Dial P for Popcorn: Nicole Kidman
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sábado, 17 de agosto de 2013

Previsões Óscares 2013 (I): Actriz


Com a peculiar possibilidade que surgiu na imprensa esta passada semana de Meryl Streep estar a planear competir na categoria de melhor actriz secundária aos próximos Óscares por "August: Osage County" (filme, relembre-se, baseado na peça premiada com um Pulitzer de Tracy Letts, na qual a sua personagem, Violet Weston, é claramente uma co-protagonista), lembrei-me que já era tempo de começar a alinhavar qualquer coisa no que a previsões diz respeito. Então cá estão as minhas primeiras previsões aos Óscares de 2013, começando pela categoria de melhor actriz.

MELHOR ACTRIZ


Dos filmes já vistos, um concorrente firme já surgiu: Cate Blanchett em "Blue Jasmine" de Woody Allen conquistou as tão ambicionadas críticas brilhantes que uma interpretação como a sua precisava para vincar a sua posição na corrida. Será uma montanha complicada de trepar, uma vez que só por uma vez o grande Woody Allen conseguiu uma nomeação para uma actriz principal dos seus dramas (a lendária Geraldine Page, por "Interiors"; adenda: eu tive de corrigir para dramas, porque não tinha incluído, como bem me apontaram, a vitória de Diane Keaton por "Annie Hall"; o meu ponto de vista era que em dramas, o velho Woody não tem tanto sucesso na Academia). Outros concorrentes já conhecidos e com alguma - apesar de mínima - hipótese na corrida são a Berenice Bejo por "Le Passé" de Ashgar Farhadi ("A Separation") e a Julie Delpy pela terceira parte da trilogia de Richard Linklater, "Before Midnight". Ambos os filmes parecem mais destinados a nomeações na categoria de melhor argumento original do que aqui, embora se a competição encurtar, os seus nomes provavelmente virão à baila com os críticos e aí, tudo pode acontecer. Em Cannes também a tipicamente excelente Marion Cotillard obteve boas críticas pela sua prestação em "The Immigrant" de James Gray; contudo, apesar da personagem parecer conter traços que a Academia noutro filme festejaria de bom grado, Gray, Phoenix e a própria Cotillard não parecem merecer uma simpatia global capaz de lhe conseguir essa nomeação (se não conseguiu o ano passado por "Rust and Bone", dificilmente o fará este ano). [adenda: esqueci-me de mencionar aqui Adele Exarchopoulos de "Blue is the Warmest  Color" que vários críticos americanos consideram uma fortíssima possibilidade a nomeação]


Diria que as suas hipóteses são mínimas porque com a queda da folha chegam os pesos pesados. À cabeça está Amy Adams, aparentemente transcendente (ainda mais?) em "American Hustle" de David O. Russell. Diz quem sabe que o papel é fantástico, que ela é extraordinária nele, que mostra uma faceta desconhecida do público e da crítica até agora e que será, possivelmente, o melhor O. Russell até agora. Expectativas no alto. Estamos a falar de uma actriz quadruplamente nomeada. Depois temos a situação Meryl Streep. Se a nomeação vier como actriz secundária, a categoria basicamente estará ganha. Mas irá a Academia aceitar esta situação a bem? Veremos. De "August: Osage County" também temos outra candidata de peso: Julia Roberts, de volta aos grandes papéis. Será que a crítica, o público e a Academia se vão voltar a juntar num festival we-love-Julia como em 2000? Os Weinstein parecem estar a apostar grande neste filme. As outras duas grandes jogadas no seu baralho passam pela narrativa "a Judi Dench nunca venceu um Óscar de actriz principal e pode ser esta a sua última oportunidade" - a septuagenária protagoniza o novo filme de Stephen Frears, "Philomena", e parece fabulosa nele - e "a Nicole Kidman é a Grace Kelly". Não há dúvida que no caso desta última parece uma jogada de risco - por cada "The Hours" se faz um "Cold Mountain", não é verdade? A qual dos lados do espectro irá "Grace of Monaco" pertencer? A mesma pergunta se faz sobre Naomi Watts em "Diana", ainda por cima tendo em conta a distribuidora que comprou os direitos do filme e o facto do buzz em Cannes ser inexistente, sendo que seria à partida uma venda fácil.


Provavelmente também não será sensato descartar das contas as duas principais candidatas ao troféu o ano passado, de volta à competição este ano, Jennifer Lawrence em "Serena" da Oscarizada Suzanne Bier ("In a Better World") e Jessica Chastain em "The Disappearance of Eleanor Rigby", um filme bipartido, que conta a história da perspectiva do membro masculino e do membro feminino do casal, o que garantirá à partida alguma curiosidade adicional sobre o projecto. Da faixa etária mais jovem ouvem-se boas coisas sobre a prestação de Brie Larson em "Short Term 12" e de Greta Gerwig em "Frances Ha" de Noah Baumbach, mas será algo sensacional se alguma das duas chegar a fase avançada da corrida. O mesmo diria de Shailene Woodley por "The Spectacular Now" de James Ponsoldt e Felicity Jones no segundo filme de Ralph Fiennes, "The Invisible Woman" (se Vanessa Redgrave foi esquecida por "Coriolanus", que real chance tem Jones?) 


