Dial P for Popcorn: O Cinema Numa Cena

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O Cinema Numa Cena

Bem-vindos a mais uma rubrica semanal aqui no Dial P for Popcorn - "O Cinema Numa Cena" tenta mostrar as nuances de uma interpretação fora-de-série numa cena pivotal do seu filme.

Saltando agora da década passada, onde já reflectimos sobre algumas interpretações, vamos voltar aos anos 90 e falar de uma interpretação que conseguiu um Óscar com apenas 16 minutos de tempo de ecrã, sendo até hoje a performance mais curta a ganhar o Óscar de Melhor Actor. Estou a falar, é claro, de Anthony Hopkins e do seu papel como Dr. Hannibal Lecter em "The Silence of the Lambs" (1991).


Primeiro que tudo, tenho que confessar: eu não sou fã de filmes de terror (apesar de muita gente não o considerar um filme de terror, é o género com que foi classificado e é aquele que eu acho que melhor se aplica ao filme) e até tenho pouquíssimo respeito pelo género, mas tenho de admitir que este filme é bestial. Jonathan Demme alia o bom argumento de Ted Tally a uma excelente realização da sua parte e consegue grandes interpretações de ambos os seus dois protagonistas, Foster e Hopkins - que venceram ambos o Óscar (Melhor Actor e Melhor Actriz) - e deverá ter sido uma das raras (única?) vezes que a Academia se apaixonou por um filme de terror, tanto até que lhe deu mesmo o seu prémio máximo em 1992.



Falando então da interpretação do actor. É que se Clarice Starling (Jodie Foster) é quem ganha em tempo de ecrã no filme, sendo de facto um papel muito bem criado por Jodie Foster (que já tinha vencido um primeiro Óscar de Melhor Actriz em 1989 por "The Accused"), é Hannibal Lecter - perdão, Dr. Hannibal Lecter - que domina o ecrã. É assombroso o que Hopkins faz com tão pouco tempo em cena e os tiques - improvisados, segundo dizem - que conferiu à personagem complementam uma caracterização extraordinária por parte de um actor que, tendo conseguido bons papéis e boas críticas ao longo da carreira, era impensável, à partida, que o actor fosse arranjar a melhor performance da carreira neste filme. Relembre-se que o seu Hannibal Lecter era suposto ter parecido um monstro aos nossos olhos, mas não. É sofisticado, cuidado, tem boa pinta e só quando ele se deixa ver completamente (nomeadamente, por exemplo, na cena em que ele foge da cela) é que percebemos a escuridão que vai no seu coração.

Deixo-vos aqui uma das cenas dele com Starling (Foster):

7 comentários:

Roberto Simões disse...

É sem dúvida uma cena tensa e impressionante. O filme não me conquistou como a muita gente, mas esta cena é já clássica ;)

Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «

João Fonseca Neves disse...

desconhecia esse marco de ser a cena + curta a ganhar o oscar, mas acho que anthony hopkins acentou como uma luva para este papel! ;)

Abraço,

João Samuel Neves

Rui Francisco Pereira disse...

O filme também não é para mim, uma obra-prima.

Mas é um filme que me dá muito prazer a ver, mas apenas nas cenas do Hopkins, que está de facto fenomenal mas não merecia o óscar de Melhor Actor.
Merecia, isso sim, o de Actor Secundário..

Abraço ;)

Jorge Teixeira disse...

É só dos melhores vilões alguma vez transposto para a sétima arte. Aterrorizante, imprevisível e deliciosa a interpretação.

abraço

Jorge Rodrigues disse...

@Samuel e @Jackie Brown,

Pois há alguma discórdia quanto ao facto de ser Actor Secundário ou Actor Principal. Francamente, o que me interessa mesmo é que é uma interpretação que merecia um Óscar. De quê... Eu por acaso daria o de Melhor Actor à mesma porque a história não anda sem ele e ele domina o ecrã quando aparece, mas assim também teria que olhar para o caso de outras como Zeta-Jones (Chicago) ou Mo'Nique (Precious).

@Roberto e @Jorge, eu disse mesmo com detractores, este filme é um clássico. E ele é fantástico. E foi considerado o maior vilão de sempre por um Instituto que estuda a História do Cinema (cujo nome não me recordo).

Abraço e obrigado pelos comentários,

Jorge Rodrigues

Jorge Teixeira disse...

American Film Institute.

Aqui:
http://www.afi.com/100Years/handv.aspx

É mesmo o maior vilão de sempre (pelo menos um dos, na minha opinião), seguido de perto por Norman Bates em PSYCHO e Darth Vader em STAR WARS - THE EMPIRE STRIKES BACK.
Adoro este site, assim como adoro as listas que estão no mesmo :)

abraço

DiogoF. disse...

A cena e as interpretações são magníficas. Aliás, nem acho a realização nada de especial - para mim, o que faz o filme, é o excelente guião, que constrói a psique das personagens de forma fantástica, num crescente e assustador acumular de tensão, aliado ao trabalho de Foster e Hopkins, que muito bem concretizaram o texto.