Vivien Leigh é uma actriz muito especial. Não teve uma grande carreira (leia-se em volume, não em dimensão, claro está), não foi uma actriz convencional, mas quando estava inspirada, meu Deus, ela era brilhante. Vivien Leigh viveu durante 53 anos, sofreu imenso com a sua doença bipolar, com um casamento tempestuoso com o temperamental e polígamo Laurence Olivier e padeceu de tuberculose durante a última década da sua vida. A juntar a tudo isto há o facto de apesar de ter dois merecidíssimos Óscares por duas brilhantes interpretações e ser admirada pelo grande público da altura, nunca foi inteiramente amada pela crítica e nunca foi respeitada como uma actriz séria nos bastidores de Hollywood, sendo sempre rotulada como actriz de difícil feitio e complicada para se trabalhar. Uma actriz bastante versátil, como o demonstram as suas múltiplas aparições no teatro - uma delas viria a conferir-lhe a oportunidade de representar o segundo grande papel da sua vida na grande tela, em detrimento da actriz americana que desempenhou o papel na Broadway (Jessica Tandy) - e de uma beleza ímpar, é uma pena que Leigh tenha tido tantos obstáculos a opor-se à sua enorme qualidade enquanto actriz.
Como seu legado, Vivien Leigh deixou-nos dois papéis inseparáveis da história do cinema em si e duas interpretações de tal gabarito que a colocam logo nos lugares cimeiros do panteão do cinema: Scarlett O'Hara em "Gone With The Wind", o filme mais famoso de todo o sempre e Blanche DuBois em "A Streetcar Named Desire" (crítica do DPFP aqui).
Disse eu de Leigh em "A Streetcar Named Desire":
Disse eu de Leigh em "A Streetcar Named Desire":
"Que Vivien Leigh tenha sido tão bem sucedida no papel (ainda para mais porque era a única dos quatro principais que não tinha ligação com o espectáculo na Broadway, tendo substituído Jessica Tandy na transformação da peça em filme) diz muito da sua verdadeira qualidade como actriz. Vivien incorpora a sua Blanche de tanta falsa felicidade (as cenas com Mitch (Karl Malden) são uma delícia, tal é o desvario da sua cabeça), de tanta necessidade e urgência e desejo, balanceando-o com o graciosidade, charme e delicadeza, enquanto nos proporciona uma visão priveligiada da sua dor, da sua psique, que é fenomenal observar a sua abordagem muito única às suas personagens."
Hoje, 5 de Novembro, Vivien Leigh faria 98 anos e eu não posso deixar de pensar de quanto fomos nós privados por perdemos Leigh tão cedo (ela faleceu aos 53 anos). Quem dá duas interpretações assim ao mundo demonstra ter algo que pouquíssimas actrizes possuem: um potencial e um talento tremendo. É uma pena não ter surgido mais vezes e uma maior pena ainda ter desaparecido tão cedo.
2 comentários:
Só não concordo com o "não teve uma grande carreira". Como assim? Ela filmou pouco, mas marcou época e fez filmes maravilhosos como A NAU DOS INSENSATOS, EM ROMA NA PRIMAVERA, A PONTE DE WATERLOO etc.
O Falcão Maltês
ANTÓNIO --- Não é grande carreira em termos de grandiosidade mas sim em termos de volume. Lamento que ela tenha feito muito poucos filmes, porque o talento que ela evidenciou nos poucos que fez é demasiado grande.
Concordo em absoluto consigo, fez filmes maravilhosos e como eu digo na minha crítica a STREETCAR era uma das grandes actrizes da época.
Cumprimentos,
Jorge Rodrigues
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