

2 comentários:

Ana Sofia Santos disse...

esperava muito mais e fiquei com a sensação de vazio quando o filme acabou.
a metáfora da economia está bem conseguida, mas não é suficiente
mais um exemplo que nem sempre um elenco de luxo faz um filme de excelência

João Fonseca Neves disse...

Obrigado pelo comentário Sofia! Eu penso que o filme poderia ser um pouco mais bem conseguido, mas no final deixou-me satisfeito. Secalhar tentaram dar um passo maior do que a perna,mas é um bom prenúncio para o que o Andrew pode fazer nos próximos anos enquanto realizador!

João