Dial P for Popcorn: março 2012

sábado, 31 de março de 2012

O vento está a mudar...




Tenho estado com Julie Andrews e "Mary Poppins" na mente nos últimos dias. Será que cheiro algum artigo relacionado com "The Sound of Music" a caminho?

sexta-feira, 30 de março de 2012

DAFA TV 2011: Melhor Actriz e Actor Secundário - Drama

Depois de termos abordado as minhas escolhas para Melhores Novas Séries e os meus nomeados (e vencedores) para Melhor Actor e Actriz Secundários em Comédia, venho hoje com mais duas categorias, homónimas das do último artigo mas na categoria de drama: MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO - DRAMA  e MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA - DRAMA. Habitualmente, atribuo estes prémios no final da temporada de televisão de 2011 (Verão). Este ano, decidi fazer diferente e copiar, por assim dizer, o modelo dos Globos de Ouro, só atribuindo os prémios depois das novas estreias de 2011.

Os meus nomeados são:

MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO - DRAMA


Alan Cumming / THE GOOD WIFE   #1
Peter Dinklage / GAME OF THRONES
Walton Goggins / JUSTIFIED   #3
Shawn Hatosy / SOUTHLAND
John Noble / FRINGE   
Aaron Paul / BREAKING BAD  #2



Seis escolhas fáceis de explicar: Dinklage foi presenteado com a melhor personagem de "Game of Thrones", mas isso não o impediu de transformar Tyrion Lannister em algo muito seu, rico em profundidade, carisma e presença. A sua cena na corte da Casa Arryn? Inesquecível. Cumming foi justamente nomeado para um segundo Emmy o ano passado (e sê-lo-á muito seguramente para um terceiro este ano) pelo seu Eli Gold. Não há personagem nem tão mordaz nem tão excêntrica quanto esta. Eli Gold poderia ter ido parar a muitos actores capazes que fariam um bom trabalho com a personagem. Contudo, esta foi cair nas mãos de Alan Cumming, que é um dos seres humanos mais absolutamente fascinantes que há. O resultado: Eli Gold torna qualquer cena em que aparece melhor pela sua mera aparição.  A vontade dos fãs de verem premiado John Noble ressoa muito em mim. Porque o homem, caramba, merece. Não há ninguém na televisão que tão facilmente consegue desdobrar a sua personagem e mutá-la numa coisa completamente diferente, ao mesmo tempo que com tanta leveza habita a sua personagem. Pena que a ficção científica não seja muito respeitada. Vamos agora pausar para falar de "Justified", sim? Uma série que transpira classe por todos os poros. Que Timothy Olyphant é excelente e Margo Martindale transcendente, todos sabemos. Não vejo é muita gente elogiar o restante elenco, de Natalie Zea a Jeremy Davies e, sim, Walton Goggins. Que maravilha foi vê-lo nomeado o ano passado para o Emmy.  Boyd é a arma secreta da série. É o cabrão mais complicado de entender que há em Harlan, imprevisível como um raio, um criminoso do mais rasca que existe mas que exibe traços de humanidade quando encostado à parede. Finalmente, Hatosy. "Southland" é das séries mais menosprezadas da televisão americana e, infelizmente, é uma das mais sensacionais séries policiais da última década. O ano passado, Bryant teve que lidar com o fim do seu casamento, um bebé que possivelmente não era seu e ver o seu parceiro ser morto. Hatosy fugiu ao melodrama e optou por nos deixar penetrar no seu íntimo, na sua alma, tornando as suas cenas simultaneamente difíceis de ver mas impossíveis de não experienciar. Desde "Peekaboo" que tenho Aaron Paul em muito boa conta. Como "Breaking Bad", o actor foi evoluindo e a sua interpretação melhora cada vez mais, mais detalhada, mais profunda, mais impregnada de magnetismo, de carisma, de presença. Um homem autêntico e real, que paga bem caro os erros (infantis, próprios da idade) que comete. Pinkman é extraordinário, mas o actor que o interpreta não o é menos.

MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA - DRAMA


Khandi Alexander / TREME   #3
Emilia Clarke / GAME OF THRONES
Regina King / SOUTHLAND
Margo Martindale / JUSTIFIED   #1
Archie Panjabi / THE GOOD WIFE  #2
Mae Whitman / PARENTHOOD

Esta categoria é Margo Martindale e depois todas as restantes. Martindale chega a "Justified" como um vulcão em erupção, enganando toda a gente com a sua doçura e o seu ar pacato de avó simpática nunca mostrando que por detrás dessa gentileza está um dos piores e mais temíveis vilões da televisão dos últimos anos. Brilhante. Panjabi continuou intrigante, misteriosa e poderosa, enquanto a vimos ser repetidamente atacada pelo novo investigador da firma e pelo segredo que ele desvenda que coloca a sua relação com Alicia na corda bamba (ver Kalinda a chorar foi das cenas mais intensas e emocionais que vi na televisão o ano passado). Levaria facilmente o prémio em qualquer ano não fosse este o ano de Martindale (e que me leva a arrepender ter fugido a premiá-la o ano passado). Khandi Alexander é impecável em "Treme" e se mais gente visse a série ia perceber que a actriz está aqui a anos-luz do seu estereótipo de personagem em "CSI". Whitman faz a sua Amber pulsar de adrenalina adolescente, vivendo todas as emoções à superfície. Um dos maiores trunfos de um actor é saber dizer com a expressão facial tudo aquilo que sente lá dentro. Whitman fá-lo com uma facilidade tremenda e torna a sua química com Lauren Graham, sua mãe na série e também ela uma profissional a dizer as coisas com o olhar, fantástica de analisar e observar. Duas grandes mulheres. Regina King é das mais sólidas actrizes de elenco que anda pelo pequeno ecrã e eu já penso isto há anos. Em "Southland", foi-lhe permitido florescer uma personagem de superfícies duras, aguçadas, com muito para contar mas com pouca vontade de mostrar. Nestas últimas duas temporadas, a sua detective Lydia, que costuma ser muito composta, calma, confiante e segura de si própria tem sido atirada aos leões, por assim dizer, com casos marcantes, um novo parceiro, traições, romance e tiroteio que permitem a King mostrar de que fibra é feito o seu gene da representação. De "Game of Thrones" tive que ponderar escolher entre Maisie Williams e Emilia Clarke. Depois vi que não podia conscientemente colocar cá Williams sem ter também Kiernan Shipka (a Sally de "Mad Men" esconde um enorme potencial enquanto actriz; espero que aproveite) e ficou Clarke então com o lugar. Não que ela não o mereça, claro, porque só alguém tão impressionante e talentosa como Clarke podia fazer de Daenerys a personagem tão frágil quanto imperiosa que é (não é qualquer mulher que domina Khal Drogo de forma tão majestosa). Além de Williams e Shipka, perto dos nomeados ficaram também a sempre espectacular Christina Hendricks ("Mad Men"), a consistente Natalie Zea ("Justified"), a incandescente Kelly MacDonald ("Boardwalk Empire") e a fogosa Christine Baranski ("The Good Wife").


