Dial P for Popcorn: Revisão de Televisão em 2010: Parte 2

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Revisão de Televisão em 2010: Parte 2

A nova temporada televisiva já começou e eu preciso mesmo de arrumar com a minha revisão das temporadas das séries em 2010. Vou então proceder à revisão das séries que vi em 2010 de seguida, em quatro posts (já disponível: #31-40;  ainda para vir: #11-20 e #1-10). Espero que deixem ficar a vossa opinião.






#30. UGLY BETTY

Temporada: 4
Nota: B

Crítica: Sinto-me tão triste e ao mesmo tempo tão aliviado que esta série tenha acabado. Triste, primeiro, porque são personagens às quais me habituei, que me fizeram rir imenso desde o primeiro episódio, personagens com as quais me identifico, que ao contrário de outras séries sempre exibiram de peito aberto os seus defeitos e sempre demonstraram as suas qualidades. Mas aliviado que a série vá antes de entrar no declínio, antes de perder todas as qualidades que lhe eram reconhecidas. E contente sobretudo porque encerrou bem a grande parte das histórias que tinha para contar. A Betty deixou de ser feia, mas é a "Ugly" Betty e não propriamente a nova, melhorada Betty, que vai ficar na minha memória para sempre.

Melhor Episódio: "All the World's a Stage", o quarto a contar do fim (4.16, B+).
Quem sobressaiu: Vanessa Williams foi de tudo na sua última temporada e se dependesse de mim, ela levava o Emmy este ano (porque ainda vamos ter mais três anos de Jane Lynch a fazer o mesmo que fez este), mas tenho mesmo que escolher Michael Urie, porque surpreendeu-me imenso.



#29. PARTY DOWN

Temporada: 2
Nota: B

Crítica: Outra série que foi cancelada a meio do ano e que não devia ter sido (a outra foi "Better Off Ted"). Uma comédia inteligente, sofisticada, de jeito algum para todos os gostos mas isso era o que a tornava tão especial. Jane Lynch partiu e a série ressentiu-se ainda mais do que já tinha mostrado na primeira temporada, não em termos qualitativos mas sim em termos de audiências e o Starz optou por cancelar. Lamentamos, até porque esta pequena série sobre Hollywood wannabees que em vez de continuarem a sua carreira como actores viram empregados de 'catering' começava a tornar-se um dos meus prazeres semanais. Contudo, o talento comédico e brilho mostrado por Lizzy Caplan, Adam Scott e Ken Marino serão certamente aproveitados por outras séries num futuro muito próximo.

Melhor Episódio: Empate técnico entre "Joel Munt's Big Deal Party!" (2.08, B+) e "Costance Carmell Wedding", o final de temporada (2.10, A-).
Quem sobressaiu: Lizzy Caplan e Adam Scott estavam ambos maravilhosos.



#28. DESPERATE HOUSEWIVES

Temporada: 6
Nota: B

Crítica: Uma temporada muito confusa e com poucos episódios de qualidade. Felizmente, há tanto a acontecer ao mesmo tempo que por vezes nem reparamos que o episódio entra em declínio artístico. Não foi uma boa temporada de "Desperate Housewives" e até devia ser mais B- do que B. Mas como o meu C+ para "Entourage" foi de castigo pela queda substancial e progressiva de qualidade, também o meu B aqui é uma espécie de incentivo pela melhoria clara de nível entre as últimas duas temporadas e esta. Claro que não se pode pedir que Marc Cherry volte aos bons velhos tempos da primeira temporada, mas melhorar ainda um pouco mais é possível. Pode ser que com a chegada iminente de Vanessa Williams (realmente, conseguiam pensar num follow-up melhor a Wilhelmina Slater que este?) as coisas aqueçam. De resto, uma temporada em que só Hatcher e Longoria é que parece terem aparecido para trabalhar, pois Huffman e Cross não tiveram uma única história de jeito para brilhar, com muito menos drama que o costume e com vizinhos novos muito mais animados (Drea de Matteo foi uma excelente adição que infelizmente já se vai embora).

