Dial P for Popcorn: SECRETS AND LIES (1996)

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

SECRETS AND LIES (1996)



"Life isn't fair then is it. Somebody always draws the short straw. "


São poucas, pouquíssimas, as pessoas que no cinema se podem gabar de saber contar uma história de forma tão realista, despretensiosa, (direi até) humanista, quanto Mike Leigh. Ele é um mestre quando nos fala sobre nós, sobre a nossa/sua sociedade, sobre as relações humanas, sobre as filosofias da vida. E é delicioso, fantástico e absolutamente comovente ver um filme com uma carga emocional como a de Secrets and Lies (tal como aconteceu com um dos melhores filmes de 2010, o super aclamado Another Year).


Porque o dinheiro empobrece o espírito das pessoas, corrói relações de carinho e amor, embrutece e estupidifica os mais vulneráveis, Mike Leigh resolveu falar-nos sobre ele. E sobre os efeitos catastróficos que a ganância e a inveja podem ter num ambiente familiar, já de si, pouco saudável. Falo-vos de Cynthia (Brenda Blethyn - Fantástica actriz, numa Fantástica Interpretação), mãe solteira de Roxanne, uma caprichosa, insurrecta e desconcertante jovem de dezoito anos, em completa ruptura com a sua mãe, cuja vida se limita aos cigarros que engole enquanto, sentada na poltrona da sala, espera a chegada do seu namorado. Cynthia tem uma vida triste, cinzenta, desoladora.


Até que a sua vida ganha uma nova e inesperada alegria. Hortense Cumberbatch (Marianne Jean-Baptiste) contacta-a e informa-a de que é sua filha. Cynthia, reprimindo o choque inicial (e recordando os dias em que se viu obrigada a entregar Marianne para adopção), aproxima-se da sua filha e, aos poucos, entrega-se a um carinho, a um amor e a uma alegria que nunca antes conheceu. Não posso terminar, sem vos falar de Maurice (Timothy Spall), irmão de Cynthia, que vive um casamento feliz com Monica (Phyllis Logan) e interpreta a única personagem mental e emocionalmente saudável deste filme. Maurice é um homem forte (em todos os sentidos) e é dele que partem as desesperadas tentativas de criar uma harmonia entre todos, é ele que tenta compreender os problemas da família, é ele quem coloca os outros à frente de si mesmo, e a sua alegria consegue contagiar, com facilidade, a empatia do espectador.


Tudo isto nos é contado como se se passasse na porta ao lado da nossa casa. Não há super-heróis. Não há mulheres bombásticas. Não há felizes acasos. Há vidas, tão reais, tão humanas, que não as conseguimos separar do mundo que nos rodeia.


Nota Final:
A-


Trailer:

´

Informação Adicional:
Realização: Mike Leigh
Argumento: Mike Leigh
Ano: 1996
Duração: 142 minutos

Sem comentários: