Dial P for Popcorn: Especial Animação: A alma de SPIRITED AWAY (10º Aniversário)

terça-feira, 26 de julho de 2011

Especial Animação: A alma de SPIRITED AWAY (10º Aniversário)


Nesta semana especial, que abre o mês de festividades, pedimos a amigos próximos e colaboradores de outros blogues que nos ajudassem a abordar um dos nossos temas preferidos: a animação. Todos eles foram limitados a um máximo de dez imagens ou um vídeo para a sua tarefa. Sete dias, sete colaboradores, sete títulos que festejam este ano o início de uma nova década de vida. Muita diversão, emoção e magia é prometida. A ver se cumprimos. Para este segundo dia, um dos cinéfilos que mais admiro, o Pedro Ponte (Ante-Cinema), vem falar um pouco sobre um dos seus filmes animados favoritos, SPIRITED AWAY que festejou 10 anos de vida no passado dia 20 de Julho. Com ele vos deixamos:


Por mais que tentasse, nunca conseguiria encontrar outro filme que definisse melhor o estúdio Ghibli aos meus olhos. Assim como "Toy Story" será sempre a bandeira da Pixar e "The Lion King" da Disney, "Spirited Away" foi o primeiro filme de Hayao Miyazaki que vi e, como nos dois casos anteriores, dificilmente deixará de encapsular na perfeição o cinema desta majestosa força criativa. É, também, servindo na perfeição a intenção desta semana de aniversário do DPFP, um filme que vai muito além do estereótipo da Animação como entretenimento para crianças e nada mais. 
Vi este filme muito novo, havia deixado de o ser (criança) há pouco tempo, e falou-me quase que a um nível espiritual - tudo o que Chihiro estava a sentir, também já o tinha sentido. Nunca encontrara monstros, bruxas e deuses, mas já tinha sonhado e imaginado tudo isso. A essência do cinema de Miyazaki e da Ghibli está toda neste filme (como o estará em muitos outros, especialmente "Castle in the Sky" e "Princess Mononoke") precisamente porque nos faz facilmente voltar à capacidade infinita de imaginar da infância sem nunca deixar de fora os monstros e as criaturas que nos assustavam. É, aliás, um filme assustador, negro e repleto lições sobre crescimento, amor - seja ele pelos nossos pais, por um amigo ou por mais alguém - e coragem. 
A sequência acima, em que Chihiro apanha o comboio sozinha (mas nunca realmente sozinha), resume tudo isso na perfeição. Nos momentos definitivos das nossas vidas (quando nascemos, quando morremos, quando apanhamos um comboio sozinhos pela primeira vez) somos, por definição, seres isolados. Cabe-nos a nós prezar aqueles que amamos enquanto podemos, enquanto voltar para eles é uma possibilidade, e nunca deixar de imaginar, porque quando o fizermos perderemos toda a magia que um dia tivemos dentro de nós. Se um dia tiver filhos, este será um dos filmes que não dispensarei mostrar-lhes - mas apenas quando tiverem idade suficiente para ler legendas.

Agradeço ao Pedro por ter aceite o nosso convite!


6 comentários:

Jorge Teixeira disse...

Belíssimo filme, belíssimo texto e belíssima música a acompanhar. É um dos, se não o meu preferido do cineasta japonês. As subtilezas e as sub-mensagens no filme são tantas que tem-se material para explorar a cada revisão, e ainda há espaço para nos deliciar-mos outra vez com todo o universo do estúdio.

abraço

Jorge Rodrigues disse...

Jorge,

Muito obrigado pelo comentário! É, sem dúvida, um filme apaixonante - e tão bem descrito pelo Pedro!


Cumprimentos,

Jorge Rodrigues

Ana Alexandre disse...

Esta crítica é tão Ponte :D

Percebo perfeitamente tudo o que ele disse, embora eu seja fã dos filmes mais infantis do Miyazaki (Totoro e Ponyo). Acho sinceramente que se poderiam fazer teses de doutoramento só a explorar os pormenores deste filme, é dos mais completos do estúdio e é dos que, por mais vezes que se reveja, vai-se sempre descobrir algo novo.

Jorge Rodrigues disse...

ANA:

Pois é. Este filme é absolutamente fascinante na forma como nos deixa a pensar um turbilhão de coisas e em que fica sempre algo por explorar.

Obrigado pelo comentário,

Jorge Rodrigues

Pedro Ponte disse...

Obrigado a todos pelos comentários (o da Ana em particular fez-me sorrir) e ao Jorge pelo convite.

Este filme diz-me, espero que se tenha percebido, uma enormidade de coisas e é não apenas um dos meus filmes de animação favoritos, mas um dos meus *filmes, ponto* favoritos. Por isso é sempre um prazer falar sobre ele, seja numa conversa com amigos ou num texto deste género.

Cumprimentos.

AnnaStesia disse...

O meu favorito!