E finalmente falta falarmos de três antigas vencedoras da categoria, de regresso para tentarem mais um prémio: Kate Winslet em "Labor Day" de Jason Reitman é sempre uma aposta segura se o filme tiver boas críticas, Sandra Bullock tenta vencer os críticos mais acérrimos da sua interpretação vencedora em 2009 emparelhando com o reputado visionário Alfonso Cuarón em "Gravity" e a amada Emma Thompson interpreta P.L. Travers, a opinionada escritora de Mary Poppins, em "Saving Mr. Banks", um dos - diz-se - grandes candidatos a mais nomeações no dia do anúncio. 

Por esta altura, então, como ficamos?

Previsão das nomeadas:
Amy Adams, "American Hustle"
Judi Dench, "Philomena"
Meryl Streep ou Julia Roberts, "August: Osage County"
Emma Thompson, "Saving Mr. Banks"
Kate Winslet, "Labor Day"

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Três mulheres, três histórias... Always THE HOURS (2002)


Quão raro é o privilégio de sermos presenteados com um filme que não só reúne três das mais importantes e inspiradoras actrizes da actualidade como lhes dá papéis dignos do seu talento e valor, um filme que não reduz as suas personagens femininas a clichés, a reflexos dos seus pares masculinos ou as trata como figuras reactivas, existindo apenas para completar a caracterização do protagonista masculino, fazendo delas o centro, o prato principal em torno do qual toda a narrativa gira – e os homens, em “The Hours”, são pouco mais que a sobremesa dessa ementa. 

Para começar: “The Hours” junta o génio (génio, não talento, como bem distingue Penelope Cruz em “Vicky Cristina Barcelona”, outro bom exemplo que poderia constar desta rubrica) individual de Meryl Streep, Julianne Moore e Nicole Kidman (premiada com um Óscar precisamente por esta interpretação) a um elenco composto por Claire Danes, Miranda Richardson, Allison Janney e Toni Collette e ainda Ed Harris, Stephen Dillane, John C. Reilly e Jeff Daniels. São duas horas basicamente a assistir todas estas fabulosas actrizes a trocarem cenas entre si, duas horas de depressão, opressão e repressão enquanto estas actrizes e as suas personagens “vivem”, debaixo da alçada da magnífica banda sonora de Philip Glass, com um sentido de urgência no mundano, de assombração por detrás da fachada destas mulheres (aliás, continuem a ler o artigo com isto a tocar no fundo).


Virginia: [escreve] “Mrs. Dalloway said she would buy the flowers herself”


Laura: [lê] “Mrs. Dalloway said she would buy the flowers herself”


Clarissa: Sally, I think I’ll buy the flowers myself.

Um dia na vida de uma mulher – e toda a sua vida nesse dia. É assim que Virginia Woolf (Kidman) abre a sua obra-prima, “Mrs Dalloway”. Numa das muitas líricas e inteligentes sobreposições e paralelismos, a entediada e problemática Virginia Woolf surge-nos em 1921 a escrever aquele que viria a ser o seu mais aclamado romance; em 1951, a belíssima e delicada dona de casa Laura Brown (Moore) embarca na leitura do livro, procurando nele explicações para a sua própria vida, perdida de significado; e em 2001 a nervosa e preocupada Clarissa Vaughn (Streep) encarna a personagem que Woolf narrava oitenta anos antes, preparando uma festa para o seu ex-compaheiro enquanto lida com mais um dos seus conflitos existenciais. Arte criada, experienciada e vivenciada. Michael Cunningham era brilhante.

Três personagens tão diferentes e tão semelhantes entre si. Todas aprisionadas numa vida que não queriam ter. Para Laura Brown, a sua casa é a sua prisão. Quanto não lhe apetecia fugir! Para Virginia Woolf, não é a casa que é a sua prisão, é a sua vida. Da sua casa – como de praticamente tudo o resto – Virginia não se deixa aproximar, preferindo a solidão. Para Clarissa Vaughn, a prisão é ela própria, vivendo no constante medo de deixar os outros entrar e ver o que passa pela sua mente, tentando manter sempre as aparências de que tudo está bem.


A frenética e nervosa energia de Clarissa conta-nos tudo o que precisamos saber sobre a sua implosão interna, quase a ponto de deixar-se-ir, de deixar a sua raiva soltar-se. A cena em que se descai em lágrimas na cozinha é uma excelente forma de mostrar como mesmo a pessoa que nos parece a mais forte e independente, a que toma conta de todos, pode ser a que mais precisa de ajuda. Apanhada desprevenida por uma mescla de emoções, os seus falhanços vêm ao de cima e Clarissa vem-se abaixo. Com Laura Brown sucede exactamente o contrário. Por nunca ter definido a sua personalidade, Laura vê-se sem voz. Enquanto que em Clarissa é nas suas expressões que revela o que não quer, Laura é na voz. Do tom mais decidido ao quase suspiro, com múltiplas reticências, Laura mostra-nos o quão despersonalizada é. Uma personagem propositadamente vaga, ausente, perdida num espaço onde só existe ela e mais ninguém. Finalmente, Virginia. Um poço de fúria, de angústia, de revolta, tudo nos seus olhos. Feroz, determinada e complicada, Virginia não consegue estar satisfeita com a vida que tem. Ela é mesmo o que é – sem tirar nem por – e talvez por isso seja a mais incompreendida das três, arrumada para canto com a desculpa de uma doença mental que ninguém sabe muito bem como diagnosticar.

