Dial P for Popcorn: 10 for the Oscars, Oscars for 10 - Meeting #2 - Parte 1

sábado, 15 de janeiro de 2011

10 for the Oscars, Oscars for 10 - Meeting #2 - Parte 1



O Dial P For Popcorn tem o orgulho de vos trazer esta nova iniciativa/cooperação interblogues, de seu nome "10 for the Oscars, Oscars for 10", uma série de meetings entre amigos e, por sinal, cinéfilos fidelíssimos, com o intuito de discutir tudo relacionado com Óscares, cerimónias, precursores, méritos e falhanços da temporada cinematográfica de 2010. Esperemos que além de informativo e interactivo isto nos sirva e vos sirva de alguma coisa.


Meeting #2: Fim-de-semana dos Globos de Ouro e BFCA Critics' Choice Awards


- Parte 1 -



Como a primeira parte não teve grande adesão, vamos tentar uma abordagem diferente a ver se conseguimos recolher mais opiniões dos nossos leitores e obter mais comentários acerca das nossas opiniões.
Desta vez, servi de moderador e pus algumas questões aos meus colegas bloggers, tendo participado no debate de forma conservadora (daí que a minha opinião será emitida num artigo à parte destes, para dar lugar à palavra dos meus colegas). A primeira parte das respostas deles seguem abaixo: 



GONÇALO TRINDADE (Ante-Cinema): Acho que os Globos de Ouro têm vindo a perder credibilidade ao longo do tempo. Distanciam-se cada vez mais dos Óscares, não sendo hoje em dia uma boa forma de prever os nomeados. Valem mais pela cerimónia que outra coisa qualquer. Os Óscares, por seu lado, são a opinião de Hollywood... e valem apenas como isso. Têm credibilidade, claro, e é raro poder apelidar de mau filme um que está presenta na cerimónia como nomeado, mas hoje em dia o público começa cada vez mais a abrir-se para os tipos de filmes que a Academia, ainda bastante conservadora, infelizmente não gosta de premiar.


PEDRO PONTE (Ante-Cinema): Se começar pelos Globos temo que a resposta seja um categórico "quase nenhuma". Já foi maior, não apenas a sua credibilidade, mas o seu valor em termos de reconhecimento do trabalho que foi desenvolvido ao longo do ano e a sua importância em termos de "previsões" com vista aos Óscares. Em relação a estes últimos, têm igualmente vindo a perder cada vez mais credibilidade ao longo dos anos, mas continuam a ser os Óscares e por isso mesmo devem a si mesmos manter um nível mais alto. Pelo menos é o que qualquer cinéfilo espera.


SAMUEL ANDRADE (Keyser Soze's Place): No seu estatuto de cerimónias totalmente viradas para o show business, a sua credibilidade varia conforme os gostos do espectador/cinéfilo. Contudo, e como consequência dos nomeados para a categoria Comédia ou Musical, os Globos ganharam a “má fama” de privilegiarem títulos com apelo comercial em detrimento dos que podem ser considerados dignos de prémios — e o mesmo se aplica às escolhas nas interpretações. Quanto aos Óscares, apesar de todo o espectáculo montado à sua volta, continuam a gozar de uma credibilidade muito maior, tendo em conta a sua história (sem dúvida, pelo “peso” de vencedores e vencidos anteriores) e a adesão pública por esta cerimónia.
 

TIAGO RAMOS (Split Screen): Os Globos de Ouro têm vindo a perder a credibilidade ao longo dos anos. E estas nomeações foram o culminar de algo que já se vinha a notar: são nomeações populistas, que mais se assemelham a uns meros prémios da MTV que se baseiam única e exclusivamente na visibilidade dos realizadores e actores envolvidos no filme, bem como a sua bilheteira. Os Óscares têm vindo a perder o seu interesse. A extensa corrida de prémios anteriores e o facto da cerimónia ser a última, retira-lhe todo o potencial efeito surpresa. Contudo, têm caminhado bem no sentido da reaproximação do grande público.



