"And at last I see the light, [...]
All at once everything looks different,
Now that I see you"
Podemos dizer... a Disney está de volta! Desde que comprou a antiga rival Pixar e a colocou debaixo da alçada Disney e se passou a dedicar a animação por CGI, os estúdios Walt Disney têm sofrido com projectos maus, com maus resultados de bilheteira e com queda de prestígios. O ano passado iniciou uma espécie de remontada rumo a melhores tempos, com "The Princess and the Frog", mas esse filme sempre pareceu mais uma homenagem nostálgica a outros tempos de glória da Disney do que propriamente um filme que se possa orgulhar de si próprio.
Quando muitos se preparavam para declarar o fim da Disney enquanto terra de princesas e de contos de fadas, eis que Nathan Greno e Byron Howard (os responsáveis, juntamente com Chris Williams e Dan Fogelman, por "Bolt") se propuseram a ressuscitar o género dedicando-se à única princesa derradeira que faltava no currículo da Disney: Rapunzel. Com eles voltou Alan Menken, disposto a criar música que relembrasse os seus melhores dias, e um elenco fabuloso, composto por três excelentes vozes e personalidades que encaixam como luva nas suas personagens. A isto se junta uma enorme alma e vontade de fazer as coisas bem, revigorando o género dos contos de fada com uma muito necessitada modernidade, tornando as coisas frescas, cómicas, divertidas mas simultaneamente inteligentes e interessantes. Mesmo com as mensagens e lições de sempre, o filme consegue ser absolutamente original e mágico.
Do conto dos irmãos Grimm, Howard e Greno mantiveram o básico: Rapunzel, a princesa, é raptada pela egoísta e egocêntrica Mother Gothel que a prende numa torre no meio de uma floresta nas montanhas, para poder usufruir do dom do seu cabelo mágico, capaz de rejuvenescer uma pessoa e de curar feridas. Rapunzel abandona a torre após um casual encontro com um ladrão chamado Flynn Rider, por volta do seu 18º aniversário e descobre que é uma princesa desaparecida. Até aqui, tudo igual à história original. Howard e Greno pegam depois neste conceito e conferem-lhe uns pequenos ajustes. A história de Rapunzel e Flynn passa a ser a de uma aventura na estrada, encontrando alguns perigos, encontrando algumas personagens estranhas ao longo do caminho e inevitavelmente apaixonando-se no fim.
A adição de algumas personagens, como o cavalo Maximus que faria Sherlock Holmes corar pela sua dedicação ao seu papel de investigador e que parece saído de um dos antigos cartoons da Disney, e o toque de irreverência que deram na vilã da história, a Mother Gothel, que consegue ser malévola não pelo seu abuso de poder e intimidação mas pela forma passivo-agressiva com que controla a vida de Rapunzel e lhe dedica o seu amor (pelo menos, a sua "ideia" de amor), tornam-na numa personagem imensamente agradável de assistir, tão deliciosamente diva e bem-humorada a vemos a orquestrar os seus planos.
O casting dos actores foi impecável - Mandy Moore (na versão portuguesa: Bárbara Lourenço) empresta a Rapunzel uma doçura na voz e uma delicada ingenuidade e infantilidade que encaixam bem na personagem; Donna Murphy (na versão portuguesa: Rita Alagão) é fenomenal nas poucas cenas em que aparece, transformando "Mother Knows Best" numa das melhores músicas de vilões Disney de sempre, alternando o cómico e o sério de forma bestial; Zachary Levi (na versão portuguesa: Pedro Caeiro) é engraçado e cómico e confere ao "seu" Flynn um ar charmoso e confiante. É bonito ver a excelente relação e calor humano que Levi e Moore conseguem emprestar às suas personagens, ainda por cima se considerarmos que nunca se encontraram antes de gravarem o dueto musical com Menken.
As músicas de Alan Menken, mesmo não estando ao nível de "Beauty and The Beast" ou "The Little Mermaid", são ainda assim do melhor que a Disney já viu em muito tempo, com "I See The Light" a trazer memórias de grandes clássicos musicais da Disney como "An Ideal World" e "Can You Feel The Love Tonight". A cena desta música é, sem sombra de dúvidas, uma das melhores cenas que vi no cinema este ano. Capaz de nos derreter com tanta beleza e ternura (SPOILER ALERT: deixo parte da cena abaixo).
Tudo tido em consideração, "Tangled" é um relato moderno, divertido e curiosíssimo de uma das mais antigas histórias de contos de fada, trazendo a ideia de princesa para os dias de hoje, oferecendo-nos uma princesa confiante, determinada e independente e um príncipe fora das convenções, que teve que aprender a sobreviver num mundo que nunca lhe deu a mão. É um conto tão antigo quanto o tempo, contudo é contado de forma tão bela, tão maravilhosa, tão fresca, que o transforma num feito tão especial e brilhante.
Abaixo vos deixo as principais canções do filme:
As músicas de Alan Menken, mesmo não estando ao nível de "Beauty and The Beast" ou "The Little Mermaid", são ainda assim do melhor que a Disney já viu em muito tempo, com "I See The Light" a trazer memórias de grandes clássicos musicais da Disney como "An Ideal World" e "Can You Feel The Love Tonight". A cena desta música é, sem sombra de dúvidas, uma das melhores cenas que vi no cinema este ano. Capaz de nos derreter com tanta beleza e ternura (SPOILER ALERT: deixo parte da cena abaixo).