Melhor Episódio: "The Coffee Cup" (6.08, B+) é o melhorzinho.
Quem sobressaiu: Eva Longoria Parker fez-me rir quase sempre que surgia no ecrã.



#27. 30 ROCK

Temporada: 4
Nota: B

Crítica: Grandes séries também sofrem de problemas de manutenção de qualidade e era óbvio que mais cedo ou mais tarde "30 Rock" também passaria por isso. Esta quarta temporada correu bem longe do desejável, com episódios fantásticos e episódios horrorosos, com convidados excepcionais (Hamm, Sheen, Banks) e com convidados dispensáveis (Jackson, Moore), mais iô-iô a série que o próprio Tracy Jordan. Mas também se tem que dizer uma coisa: "30 Rock", mesmo longe do seu melhor, providencia ainda muito mais divertimento que 60-70% das séries que para aí andam.

Melhor Episódio: A sequência final de episódios do fim de temporada seria uma boa escolha, mas o duo de episódios a seguir ao Ano Novo, "Klaus and Greta" e "Black Night Attack" (com Jenna Maroney a fazer audição para "Gossip Girl") foram ambos sensacionais e a melhor forma de eu recuperar fé nesta grande série (4.09 e 4.10, B+/B+)
Quem sobressaiu: Tina Fey. "Tina, Tina, Tina", como Baldwin teria referido.



#26. UNITED STATES OF TARA

Temporada: 2
Nota: B

Crítica: Tenho que começar por dizer desde já que me custa definir aquilo que eu tanto aprecio em "United States of Tara". A protagonista é absolutamente irritante. A família tem incontáveis defeitos. A irmã é insuportável. A maioria das histórias tem um pano de fundo ridículo (Diablo Cody, devolve esse Óscar!). Ainda assim, fico sempre fascinado com o decorrer das coisas. Toni Collette faz maravilhas com um papel tão tridimensional que nas mãos de outra actriz poderia parecer uma caricatura tão baratucha quanto estereotipada. Keir Gilchrist e Brie Larson formam uma dupla de filhos extraordinária e se eu mandasse ambos teriam nomeações para os Emmy. E não posso esquecer Rosemarie DeWitt. É a segunda variação de irmã que eu a vejo interpretar (a primeira eu já adorei, em "Rachel Getting Married") e as duas não podiam ser mais diferentes, o que só prova que a actriz tem mérito na análise da personagem que faz. Tudo considerado, uma temporada mais fraca que a anterior e muito mais dramática (o que me leva a ficar irritado ainda mais cada vez que falam dela como comédia, que não o é) e onde a unidade familiar foi o grande foco.

Melhor Episódio: sem qualquer dúvida, "Torando!" (2.06, B+). Cerca de uma dezena de pessoas presas numa cave e cinco são a mesma pessoa? Demais.
Quem sobressaiu: Toni Collette é sempre o óbvio, mas vou dizer Keir Gilchrist. Adorei cada minuto da sua interpretação.



#25. NURSE JACKIE

Temporada: 2
Nota: B/B+

Crítica: Se a primeira temporada do The Edie Falco Show já me tinha impressionado, a segunda tirou-me o chão debaixo dos meus pés. Tão imprevisível, tão séria quanto divertida, tão aplicável ao nosso quotidiano, a série sobre esta enfermeira tão fora do vulgar cresceu no seu segundo ano e muito se deve ao grande desenvolvimento dado aos personagens secundários, em especial à Dr. O'Hara (Eve Best), a Zoey (Merritt Wever) e ao Dr. Cooper (Peter Facinelli). Não é por nada, mas Holland Taylor ser nomeada para um Emmy e uma destas senhoras não é um verdadeiro sacrilégio. De resto, "Nurse Jackie" nunca foi uma comédia nem Edie Falco está a interpretar comicamente (como muito bem disse no seu discurso de vencedora do Emmy) mas a verdade é que a série doseia muito bem o dramático com o cómico e nunca cai no exagero para uma série do tipo (coff Grey's Anatomy coff) por isso merece os meus parabéns.

