Eu tentei não o fazer. Até porque estes prémios merecem cada vez menos o meu respeito. Mas o que aconteceu ontem foi demasiado chocante, demasiado óbvio, demasiado provocante. Não é por acaso que o Melhor Filme não recebe sequer a nomeação de Melhor Realizador. Não é por acaso que nos últimos anos passámos a ter 9-10 nomeados na categoria de Melhor Filme. E não é por acaso que os prémios foram equitativamente distribuídos pelos principais filmes. Por isso mesmo, na noite de ontem, os grandes vencedores foram...
Parabéns aos Vencedores! O trabalho de bastidores surtiu efeito e todos os filmes vão ter um prémio numa das principais categorias da Academia para poder destacar em grande plano na capa do DVD e do Blu-ray. Ganham uns. Perde o Cinema.
8 comentários:
Que post brilhante, mesmo em cheio.
Para quê dizer mais...
Percebo a inteligência por detrás do que disseste, mas de novo... A forma corrosiva como o dizes faz perder o valor do raciocínio.
Percebo a tua perspectiva mas acho que mais do que uma teoria de conspiração, esta distribuição "equitativa" é fruto de haver uma mão cheia de bons filmes este ano, todos eles de valor muito aproximado.
Nos actores não houve grandes surpresas, nos argumentos e melhor filme também não. Quanto a melhor realizador acho que mesmo que o Affleck tivesse nomeado teria muito mais logica dar o premio ao Ang Lee pois realizou uma obra que muitos consideravam impossível, tendo sido, provavelmente, o maior desafio dos filmes nomeados.
Deram um prémio secundário ao Lincoln por ser o Spielberg, mas fora isso não vejo nada de escandaloso.
Para mim foi a ocasião e a diversidade de opiniões sobre os filmes que proporcionou isto e não pressões da academia.
Muito bem!
Obrigado a todos pelos comentários!
Tripas, concordo quando diz que este ano foi realmente um ano com muito e bom cinema e que conseguimos ter uma série variada de potenciais vencedores. Agora não se podem cometer erros capitais como foi o de não dar a Emmanuelle Riva o Oscar (para o entregar a um papel banal de uma miuda de 23 anos) e, mesmo no caso de Ang Lee, questiono a justiça de uma vitória num filme maioritariamente criado por um computador. Faria mais sentido uma entrega, por exemplo, a Kathryn Bigelow ou a Spielberg pela revisão história que conseguiram nos seus filmes! Mas percebo o seu comentário! ;)
Abraço,
João
Concordo plenamente quanto à injustiça cometida para com Emmanuelle Riva.
Quanto à categoria de Melhor Realizador, o que dizer, se não que os nomeados não foram verdadeiramente representativos do que melhor se fez em termos de realização e, como tal, o resultado final estava viciado à partida? Ben Affleck, Quentin Tarantino e, acima de tudo, aquela que para mim foi a melhor realização do ano, a de Paul Thomas Anderson (génio para quem antevejo uma carreira semelhante ao Kubrick, no que diz respeito à relação com a Academia) eram nomeações obrigatórias. Já com a realização do Haneke no Amour, tenho alguns problemas.
Pensando nisso, foi um belo ano para os fãs de boa realização (num nível um pouco abaixo, estou-me a lembrar de Tom Hooper e Joe Wright, que eu não nomearia, mas que me convenceram).
João -- Acabaste com o que disseste vir a propósito do que te disse no post acima deste. Os nomeados não são a melhor representação do 2012 em cinema. Anderson e Bigelow teriam lugares de caras, por exemplo.
Acerca de Kubrick/Paul Thomas Anderson, penso que a comparação nem se põe e aliás é incrível que se pense que Kubrick não é apreciado pela Academia.
Anderson conseguiu 5 nomeações aos Óscares, 1 pela sua realização e 3 pela sua escrita. E todos os seus filmes, salvo Punch-Drunk Love, conseguiram nomeações. E provavelmente mais haverão no futuro.
Kubrick conseguiu 13 nomeações para a Academia, 4 pela sua realização e 5 pela sua escrita. Não é como se a Academia nunca tivesse ouvido falar dele como, por exemplo, quase fez com Hitchcock (nomeado para 5 Óscares, todos por realização). Hitchcock nunca ganhou.
Kubrick tem 1 Óscar por Efeitos Especiais do 2001. É pouco, mas não é como se a Academia tivesse passado ao lado do génio dele.
Desculpa o sermão mas ando a ficar um bocado farto que por estes lados se vilanize a Academia que, feitas as contas, mais não é que um prémio entre muitos. O maior prémio do Cinema, pela sua importância histórica e reconhecimento mundial. Mas não é suposto ser levado tão a sério.
Abraço e obrigado pelo comentário!
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