O Dial P For Popcorn tem o orgulho de vos trazer esta nova iniciativa/cooperação interblogues, de seu nome "10 for the Oscars, Oscars for 10", uma série de meetings entre amigos e, por sinal, cinéfilos fidelíssimos, com o intuito de discutir tudo relacionado com Óscares, cerimónias, precursores, méritos e falhanços da temporada cinematográfica de 2010. Esperemos que além de informativo e interactivo isto nos sirva e vos sirva de alguma coisa.
Para este último encontro, contámos com o contributo do nosso painel regular de comentadores, composto por mim e pelo João cá do blogue, o Samuel Andrade (Keyser Soze's Place), o Pedro Ponte e o Gonçalo Trindade (Ante-Cinema), o Tiago Ramos (Split Screen Blog) e o Diogo Figueira (A Gente Não Vê). A todos agradeço a disponibilidade e a participação.
Vamos lá às questões colocadas neste último encontro.
1. QUAL A VOSSA NOMEAÇÃO FAVORITA?
DIOGO: WINTER'S BONE para Melhor Filme.
GONÇALO: Darren Aronofsky (BLACK SWAN) para Melhor Realizador.
JOÃO: Javier Bardem (BIUTIFUL) para Melhor Actor.
JORGE: Mike Leigh (ANOTHER YEAR) para Melhor Argumento Original. É tão merecido.
PEDRO: TOY STORY 3 para Melhor Filme.
SAMUEL: A de John Hawkes, para Melhor Actor Secundário, por WINTER'S BONE. Mais que merecida e, numa muito improvável vitória, inteiramente justa.
TIAGO: Tenho três que se destacam: I AM LOVE para Melhor Guarda-Roupa, Michelle Williams (BLUE VALENTINE) para Melhor Actriz e DOGTOOTH para Melhor Filme Estrangeiro.
2. QUAL A VOSSA PREDILECTA DE ENTRE AS CANÇÕES ORIGINAIS NOMEADAS?
DIOGO: "I See The Light" de TANGLED.
GONÇALO: "I See The Light" de TANGLED.
JOÃO: "If I Rise" de 127 HOURS.
JORGE: "I See The Light" de TANGLED.
PEDRO: "We Belong Together" de TOY STORY 3.
SAMUEL: Confesso que esta não é das categorias a que dedico mais atenção. Contudo, “I See The Light”, de TANGLED, é o meu tema favorito.
TIAGO: "Coming Home" de COUNTRY STRONG.
3. ESPERAM SER SURPREENDIDOS COM A CERIMÓNIA? QUAIS AS VOSSAS EXPECTATIVAS?
DIOGO: Não espero ser surpreendido, mas creio que é exactamente nessa condição que somos surpreendidos. Espero uma luta muito interessante entre THE SOCIAL NETWORK e THE KING'S SPEECH e ser-me-á difícil apostar no vencedor de Melhor Filme. Também tenho expectativas por alguma disputa nas categorias técnicas e esperança na vitória de INCEPTION em Melhor Argumento Original.
GONÇALO: Não espero muitas surpresas... Espero que mantenham as mudanças que têm sido feitas nalgumas das últimas (na entrega do Óscar de melhor actor/actriz, por exemplo), mas tenho imenso medo que não aproveitem bem o carisma desta dupla. Espero a rotina, mas a rotina bem feita.
JOÃO: Não.
JORGE: Espero ser surpreendido no sentido em que certamente vai ocorrer algo que me vai deixar de nariz torcido. Quanto à cerimónia em si e ao formato, nada a dizer, têm tentado corrigir alguns pormenores muito criticados de anteriores cerimónias procurando uma reaproximação ao público, com pouco sucesso para já. Ainda assim, aplaudo o esforço. Já em relação a vencedores... a maioria já está decidida, daí não haver grande suspense.
PEDRO: Sinceramente, não. Acho que já ninguém vê os Óscares para ser surpreendido, vemo-los porque... são os Óscares. Mas claro que fica sempre uma réstia de esperança de vermos aqueles que mais gostamos e que achamos mais merecedores triunfarem. Diria que 90% da cerimónia está encaminhada, mas haverá sempre uma pequeno espaço de manobra para uma ou outra surpresa.
SAMUEL: Com o discurso de Ricky Gervais, durante os Globos de Ouro, ainda bem fresco na memória de organizadores deste género de cerimónias, não espero grandes surpresas do par “inofensivo” que escolheram para anfitriões. Penso que as surpresas advirão de algum vencedor — por exemplo, se o documentário de Banksy (EXIT THROUGH THE GIFT SHOP) ganhar, esse poderá ser o momento da noite…
TIAGO: Depois de várias desilusões durante anos sucessivos, já não espero ser surpreendido. Mas estou confiante na química de Anne Hathaway e James Franco. Acho que vão trazer um espírito novo à cerimónia, com muito entretenimento.
4. QUAL É A VOSSA PARTE FAVORITA?
DIOGO: Os discursos inteligentes, como o de Quentin Tarantino ao vencer o Melhor Argumento Original com PULP FICTION em 1995.
GONÇALO: Bem, a entrega de Melhor Filme é sempre de grande ansiedade. E sempre gostei dos números de abertura, principalmente nos bons velhos tempos do grande Billy Crystal e mais recentemente na excelente cerimónia apresentada pelo Hugh Jackman.
JOÃO: Melhor Filme Estrangeiro.
JORGE: O monólogo inicial. Acho mesmo que é a partir daí que as grandes cerimónias se constroem e que os fiascos principiam. E os discursos. Não é por isso que vemos os Óscares?
