Dial P for Popcorn: 10 FOR THE OSCARS, OSCARS FOR 10 - Último Meeting (Parte 2)

terça-feira, 1 de março de 2011

10 FOR THE OSCARS, OSCARS FOR 10 - Último Meeting (Parte 2)



O Dial P For Popcorn tem o orgulho de vos trazer esta nova iniciativa/cooperação interblogues, de seu nome "10 for the Oscars, Oscars for 10", uma série de meetings entre amigos e, por sinal, cinéfilos fidelíssimos, com o intuito de discutir tudo relacionado com Óscares, cerimónias, precursores, méritos e falhanços da temporada cinematográfica de 2010. Esperemos que além de informativo e interactivo isto nos sirva e vos sirva de alguma coisa.


Com uns dias de atraso, é verdade, mas como também não era incisiva para a cerimónia em si, decidi só publicar a nossa segunda parte da conversa hoje. Aqui vos deixo com o último segmento desta nossa iniciativa. Espero que deixem ficar também as vossas opiniões.



ALGUMA CATEGORIA NOVA QUE ACRESCENTASSEM?

DIOGO: Melhor Cena.

GONÇALO: Não acrescentava nenhuma nova, mudava era as regras das que já existem.

JOÃO: Categoria do Público, em que por votação no sítio dos Óscares, o público escolheria os nomeados e os vencedores de uma categoria para melhor filme.

JORGE: Acrescentar não acrescentaria nenhuma (talvez Melhor Elenco?), até porque elas já são demasiadas. Mudaria regras, sim, como o Gonçalo sugeriu, para haver mais uniformidade no número e qualidade dos nomeados, para haver igualdade entre os diferentes ramos da Academia.

PEDRO: Talvez Melhor Design ou Efeitos Gráficos, que de certa forma está associado aos efeitos especiais mas que requerem imenso trabalho.

SAMUEL: Julgo que não seria descabida a inclusão de uma categoria que premiasse o elenco de um filme; desta forma, seria possível galardoar títulos onde abunda a química entre os actores e com fantásticas interpretações. Paralelamente gostaria de ver a criação de uma cerimónia promovida pela Academia que premiasse os melhores trabalhos em promoção (poster, trailer, etc.) cinematográfica.

TIAGO: Talvez Melhor Banda Sonora Não Original/Adaptada.



ALGUMA CATEGORIA QUE ACHAM QUE PODIA SER ELIMINADA?


DIOGO: Alterava as regras relativas à “originalidade” da banda-sonora.

GONÇALO: Nenhuma. Acho que o equilíbrio foi alcançado com a categoria de Melhor Filme de Animação. 

JOÃO: Maquilhagem.

JORGE: Tendo em conta o mau uso que se faz da categoria, eu era capaz de sugerir a remoção de Melhor Canção Original – mas note-se: se ela continuar com estas regras ridículas.

PEDRO: Não consigo "dispensar" nenhuma. Todas as que lá estão premeiam trabalho de qualidade, sejam nas técnicas ou nas que menos interesse despertam  (curtas/documentários), enquanto as restantes são a raison d'être da cerimónia.

SAMUEL: Não dispensaria categorias, mas sim certas regras associadas a algumas das existentes (ex.: Banda Sonora).

TIAGO: Todas elas me parecem justas.


SE PUDESSEM ATRIBUIR UM ÓSCAR A ALGUÉM ESTE ANO, QUEM SERIA?


DIOGO: SHUTTER ISLAND.

GONÇALO: É ridículo que o THE GHOST WRITER não esteja presente na lista de nomeados. Foi facilmente um dos filmes do ano, com uma das melhores realizações e um dos melhores argumentos. SHUTTER ISLAND é outro: merecia estar nomeado em, pelo menos, melhor filme, melhor realizador, melhor argumento adaptado e melhor actor principal. E enfim, o Clint Mansell merecia o Óscar de melhor compositor (já merece há alguns anos, diga-se).

JOÃO: Javier Bardem (BIUTIFUL).

JORGE: Ryan Gosling (BLUE VALENTINE), Lisa Cholodenko e Stuart Blumberg pelo argumento de THE KIDS ARE ALL RIGHT e, sem qualquer dúvida, Robert Richardson pela fotografia de SHUTTER ISLAND.

PEDRO: BLACK SWAN/Ryan Gosling/Matthew Libatique/Trent Reznor [n.d.r. Trent Reznor ganhou mesmo o Óscar].  

SAMUEL: Já é altura de Roger Deakins arrecadar uma estatueta por Melhor Fotografia. E seria um autêntico prazer ouvir, no Kodak Theatre, o anúncio do nome de Trent Reznor pela banda sonora de THE SOCIAL NETWORK… [n.d.r. Trent Reznor ganhou mesmo o Óscar]

TIAGO: [APARTE: Não sei se percebi muito bem esta questão. THE SOCIAL NETWORK merecia um Óscar, Natalie Portman merecia um Óscar, muita gente merecia um Óscar... É dos nomeados ou não nomeados; n.d.r. Era indiferente] De qualquer modo, escolho... I AM LOVE.
                               


ESCOLHAM UM ACTOR, UM FILME E UM ARGUMENTO DO PASSADO QUE NÃO DEVIAM TER PASSADO SER RECEBER UM ÓSCAR.


DIOGO: A CLOCKWORK ORANGE (Melhor Filme), Julianne Moore (Melhor Actriz), MAGNOLIA (Melhor Argumento).

GONÇALO: Duas palavras: CITIZEN KANE. E em relação ao de argumento (foi o único Óscar que o CITIZEN KANE recebeu)... Tanto por onde escolher... Bem, digo o que me vem agora à cabeça: THE SIXTH SENSE.

JOÃO: THERE WILL BE BLOOD, o argumento de MEMENTO e Jack Nicholson no SHINING.

JORGE: Eu aqui nem consigo dizer só um por tema. BROKEBACK MOUNTAIN, L.A. CONFIDENTIAL, RAGING BULL e CITIZEN KANE perderem Melhor Filme, por exemplo. Mike Leigh ter perdido Melhor Argumento sete vezes mas gente como Paul Haggis já ter vencido duas vezes. E lendas do ecrã como Glenn Close, Sigourney Weaver, Julianne Moore, Michelle Pfeiffer, Annette Bening, Deborah Kerr não terem nenhum Óscar e Hilary Swank e Jodie Foster terem dois cada uma. Nem comento.

PEDRO: PULP FICTION; Sidney Poitier (IN THE HEAT OF THE NIGHT); EASY RIDER (Peter Fonda, Dennis Hopper, Terry Southern).

SAMUEL: Filme – CITIZEN KANE, em 1941; Actor – Ralph Fiennes, por SCHINDLER’S LIST, em 1993; Argumento – BEING THERE, em 1979.

TIAGO: THE CURIOUS CASE OF BENJAMIN BUTTON (Argumento). Julianne Moore. THERE WILL BE BLOOD.


QUAL FOI A PRIMEIRA CERIMÓNIA A QUE ASSISTIRAM?


DIOGO: 2003.

GONÇALO: Creio que foi em 2001 [N.B. Cerimónia de 2002], quando o primeiro Senhor dos Anéis foi nomeado... Fiquei tão contente quando vi, anos mais tarde, o terceiro ganhar tudo.

JOÃO: Este ano será a primeira.

JORGE: A primeira que vi mesmo foi em 1997 [N.B. Cerimónia de 1998], mas só lhes comecei a dar mesmo importância desde 1999-2000 (AMERICAN BEAUTY ganhou).

PEDRO: 1998 (vencedor: TITANIC).

SAMUEL: Foi em 1991 [N.B. Cerimónia de 1992], numa cerimónia em que vi O SILÊNCIO DOS INOCENTES sair vencedor e ouvi falar, pela primeira vez, num actor fenomenal chamado Anthony Hopkins.

TIAGO: Não faço ideia…


POR ÚLTIMO, PEÇO QUE ME FAÇAM UM SUCINTO BALANÇO DO ANO CINEMATOGRÁFICO DE 2010.


DIOGO: É positivo, está claro. A meu ver, foi mais interessante do que 2009/2010, com grandes nomes como Scorsese, Coppola, os Coen, Fincher, Kiarostami, Noé, Allen, Iñarritu, Eastwood, entre tantos outros, a trazerem-nos aquilo que melhor sabem fazer, embora alguns não tenham passado sem deixar certa desilusão por trás. Na animação houve três filmes que adorei mesmo (TOY STORY, HOW TO TRAIN YOUR DRAGON, TANGLED) e um do qual gostei (THE ILLUSIONIST), um ratio que já não acontecia há algum tempo. O cinema português não esteve bom, mas teve coisas interessantes e já teve anos piores (falta-me ver o FILME DO DESASSOSSEGO e o JOSÉ E PILAR). Para o ano, não teremos, infelizmente, alguns dos nomes de que falei, mas teremos outros igualmente magníficos, como Almodóvar, Lars von Trier, Malick, etc. Muita pena, e certa angústia, por ainda ter de esperar por mais uma peça do brilhante Paul Thomas Anderson.

GONÇALO: Uma boa dose de excelentes filmes, mas não muitos a que possa chamar de Obra-Prima. Olhando para as nomeações deste ano, por exemplo, vê-se que não há muitos filmes que mereçam essa designação, aliás... Creio que foi uma boa temporada, mas não excelente. Faltaram, talvez, algumas grandes surpresas, alguns grandes novos autores. Os grandes mestres (Scorsese, Polanski, Kiarostami...), e os grandes filmes vieram de onde se esperava (Aronofsky, Fincher...), mas de resto...

JOÃO: Positiva. Pena só ter produzido em quantidade e em qualidade no final o ano. São três meses que compensam nove de profunda pobreza (tirando algumas excepções, claro).

JORGE: O meu balanço pessoal está feito no blogue, mas partilho aqui algumas palavras também. Penso que foi um bom ano, a começar bem a nova década, com grandes nomes do cinema a mostrarem-nos novos projectos de qualidade, mostrando que ainda estão no topo da sua forma, com os nomes emergentes da actualidade a consolidarem a sua reputação como mestres e com novos e promissores aprendizes a surgirem com obras de inegável talento e mérito. De realçar ainda o culminar de uma década espectacular de animação, muito devida à força crescente da Pixar e da Dreamworks no mercado mundial e uma brilhante década também para os documentários, rejuvenescidos desde o par de obras-primas que Michael Moore deitou cá para fora no virar do século. Esperemos que o novo ano nos proporcione grandes e iguais alegrias.

PEDRO: Parece-me que foi uma temporada bastante razoável. Não houve mais que 5 filmes que tenham maravilhado no sentido real da palavra, mas houve imensa qualidade. E é para isso que estes prémios deviam existir, para premiar qualidade. Outra coisa que faz é incitar o debate, dividindo-nos em grupos consoante os nossos favoritos. E nesse aspecto 2010 foi um ano excepcional.     

SAMUEL: Dominado pelo protagonismo (para mim incompreensível) de THE SOCIAL NETWORK, este foi um ano onde, uma vez mais, o cinema independente ou a beirar o mainstream revelou-se original e/ou desafiador. Basta ver os exemplos de BLACK SWAN ou de WINTER’S BONE para se chegar a essa conclusão.

De 2010, não posso deixar de destacar INCEPTION, sem dúvida um dos blockbusters mais inteligentes que Hollywood produziu nos últimos anos e que se encontra merecidamente nomeado para Melhor Filme.

Houve, também, boas revelações no que toca a actrizes: Jennifer Lawrence, Hailee Steinfeld e Chlöe Moretz são valores seguros para o futuro da indústria e com carreiras muito promissoras.

Por fim, de salientar que 2010 ainda não é o ano em que o fenómeno 3D, a mais recente “cartada” de Hollywood para aumentar receitas de bilheteira, ganhou consensos. As experiências (a meu ver) falhadas de ALICE IN WONDERLAND ou TRON: LEGACY comprovam-no, dois títulos que são melhor desfrutados se visualizados no formato dito original.

TIAGO: No geral foi um bom ano, com grandes filmes, boas produções... Desempenhos de elevada qualidade, bastantes filmes muito bons, um regresso a algum classicismo, mas simultaneamente com um grande travo de modernidade.



No fim das contas, só me resta agradecer ao brilhante elenco de convidados que aceitaram de bom grado o meu convite, não só os geniais Gonçalo Trindade, Pedro Ponte, Diogo Figueira, Samuel Andrade e Tiago Ramos, que contribuíram em todos os encontros, mas também ao "nosso" João Neves que acabou de assistir aos seus primeiros Óscares fruto da nossa rubrica e insistência, e ainda ao Fernando Ribeiro, à Ana Alexandre e ao Roberto Simões, que connosco iniciaram o projecto.


Espero contar de novo convosco no próximo ano, talvez até numa fase mais precoce e num projecto com maior e melhor planificação (e até talvez com mais convidados). Isso serão discussões para mais tarde.


Agradeço-vos imenso as saudáveis e agradáveis discussões em que nos envolvemos, as horas de curioso e divertido debate que nos levaram a destilar ódios e a inflamar paixões, sempre no interesse de falar do que tanto nos aproxima: o cinema. Penso que aí o nosso objectivo foi conseguido. Muito obrigado a todos.


- Jorge Rodrigues

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