E para vocês, quem foram os melhores personagens secundários em dramas neste último ano (e meio)?

domingo, 25 de março de 2012

CARNAGE (2011)




Adaptado de uma peça de sucesso da Broadway, Carnage foi uma arriscada investida de Roman Polanski. Aquilo que vemos no ecrã é uma tentativa arrojada. Não é fácil pegar numa peça de teatro, ainda por cima tão redutora e simplista em cenários, e reproduzir um filme atraente para o espectador. O segredo? Claro, as interpretações. E são interpretações de um bom nível, em especial a das mulheres e em especial a de Kate Winslet que fazem a diferença, transformando Carnage num filme interessante, diferente e agradável.



Tudo começa com uma briga de crianças. O filho do casal Cowan agride o filho mais velho do casal Longstreet, e ambos os casais se reúnem para esclarecer o sucedido. Michael Longstreet (John C. Reilly) é um descontraído chefe de família num casamento feliz com a histérica Penelope Longstreet (Jodie Foster). Recebem na sua residência um casal em desarmonia, onde Alan (Christoph Waltz) se distancia, desde o princípio, da briga dos miúdos e se foca unicamente no seu telemóvel e nos seus problemas profissionais. Abandonada e carente, Nancy (Kate Winslet) vai-se descompondo, derrotada por todas as acusações e discussões do encontro.


Um filme que tem algumas dificuldades em ultrapassar as limitações de uma peça de teatro, acaba por levar a alguma impaciência por parte dos espectadores que sejam adeptos de filmes mais directos. Enrola um pouco e vive de uma história que, tal como um novelo, se vai desenrolando, lentamente, com pormenores e atitudes que são um requinte de representação, uma demonstração de qualidade e competência de um grupo de actores de elite, que se juntam para celebrar o currículo e a qualidade da carreira de Roman Polanski. Algo de novo, algo de diferente. Agradável.

Nota Final:
B


Trailer:




Informação Adicional:
Realização: Roman Polanski
Argumento: Yasmina Reza
Ano: 2011
Duração: 80 minutos

quarta-feira, 21 de março de 2012

DAFA TV 2011: Melhor Actriz e Actor Secundário - Comédia

Tentarei que até ao final de Março os meus prémios de televisão deste ano estejam anunciados e entregues. No primeiro artigo dedicado a estes prémios, falei dos meus escolhidos para Melhor Nova Série. Hoje, trago-vos outras duas categorias: MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA - COMÉDIA e MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO - COMÉDIA. Habitualmente, atribuo estes prémios no final da temporada de televisão de 2011 (Verão). Este ano, decidi fazer diferente e copiar, por assim dizer, o modelo dos Globos de Ouro, só atribuindo os prémios depois das novas estreias de 2011.

Os meus nomeados são:

MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO - COMÉDIA

Ty Burrell / MODERN FAMILY   #3
Garrett Dillahunt / RAISING HOPE
Peter Facinelli / NURSE JACKIE   #2
John Benjamin Hickey / THE BIG C
Nick Offerman / PARKS & RECREATION  #1
Danny Pudi / COMMUNITY

Mesmo que tivesse dado estes prémios há ano e meio atrás, os nomeados não teriam mudado. Por exemplo, ainda hoje me lembro vividamente o quanto Peter Facinelli me fez rir na terceira temporada de "Nurse Jackie", que apesar de ter sido de longe a pior temporada que a série da Showtime, teve na Zoey e no Dr. Cooper dois pontos fortíssimos. E John Benjamin Hickey só cresceu na minha admiração com a segunda temporada de "The Big C": mais carisma, mais nuance, mais personalidade e mais profundidade. Ron Swanson (Nick Offerman) é Ron Swanson e não precisa de ser dito mais nada; é a melhor personagem de comédia que a TV norte-americana nos ofereceu nos últimos cinco anos. Danny Pudi podia optar por deixar o seu Abed ser um estereótipo e um bastante bizarro como tal. O processo de humanização que a personagem sofreu esta temporada tem tanto da escrita como do actor e só um actor de elevadíssimo calibre conseguia pegar em Abed e cometer o maior feito que um actor - que interpreta um homem bem acima dos vinte anos que é viciado em banda-desenhada, que filma documentários sobre si mesmo, que é seguidor ávido de "Cougar Town" e "Inspector Spacetime", que acha que as pessoas são 'blorgons', que se comporta, com o seu melhor amigo, como se fosse uma criança pequena e que racionaliza a mais pura das emoções - poderia fazer: ser normal. E fazê-lo parecer tão fácil. Finalmente, Garrett Dillahunt. "Raising Hope" é uma série com tanta piada como inteligência, com tanto humor como coração. O Burt de Dillahunt é assim mesmo: um tonto meio parvo, mas genuíno, honesto e com muita, muita piada. Não dá para resistir ao homem.

MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA - COMÉDIA

Mayim Blahik / THE BIG BANG THEORY   #2
Julie Bowen / MODERN FAMILY
Rebecca Creskoff / HUNG
Judy Greer / ARCHER  #3
Christa Miller / COUGAR TOWN   #1
Merritt Wever / NURSE JACKIE

Começamos pela nomeada mais "polémica": Judy Greer. Alguns puristas vão-me dizer logo que interpretações são interpretações, usar a voz para criar uma personagem não é uma interpretação. Desculpem-me mas o que Ellen DeGeneres fez em "Finding Nemo" ou Eddie Murphy em "Shrek" é melhor do que muitos actores de comédia a sério fazem na vida real. Assim sendo, para mim, conta tudo. E Judy Greer - aliás, todo o elenco de "Archer" mas Judy Greer e H. Jon Benjamin (falaremos sobre ele mais à frente nos prémios) em particular - são soberbos. Não há uma palavra fora do sítio ou mal pronunciada, sempre com o tique e a entoação certa. E depois, de vez em quando, lá vem aquela doçura inapropriada de Greer quando menos esperamos. E Cheryl - ou Crystal - só tem vida porque Greer cria ali, com apenas a sua voz, uma personagem fascinante. Continuando. Merritt Wever. Se este prémio fosse dado pela segunda temporada de "Nurse Jackie", esta enfermeira adorável e fofinha ganhava-o. Zoey é desajeitada e atabalhoada, contudo só o é porque Wever pretende que ela o seja. Outro actor podia fugir de ser o trapalhão e tentar ler só as suas falas com jeito e humor, mas Wever, destemida e confiante, eleva o seu jogo. Temerária é também Rebecca Creskoff. "Hung" não lhe dá muito para fazer, mas nunca vi uma actriz que aproveite tão bem o pouco tempo de ecrã que tem para roubar a cena aos protagonistas. A mulher é, à falta de melhor palavra, incandescente. Falemos agora de Julie Bowen, a "arma secreta" de "Modern Family". Isto quando a série a deixa brilhar o que, convenhamos, não acontece muito frequentemente. Excelente no humor físico, impecável na forma como aproveita a química com Ty Burrell e Jesse Tyler Ferguson (o seu marido e o seu irmão, respectivamente, na série) para conferir mais nuance e personalidade à sua personagem e exímia na entrega das suas falas. Uma verdadeira profissional. Vamos agora falar do estranho caso de Mayim Bialik. "The Big Bang Theory" não precisava dela. Ou melhor, precisava, só que não o sabia (ainda). Bialik conseguiu o improvável feito de melhorar todas as personagens à sua volta, desde Sheldon a Penny. Sim, Sheldon continua a ser incrivelmente sociopata. Todavia, a sua interacção com Amy revela facetas do seu carácter até agora desconhecidas. Também Penny tem finalmente hipótese de ter histórias que não envolvam os rapazes e de mostrar que é mais do que uma menina bonita que nunca deixa um homem sem resposta. A somar a tudo isto: Bialik é hilariante. Ficamos todos a ganhar com esta adição. Finalmente, a minha vencedora: Christa Miller. Porque eu amo "Cougar Town". Porque a principal razão para eu amar "Cougar Town" é Miller. Porque de cada vez que ela responde mal a alguém, insulta Courteney Cox ou Busy Philips, chama idiota a um e atrasado a outro e comporta-se depois pior que qualquer um deles eu dou um pulo no meu assento e quase aplaudo de alegria. Ver a Ellie ser a Ellie faz-me feliz. Pronto. Eu disse.
 
