Dial P for Popcorn: THE ADJUSTMENT BUREAU (2011)

segunda-feira, 14 de março de 2011

THE ADJUSTMENT BUREAU (2011)



"All I have are the choices I make"


Aparentemente, segundo os Agentes do Destino, não é bem assim. THE ADJUSTMENT BUREAU é a mais recente adaptação cinematográfica do legado de Philip K. Dick (baseado no seu conto "The Adjustment Team"), chegando-nos às mãos desta vez por George Nolfi, o argumentista de "Bourne Ultimatum". Narra a história do romance entre David Norris (Matt Damon), um político jovem com má fama que vê a sua campanha para o senado norte-americano ruir ao mesmo tempo que encontra o amor da sua vida, Elise Selas (Emily Blunt), uma bela e talentosa bailarina com um futuro risonho pela frente. Este romance, contudo, assume proporções de thriller de ficção científica quando entram em acção os Agentes do Destino, um grupo misterioso de homens cuja função é monitorizar certas pessoas a toda a hora e fazer pequenos "ajustes" na sua vida, para que esta decorra segundo o plano que nos é destinado. O que esta organização não esperava, no entanto, era que David e Elise se revoltassem contra o plano estabelecido e buscassem, contra tudo e contra tudos, ficar juntos. 


Um filme agradável, com dose moderada de suspense e romance, como se quer num filme mainstream de qualidade, engrandecido pela enorme química entre Matt Damon e Emily Blunt (já nem se fala do talento dos dois actores pois esse nem se põe em causa) e pela presença ameaçadora de John Slattery e Terrence Stamp, tem em Anthony Mackie a verdadeira estrela. Desempenhando o seu papel com total eficácia e capacidade, ainda tem tempo para lhe acrescentar uma profundidade emocional e ambiguidade que certamente não estava no argumento. E digo isto porque o argumento é a grande falha do filme. Tenta torná-lo naquilo que não é, por vezes, tenta inventar explicações e associações com base na religião que não eram de todo necessárias e acaba por retirar potência a algumas cenas que mereciam mais rasgo e risco por parte do argumentista e também realizador. Com alguém mais reputado e experienciado, esta ideia genial de Dick poderia ter sido melhor explorada e extrapolada. O risco poderia valer a pena; ou então talvez não. A fotografia de John Toll, impressionante, sai beneficiada pelo realismo, pois todas as cenas foram filmadas mesmo em Nova Iorque, o que se torna divertido de observar por entre o abrir e fechar de portas.


Inesperadamente, o que mais me fascinou no filme, tirando a realização muito cuidada de alguém que ainda se está a iniciar nestas andanças - e que promete - foi a banda sonora brilhante de Thomas Newman. Alguém que já escutou os seus trechos musicais para "American Beauty", "Wall-E" e "Angels in America" vai ficar deliciado com alguns sons que estas partilham com esta banda sonora. Uma sonoridade celestial, pura e bela, que complementa tão bem a acção no ecrã (um bom exemplo aqui).

Nada muito cerebral, complexo ou sofisticado, uma abordagem interessante às temáticas e ao estilo de cinema de suspense e ficção científica de hoje, este é sobretudo um bom filme, que proporciona entretenimento de boa qualidade. Inspiracional e triunfante q.b., THE ADJUSTMENT BUREAU passa-nos uma curiosa mensagem sobre a imprevisibilidade, o destino, a perseverança perante a inevitabilidade e o valor do amor sobre todas as outras coisas que a vida tem para oferecer.



Nota Final:

B/B+

Trailer:


Informação Adicional:

Realização: George Nolfi
Argumento: George Nolfi
Elenco: Matt Damon, Emily Blunt, Anthony Mackie, Terrence Stamp, John Slattery 
Fotografia: John Toll
Banda Sonora: Thomas Newman
Ano: 2011 

2 comentários:

Axel disse...

Tenho de admitir que fico sempre com um estado dicotómico de espírito quando vejo que há uma nova adaptação de uma história do Philip K. Dick. O próprio Blade Runner, o Scanner Darkly foram boas surpresas. mas devo admitir que quase tentei o suicídio quando vi o Minority Report... Mais direi quando vir este.

Jorge Rodrigues disse...

AXEL,

Não vás com grande expectativa ;) Eu também estava com medo de uma surpresa negativa - lá está, depois do MINORITY REPORT - e assim baixei as expectativas.

O filme entretém mas como disse é pouco mais do que isso ;)

Cumprimentos e obrigado pelo comentário,

Jorge Rodrigues