Melhor Episódio: Parece cliché dizer este mas eu gostei muito dos três episódios finais, em particular do final de temporada, "Years of Service" (2.12, A-).
Quem sobressaiu: Merritt Wever. Não há sequer discussão.


#24. THE BIG BANG THEORY

Temporada: 3
Nota: B/B+

Crítica: Não me entendam mal, eu adoro estes nerds/geeks. Aliás, considero o Dr. Sheldon Cooper uma das melhores invenções que a CBS alguma vez já nos trouxe, tal como Barney Stinson. Além disso, choca-me que alguém que produz e escreve os guiões de "Two and a Half Men" possa ao mesmo tempo criar algo tão genuíno e especial como "The Big Bang Theory". Contudo, não acho (e nunca achei) a série assim tão brilhante como alguns a postulam. Sim, Jim Parsons é excelente, mas isso já sabemos nós há dois anos. Sim, a série é uma comédia bastante divertida e consistentemente engraçada, cheia de referências a jogos, filmes e séries de televisão que deliciam os fãs mais hardcore da ficção científica. Ainda assim, não é suficiente. Dito isto, são sempre 20 minutos que adoro passar cada semana com estas personagens.

Melhor Episódio: O óbvio seria dizer "The Pants Alternative" ou "The Maternal Congruence", mas vou pegar em "The Precious Fragmentation" (3.17, B+).
Quem sobressaiu: Jim Parsons, a estrela da série.



#23. HUMAN TARGET

Temporada: 1
Nota: B/B+

Crítica: Como descrever uma série de acção pura com tanta qualidade como "Human Target"? E que consegue ser tão diferente da outra grande série de acção que curiosamente termina na FOX quando esta começa, "24"? Talvez comece pelo facto da série só ter tido 12 episódios, condensando a acção. Talvez seja pelo facto de Mark Valley nos apresentar uma interpretação surpreendentemente fabulosa, muito superior à de Kiefer Sutherland. E também terá a ver com um elenco de suporte extraordinário. E além de ser um drama de acção de elevado quilate, tem histórias interessantes e diversificadas semana após semana. Parabéns ainda a quem criou aquele genérico fenomenal. E antes que a FOX portuguesa (e a AXN, adivinha-se) gaste todo o seu tempo em promoção desta série quando ela para cá vier, que todo o mundo se lembre que eu já cá a elogiava quando pouca gente a conhecia.

Melhor Episódio: todos foram bons, embora para mim "Rewind" (1.02, B+) tenha sido o melhor de todos.
Quem sobressaiu: um chorrilho de actores convidados de grande qualidade e, claro, Mark Valley, num papel que parece ter sido criado para ele.



#22. DAMAGES

Temporada: 3
Nota: B/B+

Crítica: Uma série complicada de nos deixar excitados mas que na verdade é sempre de uma qualidade incontestável (agora suplantada, na minha opinião, por "The Good Wife") é "Damages" e foi com muito entusiasmo que aplaudi a compra de uma nova temporada da série pela DirecTV, que já havia salvo "Friday Night Lights" de um fim prematuro. Patty Hewes foi visceralmente rude e feroz esta temporada, mais do que em qualquer uma das outras duas, mostrando uma crueldade só a par com a vulnerabilidade que também exibiu nalguns dos episódios. Close no seu melhor, portanto. Rose Byrne manteve a consistência na sua Helen e, não sendo, como de costume, um dos destaques de cada episódio, é sempre uma interpretação confortante, de carisma e brilho assegurado, se bem que sempre a perder para Close em protagonismo. O terceiro MVP da temporada foi Martin Short, finalmente um rival à altura de Close, que jogou muito bem com a sua caracterização low-profile, cuidada, numa primeira instância da temporada e que depois aproveitou bem a reviravolta da sua personagem para mostrar todo o seu talento. Uma temporada de altos e baixos, com alguns episódios para os quais eu tinha grandes expectativas a falhar ("Your Secrets Are Safe" sendo o mais flagrante) e alguns que me apanharam de surpresa (o final de temporada, que seria um final adequado à série, tivesse ela acabado), mas no fim de contas, um drama bastante bom com uma interpretação monstruosa da sua protagonista (que perdeu o Emmy este ano).

