"What thousands must die, so that Caesar may become the great."
Adquiri esta triologia numa edição especial que a Fnac lançou há alguns anos (e que penso ultimamente voltou a produzir) cuja informação na capa é "A triologia que inspirou Martin Scorsese, Realizador de "Entre Inimigos"". Ora, isto foi exactamente no ano em que Scorsese deu cabo de toda a concorrência e arrebatou os prémios de melhor Realizador, melhor Filme, melhor Argumento adaptado e melhor Edição.
Foi portanto com bastante interesse e curiosidade que me decidi a descobrir esta pérola vinda do Oriente. Vou dividir a minha crónica fazendo uma apreciação de cada filme, de uma forma sucinta para que não se torne cansativa e demasiado longa.
Infernal Affairs I
O filme que Scorsese copiou. Não me vou colocar com rodeios, pois quem vir este filme e vir The Departed perceberá que as semelhanças são grotescas e que a versão americana, ao ser uma cópia, não é de modo nenhum tão boa quanto o original. Este é sem dúvida o melhor filme da triologia que se baseia nos agentes infiltrados que existem tanto na polícia como na máfia de Hong Kong.
Chan Wing Yan (Tony Leung) é um veterano da polícia, perito em desmantelar redes organizadas e que trabalha no grupo do manfioso Hon Sam (Eric Tsang), sob as ordens do Superintendente Shing (Chau-Sang) que, na sua equipa tem também um infiltrado que trabalha para Hon Sam: Ming (Andy Lau) é para mim a personagem mais complexa, reboscada e intrigante de toda esta história. Infernal Affairs é um verdadeiro jogo do Gato e do Rato, em que só um poderá vencer.
Nota Final: A-
Trailer:
Infernal Affairs II
É um filme complexo. Um filme passado dez anos antes do anterior, conta-nos como começaram Ming e Yan, os heróis do primeiro filme. É um filme que exige atenção por parte do espectador, pois envolve vários espaços temporais, várias personagens que, muitas delas, entram e saem em curtos espaços de tempo sendo complicado fixar todos os nomes, caras e respectivos cargos.
Considero-o um filme muito interessante e que nos demonstra como a aparente tramóia de Infernal Affairs 1 é tão pequena e tão banal quando comparada com toda a organização que envolve o combate entre a polícia e a máfia. Eu gostei bastante, não sendo um filme tão facil quanto o primeiro é um filme que responde a muitas das dúvidas que ficam no ar depois de Infernal Affairs 1.
Nota Final: B+
Trailer:
Infernal Affairs III
O mais fraco dos três filmes, que explora uma ideia já esgotada, mas que surge com a necessidade de fechar o ciclo da grande história criada por Alan Mak e Felix Chong. É um filme confuso, também ele com constantes alterações do espaço temporal e que nos fala dos tempos que antecederam e que precederam a história contada em Infernal Affairs 1. Por isso mesmo há constantes trocas de personagens, entradas e saídas que confundem o espectador e que nos deixam com algumas interrogações. Pessoalmente não gostei tanto quanto gostei dos outros, mas percebo a necessidade do filme.
Nota Final: B-
Trailer:
Evitei contar-vos a história de Infernal Affairs (a grande maioria de vocês conseguem-na deduzir se tiverem visto o filme de Scorsese), principalmente no terceiro filme, pois têm muita influência naquilo que é a grande história de Infernal Affairs (o primeiro filme) e prefiro não vos revelar as surpresas que vão encontrar (sobretudo no segundo filme).
É uma obra fantástica, uma história muito bem pensada e imaginada e que merecia sem dúvida muito melhor tratamento e consideração, tanto por parte da Academia como de Scorsese que precisou de roubar uma ideia para conseguir o Oscar que há tanto perseguia.
4 comentários:
"a versão americana, ao ser uma cópia, não é de modo nenhum tão boa quanto o original." Ando a dizer isto há muito tempo mas ninguém me ouve... É um grande, grande filme, a todo e qualquer nível da produção cinematográfica.
Gostei do segundo volume mas o terceiro deixou-me um sabor muito amargo na boca. É pena mas parece-me claramente inferior aos restantes volumes.
Temos exactamente a mesma opinião! Obrigado pelo teu comentário! ;)
Também já te disse que concordo contigo, não já, que o original é tão bom como o The Departed?
Que é melhor, já torço o nariz. É como o LET ME IN deste ano. Havendo o original não percebo que se faça o remake mas se este mantiver qualidades intactas... Vá, eu perdoo.
E o THE DEPARTED é um excelente filme, claro como podia não ser, com o material de origem, não é?
E aquilo do Scorcese... Ele ganhou o Óscar porque lho roubaram em 2004, ponto 1, porque eventualmente ganharia 1, ponto 2 e porque 2006 não tinha mais nenhum concorrente óbvio.
Abraço,
Jorge
Vi-os recentemente e adorei simplesmente. E estou de acordo com a crítica e opinião geral - o primeiro é o melhor e uma peça única, claramente superior ao remake do Scorcese. Já o segundo e o terceiro caem em qualidade e equilíbrio narrativo, sobretudo o terceiro, mas ainda assim são produtos aconselháveis, nem que seja para a conclusão da trilogia.
Destaco ainda (e aqui principalmente no primeiro, mas não só), as interpretações e a excelente banda sonora à altura do enredo e das emoções.
abraço
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