 
GONÇALO TRINDADE: Acho que foi uma escolha inspirada, apesar de ter medo depois do desastre que foi quando se teve a dupla Baldwin/Martin. Hathaway não tem nada a provar a ninguém, e tem um potencial cómico enorme. Creio que se vai revelar como uma verdadeira entertainer, tal como foi Hugh Jackman (naquela que foi das melhores cerimónias que alguma vez vi). Franco tem carisma, mas não lhe dou tanta confiança. Creio que se safará muito bem, mas foi uma escolha audaz e arriscada. Estou curioso para ver como se vai safar. Estas duas escolas são, claro, sinal daquilo que a Academia tenta cada vez mais fazer: chegar a um público mais jovem.


PEDRO PONTE: Em relação a Anne Hathaway e James Franco, são escolhas que fazem todo o sentido. Sempre fui da opinião que a Academia tem obrigatoriamente que apostar em sangue novo, em promover uma revolução que troque as visões do cinema antiquadas e desactualizadas que imperam por outras menos limitadas. Sendo isto obviamente aplicável aos apresentadores e a tudo o resto, especialmente aqueles que votam. Daí achar que Hathaway e Franco são precisamente o exemplo perfeito dessa mudança, dois jovens actores (americanos) imensamente talentosos, carismáticos e com excelente timing cómico. Em relação a Ricky Gervais e aos Globos, é a única opção que faz sentido. Tem sido a melhor coisa da cerimónia nos últimos anos e mudar isso seria absurdo.


SAMUEL ANDRADE: Tendo em conta o ambiente relaxado dos Globos de Ouro (com álcool à mistura), Ricky Gervais sente-se em “casa”. As escolhas de James Franco e Anne Hathaway seguem a linha de rejuvenescimento da cerimónia que a Academia, de há uns anos a esta parte, tem levado a cabo. Se é boa ou má opção, não consigo emitir opinião: são caras conhecidas do grande público, mas a pouca experiência em eventos deste género poderá saldar-se num resultado final menos positivo.


TIAGO RAMOS: Quanto aos Globos, não morro de amores por Ricky Gervais, nem percebo bem a ideia de repetir o apresentador. Mas como se diz que em equipa vencedora não se mexe... Já quanto aos Óscares, Anne Hathaway e James Franco são uma forma da Academia se aproximar de um público mais jovem, que se tem distanciado desta cerimónia. São ambos jovens, bonitos e divertidos. A participação de James Franco em SNL comprova-o, bem como o número musical de Anne Hathaway com Hugh Jackman na cerimónia de há dois anos atrás.


 
GONÇALO TRINDADE: Sim, a Academia concorda cada vez mais com o que a crítica no geral diz. Claro que houve o fenómeno Crash há uns anos, mas hoje em dia na lista de nomeados só se vêem filmes de que a crítica, no geral, gostou. A partir do momento em que um filme consegue o consenso geral da crítica como grande filme, é mais um passo para estar na cerimónia desse ano.

PEDRO PONTE: Parece-me óbvio. O reconhecimento da Academia é um reflectir do sucesso comercial e crítico, e sempre foi. Independentemente de nomearem (e inclusive premiarem) algum trabalho que passou mais um menos debaixo do radar das massas, é e sempre será uma organização que dá destaque aos filmes e aos intervenientes que reúnem consenso, não aos que dividem e promovem discussão. 


SAMUEL ANDRADE: Se atentarmos aos favoritos aos Óscares de todos os anos, observamos um consenso crítico positivo quase consensual. No entanto, nem sempre os mais aclamados arrecadam a principal estatueta. Mas não existem dúvidas de que um filme bem recebido pela imprensa especializada é sempre candidato a vencedor da noite…


TIAGO RAMOS: Tenho a opinião contrária. Cada vez menos a aclamação crítica tem importância. Ou melhor: continua com a mesma importância que tinha em anos anteriores, mas começaram a dar preferência também a outros factores, como o sucesso no box office. Um exemplo disso foi a nomeação de The Blind Side para Melhor Filme, que deu o Óscar de Melhor Actriz a Sandra Bullock.