Melhor Episódio: "The Next One's Gonna Go In Your Throat" (3.13, B+), o último episódio desta temporada.
Quem sobressaiu: Martin Short ou Glenn Close, escolham vocês. Provavelmente o primeiro.


#21. CALIFORNICATION

Temporada: 3
Nota: B/B+

Crítica: Não há outra série igual a "Californication". Não há, é escusado. Esta terceira temporada foi uma melhoria significativa em relação a uma segunda muito cinzenta que quase me levou a desistir da série depois daquela formidável primeira temporada. O nosso anti-herói Hank passou realmente um bom bocado este ano, levando para a cama (quase) todo o rabo de saias que lhe apareceu pela frente e conduzindo obviamente a break-ups hilariantes. Que o homem é um íman sexual, isso não se discute. O que me interessa discutir - e que espero ser o ponto de partida para a quarta temporada - é que o homem lá dentro está em cacos e que esta promiscuidade não pode durar para sempre. Nem a filha deixa. Todavia, foi realmente divertido ver as peripécias de Hank como professor (em mais que uma maneira, se é que me entendem). David Duchovny à parte, o que realmente saltou à vista esta temporada foram as interpretações dos convidados, desde Peter Gallagher a Kathleen Turner. Excelentes, todos eles, ajudando a colocar esta série de novo no topo.

Melhor Episódio: a dupla "So Here's The Thing" e "The Apartment" (3.07 e 3.08, A-/B+).
Quem sobressaiu: eu sou tendencioso para Peter Gallagher depois de The O.C., portanto vou dizer... Diane Farr. Ou Kathleen Turner.

2 comentários:

Kika vs Ruiva disse...

Como é possível dares B/B+ a uma série tão espectacular como a "teoria do Big Bang" (que, no mínimo, é preciso ter alguma inteligência para a escrever), e depois dares a Glee B+, uma série que quase nem argumento tem (e por vezes parece que foi escrita para atrasados mentais). Acho que te deixaste levar pela onda "gleeiana", que apesar de ser uma série boa para descontrair, e que por vezes até tem algumas boas adaptações de músicas, tem um dos argumentos mais fracos que já vi!.
Quanto a UST, realmente acho que esta 2ª temp da série foi tudo menos cómida, e foi bastante pior que a 1ª (penso que a pontuação dada tb está 1 pouco inflaccionada, sobretudo se tivermos em conta a 1ª temp).

Jorge Rodrigues disse...

Kika vs Ruiva,

Concordo em absoluto contigo quando dizes que GLEE tem argumentos fraquíssimos e cujas caracterizações de personagens são do mais unidimensional possível. Felizmente, a série compensa com outros elementos que nenhuma outra série em televisão tem - e não estou a falar das músicas.

Poucas séries há que conseguem passar da comédia ao drama num ápice, sempre de forma comovente, que nos compele e que nos leva a preocupar com todas as personagens.

Mas entendo o que queres dizer e se calhar tem uma nota acima do valor real dela. Mas há também que premiar o fenómeno que é. Hoje em dia, GLEE é um nome universalmente conhecido. Dentro de 10 anos ainda se vai saber o que foi GLEE. E isso é sinal de grande sucesso.


Quanto a THE BIG BANG THEORY.. É uma comédia que por vezes me custa a digerir. Principalmente pelo quão inacreditavelmente acima é a intepretação de Jim Parsons (Sheldon) do resto do pessoal todo. A série é o Sheldon. O Sheldon é The Big Bang Theory. E o que fica, de resto, sem ele... é muito pouco.

Além de que da temporada inteira só gostei de vá 40% dos episódios.


Abraço e obrigado pelo comentário,

Jorge Rodrigues