Muitos preferem ver “The Hours” como um filme que aborda três mulheres à beira do desespero, duas delas tentando mesmo o suicídio e por isso descartam-no como um desvaneio deprimente de um escritor com mania de lírico. Para mim, ao entrecruzar os três ângulos narrativos em paralelo em vez de em sequência, colocando o autor, o alter ego e o leitor no mesmo plano e forçando-nos a partilhar do fragmentado e imperfeito mundo destas três infelizes mulheres, “The Hours” mostra-nos como só o amor e o tempo são ambivalentes, complexos e intemporais. Tudo o resto, como as conexões, a humanidade, a felicidade, se esvai. “Always the love. Always the hours.”


domingo, 27 de janeiro de 2013

Em Sundance começou a corrida aos Óscares de 2014


Há minutos foram revelados os vencedores da edição de 2013 do Festival de Sundance, certame que decorre nas planícies do Utah no princípio de cada ano e que se dedica especialmente a filmes alternativos, independentes, com o objectivo de lhes trazer maior visibilidade. 


Com "Fruitvale" de Ryan Coogler (adquirido dias após a sua exibição pela titã The Weinstein Company, peritos da corrida aos Óscares) a vencer não só o Grande Prémio do Júri - Drama (sucedendo a "Beasts of the Southern Wild" e juntando-se a vencedores ilustres deste troféu como "Winter's Bone" ou "Precious") como o Prémio da Audiência - Drama (sucedendo a "The Sessions", sendo que "Precious" também venceu este prémio no seu ano), parece-me que temos aqui o primeiro candidato à corrida aos Óscares de 2014. Protagonizado por Michael B. Jordan ("Parenthood", "The Wire", "Friday Night Lights") e Octavia Spencer (vencedora do Óscar por "The Help"), "Fruitvale" conta a história verídica das últimas horas de vida de Oscar Grant.


Tendo em conta as críticas (vão clicando e vendo, se quiserem: Indiewire; Shadow and Act; Twitch; The Hollywood Reporter; Collider; Thompson on Hollywood) não me restam grandes dúvidas: contem com este filme para os prémios de fim de ano (até Tom Rothman o disse na entrega do prémio do júri). 

De Sundance fico com vários outros filmes na retina para acompanhar ao longo do ano (de "Prince Avalanche" de David Gordon Green a "The Spectacular Now") e, essencialmente, com esta senhora (não me importam as críticas, estou morto por ver):



Os restantes vencedores AQUI.

sábado, 19 de janeiro de 2013

THE PAPERBOY (2012)



Estreou em Portugal na última semana de 2012, depois de uma muito badalada estreia mundial na edição de 2012 do Festival de Cannes. The Paperboy, com o brilhante título português "Um Rapaz do Sul", é fogo de vista. Uma capa. Um conjunto de nomes que luzem, mas que não são ouro. Mas tudo isto se explica se olharmos para o homem que decidiu pegar e adaptar o bem sucedido livro de Peter Dexter. Ele mesmo, Lee Daniels, o homem por detrás daquela nódoa negra do cinema chamada Precious. The Paperboy não é tão mau quanto o foi Precious (fazer pior seria crime), mas é dos filmes mais insípidos e incompetentes de 2012.


Paperboy é um filme sobre uma amarga história de amor. Fiquei com curiosidade de pegar no livro, pois acredito que, por detrás deste mau filme, está um livro com conteúdo e interesse. Ward (Matthew McConaughey) é jornalista do Miami Times e decide investigar o assassínio de um famoso polícia na sua terra natal. Determinado a provar a inocência de Hillary Van Wetter (John Cusack), o seu regresso a casa coloca Charlotte Bless (Nicole Kidman) na vida de Jack (Zac Efron), o seu irreverente irmão mais novo, que rapidamente se envolve na investigação de Ward para se aproximar desta mulher fatal.


A história é interessante e, até, rebuscada. Trabalho de Peter Dexter, só. Os erros de Lee Daniels começam logo pela escolha do protagonista. Zac Efron não passa de um azeitolas de olhos azuis. E se o objectivo era fazer dele um b-side de Robert Pattinson (demonstrar que, também Zac, é mais do que um sex symbol das miúdas apaixonadas por posters de parede), mais valia ter ficado quieto. Foi mau para ele. Foi mau para Zac Efron. E foi péssimo para Nicole Kidman, que se viu enrolada no meio desta confusão de ideias e intenções, pior que uma barata tonta, a desfilar vestidos XXS e perucas ressequidas. Salva-se um homem, no meio deste naufrágio. John Cusack. Um papel interessantíssimo enquanto vilão (surpreendentemente bom, inesperadamente refrescante), que traz qualidade, intensidade e acção, a um filme que se arrasta forçado ao longo de todas as cenas. Há ainda um satisfatório Matthew McConaughey (do qual não sou especial adepto) e uma banda sonora consistente e apropriada. E é tudo.



Nota Final: 
C-


Trailer:



Informação Adicional:
Realização: Lee Daniels
Argumento: Peter Dexter
Duração: 107 minutos
Ano: 2012

domingo, 21 de outubro de 2012

Grandes Melodias do Ecrã (III)




"Come What May" - MOULIN ROUGE! (2001) - Ewan McGregor, Nicole Kidman

Como resistir à balada mais romântica desta década, de um dos filmes que mais inspira ao romance de sempre? Batalha perdida, ferida sarada, amor eterno. De repente, o mundo parece um lugar tão perfeito...