Estes são os meus nomeados para melhores. Quais são as vossas escolhas?

domingo, 18 de março de 2012

REALIZADORES/PERSONAGENS DO CINEMA: STEVE MCQUEEN E BOBBY SANDS



Pela primeira vez junto duas das minhas crónicas favoritas numa só. É uma crónica de comemoração, onde presto homenagem a duas das figuras mais brilhantes do cinema em 2011. Sim, a crónica dos Realizadores (em especial essa) serve para homenagear os grandes nomes da realização, é verdade. Nomes com história, com currículo, com filmes suficientes para garantir um lugar entre os melhores e mais marcantes de sempre. Steve McQueen pode não ser ainda tão grande como foram Stanley Kubrick, Alfred Hitchcock, Ingmar Bergman ou Fritz Lang. Mas, verdade seja dita, está numa posição muito privilegiada para fazer parte deste clube de elite.


Quanto a Michael Fassbender, pouco mais há a dizer. Bobby Sands é a mais importante personagem da sua carreira até ao momento (e certamente uma das mais marcantes de todo o seu currículo). Estamos a falar de um actor que conseguiu, em X-Men: First Class, transformar Magneto numa grande personagem. E quando pensamos nisto e olhamos para Bobby Sands, um revolucionário da Irlanda do Norte enclausurado numa prisão sem regras, disposto a morrer pelos seus direitos como prisioneiro político, percebemos a dimensão daquilo que lhe foi posto em mãos.


Estamos a falar de um filme que, a nível técnico, não é tão bem conseguido quanto o foi Shame. Aí, Steve McQueen está melhor. Aprendeu com alguns erros cometidos em Hunger e mostrou uma evolução consistente e admirável. Mas Fassbender mostra porque é que faz as delicias dos amantes do cinema. É uma máquina de representação. A intensidade, a entrega, a concentração, o profissionalismo, actualmente não têm igual. É o melhor actor em actividade. Não sabe fazer mal. Em Hunger, um filme que nos transporta para o inicio da década de 80, altura dos violentos conflitos entre a Irlanda do Norte e a tirana Margaret Thatcher, vivemos o ambiente duro e cruel de uma prisão onde eram calados os presos políticos, os homens que mobilizavam as massas e que, com coragem, desafiavam o sistema e as regras.


É um filme duro. Não se vê com o pacote de pipocas à frente, nem num ambiente festivo. Baseado em factos reais, é uma mensagem sobre a bravura e a coragem de homens que lutaram pelos seus ideais e pelo seu orgulho. Arrojado em todos os aspectos técnicos, com um fantástico take de quase vinte minutos onde Fassbender mostra a sua classe, Hunger foi o primeiro passo de um imberbe Steve McQueen. Com um estilo muito próprio, McQueen é um dos mais promissores realizadores dos nosso dias. E Twelve Years a Slave, esperado para 2013, é já um dos filmes mais aguardados do próximo ano.

quinta-feira, 15 de março de 2012

YOUNG ADULT (2011)


Era um dos filmes que mais queria ver na Temporada de 2011. E, infelizmente, transformou-se numa ligeira desilusão. É um filme agradável, no qual Reitman e Cody comprovam que são dois atentos observadores daquilo que são os problemas dos actuais young adults, mas que não aquece nem arrefece. O espectador não é estimulado, não se sente cativado. Somos meros espectadores de uma história que, com noventa e quatro minutos, consegue ser longa demais. A interpretação de Charlize Theron é, embora um pouco histérica, uma óptima prestação. Sem dúvida, o ponto mais positivo de todo o filme.


Charlize é Mavis Gary, uma solitária escritora de argumentos e pequenos livros juvenis que, a viver sozinha em Minneapolis, decide regressar à sua vila natal e recuperar o grande amor da sua adolescência: Buddy Slade (Patrick Wilson), um homem bem casado com a amorosa Beth (Elizabeth Reaser) e que resiste com alguma indiferença aos sucessivos ataques de Mavis, uma mulher decrepita, perdida, desnorteada, que tenta a todo o custo reviver os momentos felizes de uma vida e de um passado que há muito a abandonou.


Foi o muito aguardado regresso da dupla Jason Reitman/Diablo Cody depois do explosivo sucesso de Juno em 2007. Mas infelizmente só serviu para reforçar a dúvida que já existia: será esta dupla, capaz de voltar ao nível que os catapultou para um patamar de sucesso e admiração? Seremos, num futuro próximo, novamente atropelados pela qualidade de um argumento pungente, verdadeiro, real e emocionante? A dúvida fica, e a carreira dos dois tem que seguir em frente. Reitman sobrevive bem sem Cody. Mas não sinto que Cody seja capaz de viver sem Reitman.


Nota Final:
B-



Trailer:




Informações Adicionais:
Realização: Jason Reitman
Argumento: Diablo Cody
Ano: 2011
Duração: 94 minutos

quarta-feira, 14 de março de 2012

DAFA TV 2011: Melhores Novas Séries

Tentarei que até ao final de Março os meus prémios de televisão deste ano estejam anunciados e entregues. Começamos pela categoria de MELHOR NOVA SÉRIE. Habitualmente, atribuo estes prémios no final da temporada de televisão de 2011 (Verão). Este ano, decidi fazer diferente e copiar, por assim dizer, o modelo dos Globos de Ouro, só atribuindo os prémios depois das novas estreias de 2011. Ainda assim, mantenho a minha decisão inicial de não contar com as séries que estrearam em 2011-2012 para a atribuição dos prémios, reservando para essas séries precisamente esta categoria, com dez nomeados. Sem mais demoras, aqui vos deixo as minhas dez séries favoritas do ano, em nenhuma ordem em especial (vencedores assinalados com #1, #2 e #3, respectivamente):



 "HOMELAND" (Showtime) #1

Dificilmente um produto com Claire Danes à cabeça na Showtime poderia falhar. E não falhou. Transformando o tão abusado tópico do terrorismo e da política governamental em algo excitante e refrescante, a série coleccionou fãs pelo ar maduro e sério com que encarou os assuntos e pela forma brilhante como estruturou a sua narrativa.


"2 BROKE GIRLS" (CBS)

Vivendo muito à custa da imparável química entre as protagonistas Kat Dennings e Beth Behrs, que conseguem vender uma piada parva como ninguém, "2 Broke Girls" sucede em fazer da CBS, imagine-se, um canal jovem e hilariante. Quem diria. Não é uma série muito sofisticada ou complicada de seguir, consegue atingir níveis de xenofobia e piadas subentendidas de índole sexual brutais, mas quando a série funciona, é de morrer a rir.



"ONCE UPON A TIME" (ABC)

Um vício. É absolutamente viciante e é a única razão para esta série figurar entre as melhores do ano. Não é bem escrita, não tem os personagens melhor desenvolvidos, nem sequer tem um fio narrativo que se perceba. Contudo, é envolvente, peculiar e fascinante demais para desistir de a ver.



"ENLIGHTENED" (HBO) #3

Para aqueles que acham que uma série pode fazer algo para mudar a nossa vida. Mordaz na forma como serve de crítica à sociedade contemporânea e aos seus valores morais, protagonizada irrepreensivelmente pela magnífica Laura Dern e inesperadamente divertida e inteligente, "Enlightened" torna o nosso mundo melhor só por existir.



"BOSS" (Starz) #2

Kelsey Grammer no melhor papel da sua carreira, rodeado por um elenco de actores soberbos e por uma história que proporcionou dos momentos mais fantásticos de televisão de 2011. Mal posso esperar por saber por que caminhos o incrivelmente corrupto Tom Kane (Grammer) nos vai levar na próxima temporada.



"REVENGE" (ABC)

"Revenge" veio ocupar, em mim, o lugar que "Desperate Housewives" vai esvaziar no final deste ano. Uma telenovela mascarada de drama sério, que eu vejo mais pelos olhares vingativos, pelo que os personagens dizem nas entrelinhas, pelos escândalos e confusões do que pelos mistérios e mortes e jogadas de poder. A busca incessante de Emily Thorne/Amanda Clarke (Emily VanCamp) em fazer justiça e a limpar o nome do pai é claramente, a meu ver, uma narrativa secundária, acessória, que só ajuda a tornar "Revenge" em algo mais especial. Assim via-se bem. Com tudo isto... Admira-se.



"NEW GIRL" (FOX)

Quem não é alérgico ao charme de Zooey Deschanel e conseguiu ver além dos três episódios iniciais, sabe que além de bastante satisfatória e consistentemente divertida, esta série consegue safar-se com a mais bizarra das histórias com uma naturalidade invejável. Bónus: tem o melhor personagem secundário da nova temporada. O Schmidt (Max Greenfield) é o mete-nojo com coração de ouro que todos sonhamos ser.



"WILFRED" (FX)

A premissa era absurda demais para dar alguma coisa de jeito. Afinal, quão crível é que uma série australiana sobre um homem normal que vê um cão como um homem vestido num fato de cão pudesse ter sucesso nos Estados Unidos, onde nada tem mais piada que gente socialmente inapta (sejam nerds, gordos ou o Charlie Sheen)? Pois bem, a FX provou que trazer Jason Gann, que imortalizou o original Wilfred na Austrália e juntá-lo a Elijah Wood funciona em pleno. Não só Wood foi a maior revelação cómica a saltar do mundo da sétima arte para o pequeno ecrã - o seu Ryan tem tanto de ridiculamente desesperante como de hilariantemente perdido - como Gann mostrou, uma vez mais, que tem talento para maiores voos. Quem ganha com isto tudo é a FX que é capaz de ser, na actualidade, o canal com o melhor rácio de qualidade em série (de "Justified" a "Archer", de "Sons of Anarchy" a "Louie").



"SUBURGATORY" (ABC)

Começou devagar e periclitante mas ganhou confiança e hoje em dia é uma série que não só produz do melhor humor em televisão como o faz com grande solidez e todas as semanas, sem falhar. Jane Levy confirmou todas as esperanças que se detinha nela como grande actriz de comédia e quem veio a surpreender foi mesmo Jeremy Sisto, que compensa a sua maior falta de reactividade com muita qualidade na comédia física. A série sucede além disso ao juntar a este fantástico duo actores de qualidade inegável como Alan Tudyk, Cheryl Hines, Chris Parnell e Ana Gasteyer, que se complementam e funcionam muito bem em conjunto. Parecia inicialmente o parente pobre do bloco de comédias de quarta-feira da ABC mas depressa se percebeu que "Suburgatory" ia ter sucesso.




Ex-aequo: 
"SMASH" (NBC) / "SUITS" (USA) / "TOUCH" (FOX)

Ainda não vi o suficiente de qualquer uma destas séries para merecer um lugar mais elevado na lista e por isso estas três séries partilham um honroso... 10º lugar, digamos. "Suits" já terminou a sua temporada mas ainda não consigo ter uma opinião formada acerca da mesma. Sim, é divertida, é ousada, é leve e interessante e é uma série bastante inteligente. Mas isso as séries da USA são quase todas (e eu acho mesmo que esta é um novo "White Collar" mas no ramo da advocacia e com pior qualidade). Preciso que se distingam mais das outras séries do canal para merecer maior admiração da minha parte. "Smash", por sua vez, é um valente sarilho. Ainda não vi um episódio do melhor que a série pode oferecer. A música é bestial (queriam muitos musicais - e "Glee" - escrever música desta qualidade) mas as histórias são um desastre. E a série não consegue sequer organizá-las de forma sincronizada e a não parecer a) coincidência quando a sequência narrativa é lógica e consistente ou b) completamente previsível e com acontecimentos de fazer revirar os olhos. Pior ainda para a série é o facto de possuir o personagem mais obnóxio, obsoleto e desprezível que há na televisão actual: o assistente Ellis. Alguém que o atire para debaixo de um autocarro, se faz favor. Finalmente, "Touch". O piloto prometeu. Muito. Não tenho dúvida que bem desenvolvida a série será das minhas melhores de 2012 quando daqui a um ano entregar estes prémios. Por agora... muita promessa somente.

E agora vocês: quais são as vossas séries favoritas de 2011? Falhei alguma grave?

segunda-feira, 12 de março de 2012

John Carter of Links (2)

Vá, vamos fingir que eu não me esqueci que "prometi" fazer esta revisão semanal de links do meu interesse todos os domingos. Eu juro-vos que todas as semanas lá junto um conjunto de links para publicar num artigo mas todas as semanas me dá uma preguiça enorme e acabo por não o fazer. Mas já é 2012 (há três meses; mas enfim) e há que procurar mudar maus hábitos. São tantos os links esta semana que vou dividir este artigo em duas partes. Continuando a ronda semanal de links (a primeira remessa, por assim dizer, está AQUI):


Se são alérgicos à Zooey Deschanel, então não carreguem no play. Contudo, se forem imunes, prossigam. Dos vídeos mais satisfatórios que já vi do "Saturday Night Live" este ano.


Decerto se lembrarão das nossas participações na extraordinária rubrica de Nathaniel Rogers no The Film Experience, "Hit Me With Your Best Shot", na qual procuramos falar sobre o que nos fascina em determinado filme, escolhido a dedo pelo criativo blogger e tentamos escolher uma imagem em particular que para nós represente algo de especial sobre esse filme (para quem não se lembra, aqui ficam: "Beauty and the Beast", "Psycho", "Bring it On!", "Black Narcissus" e "A Streetcar Named Desire"). Infelizmente, essa rubrica, tal como os bons programas de televisão, só dura de Março a Julho. Felizmente, a rubrica está de volta, a começar com "Ladyhawke" a 21 de Março, para comemorar os 50 anos de Matthew Broderick. Aconselho a todos que participem. Além de ficarem a conhecer mais sobre vários filmes, podem apreciar diversos pontos de vista e opiniões tão divergentes quanto educativas sobre o que o cinema inspira em cada um de nós. [The Film Experience]


Michael C. do "Serious Film" levanta no "The Film Experience" uma questão bastante curiosa, isto tudo a propósito da eminente estreia de "The Hunger Games": ler um livro depois de ver um filme diminui a experiência? E se o contrário suceder? Da minha parte, já fiz ambas as coisas e posso dizer que por vezes sinto que ler um livro depois de ver um filme não me satisfaz tanto por não poder dar asas à imaginação tanto quanto gostaria, porque é inevitável pegarmos na cara dos actores do filme e colocá-las nas personagens. E quanto a vocês? [The Film Experience]

Ainda no "The Film Experience": a Disney afinal sempre continua a senda de adaptar os contos de fadas para o mundo real - em 3D, claro está e agora juntou Elle Fanning a Angelina Jolie para a sua adaptação do conto da Bela Adormecida, "Maleficient". O director artístico do horrendo "Alice in Wonderland" (ainda para mais validado com o Óscar pelo seu trabalho nessa desastrosa película) é o realizador escolhido para o filme. Embora eu esteja 100% satisfeito com a escolha de Angelina Jolie para Maleficient (Blanchett seria ainda mais ousado e interessante mas é claro que o seu nome não traz tanta gente aos cinemas como o de Jolie), Elle Fanning, apesar de talentosa, deixa-me dúvidas. E Nathaniel tem razão: o problema vai ser o casting do príncipe. Mas sim, boa sorte. [The Film Experience]

Falando de Angelina Jolie... Depois dos Óscares, o pessoal do tumblr (e do Twitter, onde a perna tem uma conta própria) tem-se entretido a colocar a sua "perna à mostra" em toda a espécie de objectos e pessoas. O resultado... é este Legbombing. Só Angelina Jolie para suscitar tal reacção (nem o bigode de Bradley Cooper teve tanta exposição). [Pinterest]

Continuando a falar de tumblr... Este é imperdível para os fãs de Jessica Chastain, a actriz mais entusiasmante a chegar aos nossos ecrãs nos últimos anos. Haverá algo que esta mulher não seja capaz de fazer? O dia há-de chegar quando ela interpretará Meryl Streep a interpretar Julie & Julia, a interpretar Margaret Thatcher que, por sua vez, interpreta Miranda Priestley. Vocês vão ver. [Jessica Chastain Lovers]


Voltando aos Óscares por uns segundos... Deixo-vos cá com a galeria de fotos no Photo Booth da festa da Vanity Fair. A minha favorita, por motivos óbvios, é a do elenco de "Revenge". A segunda favorita é a #4. Sofia Vergara vale ouro. Em todos os sentidos. Amy Adams inspirada em Laura Dern em "Inland Empire" ("The face!") é a minha terceira escolha. [Vanity Fair]

No Imagens Projectadas, o António Guerra fala da NBC na sua crónica semanal "Monday's Morning Mirror" do dia 13 de Fevereiro (vêem como ando actualizado na postagem? Incrível). Concordo com várias coisas do que ele diz, penso que ele não está totalmente correcto quando aborda o problema da NBC com "Friends" (o problema era muito mais abrangente e complicado; se vos interessar, recomendo a leitura deste artigo AQUI e surge com o aparecimento de "Survivor" e "C.S.I." e a falta de preparação da NBC para lidar com a queda do seu império, com as séries que a tornaram a televisão respeitada do final dos anos 90 já com mais de cinco, seis anos na televisão e a decair em audiências e a consumir muito dinheiro à administração do canal; não foi só "Friends", foi também "E.R.", "Seinfeld" e "Will & Grace") mas é ainda assim uma leitura muito recomendada. [Imagens Projectadas]

Por esta altura muita gente já está a carpir por causa do futuro incerto de algumas das suas séries favoritas. Eu próprio passo por isso todos os anos e todos os anos acabo por levar mais pancadas do que devia (olá, "Mr. Sunshine", "Better Off Ted", "Pushing Daisies", "Arrested Development" e outras que me arrancaram pedacinhos do meu coração com o vosso cancelamento) por gostar de ser crente no paladar americano. Afinal, não podem viver de "C.S.I." e "NCIS" para sempre, certo? Errado, minha gente. É o que aquele povo gosta. Mas não me alongo nisto, porque haverá tempo e lugar apropriado para abordar este tema. Me aguardem. Para já, deixo-vos com uma excelente análise probabilística - e provavelmente certeira - da Vulture sobre que séries sobreviverão mais uma temporada. Infelizmente, "Cougar Town" está entre as eminentemente canceladas. E eu tristemente concordo. [Vulture]

A syrin do TV Dependente é, além de uma excelente cronista e ávida consumidora de séries de televisão, atrevida e ousada q.b. e eu não podia estar mais de acordo com ela quanto ao problema "Grey's Anatomy"/Fox Life. É que é impossível ver mais de 2 horas de televisão naquele canal sem que "Grey's Anatomy" infeste o ecrã. E quem fala de "Grey's Anatomy" fala também de "Private Practice", o outro produto da demoníaca Shonda Rhimes. É inconsolável aturar aquela valente telenovela pincelada de dramas e mais dramas e vendida como série médica porque se passa num hospital. E a syrin, bem ao seu jeito, sugere cinco séries que poderiam substituir "Grey's Anatomy" no overload actual e assim dar um descanso ao pessoal. [TV Dependente]


"Downton Abbey" versão cartas de Magic. Adoro o poder especial da Dowager Countess (Maggie Smith). [Kill Screen Daily]

Quem ainda não viu "Tiny Furniture" é favor de ver. É uma das melhores comédias dos últimos 10 anos e tudo produto da mente brilhante e futurista de Lena Dunham. Que vem para a HBO trazer-nos "Girls". A outra grande aposta do canal a nível cómico traz com ela o regresso de Julia Louis-Dreyfus ("Seinfeld", "New Adventures of Old Christine") como a vice-presidente em "Veep". Ambas as séries ganharam trailers. O TV Dependente aprofunda a questão. [TV Dependente]

Anotem nos calendários esta data: 25 de Março. É a data de regresso da melhor série televisiva da actualidade (bem, hoje em dia diria que está a par com "Breaking Bad" e "Justified"), afastada do pequeno ecrã há quase ano e meio: "Mad Men".



32 coisas que o comentário de DVD de "Requiem for a Dream" nos dizem sobre o filme que ainda não sabíamos. You're welcome. [Film School Rejects]

No "Serious Film", o Michael C. tenta encontrar qual a posição correcta de "The Artist" entre os últimos vinte vencedores de Melhor Filme. Concordo com o sítio onde ele o coloca, mas sinceramente não concordo com a posição de outros vencedores. Assim de repente, trocaria logo "Million Dollar Baby" por "Chicago" (nenhum está perto de ser um grande filme, mas o Eastwood é bem pior que o musical de Rob Marshall) e, claro, "American Beauty" é bem mais obra-prima que "The Departed", "Shakespeare in Love" ou "The Hurt Locker" (a quem ele deu o segundo lugar). De resto, dizer só que adoro os três piores vencedores de Melhor Filme dele: "Crash" (um filme que gostei bastante até, mas que não posso perdoar ter batido "Brokeback Mountain", infinitamente melhor), "A Beautiful Mind" e "Forrest Gump" (estes dois últimos eu detesto mesmo). [Serious Film]

Já que voltamos a mencionar os Óscares, tenho a ressalvar ainda esta magnífica compilação de vários anúncios de vencedores de Óscares e respectivas reacções dos colegas de categoria perdedores. Há reacções magníficas. [Fourfour]

Parece que a Disney ainda não se cansou dos contos de fadas animados e está a preparar "Frozen", uma adaptação do conto de Hans Christian Andersen "The Snow Queen", com Kristen Bell a emprestar a voz à protagonista. [Coming Soon]

E agora, para quebrar a falta de artigos sobre a Meryl Streep nos últimos tempos, cá vão vários: primeiro, o Pedro José faz uma enorme dedicatória à actriz no dia em que esta recebeu o seu terceiro Óscar. [Midnight Directives]

Depois, a New York Magazine compilou uma lista de fotografias - de 1978 a 2012 - da actriz em vários momentos da sua carreira e vida pessoal. É notável ver o quão pouco mudou. [NY Mag]

A seguir, o Irish Times dedica uma crónica mordaz e ácida à actriz, falando que quanto mais o seu estrelato subiu, em mais filmes medíocres ela entrou, afirmando ainda que Streep não participa em nenhum filme bom desde 1978. Se por medíocres ele entende "Adaptation", "The Hours", "Kramer vs. Kramer", "Postcards from the Edge", "Ironweed", "Silkwood" e "Bridges of Madison County", penso que estamos conversados. [Irish Times]

Finalmente, aproveito para deixar - porque não - o discurso de agradecimento do Prémio Carreira no Festival de Berlim 2012. Graciosa, como sempre.


Terminando a nossa conversa de Óscares, pergunto-vos o que Michael C. questiona numa das suas rubricas "Burning Questions" no "The Film Experience": se pudessem escolher um dos derrotados dos Óscares, de qualquer ano e obrigá-lo a ir fazer um discurso ao palco como se tivessem ganho, quem seria? Eu votei na Ellen Page. E vocês? [The Film Experience]

No TV Dependente (dá para ver que gosto muito de falar do blogue, não dá?), perguntaram há uns tempos qual o top de sitcoms e comédias favoritas dos seus leitores. Eu, claro está, participei. "Parks & Recreation" e "Archer" foram escolhas óbvias para os meus dois primeiros lugares. Quais são as vossas? Se ainda não comentaram lá, é altura de o fazerem! [TV Dependente]

Para final deixo o melhor: dois sketches de comédia de Jimmy Kimmel Live, para mim o melhor dos apresentadores de talk show da noite. (via TV Dependente e A Gente Não Vê)



Mais links, agora só para a semana!

 

Martha Marcy Links Marlene (1)


Vá, vamos fingir que eu não me esqueci que "prometi" fazer esta revisão semanal de links do meu interesse todos os domingos. Eu juro-vos que todas as semanas lá junto um conjunto de links para publicar num artigo mas todas as semanas me dá uma preguiça enorme e acabo por não o fazer. Mas já é 2012 (há três meses; mas enfim) e há que procurar mudar maus hábitos. São tantos os links esta semana que vou dividir este artigo em duas partes. Vamos à primeira dose:


"Moonrise Kingdom" de Wes Anderson, um dos meus realizadores favoritos da última década ("Darjeeling Limited", "Fantastic Mr. Fox", "The Royal Tenenbaums"), é o filme que fará a abertura do 65º Festival de Cannes. O filme, cujo poster e trailer vos deixo abaixo, conta com Tilda Swinton, Bruce Willis, Jason Schwartzmann, Bill Murray, Frances McDormand e Edward Norton no elenco. [In Contention]



Falando do festival em si, foi lançado o cartaz comemorativo da 65ª edição, com Marilyn Monroe a soprar as velas de aniversário, continuando a senda de colocar brilhantes actrizes (em 2010 foi Juliette Binoche) nos seus cartazes anuais. [In Contention]

Estreou ontem "Game Change", o telefilme da HBO que narra os bastidores da campanha presidencial de McCain e Palin, com Julianne Moore e Ed Harris nos principais papéis. Apesar de alguma polémica com que o filme foi recebido, todos concordam unanimemente numa coisa: Julianne Moore é magnífica no papel que alguns dizem ser o melhor da sua carreira. Ainda não vi e estou ansioso, mas como pode ser a melhor interpretação da carreira de uma senhora que já devia ter três Óscares por três inesquecíveis interpretações ("Safe", "Boogie Nights" e "Far From Heaven") e muitas outras de enorme gabarito? [In Contention]

Não há palavras para descrever a primeira foto de "Lone Ranger" de Gore Verbinski, com Johnny Depp (quem mais, não é verdade?) no papel do nativo americano Tonto e Armie Hammer ("The Social Network", "J. Edgar") como o titular Lone Ranger. Vejam por vocês próprios... [Awards Daily]



Para quem estava preocupado com a carreira de Viola Davis pós-derrota nos Óscares, escusa de estar: a mulher parece estar a dar-se bem, envolvida em vários novos projectos. O primeiro a ser anunciado é o do filme biográfico sobre Barbara Jordan, a primeira política negra eleita para o congresso. O filme será produzido pela produtora que fundou com o seu marido. Vai à caça desse Óscar, Viola! [Awards Daily]

Inspirados pelo sucesso de "The Big Bang Theory", o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussetts), decidiu criar um curso de Charme, onde os seus alunos, todos marcadamente geeks, poderão aprender como se ajustar melhor às normas da vida social. Uma ideia inspirada, penso eu, que até pode dar resultado nalguns casos. Deve haver ainda alguns Sheldon Cooper por aí... [Plano Crítico]

Quem daqui segue "Once Upon a Time" religiosamente? Pois, eu também, mas não gosto de admitir que sou mais um daqueles enfeitiçados com as histórias da carochinha e dos contos de fadas da série. Enfim, que se há-de fazer, o coração é que manda. Esta semana o episódio promete: começam finalmente a contar a história do Capuchinho Vermelho, de longe a minha personagem favorita das quais falta ainda falar. Só perde para o Príncipe que é, sem margem para dúvida, a personagem melhor desenvolvida do enredo, e para Mr. Gold, um segundo lugar bastante próximo. [TV Line]

E aqui ficam sete novas dicas dadas pela produção da série no PaleyFest 2012 sobre o que ainda nos falta desvendar até ao final da temporada. [The Hollywood Reporter]

Continuando na ABC - e se viram o promo desta semana - saberão que um dos personagens proeminentes de "Desperate Housewives" morre. Pois bem, foi revelado em tribunal esta semana, durante o julgamento que opõe Marc Cherry, criador da série, e Nicolette Sheridan (Edie Britt), qual seria essa personagem. Quem não quer o episódio arruinado, fuja deste parágrafo; aos destemidos que não têm problema com spoilers, avancem para o link. [EW]

Admito desde já que não sou um fã doente de "Community". Dito isto, acho inconcebível como a NBC foi capaz de arrumar com uma das suas melhores séries para canto enquanto tem "Whitney" a torrar audiências todas as semanas e quando não consegue ter sucesso de audiências com nenhuma das suas séries (nem com a exageradamente promovida "Smash"). Felizmente, o pessoal por detrás da adorável e bizarra comédia tem-se entretido com webisódios e promos geniais. Como este: [TV Dependente]


Fez-me lembrar este fantástico promo de "Friends" de 1995, pela ousadia e originalidade.

George R.R. Martin, criador da saga As Crónicas de Gelo e Fogo, adaptadas para televisão pela HBO com o título "Game of Thrones" (nome do primeiro livro da saga), vai estar em Portugal nos dias 18, 19 e 20 de Abril. O TV Dependente apresenta-nos, para nossa comodidade, o guia dos sítios por onde o senhor vai passar. Embora eu ache entusiasmante que o senhor viaje por todo o mundo em promoção dos seus livros - e provavelmente vá pedir-lhe um autógrafo no dia 20 - tendo em conta a sua idade e saúde geral, penso que seria mais proveitoso para ele - e todos nós - que ele se sentasse em frente ao computador e acabasse de vez a saga. Antes que não a acabe nunca. [TV Dependente]

O Samuel Andrade do Keyzer Soze's Place decidiu presentear-nos com um mimo esta semana: a sua lista dos 100 filmes favoritos de sempre. Como seria de esperar, alterna entre o clássico e o contemporâneo com uma facilidade incrível, albergando todos os géneros e praticamente todos os grandes autores da sétima arte. Tenho um grande apreço, como ele sabe, pelo seu #1, que também é o meu. Vão lá espreitar, comentem e, acima de tudo, aproveitem e usem e abusem da lista para conhecerem mais e melhor cinema. [Keyzer Soze's Place]

Via "O Homem Que Sabia Demasiado", uma análise pertinente entre a dicotomia do que é ser uma actrizes noutros tempos e nos dias de hoje. Invariavelmente, todos chegamos à mesma conclusão: já não se fazes actrizem como Bette Davis, Deborah Kerr, Katharine Hepburn, Greta Garbo, Claudette Colbert, Ginger Rogers, Ingmar Bergman, Grace Kelly e outras. O que mais encontro de parecido são as grandiosas actrizes dos anos 70 e 80 como Meryl Streep, Jane Fonda, Vanessa Redgrave, Maggie Smith, Shirley MacLaine e outras, mas nem essas chegam ao pé das outras. Por isso acho estranha a maior parte das comparações feitas pela Vanity Fair (então a de Vergara e Loren é um absurdo completo). Mas admito que aprecio imenso e até partilho da mesma opinião quanto a Swinton e Hepburn. [O Homem Que Sabia Demasiado]

E se os Óscares só fossem dados 20 anos depois, para que se possa verificar se um filme tido como grande na sua época deixou de facto uma impressão inapagável anos após a sua glória? Será que errariam menos? Esta é a proposta dos "20/20 Awards", que anualmente atribuem prémios com 20 anos de atraso. Já decorreram as cerimónias de 1989, 1990 e 1991. Alguns resultados são verdadeiramente surpreendentes. [The 20/20 Awards]

Finalmente e para encerrarmos esta primeira metade de links, deixo-vos com o trailer do novo filme de Walter Salles, "On the Road", protagonizado por Garrett Hedlund, Sam Riley e Kristen Stewart, com nomes como Kirsten Dunst e Viggo Mortensen, entre outros, em papéis menores. O livro de memórias de Jack Kerouac é das leituras mais fascinantes que já tive o prazer de fazer. Ainda assim, temo muito pelo filme. Não vai ser fácil passar do papel para a tela as emoções vibrantes que transpiram do romance autobiográfico.



Uma Morte Antecipada

Talvez já se tenham apercebido que o nosso blogue deixou de contar com os instrutivos e incitadores comentários mensais do Axel Ferreira. "A Morte da 7ª Arte" chega, pois, a este fim algo antecipado. Fica desde já o maior dos agradecimentos a este enorme colaborador do DPFP, que terá sempre as portas abertas para, no futuro, estreitarmos de novo laços em nova colaboração. E agradecemos também a todos os fãs que ardentemente comentaram as suas crónicas e ajudaram a estabelecer uma saudável discussão sobre cinema todos os meses. De Nolan a Kubrick, de Malick a Moretti, de von Trier a Kusturica, a Morte passou por vários grandes autores da sétima arte e todos abordou sem preconceitos. Havia lugar para tantos mais.

Entretanto, se pretenderem relembrar textos antigos do Axel, podem fazê-lo AQUI.

Finalmente, fica a pergunta: alguém está interessado em colaborar connosco, nas mesmas circunstâncias em  que o Axel o fazia? Se têm uma ideia ou pura vontade de escrever sobre cinema ou televisão, informem-nos. 


domingo, 11 de março de 2012

O MELHOR DE 2011 - OS FILMES

Em 2011, o cinema foi insípido. Passei todo o ano à espera do filme que me arrebatasse (tal como, em 2010, me aconteceu com o Biutiful e o I Saw the Devil) e acabei por ficar desiludido. Houve bons filmes, como sempre, mas nenhum recebeu a minha pontuação máxima. Daí que, este ano, tenha optado por fazer uma selecção mais simples com apenas 10 filmes (ao contrário do ano passado, onde facilmente consegui um grande grupo de 20 filmes). Encerro o Ano de 2011 com a certeza de que 2012 será melhor. Enquanto os novos filmes não chegam, aqui vos deixo as minhas escolhas para Melhores Filmes de 2011:



1.º Beginners





2.º Tinker Tailor Soldier Spy




3.º Shame


4.º Take Shelter

5.º Tyrannosaur

6.º A Separation

7.º Melancholia

8.º Drive

9.º The Muppets

10.º The Artist

sábado, 10 de março de 2012

O MELHOR DE 2011 - PRÉMIOS INDIVIDUAIS

O meu atraso na publicação destas listas é justificável. Tal como no ano passado, optei por fazer uma reunião tendo por base o ano em que os filmes aparecem identificados no site IMDb. Sendo assim, e como alguns dos melhores filmes do ano só estreiam em Portugal na altura dos Oscars, as minhas listas surgem um pouco mais tarde.

Pela primeira vez, arrisco-me nos prémios individuas (A lista com os Melhores Filmes será publicada amanhã.). De forma tímida, apenas com cinco categorias. Há sempre filmes que não tenho oportunidade de ver e não gosto de ser injusto. Mas penso que fiz uma escolha séria e ponderada e que aqui estão realmente aqueles que, para mim, foram os melhores em 2011. Pode ser que em 2012, com mais experiência (tanto cinematográfica como blogosférica, me consiga atrever a algo mais arrojado como são, por exemplo, os Dial A for Awards do Jorge. Posto isto, os vencedores de 2011 são:


Melhor Actor: Michael Shannon (Take Shelter)






Melhor Actriz: Meryl Streep (Iron Lady)






Melhor Realizador: Steve McQueen (Shame)






Revelação Masculina do Ano: Michael Fassbender (Shame, A Dangerous Method, X-Men: First Class)






Revelação Feminina do Ano: Jessica Chastain (Take Shelter, The Tree of Life, The Help)


sexta-feira, 9 de março de 2012

SHAME (2011)



Honra lhe seja feita. Shame não é um filme para meninos. Estamos numa Nova Iorque contemporânea. Onde o rebuliço dos dias arrasta milhões, de um lado para o outro, numa azáfama e numa rotina diabólica, que destrói relações e promove a solidão e a desintegração social. Brandon Sullivan (Michael Fassbender) é um homem perdido. Vive na ilusão das suas inúmeras companheiras sexuais, da pornografia cibernética, das fugazes relações de uma noite. Mas a adrenalina e o calor de mais um encontro sempre desaparecem com o nascer do sol, e mais um infeliz, cinzento e solitário dia aparece.


A viver sozinho no seu apartamento nova-iorquino, Brandon recebe a inesperada visita da sua irmã Sissy (Carey Mulligan), uma aspirante e promissora cantora, que se revela uma personagem completamente distinta e paradoxal daquilo que é Bradon: carente, dependente, a viver intensamente cada momento e cada relação. Enquanto, sabiamente, o magistral Steve McQueen cria uma cápsula que envolve, protege e esconde o íntimo de Brandon , a encantadora Sissy é uma personagem inocente, que se abre perante o espectador e nos dá a conhecer aquilo que é, sem sombras, sem máscaras, sem fantasias.


Mas o maior elogio de todo o filme vai directamente para Steve McQueen. O seu trabalho é sublime. E se Shame não funcionaria sem o carisma e a intensidade com que Fassebender se entrega à personagem, seria também um enorme fracasso na mão de 99% dos realizadores em actividade. É preciso ser-se um mestre, é preciso ser-se muito muito bom, para se criar um ambiente, uma envolvência, um clima que, por si só, catapultam uma personagem. A banda-sonora é irrepreensível e (igualmente) surpreendente. É uma das melhores deste ano. Tal como filme. Shame não desiludiu. Mas, repito, não é um filme para meninos. E é um filme que merece (e necessita) da compreensão do espectador. Tudo o que acontece, sem pudor, faz parte de uma história maior. De um revelação pura, dolorosa e real.


Nota Final:
A-



Trailer:





Informação Adicional:
Realização: Steve McQueen
Argumento: Abi Morgan e Steve McQueen
Ano: 2011
Duração: 101 minutos

terça-feira, 6 de março de 2012

THE GUARD (2011)




"I'm Irish. Racism is part of my culture. "

Estamos a falar de um dos filmes mais sarcásticos de 2011. E de uma verdadeira lufada de ar fresco dentro daquilo que foi um pobre ano cinematográfico. Não é um filme apropriado para espectadores que se sintam mais sensíveis em temas controversos, como o racismo, o xenofobismo ou a morte. The Guard dispara em todas as direcções, sem pudores.


Gerry Boyle (Brendan Gleeson) é um solteirão na meia idade que encara a vida de polícia de uma forma muito característica. É o seu emprego, sim senhor, mas não precisa de o viver de forma intensa e desregulada para ser eficaz e competente. Aproveita ainda o facto de ser o único polícia de uma pacata vila (leia-se, experimentar certos e determinados estupefacientes, seleccionar muito bem os crimes e as situações em que se envolve), de modo a evitar chatices e confusões. E assim vive uma vida feliz. Mas tudo muda depois de um misterioso assassinato, num cenário macabro e incompreensível. A isto junta-se a chegada do jovem Aidan McBride, o seu novo companheiro, proveniente de Dublin e que está a dar os seus primeiros passos como polícia.


Não querendo revelar-vos aqui todo o filme, The Guard conta com a participação de alguns nomes que o leitor não espera ver neste género de filme, tão independente e tão british. Conta-nos uma história básica sobre suborno, polícias corruptos e tráfico de drogas, mas que é apimentada com momento deliciosos de humor negro e sarcasmo, que o embelezam e o tornam singular. Que o transformam num filme bastante agradável e que fazem qualquer um sentir que viu algo de diferente e que saiu a ganhar com esta película. E são poucos, em 2011, os filmes que nos permitem tamanha reflexão. Uma óptima escolha!

Nota Final:
B+



Trailer:





Informação Adicional:
Realização: John Michael McDonagh
Argumento: John Michael McDonagh
Ano: 2011
Duração: 96 minutos