Hoje decidi aventurar-me a pegar na rubrica que é habitualmente do João. E escolhi esta para começar (e até para balançar a forte presença masculina nas Personagens do Cinema que já abordámos), ela que é uma das personagens mais icónicas da história do próprio cinema.
Estamos em 1961. Introduzam na história uma das grandes actrizes de todos os tempos, em particular naquela época, em que definitivamente Audrey Hepburn era a mulher mais querida em Hollywood (sentimento que se mantém até hoje, com qualquer actriz mais jovem com uma carreira promissora a ser comparada a ela - as últimas duas: as britânicas Knightley e Mulligan, ambas curiosamente estiveram na luta pelo papel principal no remake de "My Fair Lady", um dos grandes papéis de Hepburn). Vencedora de um Óscar em 1954, juntou a essa nomeação mais duas antes de chegar aquele que é, indubitavelmente, o seu maior papel de sempre, o papel que a imortalizou: o de Holly Golightly.
Holly Golightly é uma mulher frágil, solitária e insegura que esconde essa sua fachada com os seus intermináveis serões e festas, com a sua atitude de espírito livre, sofisticada, moral, engraçada, divertida e charmosa, tentando agarrar o prazer fugaz que a vida traz e a que realidade não lhe traz. Audrey Hepburn empresta uma frescura e originalidade a esta personagem a que é impossível ficar indiferente.
As suas reacções extemporâneas, o seu carácter romântico e sonhador tornam-se curiosos demais para o seu novo vizinho Paul, que acabou de se mudar para o prédio ao lado, resistir. Holly apresenta a Paul o que de facto compõe a sua vida e se bem que tudo isso é muito fascinante, torna-se ainda mais saboroso ver a ternura, a vulnerabilidade, a simplicidade real de Holly quando está sozinha em casa, quando não está a saltar de festa em festa, em compras e gestos excessivos e chegar à conclusão que tudo aquilo com que ela se diz identificar, tudo aquilo que ela julga ser a sua vida, é uma farsa, uma falsidade.
É, no fim de contas, a relação com Paul e a paixão que sente por ele que levam a estonteante Holly Golightly a parar para pensar e a avaliar-se a si própria realisticamente, percebendo que a vida que levava não é a vida que ela quer.
Uma personagem fascinante, uma interpretação genial, um papel que fica marcado na história. "Breakfast at Tiffany's" é Audrey Hepburn. Bem, Audrey Hepburn e "Moon River". Mas essencialmente Audrey Hepburn. E foi inesperadamente com este filme que eu fiquei embevecido por ela.
6 comentários:
Belo texto Jorge, inteiramente justificado pela personagem inesquecível que é. Acho que é, a par da Princess Ann de Roman Holiday, o papel mais adorável da Audrey. E curiosamente acho que são os meus dois filmes favoritos dela, aquele tipo de comédia romântica que já não se faz: simples, inteligente e livre de qualquer pretensão. A Holly Golightly é, para mim, o arquétipo da mulher moderna, o exemplo perfeito do equilíbrio entre o mistério e a complexidade e a vulnerabilidade e simples necessidade de ser amada. Não há muitas Hollys por aí, definitivamente.
PEDRO:
Pois, o ROMAN HOLIDAY é outro. Eu comecei pelo MY FAIR LADY dela e fui descendo no tempo. Esse foi o terceiro que vi dela e concordo que ela até mereceu o Óscar. Ela é encantadora nesse papel.
E que dizer deste? Ainda hoje se ouvir "Moon River" a minha mente foge logo para a cena no filme.
E faço minhas as tuas palavras acerca da mulher moderna. E sim, já não há muitas Hollys hoje, infelizmente diria eu.
Obrigado pelo comentário,
Jorge Rodrigues
Como disse no grupo FB é a minha actriz número um de todos os tempos e não consigo ser imparcial Adoro todas as personagens dela. Esta tem a vantagem da música também ser uma das minhas favoritas.
NUNO,
Não é a minha actriz favorita de sempre mas é uma daquelas que prezo, porque criou uma individualidade e um estilo muito pessoal em Hollywood que a tornou, além de uma estrela muito querida e admirada, num ícone sem paralelo (pronta a ser copiada de novo e novo, com qualquer actriz nova a ser rotulada "a nova Audrey Hepburn").
A Holly Goligthly é, pura e simplesmente, bliss. É uma lufada de ar fresco, é tudo aquilo que eu adorava encontrar numa mulher.
Obrigado pelo comentário,
Jorge Rodrigues
Eu não consigo avaliar os papeis feitos por ela, mas são tão simples,realistas, sonhadores que se tornam incríveis e uma autêntica brisa de ar fresco. Hoje em dia já não se faz um filme como o Breakfast at Tiffany's. Não é a minha actriz preferida de sempre... mas defenitivamente marcou a história do cinema, e é claro há aí muitas meninas a querem ser intituladas "Audrey" ... Mas se ela marcou sim... defenitivamente e não vai existir mais nimguém como ela.
Caro THE FREE VIOLINE:
Desde já, agradeço o comentário e a visita. Espero que cá volte ;)
Quanto à Audrey... Também não é das minhas favoritas mas admiro a marca que ela deixa na história, de tal modo que todas as jovens de hoje que vêm da Grã-Bretanha são comparadas com ela sempre que chegam a Hollywood. E sim não haverá mais ninguém como ela.
Cumprimentos,
Jorge Rodrigues
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