GONÇALO TRINDADE: Acho que a Academia, no geral, gosta de premiar o extraordinário dentro do conservador. Raramente vejo filmes que possa chamar de medíocres na cerimónia, mas o gosto da Academia é, ainda, limitado.


PEDRO PONTE: Provavelmente os dois. Em primeiro lugar, é uma Academia americana e, como tal, uma grande percentagem do que nomeia e premeia provém de Hollywood. E todos sabemos que Hollywood é igualmente capaz do extraordinário e do medíocre. A sua principal responsabilidade deve ser optar pelo primeiro, mas muitas vezes não consegue resistir ao segundo, porque vem acompanhado de vestidos bonitos e caros, e o principal ancestral dos Óscares é precisamente o glamour. 


SAMUEL ANDRADE: Julgo que nem um nem outro. A Academia avalia o que é considerado como de qualidade para as massas. Numa opinião bastante pessoal, raramente o extraordinário é nomeado e/ou premiado.


TIAGO RAMOS: Acho que continua a avaliar o extraordinário. Mas tem que "jogar" com o que existe e nem sempre a oferta é excelente.




GONÇALO TRINDADE: Creio que se deverá manter o actual. A última cerimónia não correu muito bem, verdade, mas isso foi acima de tudo por causa dos apresentadores. Creio que este novo formato resulta muito bem, no geral.

PEDRO PONTE: Parece-me que manterá a teatralidade e maior rapidez dos últimos dois anos, o que provavelmente será a melhor opção. 

SAMUEL ANDRADE: Pela inusitada escolha dos apresentadores, acredito que também ocorra alguma novidade. 

TIAGO RAMOS: Para mim é-me absolutamente indiferente. No entanto gostei dos nomeados introduzidos por pessoas que efectivamente os conheciam e não apenas por anteriores vencedores da categoria.


E vocês, leitores, que pensam?
A Academia escolhe o extraordinário ou o medíocre? E qual o papel dos críticos nisto?
É melhor as apresentações dos actores serem feitas pelos amigos ou por antigos vencedores?
E qual a vossa opinião dos apresentadores deste ano?
 
[Amanhã - partes 2 e 3]


4 comentários:

Julia disse...

A idéia da série é interessante, mas vocês já pensaram em fazer um podcast?

Quanto às perguntas, eu achei a primeira particularmente pertinente em sua falsa simplicidade. De uns anos pra cá, a Academia tenta trazer, me parece, o popular para o público com a abertura de dez vagas para melhor filme. A lógica parece ser que blockbusters considerados pelo público não cinéfilo como fantásticos trabalhos, mas que não entrariam na lista dos cinco melhores da AMPAS, atrairiam a atenção - e a audiência - do grande público sem afetar a credibilidade dos votantes.
Por outro lado, acho que ocorre um certo senso de vergonha nos votantes - coisas como The Blind Side excluidas - onde teme-se ir de encontro com aquilo que é consenso. Quando este não existe, observa-se uma sensação de perdição no ar, como exemplificado pela quinta vaga na categoria de Melhor Atriz e, de certo modo, quais, dentre umas sete atrizes, entraram em Atriz Coadjuvante este ano.
Por fim, com o crescente acesso e facilidade na divulgação e na obtenção de informações referentes aos críticos, os votantes tendem a seguir a opinião daqueles que, teoricamente, entendem do assunto. O consenso acaba sendo criado por poucos, em um peculiar fenômeno psicológico.

Já nas outras, espero muito dos apresentadores do Oscar, em particular do número musical da Anne Hathaway, que bem que poderia usar uma versão preta do vestido da Bjork. Já no GdO, Ricky Gervais me decepcionou muitíssimo ano passado - com exceção da tirada do Holocausto para Kate Winslet, que só fazia sentido para quem havia visto Extras - e não vi nem necessidade nem excelência na escolha da repetição.

Por fim, eu ainda prefiro o estilo de 2009, onde havia um certo sentido de honra em ter antigos vencedores louvando seu trabalho. Na de 2010 algum dos apresentadores tinham discursos que pareciam tentar forçar relações de amizade que não existiam realmente.

Paulo Pacheco disse...