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Moore. Harris. Kidman. Owen. HBO em 2012.

Vamos ter batalha aguerrida pelos Emmys na categoria de telefilme este ano, com a HBO a trazer-nos televisão prestigiante uma vez mais aos nossos ecrãs em 2012: 


Nicole Kidman e Clive Owen são Martha Gellhorn e Ernest Hemingway em "Hemingway & Gellhorn", realizado por Philip Kaufman. A eles se junta um elenco composto por Parker Posey, Robert Duvall, David Strathairn, Tony Shalhoub, Connie Nielsen e Molly Parker, entre outros.




Já Julianne Moore encarna Sarah Palin no novo telefilme de Jay Roach ("Recount"), "Game Change", que acompanha os altos e baixos da campanha eleitoral de 2008. Mas Julianne Moore não é a única grande estrela do elenco, pois em "Game Change" também participam nomes como Ed Harris (como o Senador John McCain), Woody Harrelson, Sarah Paulson, Ron Livingston e Peter MacNicol.



E não esqueçamos ainda isto, acabado de estrear na HBO:



Caso para dizer: a HBO mima-nos demais. E agora pergunto: quem das duas enormes actrizes vocês acreditam que leve o Emmy para casa, seguindo os passos de Kate Winslet?

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Uma lista de 11 para o dia 11/11/11

Como saberão, esta sexta-feira é dia de palíndromo (um palíndromo imperfeito, mas ainda assim). Às 11:11 horas deste dia 11/11/11, assistimos a um fenómeno que só ocorrerá novamente daqui a cem anos. Uns dizem que esse momento leva a grandes decisões e mudanças na vida, dado o misticismo em volta da dada e superstições populares, para outros é apenas mais um minuto do seu dia.  Posso dizer que a essa hora estava bem ferrado no sono.

De qualquer forma, referi isto por que razão, perguntam-me vocês. Pois bem, em resposta ao curioso desafio do Nathaniel Rogers no seu The Film Experience, aqui estão as minhas onze coisas favoritas de hoje. Ou, já que é de cinema que se fala nesse site e neste, os meus onze actores (e actrizes) favoritos de hoje em dia. Claro que se excluem aqui as grandes glórias como Meryl Streep, Al Pacino, Jack Nicholson, Dustin Hoffman, Julianne Moore, Michael Caine, Robert DeNiro, Daniel Day-Lewis, Brad Pitt, George Clooney, Judi Dench, Emma Thompson, Anjelica Huston, Sissy Spacek, entre outros. Estamos a falar de actores e actrizes que não são (ainda) lista-A em Hollywood apesar da grande maioria deles estar bem lá perto (e Kate Winslet, quer se queira quer não, não gosta de ser considerada como lista-A).


Cate Blanchett | Christian Bale | Ewan McGregor


 James McAvoy | Kate Winslet| Marion Cotillard


 Michael Fassbender | Michelle Williams | Nicole Kidman


Ryan Gosling | Tilda Swinton


Quais são os vossos? (Ou, se preferirem, vão ao The Film Experience deixar outra lista; há lá várias listas curiosíssimas).

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

THE OTHERS (2001)



Diz-se por aí, pela boca de alguns iluminados da arte do cinema, que o Terror é o parente pobre desta arte. Na minha opinião, é fácil fazer um filme no qual se coloque o rótulo de terror. É mais fácil fazê-lo do que fazer comédia. Ou drama. Ou policiais. É fácil arranjar meia dúzias de designers com qualidade, aos quais se juntam efeitos sonoros e de (pouca) luz, cortar algumas cabeças, amputar algumas pernas, fazer sangue e colocar gente a aparecer de repente no ecrã do cinema. No entanto isto não é sinónimo de qualidade. Assusta, mete medo ao espectador, catalisa o contacto humano entre um par romântico. Mas não chega. Não chega para se chamar cinema e muito menos arte. Enquanto na comédia há muitas coisas más e que se distinguem a anos luz daquilo que é bom (ou muito bom), no terror há uma espécie de mínimos olímpicos que se conseguem obter sem grande esforço. A partir daí é que a história é outra e é isso que torna o Cinema de Terror numa parte tão respeitada quanto as outras.


The Others
é um claro exemplo de como o cinema de terror pode ter uma história por detrás de todo o suspense e mistério. Não é o meu género favorito, por mera questão de gostos, mas não gosto de a desprezar ou desvalorizar. Por isso fiquei feliz por poder incluir uma das mais importantes obras de Amenábar na selecção de filmes para analisar durante este mês. Nicole Kidman, que sem ter um pingo de sal consegue ser uma actriz surpreendente em praticamente todos os filmes em que participa (e eu evito vê-los, pois não suporto a palidez do seu olhar mortiço) é sem dúvida a grande valia e pedra basilar para a construção do argumento deste filme.


