Foi a primeira vez que vi uma cerimónia dos Óscares. Se há algo a que esta festa popular de auto-promoção me fez concluir, com o passar dos anos e das escolhas, é que quase sempre se esquece o melhor. Quase sempre a aparência é melhor do que o conteúdo.
E, mesmo sem nunca ter visto nenhuma cerimónia, já era esta a opinião que tinha. Depois de ter assistido (e perdido uma noite) à custa disto, reforço aquilo que sempre o disse: Os Óscares não passam de uma fútil auto-promoção de um povo que se considera o Rei do Mundo em tudo o que faz. Um povo que a nível do cinema, salvo raríssimas excepções, se limita a produzir em massa material que estupidifica e atrasa as pessoas deste mundo e, quando tenta um rasgo de intelectualidade, vai busca-lo aos países que realmente percebem do assunto.
A passadeira vermelha deu lugar a alguns dos momentos mais deprimentes e infelizes que já vi em televisão (A declaração de amor que Gwyneth Paltrow fez a Jay-Z foi digna de uma ida aos confins da Terra).
Dois momentos altos no meio de toda esta "cerimónia": A apresentação dos dez filmes a concurso na categoria de Melhor Filme, logo a começar. Quase que me enganavam. Não tivesse visto o resto dos Oscars e até julgaria estar perante uma das agradáveis bofetadas de luva branca da minha vida. Um segundo ponto alto, para o discurso de David Seidler: breve, sério, sem as lamúrias do costume mas com a emoção que um momento como estes representa para quem faz parte da indústria.
Conclusão: Uma vez que os Óscares são uma mera formalidade, uma entrega de prémios sem emoção, imprevisibilidade ou suspense à qual se junta o mau gosto de algumas escolhas/nomeações, esta terá sido a primeira e última vez que vi uma cerimónia de Óscares. E se a isto ainda lhe juntar os comentadores da TVI e as suas gaffes históricas, as quase 4 horas de cerimónia tornam-se numa tortura televisiva. E pronto, para o ano há mais.
13 comentários:
Que vergonha de comentário mais preconceituoso e estúpido que li aqui acima do meu. Depois não se admirem que eu perca a esperança na humanidade e na existência de pessoas inteligentes e que não sejam invejosas. :)
Interessante ler este post na sequência dos inúmeros posts dedicados aos Óscares; Sempre tive um certo fascínio pelo transtorno bipolar!
Eu já cheguei a ver algumas cerimónias de entregas de prémios, mas a idéia que eu tenho actualmente é exactamente esta.
Por isso já nem me dou ao trabalho de ver, hehe.
Tenho pena de não ter visto os comentários aqui eliminados.
Caro Tiago e Francisco, muito obrigado pelos vossos comentários.
Alexander, não existe aqui nenhum caso de bipolaridade (embora gostasse de ler um blogue em que isso acontecesse). É com muito agrado que vejo a paixão que o Jorge tem pelos Oscars. É muito bom para o Dial P for Popcorn e para os nossos leitores termos opiniões distintas e gostos diferentes. Enriquece o conteúdo do blogue. É essa a minha opinião.
Mas o que é que achaste da atribuição de melhor filme, por exemplo?
Eu até acho piada aos oscares.
Só por causa dos oscares, estas ultimas semanas, nos jornais portugueses, os oscares foram o tema, e levaram a q muita gente fosse ao cinema ver os filmes nomeados. É pena é so irem por estes motivos, ou verem filmes só porque estam nomeados.
Já à carpete vermelha, é o show. Gosto muito de ver o q as pessoas levam vestido... é melhor do q a altura da moda "Paris" :P E claro a helena bonham carter é a q dá o seu melhor, em mostrar a sua personalidade. XD
Para o ano há mais, é verdade. Mais injustiças...
Abraço
Frank and Hall's Stuff
Sara,
Eu não vi o Discurso do Rei. No entanto, como já o disse aqui no blogue, para mim dificilmente este ano haverá melhor do que o Biutiful do Iñarritu. Estou também com grandes esperanças em relação ao "Blue Valentine", que vou ver para a semana.
Mas, em relação aos nomeados para Melhor Filme, o meu voto iria claramente para o True Grit. A segunda opção seria certamente o The Fighter que me encheu as medidas!
JOÃO,
Fiquei mesmo muito satisfeito com esta tua retrospectiva. Mesmo.
Principalmente porque não fosse tanto que nós falámos por este blogue e arredores dos Óscares e talvez tu nunca te terias aventurado a ver uma daquelas cerimónias.
Além disso, os leitores deste blogue estão habituados apenas à minha forma de ver que, por muitos defeitos que eles tenham (que têm), acaba por ser sempre positiva, porque vibro e revolto-me com os vencedores. A corrida, de facto, diz-me muito.
E por isso é que foi tão refrescante ter aqui a opinião de alguém que não tem (quase) mínimo interesse nos Óscares, alguém que pudesse ver a cerimónia com outros olhos. E foi por isso que te pedi que cá escrevesses depois de a veres.
Gostei imenso de ler, se bem que tu sabes que não concordo com várias coisas que tu dizes, embora com outras - espectáculo de auto-promoção da força maior que a América se julga no cinema - ser totalmente cúmplice.
Obrigado e cumprimentos,
Jorge
Se entendermos a mente americana e tudo o que são. Se notarmos que para os americanos fazer filmes, mais que a arte propriamente dita é sim uma indústria que vive de factores e lobbies que a alimentam (no fundo gerir interesses "industriais").
"O Discurso do Rei", provém de um desses lobbies muito fortes deles, que é o dos irmãos Weinstein, onde são muito fortes na gestão do marketing e imagem dos seus "produtos" [O Paciente Inglês (1996), A Paixão de Shakespeare (1998), Chicago (2002)...] e mexem-se de maneira a ganhar.
Uma coisa que notei nos vários discursos da noite é o facto de todos eles agradecerem à Academia, como se estivessem a prestar vassalagem a gente poderosa (nota-se bastante nos que ganham pela 1ª vez... como se tivessem tido a chave de entrada nas boas graças "daquela gente"). "Gente" que também funciona por retractivos (o premiar agora qualquer coisa pelo que havia feito antes - ao Scorcese até foi uma maldade enorme!).
Enfim, Oscar é isto mesmo... anualmente mais do mesmo.
Se pensarmos bem, a cerimónia é toda ela dinamizadora disso mesmo. Os "produtos" para premiar são pré-escolhidos e depois os lobbies/interesses começam a funcionar...
Não era melhor só se saber quais foram os filmes escolhidos e premiados somente na noite dos Oscars? Isso sim, a surpresa colocaria a expectativa ao rubro, aumentava as audiências e a promoção de todos os filmes do ano seria outro...
A Academia não precisava de muito... bastava internamente votarem nas suas escolhas para cada categoria e haveria o resultado final. Era sempre surpresa...
E no geral não me espanta o tom do artigo pois já parte de pouca imparcialidade (mas quem
é que não tem algo a apontar aos americanos?). Os Oscar é apenas mais showbiz... à americana. A mentalidade deles está lá na mesma... mas a verdade é que sabe bem apontar os melhores dos melhores. O problema é se dar tanto valor aos Oscars como se fossem a força máxima do cinema. E não o são... são sim a mais visível à escala mundial.
Perpetuam a hegemonia do cinema americano em todo o mundo. E a maior anedota do evento é o premio para Melhor Filme Estrangeiro... quando eles nem gostam ver um filme com legendas... os filmes ingleses e com ingleses não são Estrangeiros?)
Enviar um comentário