Dial P for Popcorn: Retrospectiva Óscares: 2007

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Retrospectiva Óscares: 2007

Como sabem, a rubrica "Retrospectiva dos Óscares" vai servir para fazer um pequeno balanço das cerimónias, desde o ano mais recente (2009) para trás, avaliando os seus pontos bons e as coisas mais fracas. Depois da análise a 2009 e a 2008, pegamos em 2007, talvez o melhor ano da década.


2007



A Surpresa: na categoria mais confusa da noite, Tilda Swinton ("Michael Clayton") ganhou o prémio de Melhor Actriz Secundária, quando poucos o previam, pois na mesma categoria estava quem tinha limpo a maioria dos prémios (Cate Blanchett, "I'm Not There"), a veterana que estava a ganhar buzz na corrida depois de ganhar o SAG (Ruby Dee, "American Gangster), a favorita da corrida (Amy Ryan, "Gone Baby Gone") e a jovem que surgiu quase do nada com uma interpretação arrebatadora - e nós sabemos como a Academia gosta dessas - e, como o seu filme ganhou Globo de Ouro - Drama, se se confirmasse a sua vitória na cerimónia, podia ser que ela também saísse honrada (Saoirse Ronan, "Atonement"). E muito sinceramente, por muito que eu tenha gostado de Ronan e Blanchett, Swinton foi formidável em "Michael Clayton" e mereceu ganhar.


A Inclusão Mais Significativa: Tommy Lee Jones por "In The Valley of Elah", que deve ter beneficiado da exclusão de Hirsch, além de ter nome de respeito na indústria, ser trabalhador e de ter, além deste papel, um papel secundário relevante no eventual vencedor de Melhor Filme, "No Country for Old Men". Claramente que entre os dois papéis, a Academia iria cair para o de protagonista se pudesse e foi esse o caso.

A Exclusão Mais Significativa: Émile Hirsch e até "Into the Wild" no seu todo, inexplicavelmente maltratado pela Academia, apesar de ter bastante pedigree, um realizador estreante que tem nome no seio da AMPAS (Sean Penn), um elenco de peso e ter sido um dos filmes com melhores críticas do ano. Houveram mais exclusões (Angelina Jolie, outra que não se percebe o porquê da não nomeação, Ryan Gosling, entre outros) mas nenhuma tão horrorosa como esta.


O Mais Merecido: algumas nomeações alegraram-me ter acontecido, mas a de Laura Linney por "The Savages" foi sem dúvida a melhor notícia desse ano. Mais coisas merecidas: os quatro actores vencedores da cerimónia (Bardem, Cotillard, Swinton e Day-Lewis), se bem que Julie Christie também seria uma excelente vencedora, caso ganhasse.

O Mais Imerecido: algumas nomeações tiraram-me do sério. Cate Blanchett não faz rigorosamente nada senão gritar e parecer ofendida em "Elizabeth: The Golden Age", mas mesmo assim consegue arrumar Jolie ("A Mighty Heart") da lista dos nomeados - sorte que não foi Ellen Page a arrumada. Na categoria de Melhor Actor, é Tommy Lee Jones ("In The Valley of Elah") que arruma com Émile Hirsch e Ryan Goslingm já para nem falarmos de Johnny Depp ("Sweeney Todd"), que também esteve bastante abaixo da sua categoria. E na categoria de Melhor Actor Secundário, quem me explica qual o valor da interpretação de Phillip Seymour Hoffman em "Charlie Wilson's War"? Não vale nada. Nada.


O Desnecessário: Era completamente desnecessário ter dado Melhor Realizador, Melhor Argumento Adaptado e Melhor Filme a "No Country for Old Men". Podiam ter feito como em 1972 e repartido os prémios ("Cabaret" ganhou Melhor Realizador, "The Godfather" foi Melhor Filme, como devia ser). Mas não. Os Coen estavam destinados a limpar a cerimónia. Mas a verdade é que para mim o Melhor Argumento Adaptado foi o de "Atonement". E o Melhor Filme era "There Will Be Blood". E sim eu daria aos irmãos Coen o prémio de Melhor Realizador.

A Desgraça: darem o prémio de Melhor Direcção Artística a "Sweeney Todd". Que musical tão pobre. Que filme tão empobrecido de Tim Burton. Com quatro nomeados na categoria bem melhores.

O Pesadelo: "Bourne Ultimatum" ser o segundo maior vencedor da noite, atrás de "No Country for Old Men". Vão-me dizer que indubitavelmente tinha o melhor editor de som, o melhor misturador de som e a melhor edição? Sem comentários. É só por ser filme de acção, ter algum renome e ter sido um sucesso.


O Incompreensível: se já se sabia que "Persepolis", um dos melhores filmes animados de sempre, não iria conseguir derrotar "Ratatouille" como Melhor Filme Animado, por que razão não se tentou colocá-lo também como Melhor Filme Estrangeiro, que foi a categoria, em comparação, com os nomeados mais fracos dos últimos anos, vencida por (mais) um filme político, "The Counterfeiters". Com "Waltz With Bashir", foi ao contrário. A Academia tem cada uma de vez em quando...

A Melhor Vitória: Robert Elswitt, o fotógrafo de "There Will Be Blood". Tudo bem que isso significa que Roger Deakins (que tem múltiplas nomeações e zero vitórias e tinha duas nomeações em 2007, ambas meritórias) não tenha ganho mas a verdade é que o filme de Paul Thomas Anderson adquire muito do seu estatuto como clássico para a história à extraordinária qualidade da fotografia do filme. A outra grande vitória da noite foi na Melhor Canção Original. "Falling Slowly", de "Once", é tocante, profunda e melancólica.


O Duelo da Noite: foram vários, mas principalmente Melhor Actriz (Christie vs. Cotillard), Melhor Actriz Secundária (Dee vs. Ryan vs. Blanchett vs. Swinton vs. Ronan) e Melhor Filme e Melhor Realizador, que são os dois que vou abordar. "There Will Be Blood" teve 8 nomeações e ganhou 2 Óscares (Actor e Fotografia) e foi o grande perdedor da noite, ao ver fugir os três principais prémios - Argumento Adaptado, Filme e Realizador - para "No Country for Old Men", que juntou Actor Secundário a estes, ganhando 4 Óscares em também 8 nomeações. Estes dois foram, invariavelmente, os dois melhores do ano. A eles eu juntaria de facto os três companheiros nomeados para Melhor Filme, mais a animação "Ratatouille" e uns dois ou três filmes e comporia o meu top-10 de filmes do ano. Escusado será dizer que não concordo com o resultado deste duelo (como já referi acima).

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