Grace Stewart
(Nicole Kidman) vive com os seus dois filhos, Anne e Nicholas, numa isolada mansão situada numa província perdida da Inglaterra. Como as suas crianças são alérgicas ao sol, Grace é obrigada a criar zonas de escuridão em toda a casa, de modo a que estas possam circular sem problemas. A chegada de Bertha Mills (Fionnula Flanagan) que se oferece para ajudar Grace nas lidas da casa, juntamente com o jardineiro Edmund e a jovem Lydia, marca o início de um conjunto de misteriosos acontecimentos que levam à constante insegurança de Grace e das suas crianças. Anne, a mais velha, irrita com frequência a sua mãe, não só pelos constantes relatos de vozes e visões que assegura ter, como também pela insolência com que reage aos castigos que lhe são impostos. Com o passar do tempo, a personagem de Bertha torna-se cada vez mais misteriosa e os acontecimentos sucedem-se a um ritmo vertiginoso.

Com um final completamente imprevisível e inesperado, The Others transformou-se numa agradável surpresa. É o terror como ele devia sempre ser feito.

Nota Final:
B+/A-


Trailer:



Informação Adicional:
Realização: Alejandro Amenábar
Argumento: Alejandro Amenábar
Ano: 2001
Duração: 101 minutos

MOULIN ROUGE! (2001)


"Spectacular! Spectacular!"




Dez anos depois, é inacreditável o quanto ainda me diz "Moulin Rouge!". O festival de luz, cor e espectáculo de Baz Luhrmann continua a ser, mesmo volvida uma década, um dos filmes mais satisfatórios e impressionantes de sempre. Desde o momento em que a música começa e a visão de Luhrmann de Paris entra no ecrã, um feitiço parece que me trespassa e me encanta e fico como que vidrado, a apreciar o dom visual do talentoso realizador. Não dá para desviar o olhar por um segundo - sob pena de perder vários momentos de magia.


O filme narra o romance épico de Satine (Nicole Kidman) e Christian (Ewan McGregor), com traços típicos de uma tragicomédia que vai da tristeza ao êxtase num segundo - tudo isto acompanhado, claro, pelas estilizadas adaptações das maiores baladas do século passado. Christian é um jovem e sonhador escritor que chega à bela Paris em busca de inspiração para o seu próximo romance e que trava uma curiosa amizade com o anão Toulouse-Lautrec (John Leguizamo) que o convence a alinhar no seu esquema de montar um espectáculo "cheio de luz, música e brilho" para Satine, a bela dançarina que é o atrativo principal do clube burlesco Moulin Rouge, propriedade do excêntrico e entusiasmante Harold Zidler (Jim Broadbent). Combinam então que Christian se deve encontrar com Satine e fazer-se passar pelo rico Duque de Worchester que, como previsto, iria financiar o espectáculo que faria dela uma estrela. Desfeita a confusão, o grupo tem que convencer o verdadeiro Duque de Worchester - que quer "pagar" pelos afectos de Satine - a alinhar na sua ideia. O que ninguém sabe, na verdade, é que Satine carrega um pesado segredo que poderá mudar o rumo de toda esta história.


Uma electrificante e inspirada banda sonora, que conta com adaptações de êxitos musicais como "Diamonds Are a Girl's Best Friend" numa estonteante sequência de dança, ou como a mistura efusiva e polvorosa de Paul McCartney, Eagles e Beatles em "Elephant Love Medley" na mais apaixonante cena de toda a película, ou sobretudo, com o arrebatador dueto final "Come What May", numa espécie de rendição final de Satine e Christian, cujo amor irá para sempre perdurar, não importa o que aconteça, em conjunto com a brilhante fotografia de Donald McAlpine - que merece todos os prémios que (não) ganhou - e a frenética edição de Jill Bilcock, que complementa na perfeição o tom histriónico e exagerado e risqué do filme, a mil à hora. Todas as interpretações merecem clara nota de destaque, mas sem dúvida que Nicole Kidman está muito acima das restantes. Ela desaparece completamente dentro de Satine, numa das interpretações mais surpreendentes dos últimos tempos, digna do Óscar que também (não) ganhou. Frágil, delicada e sensível, mas ao mesmo tempo tão forte e decidida, Satine é uma criação inolvidável de uma das maiores actrizes de sempre.

Retratando de forma gloriosa e até poética o que Paris tem de mais romântico e idílico, combinado com números musicais e de dança dignos de uma poderosa alucinação, repleta de eroticismo, cor e comédia, "Moulin Rouge!" é um filme que é impossível esquecer, quer se esteja a ver pela primeira vez ou pela centésima, é tocante, é emocionante, é um turbilhão de emoções fantástico de se vivenciar e experimentar. Nunca mais somos os mesmos - tal como aconteceu a Christian quando foi apresentado ao Moulin Rouge. 


Nota:
A

Ficha Técnica:
Realização. Baz Luhrmann
Argumento: Craig Pearce, Baz Luhrmann
Banda Sonora: Craig Armstrong
Fotografia: Donald McAlpine
Ano: 2001
 




domingo, 16 de janeiro de 2011

O Cinema Numa Cena


Bem-vindos a mais uma rubrica semanal aqui no Dial P for Popcorn - "O Cinema Numa Cena" tenta mostrar as nuances de uma interpretação fora-de-série numa cena pivotal do seu filme. 

Da última vez que fizemos esta rubrica, pegámos numa cena não para avaliar as interpretações como tem sido costume, mas para demonstrar o brilhante trabalho dos técnicos, em comunhão com o realizador.

