Bem-vindos a uma das rubricas semanais do Dial P for Popcorn, a ter lugar todas as terças-feiras. Nesta rubrica vamos discutir as pessoas que se tornaram (ou que continuaram a ser) grandes nomes na década de 2000, sejam actores, realizadores, compositores, fotógrafos, entre outros.
Mais uma vez, parti para esta rubrica com a certeza de que não queria, ainda, ter que pegar num actor. O actor ou actriz há-de vir na próxima semana. Até, se quiserem, deixem sugestões quanto a quem deve ser. Eu tenho uma ideia formada na minha cabeça de quem será, só quero saber se vocês vão de encontro a ela ou se, pelo contrário, talvez esteja enganado e vocês arranjem alguém que melhor represente a década de actores do que quem eu tinha pensado. Mas vamos a esta semana.
Em que decidi pegar numa das persona non grata da Academia. E digo isto porque, com 8 nomeações para Óscar e infindáveis obras-primas de qualidade inegável, este senhor fotógrafo ainda não conseguiu a vitória. Esteve perto em vários anos e todos os anos tem trabalhos dignos de figurarem na lista dos nomeados. Friso o ano de 2007 em que conseguiu 2 nomeações na categoria. Estou a falar, é claro, de...
Roger Deakins
Havia outros nomes que me vieram à cabeça que vão ter de ficar para futuras edições da rubrica (como Elswitt, vencedor por "There Will Be Blood"; Delbonnel, que fotografou o excelente "Amélie"; Lubezki, que fotografou as inacreditáveis imagens de "Children of Men"; Lesnie, que venceu por "Lord of The Rings", entre outros), mas desde que pensei em Deakins (e foi logo o primeiro que me surgiu) que a escolha me parecia consensual.
É que nesta década, este senhor conseguiu fotografar esta multiplicidade de projectos de distinta variedade, todos com imagens incríveis, de uma beleza fascinante e todos com impressionante detalhe fotográfico. Começou 2000 com os irmãos Coen (clientes habituais, como se perceberá mais à frente) a fotografar "O Brother, Where Art Thou?" e depois pegou em "Thirteen Days". Em 2001 voltou aos irmãos Coen para filmar "The Man Who Wasn't There" e pegou no vencedor do Óscar de Melhor Filme, "A Beautiful Mind" (uma das poucas coisas que gostei no filme foi a fotografia, de facto). Em 2002 esteve em pausa para em 2003 entrar em grande com "Levity", novo filme dos Coen ("Intolerable Cruelty") e, uma das suas melhores produções em fotografia, na minha modesta opinião, "House of Sand and Fog". Jennifer Connelly, Ben Kingsley e Shoreh Aghdashloo nunca pareceram tão belos.
Em 2004 conseguiu ser a única coisa boa (vá, quase) no primeiro filme do declínio de M. Night Shyamalan, "The Village" e ainda fotografou "The Ladykillers", novamente dos irmãos Coen. "Jarhead" foi o seu único título em 2005, antecedendo mais um ano de pausa antes indubitavelmente do seu melhor ano da década, 2007, onde fotografou o vencedor de Melhor Filme (e que valeu Melhor Realizador aos irmãos Coen) "No Country for Old Men", além de "The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford", nomeado por ambos para o Óscar de Melhor Fotografia (e duas fotografias excepcionais - a de "Assassination", então, é brilhante - e ainda "In The Valley of Elah", outro dos filmes mais em foco do ano.
Para 2008 ele trouxe-nos mais uma tripleta de trabalhos notáveis, com "The Reader", "Revolutionary Road" e "Doubt". No ano passado, filmou "A Serious Man", mais um filme dos irmãos Coen e em 2010 ele fotografou o mais recente dos mesmos realizadores, "True Grit", além de "The Company Men".
Assim acho que já se percebe a sua colocação nesta rubrica, não é? Pois bem. A Academia tem visto o seu talento, a comprovar as oito nomeações para Óscar, quatro delas por filmes dos irmãos Coen ("Fargo", "O Brother, Where Art Thou?", "The Man Who Wasn't There", "No Country for Old Men") e cinco delas esta década (a juntar às três mencionadas antes - "Fargo" é de 1996 - temos uma por "The Reader" e a outra pelo "The Assassination of Jesse James"). Os outros filmes que lhe valeram nomeação foram "Kundun" de Scorcese e o (praticamente) inigualável "Shawshank Redemption". Contudo, não tem sabido apreciá-lo plenamente, pois nunca venceu (deve ter estado perto em 2007, mas perdeu para Elswitt, muito provavelmente porque as suas duas nomeações repartiram-lhe os votos). De qualquer forma, a este rumo, não faltará muito para ver reconhecido o seu mérito. Ainda bem que nós aqui no "Dial P For Popcorn" já o fizemos.
3 comentários:
É pena o talento nem sempre ser reconhecido com a estatueta mais importante da sétima arte!
Será à nona nomeação?!:)
A qualidade do seu trabalho é fantástica.:)
Espero que consiga, mais cedo do que mais tarde, o seu merecido Óscar e conquiste mais uma série de nomeações!
Bem verdade. Infelizmente a Academia deixa passar em branco alguns dos grandes talentos quando eles estão na plenitude da sua capacidade (coff coff Thomas Newman) e depois eles acabam por desistir um pouco da luta pelos prémios e os seus trabalhos tornam-se um pouco mais gastos.
Espero sinceramente que isso não aconteça com os três casos que já mencionei nesta rubrica. Vislumbro Óscares no horizonte para Desplat, Deakins e para Almodovar (como Realizador, obviamente, porque já tem como Argumentista).
E obrigado pelo comentário ;)
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