PEDRO: Não sei se terei uma. Acho que a cerimónia tem bons e maus momentos, dependendo sempre dos intervenientes e do ambiente que se vive. De qualquer forma, nos últimos anos tenho gostado imenso das apresentações das categorias de interpretação por parte de vencedores anteriores e das montagens evocativas das categorias técnicas, dando de certa forma algum destaque àqueles que, mais que os actores ou produtores, fazem realmente cinema. As actuações musicais são também agradáveis, sendo importante não esquecer que isto é, acima de tudo, um espectáculo, e como tal deve entreter.
SAMUEL: Um bom monólogo inicial/introdução é sempre o ponto alto da cerimónia. E (pelo menos, nas últimas edições) quando Ben Stiller surge para apresentar um Óscar.
TIAGO: Não tenho uma parte favorita, visto que a cerimónia era dispensável, a meu ver. Por mim, quanto mais rápido melhor.
5. QUE PARTE REMOVERIAM OU MUDARIAM SE PUDESSEM?
DIOGO: Os discursos como os de Sandra Bullock [vencedora o ano passado por THE BLIND SIDE].
GONÇALO: Em vez de mudar propriamente uma parte da cerimónia, preferia que o raio da orquestra parasse de interromper o discurso dos vencedores. Chega a ser frustrante.
JOÃO: Nunca vi, [daí que não opino].
JORGE: Transições cénicas e longos intervalos. Chega a ser insuportável. Já nem pego nas interrupções dos discursos que são uma verdadeira falta de educação.
PEDRO: Apesar de reconhecer que faz parte, o discurso do presidente da Academia. Não tem utilidade rigorosamente nenhuma, quebra o ritmo do espectáculo e é um exemplo óbvio de auto-congratulação de uma organização e não do cinema.
SAMUEL: O regresso à cerimónia principal dos Óscars honorários, vergonhosamente relegados para um tal de Governor’s Ball.
TIAGO: A excessiva duração e os intervalos.
6. DIGAM TRÊS INJUSTIÇAS QUE TENHAM OCORRIDO NOS ÓSCARES QUE GOSTARIAM DE CORRIGIR.
DIOGO: É difícil só escolher três mas cá vai: THE HURT LOCKER vencer INGLORIOUS BASTERDS, em 2010 [em cinco categorias no total]. SLUMDOG MILLIONAIRE vencer qualquer Óscar que tenha vencido, em 2009. MY FAIR LADY vencer DR. STRANGELOVE em 1965 [para Melhor Filme].
GONÇALO: A Julia Roberts vencer à Ellen Burstyn [em 2000-2001]; o CRASH vencer em vez do BROKEBACK MOUNTAIN ou do MUNICH (que é, a meu ver, o filme que nesse ano mais merecia o prémio); todas as cerimónias em que o Morricone perdeu.
JOÃO: THERE WILL BE BLOOD não ter vencido melhor filme. THE HURT LOCKER ser considerado o Melhor Filme de 2009. Sandra Bullock ter vencido um Óscar.
JORGE: CRASH vencer BROKEBACK MOUNTAIN para Melhor Filme. CITIZEN KANE perder o Óscar de Melhor Filme para HOW GREEN WAS MY VALLEY. Annette Bening, Julianne Moore e Glenn Close não terem um Óscar sequer mas Hilary Swank e Jodie Foster terem dois cada.
PEDRO: A vitória de Robert Redford por Melhor Realizador, em 1980, ao invés de Martin Scorsese por RAGING BULL; a derrota de THE SEARCHERS (melhor Western já feito), de John Ford, em 1957, na categoria de Melhor Filme, para AROUND THE WORLD IN 80 DAYS; Melhor Realizador em 1969, quando Carol Reed (OLIVER!), tirou o Óscar a Kubrick por 2001: A SPACE ODYSSEY.
SAMUEL: THE FRENCH CONNECTION vencer A CLOCKWORK ORANGE em 1971; DANCES WITH WOLVES vencer GOODFELLAS EM 1990; e SHAKESPEARE IN LOVE vencer SAVING PRIVATE RYAN em 1998.
TIAGO: Jeff Bridges vencer Colin Firth em 2009-2010. CRASH vencer BROKEBACK MOUNTAIN em 2005-2006. CHICAGO vencer THE PIANIST em 2002-2003.
7. "THE SOCIAL NETWORK" OU "THE KING'S SPEECH"?
DIOGO: THE KING'S SPEECH.
GONÇALO: THE SOCIAL NETWORK.
JOÃO: Nenhum. TRUE GRIT.
JORGE: THE SOCIAL NETWORK.
PEDRO: Mais que debatido. Sinceramente já não tenho energia para voltar a discutir isto. Creio que são, acima de tudo, filmes completamente diferentes, e fazer alguém escolher entre os dois é essencialmente perguntar-lhe de que filme gosta mais, e não qual tem mais qualidade. Porque neste último aspecto, é impossível dizer; um valoriza a estética, o virtuosismo técnico e o imediatismo, enquanto que o segundo reveste-se por inteiro em classicismo e charme britânico, contando uma história de superação, ao invés de uma de egoísmo. Pessoalmente, acho que The King's Speech perdurará, enquanto The Social Network cairá no saco do culto, definindo um período e uma geração muito específicos.
SAMUEL: THE KING'S SPEECH.
TIAGO: THE KING'S SPEECH como vencedor na categoria. Mas THE SOCIAL NETWORK como meu favorito.
8. QUAL O NÚMERO DE VITÓRIAS QUE ACHAM QUE "THE KING'S SPEECH" VAI CONSEGUIR NO TOTAL?
DIOGO: Quatro.
GONÇALO: Três.
JOÃO: Oito.
JORGE: Sete.
PEDRO: Cinco.
SAMUEL: Seis.
TIAGO: Seis.
Daqui a pouco vem a Parte 2.
Para já: que pensam destas questões?