Desta vez, voltamos a pegar numa cena dessas. "The Hours", o filme de 2002 de Stephen Daldry com Nicole Kidman, Julianne Moore e Meryl Streep nos principais papéis, fecha em grande, muito graças à brilhante cena final que compõe tudo aquilo que há de bom no filme: a sublime banda sonora de Philip Glass, a tríade de actrizes a interporem-se (o efeito dual e trial da história é o ponto alto tanto do livro como da película) e as últimas palavras de Virginia Woolf (da excelente escrita de David Hare):

"Always the years between us, always the years. Always the love. Always... the hours."


 


O filme nunca chega, infelizmente, a igualar a qualidade deste final.


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Revisão da Década: Melhores Actrizes da Década (2000-2009)

Estes três artigos seguidos fazem parte da minha Revisão da Década em Cinema, que comecei no meu antigo blogue "O Mundo Está Perdido" e retomei aqui no "Dial P For Popcorn". Por uma questão meramente prática, decidi passá-los para este blogue também e deste modo reabrir esta discussão.


São 50 interpretações, também podem ser papéis secundários ou principais, o que interessa é a sua qualidade. A verde estão marcadas as interpretações que estão nas fotos.


Aqui vos deixo ficar as minhas 50 performances femininas preferidas desta década:



Amy Adams, Junebug
Anne Hathaway, Rachel Getting Married
Annette Bening, Being Julia
Audrey Tautou, Amélie
Björk, Dancer in the Dark
Carey Mulligan, An Education
Cate Blanchett, I’m Not There
Cate Blanchett, The Aviator
Diane Lane, Unfaithful
Ellen Burstyn, Requiem for a Dream
Evan Rachel Wood, Thirteen
Holly Hunter, Thirteen


Imelda Stauton, Vera Drake
Isabelle Huppert, The Piano Teacher
Joan Allen, The Upside of Anger
Judi Dench, Notes on a Scandal
Julia Roberts, Erin Brokovich


Julianne Moore, Far From Heaven
Julianne Moore, The Hours
Julie Christie, Away From Her
Julie Delpy, Before Sunset
Kate Winslet, Eternal Sunshine of the Spotless Mind
Keira Knightley, Pride and Prejudice
Kristin Scott-Thomas, Il y a Longtemps que Je t’Aime
Laura Dern, Inland Empire


Laura Linney, The Savages
Laura Linney, You Can Count on Me
Maggie Gylenhaal, Sherrybaby
Maria Bello, A History of Violence
Melissa Leo, Frozen River
Meryl Streep, Adaptation

Meryl Streep, The Devil Wears Prada
Michelle Williams, Wendy and Lucy
Mo’Nique, Precious
Naomi Watts, Mulholland Dr.
Nicole Kidman, Birth
Nicole Kidman, Moulin Rouge!
Nicole Kidman, The Others
Patricia Clarkson, Far From Heaven
Penélope Cruz, Vicky Cristina Barcelona
Penélope Cruz, Volver
Rachel Weisz, The Constant Gardener



Reese Witherspoon, Walk the Line
Sally Hawkins, Happy-Go-Lucky
Samantha Morton, Movern Callar
Tilda Swinton, Julia
Tilda Swinton, Michael Clayton




Uma Thurman, Kill Bill Vol.1 e 2
Virginia Madsen, Sideways



E as minhas 10 favoritas interpretações são (destas 10, 5-8 são sólidas e não mudam, em princípio; as últimas duas/três são as que estão mais sujeitas a variações, ):

1. Julianne Moore, Far From Heaven
2. Nicole Kidman, Moulin Rouge!
3. Kate Winslet, Eternal Sunshine of the Spotless Mind
4. Meryl Streep, The Devil Wears Prada
5. Uma Thurman, Kill Bill Vol. 1 e 2
6. Tilda Swinton, Julia
7. Isabelle Huppert, The Piano Teacher
8. Björk, Dancer in the Dark
9. Imelda Stauton, Vera Drake
10. Naomi Watts, Mulholland Dr.



E para vocês, quais são as melhores interpretações femininas da década?

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O Cinema Numa Cena

Bem-vindos a mais uma rubrica semanal aqui no Dial P for Popcorn - "O Cinema Numa Cena" tenta mostrar as nuances de uma interpretação fora-de-série numa cena pivotal do seu filme. Hoje voltamos à primeira década do século XXI.

E vou pegar numa cena que nada tem de especial a mostrar qualidade dos actores intervenientes, mas que é fantástica como culminar de todo um filme, pois intersecta as suas três personagens principais, interpretadas sublimemente por três grandes actrizes da nossa era. Esta é a cena final do filme:

 

O filme "The Hours" estava destinado ao sucesso desde o momento em que o romance de Michael Cunningham encontrou as mãos talentosas de David Hare, a lente atenta de Sean McGravey e Stephen Daldry foi escolhido como realizador. Quando ele consegue contratar o trio composto por Julianne Moore, Meryl Streep e Nicole Kidman para protagonizar o filme, era mais do que óbvio que seria um sucesso. O que não podíamos prever de forma alguma é que as três actrizes dariam todas interpretações das mais conseguidas da década, no mesmo filme. Moore foi nomeada para Óscar como actriz secundária e perdeu, Kidman também foi como actriz principal e venceu, Streep não foi porque entre era a segunda actriz principal neste filme e entre este e "Adaptation", a separação de votos não foi suficiente para ela assegurar a dupla nomeação.


