Dial P for Popcorn: THIS MUST BE THE PLACE (2011)

sábado, 5 de maio de 2012

THIS MUST BE THE PLACE (2011)

Não esperava ver este filme. É verdade. Foi daqueles que risquei assim que vi o seu trailer. A figura estereotipada de Sean Penn e o tema em volta da decadência e do infortúnio de (mais) uma antiga estrela do mundo da música não me pareciam suficientemente atraentes. Mas, após um convite, acabei por ceder e dar uma oportunidade a um filme, deixando de o julgar, de imediato e à partida, pela sua aparência.


Agradavelmente surpreendido. Assim fiquei depois desta história, onde um Sean Penn, na figura de um individuo afortunadamente decrépito e deprimente, tão soturna como a cor da sua vestimenta, se torna paradoxalmente simpático, empático e agradável. This Must Be the Place é uma forma diferente (isso mesmo) de se falar de depressão. Cheyenne (Sean Penn) é um cantor com uma carreira tão bem sucedida, que os frutos e o reconhecimento da sua qualidade acabam por ter eco muitos anos depois do fim da sua banda. Encontra-se perdido, numa Dublin cinzenta, entre a sua gigantesca mansão, as ausências da sua carinhosa esposa e a sua frágil personalidade, digna de um artista controverso e especial. A grave doença do seu pai vem colocar um ponto final nos dias monótonos que o arrastam pela sua cidade. Decidido a participar nas cerimónias fúnebres, parte para os Estados Unidos, numa longa viagem de barco que o faz chegar tarde demais. 


Com o seu pai morto, Cheyenne decide iniciar uma longa demanda para encontrar o soldado nazi que durante a Segunda Grande Guerra maltratou e humilhou o seu pai nos campos de concentração. Esta busca, desnorteada e sem critério, leva-o a uma aventura, muito ao estilo de uma viagem em que a alma e o corpo se reencontram harmoniosamente e colocam um ponto final à anarquia de uma mente em sofrimento. Embalado por uma agradável banda-sonora (o melhor de todo o filme) e uma graciosa fotografia (que em pequenos momentos pecou pelo excesso de tratamento), é um filme que, em muitos momentos, troca as voltas ao espectador. Pessoalmente, eu acho que um filme que desafia a forma como o público se habitou a viver uma depressão e a vê-la retratada no ecrã, é sempre bem-vindo. E quando esta tentativa, arrojada, é feita de uma forma tão humilde e despretensiosa, fico sempre com um sorriso nos lábios. 


Nota final:
B-


Trailer:



Informação Adicional:
Realização:  Paolo Sorrentino
Argumento: Umberto Contarello, Paolo Sorrentino
Ano: 2011
Duração: 118 minutos

Sem comentários: