Dial P for Popcorn: O Cinema Numa Cena

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O Cinema Numa Cena

Aqui está o regresso de uma das rubricas semanais mas queridas aqui no Dial P for Popcorn - "O Cinema Numa Cena" tenta mostrar as nuances de uma interpretação fora-de-série numa cena pivotal do seu filme.


Da última vez que tínhamos realizado esta rubrica, tínhamo-nos focado em Anthony Hopkins em "The Silence of the Lambs". Desta vez e porque ainda no post anterior falámos do ano de 2008, pareceu-me bem concentrar a nossa atenção numa das interpretações mais aplaudidas desse ano - e meritória (e óbvia) vencedora do Óscar de Melhor Actriz Secundária. Falo, pois claro, de Penélope Cruz na jóia de filme que é "Vicky Cristina Barcelona", uma semi-obra prima moderna de Woody Allen, muito próximo do valor do seu trabalho de tempos mais áureos (anos 80).


Além de ser pura e simplesmente uma interpretação fenomenal de uma actriz que, até dois anos antes ("Volver"), vinha passando despercebida do grande público apesar de muito elogiada em Espanha (devido a filmes como "Jamón, Jamón" e "Belle Époque"), antes de Pedro Almodovar ter feito dela a sua maior musa, esta é também uma das personagens mais fascinantes da filmografia de Woody Allen (e isto quer dizer alguma coisa, se pensarmos nas fascinantes personagens que vários filmes seus - "Annie Hall", "Manhattan", "Husbands and Wives", "Bullets Over Broadway", "Hannah and Her Sisters", "The Purple Rose of Cairo", entre outros - possuem).


Para que se veja, o filme dura cerca de duas horas, Penélope / Maria Elena só aparece em cerca de vinte, trinta minutos. Quando ela nos surge pela primeira vez, já o filme roda há mais de uma hora, é como se de amor à primeira vista se tratasse. Ela é mencionada várias vezes antes, através das descrições do seu ex-marido Juan Antonio (Bardem) e das suas conversas com Vicky (Hall) e Cristina (Johansson): já sabemos como ela é, já sabemos como ela fala, já sabemos o efeito que tem nas pessoas, mas aquele vislumbre e as primeiras impressões que tiramos da pessoa não são nada comparadas com a realidade.

Penélope Cruz faz questão de tornar a sua Maria Elena incandescente, explosiva, com pavio curto, resmungona, respondona, irritadiça, excêntrica, entusiasmante, apaixonada e apaixonante, com uma força e uma vontade irrepreensíveis, tudo isto demonstrado com apenas algumas cenas e em vinte minutos de tempo de ecrã. É para que se veja a dimensão em que a sua presença domina todo o filme. Não tenham dúvidas, ela é que é a estrela do filme. Mesmo que não se perceba tudo o que ela diz literalmente, a alma, o espírito, as emoções dela, dizem tudo. É uma interpretação sensacional.

Deixo-vos em seguida as melhores cenas dela no filme:

3 comentários:

Joana Vaz disse...

A meu ver o melhor do filme é mesmo ela. Tão melodramática, diva e doida. Fantástica.
A cena da pintura é das que melhor recordo!

DiogoF. disse...

Epa, fabuloso. Que grande cena. Adoro este filme, acho-o algo subvalorizado. Penélope e Scarlett são as minhas musas, logo, foi dream big time.

E sim, ela rouba o espectáculo completamente.

Jorge Rodrigues disse...

Caros Joana e Diogo,

Também gosto imenso do filme, o meu favorito do Woody a par do Match Point dos últimos 10-15 anos.

E ela... Penélope Cruz no seu melhor. A Scarlett Johansson está bem, mas não tão bem como em Lost in Translation, por exemplo.


Obrigado pelos comentários,

Jorge Rodrigues