Nesta verdadeira celebração ao feminismo, uma pura ode ao que é ser mulher no mundo em diversas épocas, as três incorporaram as suas personagens e deixaram-nos encantados em vários momentos do filme: Laura Brown (Moore) a fazer um bolo, destroçada, derrotada pela vida, tentando contentar-se com a miséria de vida insignificante (segundo ela) que tem - ela que mais tarde decide ir para um hotel para se matar; Clarissa Vaughan (Streep) a tentar lidar com a saúde decadente e posteriormente suicídio do seu amante eterno (Ed Harris), enquanto tenta disfarçar a solidão e a amargura da sua vida com actos de bondade e de alegria falsa; Virginia Woolf (Kidman) arruina a vida do seu marido Leonard (Stephen Dillane) com a sua frustração pela vida pacata que leva até ao momento em que se decide afogar num rio. O filme é marcante, tocante e emocionante até ao fim e as três histórias que decorrem em paralelo e se conjugam exemplarmente fazem deste filme um dos melhores filmes da década. A crítica ao filme virá dentro de dias, espero eu.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Pessoas da Década: Nicole Kidman

Bem-vindos a uma das rubricas semanais do Dial P for Popcorn, a ter lugar todas as terças-feiras. Nesta rubrica vamos discutir as pessoas que se tornaram (ou que continuaram a ser) grandes nomes na década de 2000, sejam actores, realizadores, compositores, fotógrafos, entre outros.


Esta semana tinha focado na minha mente que ia falar de um actor. Pedi sugestões nos comentários mas pelos vistos vocês não estavam muito receptivos a dar a vossa opinião. Não faz mal. Muito provavelmente, eu não iria escolher outra pessoa que não esta. Conseguem pensar noutra actriz que tenha deixado uma marca tão impressionante na década de 2000 como esta? Não me parece.

É, por isso, com muito orgulho, que a minha rubrica "Pessoas da Década" vai abordar esta semana...


Nicole Kidman

A actriz autraliana nascida no Hawai, que perfez 43 anos no passado dia 20 de Junho foi desde sempre a minha primeira escolha para o meu primeiro texto sobre um actor para esta rubrica. É que, se a segunda metade da década deixa a desejar quanto à filmografia de Nicole Kidman diz respeito, entre 2000 e 2005 não houve actor ou actriz que tão alto subisse na memória das pessoas e no estrelato de Hollywood. A nível pessoal, a actriz divorciou-se de Tom Cruise em 2001, mais ou menos na mesma altura em que o seu primeiro grande êxito chegava aos cinemas e encantava meio mundo e casou-se posteriormente com o cantor country Keith Urban, também australiano, em 2006, com quem tem hoje uma filha, Sunday Rose.


A nível profissional, pois se a sua carreira já mostrava sinais de vôos mais altos (como comprovam "To Die For" em 1995, "The Portrait of a Lady" em 1996 e "Eyes Wide Shut" em 1999), entre 2000 e 2009, explodiu consideravelmente.

O início da década foi absolutamente avassalador para Nicole Kidman. Em 2001 começou a consolidar-se como uma das melhores actrizes de Hollywood, mostrando a sua versatilidade, talento e fabulosa expressividade em "Moulin Rouge!" de Baz Luhrmann (onde ainda por cima canta e dança fantasticamente) e em "The Others" de Alejandro Aménabar. Era óbvio que a Academia já estava de olho nela quando nesse mesmo ano lhe deu as boas-vindas ao círculo elitista de nomeados para Óscar pela sua interpretação fenomenal em "Moulin Rouge!", pela qual conquistou imensos prémios, entre eles o Globo de Ouro - Musical/Comédia. Não seria ainda a sua hora de vencer um Óscar (apesar de certamente o merecer mais que a vencedora), pois perdeu para Halle Berry ("Monster's Ball").


Seria no ano seguinte, em 2002, que Kidman iria atingir tal glória, pelo multi-nomeado para os Óscares "The Hours", que contava com Julianne Moore, Meryl Streep e a própria Kidman como protagonistas. Só estrelas, portanto. O seu nariz prostético fez história, até porque na altura de anunciá-la como vencedora da estatueta, Denzel Washington diz "and the winner is, by a nose, Nicole Kidman!", como que a fazer menção ao objecto. A verdade é que foi das interpretações mais curtas para uma Melhor Actriz vencedora de Óscar (28 minutos), tão brilhante foi Kidman no filme, ao dar vida à escritora insatisfeita com a vida Virginia Woolf. E a sua história com os Óscares ficou, para já, por aqui.


A "sequência de ouro" de Nicole Kidman, com "Moulin Rouge!" e "The Others" (2001), "The Hours" (2002), "Dogville" (2003) e "Birth" (2004)


Consagração obtida deveria simbolizar altura de descansar, mas não para Kidman. No dia a seguir à cerimónia ela estava de partida para a Dinamarca para colaborar com Lars von Trier no seu próximo filme, "Dogville", um filme bastante bizarro e repleto de mistério no qual Kidman mais uma vez espantou todos. De notar que a viagem para a Dinamarca em 2003 marcava a primeira vez em 15 anos que voava de avião. Nesse mesmo ano, Kidman também protagonizou, ao lado de Jude Law e Renée Zellweger, "Cold Mountain", mais um titã candidato a vários Óscares, o que acabou por acontecer. Um filme interessante, mas no qual Kidman não conseguiu ser tão extraordinária como noutras ocasiões, tendo-lhe custado provavelmente a nomeação, pois ambos os seus co-protagonistas foram nomeados (e Zellweger ganhou). Em 2003 Kidman foi ainda protagonista de "The Human Stain", baseado no romance homónimo de Philip Roth, para o qual o seu casting foi completamente um erro, como se viria a comprovar com o insucesso do filme.


