Dial P for Popcorn: DAFA 2010: Melhor Actriz Secundária

sexta-feira, 22 de abril de 2011

DAFA 2010: Melhor Actriz Secundária



Bem-vindos à primeira edição dos Dial A For Awards, a cerimónia de prémios de cinema do nosso blogue, Dial P For Popcorn. Iremos revelar, categoria a categoria, os nossos seis nomeados e três vencedores entre aqueles que foram, para nós, os melhores filmes de 2010.


Cá vais mais uma. Desta vez, são as minhas nomeadas para Melhor Actriz Secundária:
 
 
Amy Adams, THE FIGHTER - #3
Maricel Alvarez, BIUTIFUL
Marion Cotillard, INCEPTION
Melissa Leo, THE FIGHTER
Lesley Manville, ANOTHER YEAR - #1
Jacki Weaver, ANIMAL KINGDOM - #2


Amy Adams é luminosa no papel de Charlene, transformando-se completamente da mulher frágil e inocente que tem por hábito interpretar para uma sobrevivente e lutadora empregada de bar que, por muitos erros que tenha cometido na vida, nunca se vai deixar ir abaixo. Uma interpretação feroz, muito humana e honesta (uma visão e aproximação maior do que a sua personagem talvez precisava), é na cena em que discute com Dicky (Bale) que me fez apaixonar-me por ela e pela sua causa. Difícil de ler mas fácil de entender, Charlene consegue ser, ao mesmo tempo, durona e enternecedora. É a magia de Adams que faz isto possível. Mais uma grande interpretação.

Poucas vezes se vê um actor ou actriz mergulhar tão fundo na caracterização de um personagem. Em BIUTIFUL, Innarritú consegue essa proeza com os seus dois protagonistas. Se Bardem está brilhante, Maricel Alvarez não é menos impressionante como a drogada, alcóolica, negligente ex-mulher de Uxbal (Bardem). Um retrato avassalador de uma alma perdida nas dificuldades da vida, Marambra é imensamente observável. Uma interpretação de encher o olho.

Não se percebe o que Mal (Cotillard) está a tentar fazer em INCEPTION até bem quase ao final do filme, à excepção de assombrar Cobb (Leonardo DiCaprio), o seu ex-marido. Mas mesmo que não entendamos, não dá para fugir do facto que é uma gigante interpretação por parte da actriz, cuja presença se propaga por toda a película, mesmo nas cenas em que ela não surge. Capaz de provocar tanta intriga e comoção a partir de duas-três cenas e tornando-se quase omnipresente quando não está no ecrã, sempre como a sombra, como o demónio, como a cruz que Cobb tem de suportar, Marion Cotillard dá-nos mais uma prova que o seu talento é infindável.

É importante transbordar na caracterização quando a nossa personagem é, de facto, "um personagem". Melissa Leo leva essa lei ao extremo com a sua Alice, a progenitora que olha mais para o seu umbigo que o dos outros em THE FIGHTER. Ela berra, ela atira pratos, ela insulta os filhos, ela maltrata o marido - ela faz tudo aquilo que pode para lhe darem aquilo a que ela acha ter direito. Quase tão cómica como dramática, ela funciona de forma perfeita como o catalisador necessário para a interpretação fenomenal de Bale, com vários tiques dele e a sua forma de estar e personalidade histriónica e nervosa, imprevisível, a imitar a dela.

Lesley Manville, por sua vez, enche o ecrã em ANOTHER YEAR por direito próprio - ela não é a personagem mais importante da história, mas transforma-a de modo a sê-la. Como disse na minha crítica então, "[a sua] Mary está completamente perdida. Está tão perdida que já nem parece ter conserto. Trágica mas divertidíssima, frágil mas humana, neurótica a ponto de fingir despreocupação para se convencer a si própria do contrário, impossível de agradar e aturar em certas alturas mas também impossível de enxotar quando já bebeu mais do que uns dois, três copos, Mary é simplesmente inesquecível. Uma interpretação electrizante, hábil a fugir da caricatura e transformando Mary numa roda viva de emoções e transportando-nos a nós com ela, Lesley Manville é magistral.". Ela pura e simplesmente explode com o cenário.

Jacki Weaver não desperdiça um momento ou um ângulo com a sua Smurf, a ameaçadora matriarca da família Cody. Impecável na forma como entrega as suas falas, uma linguagem corporal aterradoramente bizarra, com os beijos e afectos inapropriados e fabulosa na forma como esconde dos outros o que realmente pensa e diz, aquela pequena e aparentemente fofinha e enternecedora mulher transforma-se, pelo final do filme, num monstro abominável, enganador e sem compaixão nem misericórdia. Que Janine 'Smurf' Cody seja tão memorável e consistente deve-se inteiramente à qualidade da performance de Weaver.


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