1. A credibilidade dos Globos de Ouro está (justificamente) muito longe da dos Óscares. Estes últimos claro que ainda valem muito, sobretudo para as pessoas do meio que ainda olham para a estatueta dourada como o máximo reconhecimento possível por aquilo que fazem.

2. Sobretudo Hathaway parece-me uma boa escolha - e mais não é do que o piscar de olhos da Academia ao público que, afinal de contas, mais contribui para os lucros da indústria, o público sub-30. :)

3. Depende da crítica a que nos referimos. Por exemplo a alguns dos críticos portugueses dificilmente alguma vez a Academia irá agradar (vá, permitam-me espetar o alfinete).

4. E o que é o extraordinário? O que uns quantos críticos definem como tal? Vamos lá, a Academia não é perfeita e comete erros (nem deve ser considerada como o máximo absoluto da definição da qualidade dos filmes de determinado ano), mas também ainda não é o People Choice's Awards, certo? :)

5. Aqui fujo ao tópico: aquilo que eu gostava era que a Academia voltasse a respeitar o seu passado. O ano passado senti falta daquelas cenas memoráveis de recordação de filmes antigos.

Abraço.

Joana Vaz disse...

Gostei de ler as opiniões quanto a estas questões sobe o evento que se aproxima!:)

O que penso vem de encontro à maioria das vossas respostas.

1) Acho que os Óscares têm um estatuto que os Globos não conseguem alcançar. Estes últimos tendem a premiar o que é mais comercial, o que teve mais sucesso de bilheteira.
No entanto também acho que a Academia tem vindo a tomar umas decisões no mínimo estranhas.

2) Gosto dos apresentadores. Gente nova para conquistar público novo. Bem pensado.
Espero que Franco se safe bem. Quanto a Hathaway não há dúvidas que será brilhante.

3)Nesta questão não consigo responder nem que sim, nem que não.
Acho que na maioria das vezes a crítica lhes é muito importante. Se os críticos gostam é porque é bom.
Mas depois se pensar no ano passado e no exemplo que o Tiago Ramos referiu, não posso deixar de concordar com ele.

4) Acredito que tende a premiar o extraordinário!

5)Acho que o melhor formato foi o de 2009. Tudo o que se diz sobre os nomeados toma mais sentido se for dito por alguém que realmente os conhece... E até para eles deve ser outro sabor.
Espero que o repitam.:)

DiogoF. disse...

Em virtude de problemas vários, etc, cá vão as minhas respostas, sintéticas e por comentário:

1. Todos os festivais valem o que valem. Não é mentira nenhuma que os Óscares têm politiquice por trás e que só se focam num determinado tipo de filmes; não é mentira nenhuma que Cannes muitas vezes reveste de um certo pretenciosismo e que também só foca determinado tipo de filmes. Actualmente, acho que, no entanto, os Óscares têm vindo a perder alguma integridade e qualidade em função dos filmes que têm apresentado, que muitas vezes parecem deixar de se preocupar com padrões de qualidade estética e narrativa - algo que não sinto tanto em Cannes, por exemplo (embora ninguém perceba, ou eu não perceba, como é que Uncle Boonmee ganha o que quer que seja). No entanto, têm um prestígio, uma aura, um carisma que me faz continuar a vibrar com eles e todos os anos surgem surpresas. Tenho a dizer que este ano está melhor do que o ano passado.
Os Globos de Ouro, pouco me importam. No Drama são uma imitação menos interessante dos Óscares; na comédia estão bem, porque são quase uma anedota às vezes.

2. Não gosto dele; gosto dela. Não me fazem ver nem não ver. Compreendo a escolha para atrair malta mais jovem, mas não sei se terão a postura certa. Espero que sim.

3. Sem dúvida, sem dúvida. Por isso é que é certo que The Social Network ganha este ano.

4. No seguimento da resposta anterior, sempre condicionada pelas avaliações da crítica, creio que há sempre uma tentativa de premiar o extraordinário dentro de certos parâmetros, embora muitas vezes a inexistência de hipóteses nesse sentido redundem em escolhas desinteressantes.

5. 2009.

Abraço !