Tudo tido em consideração, "Tangled" é um relato moderno, divertido e curiosíssimo de uma das mais antigas histórias de contos de fada, trazendo a ideia de princesa para os dias de hoje, oferecendo-nos uma princesa confiante, determinada e independente e um príncipe fora das convenções, que teve que aprender a sobreviver num mundo que nunca lhe deu a mão. É um conto tão antigo quanto o tempo, contudo é contado de forma tão bela, tão maravilhosa, tão fresca, que o transforma num feito tão especial e brilhante.
NOTA FINAL:
B+/A-
B+/A-
Informação Adicional:
Realização: Nathan Greno, Byron Howard
Elenco: Mandy Moore, Zachary Levi, Donna Murphy
Argumento: Dan Fogelman (adaptado do conto dos irmãos Grimm)
Banda Sonora: Alan Menken
Abaixo vos deixo as principais canções do filme:
8 comentários:
Já tinha planeado ir ver o filme hoje, mas agora depois de ler esta crítica vou MUITO mais entusiasmada e expectante...
Adorei o texto!:D
A música "I See The Light" faz-me recuar no tempo. Lembra-me anos em que via inúmeras vezes a mesma cena e aprendia a letra para a poder cantar a toda a hora.
Ainda bem que a Disney voltou com toda a sua magia.
Espero agora não ter criado demasiadas expectativas...;)
@Joana:
Obrigado pelo elogio. O importante é que eu te tenha dado vontade de ver o filme.
Era o meu objectivo, dissipar dúvidas ao pessoal que se encontrasse dividido para ver o filme.
"I See The Light" pode ser algo lamechas e romântica, mas é justamente o que o filme precisa naquela cena.
Obrigado pelo comentário,
Jorge Rodrigues
Bom texto, Jorge, mas realmente temos visões muito diferentes do filme. O espírito tipicamente Disney está lá, sim, mas sem a originalidade e qualidade de antes.
Concordo contigo nas canções, de que gostei imenso, e só posso falar do elenco português (já que o filme por cá só está nas salas em versão portuguesa... enfim, ridículo), mas achei as personagens e a história em si apenas dentro da mediania. Tem alguns belos momentos e algumas excelentes ideias que nunca são devidamente desenvolvidas (mesmo com o cavalo ali, o filme não tem nenhum grande momento de humor), e no geral entretém e nunca aborrece, mas comigo não passou disso.
Mas lá está: são gostos. Tenho pena de não ter gostado tanto quanto tu (e ia de expectativas baixas...); ainda não foi desta que a Disney me convenceu de um regresso à boa forma. É uma ida agradável ao cinema, mas não achei mais que isso.
Abraço
@Gonçalo:
Como sabes, agradeço-te imenso teres cá vindo expressar a tua opinião, até porque acho importante para discussão haver opiniões divergentes.
É interessante que não tenhas gostado assim muito do filme, até porque essa foi a reacção menos comum, sendo curioso saber o porquê.
Penso que compreendo as razões que referiste, até porque também acho que por exemplo as personagens não foram muito desenvolvidas (já tive o mesmo problema com o BOLT) mas achei que os actores tinham resolvido o problema.
Sim também devia ter feito queixa na minha crítica do facto de termos de ser obrigados pela distribuidora a ver o filme EM 3D e EM PORTUGUÊS. Enfim. Agora não temos sequer poder de escolha.
Entretanto já tive oportunidade de comparar as duas versões e de dizer que a versão americana é superior à portuguesa, mas acho que os portugueses desenrascaram-se bem desta vez (não como no Princess And The Frog, que dobragem desastrosa!).
Obrigado pelo comentário,
Jorge Rodrigues
Eu não fiquei nada desiludida. Adorei!:D
Pude recuar no tempo e voltar a "sonhar" com a outrora magia da Disney.
A meu ver, foi muito superior ao "The Princess And The Frog", que tirando os bons momentos musicais, ficou muito aquém das minhas expectativas.
@Joana:
Ainda bem que não te desiludiu. Estava com medo que te tivesse subido as expectativas.
Portanto, cá temos mais um ano muito forte em animação - ou melhor, os favoritos à corrida são MUITO fortes todos.
Não gostava de ver excluído nenhum, mas infelizmente um dos quatro vai ficar de fora.
Obrigado pelo comentário,
Jorge Rodrigues
Ainda não vi, mas quero muito. Gostei da crítica, fiquei muito surpreendido com esse voltar aos tempos áureos. Agora a minha expectativa é muito grande x)
@Diogo:
Não aumentes muito as expectativas também, até porque foi por isso que pedi ao Gonçalo que cá deixasse a opinião dele, para contrariar um pouco a minha.
Já vi reacções muito diferentes ao filme, todas positivas mas nem todas ao mesmo nível de entusiasmo.
Eu adorei o filme, mas não é para todos.
Vê e depois diz qualquer coisa.
Obrigado pelo comentário.
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