O ano de 2004 viria a marcar o fim da magia de Nicole Kidman no ecrã, pelo menos por algum tempo. "Birth", de Jonathan Glazer, não parecia, à partida, prometer nada de especial, apesar de toda a gente contar com uma boa prestação da actriz. A verdade é que o filme revelou-se apaixonante de seguir do primeiro ao último minuto, com uma banda sonora sem precendentes de Alexandre Desplat e uma interpretação inconfundível da actriz, talvez a sua melhor de sempre, que é estonteante na película e uma maravilha de apreciar. Infelizmente, a Academia não foi da mesma opinião e tratou bastante mal esta pequena pérola que é "Birth". "The Stepford Wives", também de 2004, começou a anunciar um pequeno declínio na produtividade de Kidman, tendo o filme sido imensamente criticado.



As escolhas de Kidman continuaram algo estranhas e em 2005 ela apareceu em dois filmes que falharam redondamente, a nível do público e da crítica: "Bewitched" foi pálido em comparação com a adorada série de televisão do passado e "The Interpreter" foi uma escolha incomum na restante filmografia da actriz e, se bem que ela dá uma prestação razoável, tal como Sean Penn, o filme não caiu bem à crítica. Desafiando todas as convenções - dado o número de projectos aliciantes que se dizia que a actriz tinha em mão - Kidman opta por surpreender mais uma vez ao escolher "Fur: An Imaginary Portrait of Diane Arbus" para o seu próximo projecto, em 2006. O filme não foi bem recebido mas a sua interpretação encheu o olho de muita gente, incluindo eu próprio, que começava a duvidar da sua qualidade e do seu bom olho para projectos. Nesse mesmo ano, Kidman aceitou emprestar a voz ao filme animado musical "Happy Feet", que venceria o Óscar de Melhor Filme Animado desse ano.



2007 voltou a marcar um retrocesso na sua carreira, com os falhanços sucessivos de "The Golden Compass", a adaptação cinematográfica da excelente saga de Philip Pullman e de "The Invasion", um thriller de ficção científica em que contracenou com Daniel Craig. Em "Margot at the Wedding", todavia, ela concede-nos mais uma performance inesquecível, como a intolerante, sem tacto, opinionada e rude Margot. O filme com que Noah Baumbach seguiu "The Squid and The Whale" não foi tão bem aceite como o antecessor, mas mesmo assim Kidman conseguiu boas críticas.





Em 2008 e 2009 a actriz preferiu dedicar-se mais à maternidade e por isso abrandou o ritmo de trabalho, tendo feito apenas um filme em cada ano. "Australia" era um dos projectos mais ambiciosos de 2008 e voltava a reunir Kidman e Luhrmann, a quem se juntava Hugh Jackman, tendo como pano de fundo o belíssimo outback australiano. Apesar da técnica e da estética do filme serem imaculados, a história não era nada por aí além e nem os dois protagonistas se safaram no meio do marasmo de 2 horas e meia e o filme, que ameaçava fazer estrondo, passou de mansinho. "Nine" perdeu Zeta-Jones e ganhou Kidman assim de rompante, que assinou para um pequeno papel como a musa Claudia. Um musical com grande elenco e grandes expectativas que foi um desastre - bem, nem tanto, mas os críticos e o público norte-americano arrasaram com o filme, de onde só Cotillard e Cruz saíram ilesas (Kidman não tinha muito que fazer, portanto foi quase ignorada).

Contas feitas, Kidman foi a actriz mais arrojada, mais marcante, mais cintilante esta década. Trabalhou com os melhores desde sempre (Van Sant, Campion, Kubrick, Pollack, von Trier, Marshall, Daldry, Luhrmann, Aménabar e Howard) e tem sempre procurado quem tem algo de inovador para oferecer ao cinema. Posso sugerir... Almodovar e Tarantino next?

O futuro?

Bem, em 2010 a actriz tem a sua derradeira chance de redenção a esta série menos positiva com o seu papel principal em "Rabbit Hole" de John Cameron Mitchell, a adaptação de uma peça vencedora de vários Tony, inclusivé o de Melhor Actriz (Cynthia Nixon ganhou na Broadway). Aaron Eckhart e Dianne Wiest juntam-se a ela neste filme que conta a história do luto de dois pais pela morte do seu filho. Deverá ser um dos candidatos a tomar cuidado para os Óscares, sobretudo no que a ela diz respeito. E em 2012 a actriz prepara-se para um dos seus maiores papéis, em "The Danish Girl" de Lasse Hallstrom, que relata a vida do primeiro transsexual do país, Einar Wegener.

Deixo-vos para terminar com um tributo (via YouTube) a esta grande actriz, que reúne cenas de vários filmes da actriz, criado pelo seu grupo de fãs no Fórum Free: