Dial P for Popcorn: HABEMUS PAPAM (2011)

domingo, 11 de dezembro de 2011

HABEMUS PAPAM (2011)



Foi um verdadeiro prazer ver o mais recente filme do Mestre Moretti. Mestre sim, porque é um indivíduo cheio de particularidades, manias e adereços, que o tornam uma figura empática para com o grande público, com filmes distintos e cativantes. Mas afirmações controversas à parte, Habemus Papam é uma divertida comédia negra, que aconselho sinceramente ao leitor preparado para se surpreender com a ousadia da escrita de Moretti, com a atmosfera circense que se instala num Vaticano sem Rei nem Rock.


Temos então o final de um ciclo. A morte do Papa João Paulo II obriga que os cardeais se reúnam no seu sigiloso conclave, afastados do mundo, afastados da tensão exterior, do público que ansiosamente espera pela aclamação do novo líder da Igreja Católica. Nesta misteriosa reunião, o espectador é convidado. E aqui começa tudo. Um novo ciclo, um novo papa. A eleição de Michel Piccoli como novo sumo pontífice, marca o início de uma história que contagia sem complexos o leitor. O novo papa, aterrorizado com a dimensão da sua tarefa, ainda em choque com a sua inesperada escolha, claudica no momento de se apresentar aos seus súbditos.


Sem hipóteses de resignar ao seu cargo, mais por embaraço do que por falta de vontade, o novo Papa isola-se e o seu staff trata de encontrar o melhor psicólogo da cidade para o poder tranquilizar, para o poder compreender, para o conduzir ao caminho certo, da aceitação e da compreensão desta nova etapa. E aí entra um relaxado Nanni Moretti, sempre com uma resposta pronta, que tenta de tudo para entender a posição do seu paciente. Não consegue, desiste e confia-o prontamente à sua ex-mulher, segundo o próprio, a melhor psicopatologista do país depois de si. Decide então entreter-se com o resto da malta (leia-se Cardeais), que por força da indecisão do seu antigo colega, se viram obrigados a continuar em clausura.


Enquanto no Vaticano se joga às cartas, se fazem apostas ou se disputam mini-campeonatos mundiais de voleibol, o secretário pessoal do novo Papa tenta de tudo para tranquilizar o seu novo patrão, levando-o a passear, tentando que este respire novos ares, compreenda e se habitue à sua nova realidade. E é nestas saída, altamente sigilosas, que Michel Piccoli se escapa da sua rigorosíssima segurança e calcorreia Roma, conhecendo novas pessoas, novas realidades, novos ambientes. E é isso que lhe traz, devagar, um sorriso ao rosto e o alivia da tensão demolidora que o acorrentava desde o dia do conclave. Habemus Papam (que tem tudo para ser mal recebido pelos fanáticos) é uma história pertinente. É um abanão nos pilares do Vaticano e um filme corajoso. Nanni Moretti arriscou e arriscou bem. E é por isso que é diferente do que existe em Itália, e do que existe na Europa.


Nota Final:
B+



Trailer:




Informação Adicional:
Realização: Nanni Moretti
Argumento: Federica Pontremoli, Francesco Piccolo e Nanni Moretti.
Ano: 2011
Duração: 102 minutos

2 comentários:

DiogoF. disse...

Verdadeiramente delicioso, mesmo. Está a ser bastante subvalorizado, a meu ver.

JW disse...

Gostei bastante do filme. Conseguiram focar tanta coisa de forma tão subtil e tão marcante ao mesmo tempo. Não gostei muito do fim. foi muito abrupto e "sem sal". Mas é um filme muito bem conseguido e falado em italiano...lindo :D...